REFLEXÕES SOBRE ETNOCENTRISMO. Análise do conto de Clarice Lispector: “A menor mulher do mundo”

940 palavras 4 páginas
REFLEXÕES SOBRE ETNOCENTRISMO
Análise do conto de Clarice Lispector:
“A menor mulher do mundo”

Conforme nos foi apresentado nesta disciplina, etnocentrismo é uma forma de ver, perceber e pensar o mundo, tendo como perspectiva os valores próprios de sua cultura. Segundo ROCHA (1993, p. 7), “etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência.” Assim, o etnocentrismo julga os outros povos e culturas pelos padrões da própria sociedade.
Isso fica evidenciado no conto “A menor mulher do mundo” de Clarice Lispector, sugerido pela docente como instrumento de análise do tema
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Em nossa sociedade, isso está caracterizado pela ideologia de uma supremacia das culturas européia e norte-americana sobre as demais.
Se por um lado, o explorador, desqualifica e inferioriza a forma de sociedade do outro, paradoxalmente por outro, ele o faz por percebê-lo como uma ameaça a sua própria sociedade. Percebemos isso no trecho: “(...) não fosse o perigo da África, seria povo alastrado”. Se trouxermos para nossa realidade, tal preocupação dos dominadores em relação aos dominados pode ser observada historicamente, tendo como exemplo o holocausto e o extermínio das populações indígenas nas Américas.
Segundo ROCHA (1993, p. 7), pensar o conceito de etnocentrismo é, pois, “indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e efetivos”. Tal consideração do autor nos remete à análise dos sentimentos e reações manifestos pelas pessoas ao tomarem contato com a imagem e a informação da existência da “Pequena Flor” no conto de Lispector. Nele, a autora traz com clareza o fato de que um mesmo fenômeno pode mobilizar diferentes sentimentos em um mesmo indivíduo, bem como, pode desencadear sentimentos distintos para diferentes indivíduos. Assim, para o jornal a “Pequena Flor” foi descrita como de “nariz chato, a cara preta, os olhos fundos, os pés espalmados, parecia um cachorro”. Uma leitora recusou-se a olhar alegando “aflição” e outra, teve “ternura” e “passou o dia perturbada” por isso. A menina,

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