I – Os caminhos da publicização: Autora: Raichellis, Raquel.

4596 palavras 19 páginas
Capítulo I – Os caminhos da publicização
Gênese e transformação da esfera pública – as noções de público e privado
A esfera pública formou-se ao final do século XVIII, configurando-se em um âmbito específico da sociedade burguesa, a partir do desenvolvimento histórico da cultura material burguesa. Este âmbito social, responsável pela mediação entre social civil e Estado, no sentido de fazer valer as necessidades da sociedade civil diante do Estado (e também no interior do Estado), é o que HABERMAS (autor utilizado por Raichellis) denomina de esfera pública burguesa.
A separação das esferas pública e privada no sentido especificamente moderno vai se consolidando com a idéia de privado como o espaço daqueles que não possuem cargo público
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De outro, a possibilidade efetiva de reduzir o poder da burocracia no interior das organizações sociais, cujas decisões não são submetidas ao controle social, o que debilita, dessa forma, o caráter público dessas organizações.
Os textos posteriores de HABERMAS vão aprofundar a crítica à crescente burocratização do Estado de Bem Estar Social e a sua impotência para garantir níveis crescentes de autonomia e justiça social, criando-se impasses e limites para a conformação da esfera pública democrática.

Crise do estado de Bem Estar Social e os Impasses da Esfera Pública

O Estado e a (Inexistente) esfera pública no Brasil
A privatização do Estado brasileiro é um fenômeno intrínseco à formação social capitalista. Historicamente esse Estado usurpou a representação das classes sociais no seu interior, para inscrever no centro dos aparatos estatais os interesses da grande burguesia nacional e internacional.
Essa é uma característica do capitalismo na América Latina, que não foi capaz de promover as tarefas democrático-burguesas, pois seu móvel sempre foi o estabelecimento da ordem capitalista e não da democracia.
O padrão de intervenção do Estado brasileiro concentrou-se no financiamento da acumulação e da expansão do capital, em detrimento da consolidação de instituições democráticas e da institucionalização do acesso público a bens, serviços e direitos básicos de extensas camadas da população

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