Rita Marquilhas - Filologia Oitocentista e Crítica Textual

3453 palavras 14 páginas
[
Publicado
em
Fernanda
Mota
Alves
et
al.
(orgs.),
Filologia,
Memória
e

Esquecimento.
Act.
20.
Lisboa,
Húmus,
pp.
355‐367,
2010.]
Filologia oitocentista e crítica textual

Rita Marquilhas
Universidade de Lisboa, Centro de Linguística

Segundo a perspectiva linguística, o termo “filologia” é um termo incomodamente ambíguo. Refere duas actividades intelectuais vincadamente diferentes, se bem que geneticamente relacionadas. A distância que as separa é tão lata que se tornou preferível nomear tais actividades com os rótulos de “filologia oitocentista”, a primeira, de “crítica textual”, a segunda1. Ivo Castro distinguia assim, há mais de vinte anos, as duas acepções em causa:
Não vejo a filologia, neste fim do séc. XX, como a esplêndida ciência que, no entender de Schlegel, compartilhava com a filosofia o conhecimento universal, nem como um método de melhoramento humano pelo aprendizado das obras dos clássicos, nem mesmo como a disciplina que consorcia a linguística com a literatura - tudo visões com pensamento e defesas articuladas e respeitáveis, e que devemos ter em conta para apreciar a produção científica de certas épocas e de certos autores.
Vejo-a, sim, como uma disciplina muito mais comedida [...] em ambições culturais, pois se limita ao exercício de uma missão deixada vaga pelas outras disciplinas da palavra e que é a de verificar se um texto que vai ser lido e interpretado dá garantias de estar tão próximo quanto é possível daquilo que o seu

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