UM FALECIDO BOM-CARÁTER: Breve análise de Mattia Pascal e Adriano Meis na obra de Luigi Pirandello

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UM FALECIDO BOM-CARÁTER:
Breve análise de Mattia Pascal e Adriano Meis na obra de Luigi Pirandello

“Uma das poucas coisas, talvez a única que eu soubesse com certeza era esta: que me chamava Mattia Pascal. E me aproveitava disso. Sempre que algum dos meus amigos ou conhecidos demonstrava haver perdido o juízo a ponto de vir me pedir conselhos, eu encolhia os ombros, entrecerrava os olhos e respondia:
— Eu me chamo Mattia Pascal.
— Obrigado, meu caro. Isso já sei.
— E acha pouco?”

“Em suma:
a) filho único de Paolo Meis; b) nascido na América, na Argentina, sem maiores indicações; c) vindo para a Itália com poucos meses (bronquite); d) sem memória e com poucas informações dos pais; e) criado pelo avô.”1

O processo de criação de uma personagem não é simples: é preciso que o autor, além de conhecê-la profundamente, exponha seu caráter, seu pensamento e suas idiossincrasias de maneira atrativa e convincente dentro da trama que se propõe escrever. Entretanto, descrições minuciosas e avulsas sobre o corpo e a cabeça das personagens – a menos que se trate de um tipo ou de um caráter plano – nunca são o bastante, sendo preferível que se lhes exponha por meio de interações com o tempo e o espaço da obra, com caracteres e situações presentes no enredo. É aí que muitos autores pecam, seja por não apresentarem suas criações à luz da verossimilhança, seja por ocultarem demais suas características ou por introduzi-las fora de hora ou de ordem na narrativa. Mas é aí,

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