Antropofagia e primitivismo
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O modernismo, assim como muitos movimentos artísticos de vanguarda, inaugurou-se por manifesto. Os manifestos que se realizam como tal são textos imanentes, que estão permeados essencialmente por suas idéias fundadoras. Refletir sobre esses textos deve, então, nos dar a idéia total do que se pretendeu como manifestação artística dos movimentos que esses manifestos integram e acreditam inaugurar.Os manifestos de Oswald de Andrade abordam o problema da identidade do país e da Arte Brasileira. Em seu ensaio sobre os “Manifestos da Poesia Pau-Brasil” e “Antropófago”, de Oswald de Andrade, textos que identifica como “escritos doutrinários”, Benedito Nunes (1990) reflete que o “Manifesto Pau-Brasil” inaugurou o primitivismo nativo, que o próprio Oswald de Andrade consideraria a única invenção da geração modernista de 22. No manifesto Antropofágico, por sua vez, temos um embate constante entre o nativo e o civilizado, entre selvagerismo (natureza) e civilização (técnica).
NUNES(1979), afirma que “há coerência na loucura antropofágica e sentido no não-senso de Oswald de Andrade”. Pois, segundo ele, há pontos de convergência, no ideário de 22, entre o otimismo utópico e uma visão pessimista da realidade brasileira. No mesmo sentido, Antônio Cândido(1976) diz que – apesar de a Antropofagia oswaldiana não ter sido propriamente formulada por Oswald, e sim apenas deduzida a partir de “princípios virtuais” contidos em aforismos – os movimentos Pau-brasil e Antropofágico são as