Começo a chorar descontroladamente enquanto deito por sobre seu corpo, acariciando o pálido rosto ensanguentado. Passo as mãos pelos buracos de bala em sua camisa até que toco na pequena lança , comprada a apenas 5 meses junto em um conjunto de artefatos egipicios. Quem imaginaria que em dia um objeto de decoração tão bonito fosse usado de forma tão violenta? Meus soluços são cada vez mais altos e já não aguento a dor que brota em meu peito. Pouso minha cabeça em sua cintura e fecho os olhos, deixando sair através das lágrimas, toda toda a angústia que me aflingia.

Passam por minha mente todas as cenas de carinho que já dividimos, os sorrisos alegres diante de quaisquer graçinhas, os olhares bobos e comentários que me faziam rir quando conversávamos sobre os garotos e a maneira delicada e atensiosa com que ela lidava com cada um dos meus segredos. Tudo tinha ido por água a baixo. Eu a havia perdido... pra sempre. Em meio a estes pensamentos lembro-me da promessa que fiz de que voltaria para ficar com ela. No meio de toda a preocupáção que vi em seus olhos ao meio dia, não pude nem sequer dar-lhe a devida atenção que ela merecia. Com um sentimente cortante de culpa, cerro ainda mais os olhos, como se assim pudesse traze-la de volta...

Ouço passos rápidos, sem rítimo algum, adentrando a casa. A agitação percorre a sala e sobe aceleradamente as escadas.

-Anne! O que aconteceu? Dá pra ouvir você chorando lá de casa!

Levanto a cabeça relutante em direção ao topo