RESENHA DE LITERATURA BRASILEIRA

Sátira gregoriana e seus pontos polêmicos.

Certamente uma das figuras mais controversas da literatura brasileira colonial vem a ser Gregório de Matos e Guerra. Com textos que foram reunidos postumamente cujas origens não são inteiramente conhecidas, para não dizer duvidosas, diversas questões polêmicas são levantadas em torno do conjunto de sua obra. Questões que vão desde a existência do autor como tal às formas como seus textos podem ser interpretados e recepcionados.

O crítico Haroldo de Campos, em seu artigo: “Original e Revolucionário”, nos expõe claramente esse debate em cujo centro está Gregório de Matos e as diversas questões suscitadas pela obra que lhe é atribuída. O crítico não o faz de …exibir mais conteúdo…

Hansen também deixa claro em seu texto que sua proposta se opõe às posições críticas que procuram no texto gregoriano expressividade e representatividade românticas. Sua proposta é a de considerar os textos a partir das regras discursivas do tempo a que pertencem. Por esse motivo, afirma que a autoria não é pressuposto necessário para o estudo dos poemas, pois não é ela a responsável pelo estilo a ser empregado, já que este decorre das regras discursivas então em voga, sendo historicamente determinado. Não há, portanto, originalidade estética no sentido romântico do termo. Hansen, no entanto, não nega ao poeta seiscentista todo e qualquer tipo de inventividade e sim aquela decorrente de conceitos românticos posteriores a época barroca, já que a invenção poética barroca seria a arte de combinar elementos coletivizados e não uma expressão psicológica individualizada. Para Hansen, uma leitura dinâmica da obra gregoriana que leve em consideração os efeitos de recepção ao longo do tempo, conforme defendido por Haroldo de Campos, produz efeitos de sentido que podem atender aos critérios e objetivos da recepção, mas que não são inerentes á obra em si, posto que são produzidos.

Outro ponto abordado pelos críticos e amplamente debatido em seus respectivos textos é o que incide sobre o caráter da obra de Gregório de Matos. Para Alfredo Bosi e Adolfo Hansen, a obra gregoriana é de caráter essencialmente conservador.