Resenha Crítica do filme DogVille

3695 palavras 15 páginas
Resenha crítica do filme DogVille (2003), de Lars von Trier

Dogville tem uma referencia clara sobre a literatura e teatro. A primeira cena que aparece são as informações sobre a quantidade de capítulos – total de 10, sendo um destes o prólogo – tal qual em um sumário de livro. A segunda cena é aquela que mais me atraiu como artista gráfico: a planta baixa da cidade, o único cenário de toda a filmagem, visto de cima com as pessoas vivendo em suas áreas demarcadas. A construção tridimensional fica a cargo do espectador, neste ponto, igualmente ao teatro (mais especificamente, o teatro da caixa preta, onde este era realizado em um único cenário com as paredes todas pretas). Tal escolha não é a toa, já que Lars Von Trier é um dos criadores
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Como se o cão estivesse cara a cara com algo forte e sério”. É apresentado o drama de Grace, que foge de gangsters, e se refugia na pequena cidade. Tom lhe é gentil em tentar fazer com que todos lhe aceitem-na, mas na verdade ele só quer provar por meio de sua “illustration”, procurando um exemplo para servir de ilustração às suas teorias e assim comprovar que os moradores não são capazes de aceitar novas situações. Pela primeira vez, Grace é usada, e não seria a ultima.
Os moradores entram em acordo, e concordam que Grace deverá ficar duas semanas, e só então decidirão se ela permanecerá ou não. Enquanto saem da capela onde houve a reunião, a câmera superior registra a fragilidade e distanciamento entre eles. Grace se vê questionada sobre a cidade por Tom, e ela se vê fuzilada por olhares direto, questionando seu caráter. A iluminação azulada e baixa, vinda de quase todos os moradores, que neste momento ignoram a marcação de paredes é lacerante e o desconforto vem de encontro ao espectador.
O primeiro dia de Grace em Dogville é marcado pelo inicio da Primavera. E tal movimento das estações coordena também os sentimentos que pairam pela cidade. Neste primeiro dia, Grace tenta oferecer trabalho físico como contrapartida por sua estada na cidade. Mas todos lhe são gentis em recusar. Abre o inicio do embate entre o altruísmo e compensação. Inicialmente, Grace precisa trabalhar para os moradores para que eles

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