As cruzadas segundo os muçulmanos

1564 palavras 7 páginas
A invasão bárbara
Foi um dia de terror. Em 15 de julho de 1099, milhares de guerreiros loiros entraram em Jerusalém matando adultos, velhos e crianças, estuprando as mulheres e saqueando mesquitas e casas. As ruas se transformaram numa imensa poça de sangue. Os poucos sobreviventes tiveram de enterrar os parentes rapidamente antes que eles próprios fossem presos e vendidos como escravos. Dois dias depois, não havia sequer um muçulmano em Jerusalém. Tampouco havia judeus. Nas primeiras horas da batalha, muitos deles participaram da defesa do seu bairro, a Juderia. Mas, quando os cavaleiros invadiram as ruas, os judeus entraram em pânico. A comunidade inteira, repetindo um gesto ancestral, reuniu-se na sinagoga para orar. Os invasores
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Em pânico, a população de cidades como Antióquia avistava desesperada a chegada daqueles cavaleiros. Não havia nada a fazer. Alguns muçulmanos acreditavam até que se tratava do fim do mundo. Relatos do período diziam que o final dos tempos seria precedido pelo nascer de um gigantesco sol negro, vindo do Oeste, acompanhado de hordas de bárbaros. Se o sol negro ainda não havia aparecido, os bárbaros, ao menos, já davam as caras.
A nova ofensiva, que culminou com a brutal invasão de Jerusalém, em julho de 1099, alteraria para sempre a visão que o Oriente tinha do Ocidente. Os saques, estupros e assassinatos de crianças não eram nada condizentes com o tratamento que os próprios mulçumanos sempre deram aos cristãos e judeus que viviam em seus territórios. Quando eles chegaram a Jerusalém, no século 7, fizeram questão de preservar as igrejas cristãs e sinagogas judaicas. O acordo era claro: desde que esses povos não insultassem o profeta e não deixassem de pagar seus impostos, eles sempre teriam a liberdade para viver de acordo com suas crenças e suas próprias leis. Os poucos casos de governos hostis aos judeus e cristãos não passavam de exceções em longos períodos de convivência pacífica.
Com a queda de Jerusalém e a derrota para os francos, os mulçumanos aprenderam uma difícil lição: enquanto estivessem desunidos, o futuro do Islã estaria comprometido. Para que essa união fosse possível, contudo, seria necessário o surgimento de um líder respeitado pela maioria dos

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