Análise do poema "Ode Marítima 'de Fernando Pessoa por meio da leitura sobre aspectos estruturalistas do seu heterônimo sensacionista.

5371 palavras 22 páginas
Análise do poema Ode Marítima de Fernando Pessoa por meio da releitura sobre aspectos estruturalistas do seu heterônimo sensacionista. Alda Mascarenhas e Silva Costa*
Resumo
Álvaro de Campos, um heterônimo de Fernando Pessoa que mascara e revela por meio do eu lírico que olha o mundo e o contempla com fúria repetitiva em linguagem ansiosa por revelar segredos particulares de quem lê e sente, mas não ousa dizer. Nesta Ode repleta de idas e voltas e continuidade em expor sentimentos utilizando a relação do homem ao mar, que desbrava física e metafisicamente o corpo e a alma. Este breve trabalho que procurou abordar o poema de 100 estrofes e 904 versos é um convite à aproximação do leitor
…exibir mais conteúdo…

Maria do Carmo Batalha afirma que a ‘Ode Marítima é a própria apresentação da trajetória do próprio heterônimo. O volante guia as sensações de Álvaro Campos e ele se perde em delírio sentindo tudo’
’Com tal velocidade desmedida, pavorosa.
A máquina de febre das minhas visões transbordantes
Depois as sensações masoquistas demonstradas por meio da confusão da linguagem.
Eh,eh,eh,eh,eh,eh,eh!Eh,eh,eh,eh,eh,eh,eh!Eh,eh,eh,eh,eh,eh,eh!
Eh-lahô-lahôlaHO-ôô-Lahá-á-á---ààà!
AHÓ-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-ÓÓÓ—yyyy!...
SCHOOMER AHÓ-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó-Ó---yyyy!...
Darby M’Graw-aw-aw-aw-aw-aw!
DARBYM’GRAW-AW-AW-AW-AW-AW-AW-AW!
FETCHA-AAFT THE RU-U-U-U-U-UM,DARBY!
Eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh-eh!
EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH!
EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH”
EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH-EH! (Pessoa,1960,p.285).
Apesar do delírio de sentidos nota-se cada vez que se faz uso das silabas para dar volume á sonoridade uma perfeita arrumação da linguagem para possibilitar esse infortúnio do eu lírico
Quando volta a lembrar da realidade volta ao controle do volante, lembra-se da infância que já não volta’ó meu passado de infância(...) Não poder viajar no passado ,para aquela casa e afeição/E ficar lá sempre,sempre criança e sempre contente”
Quando se perde a infância perde-se a singela pureza e o pecado acomete de restrição os sentimentos sexuais do homem e os delírios sexuais no poder de envergonhar como diz Bataille’toda a atividade do erotismo

Relacionados