A gravidez precoce e sua implicação sociopsicologica e educativa para os adolescentes




Partes: 1, 2, 3
  1. Introdução
  2. Gravidez precoce. Ciência e consciência do problema
  3. Adolescencia e gravidez precoce em benguela
  4. Conclusões
  5. Recomendações
  6. Bibliografia

Estudo caso em Benguela, República de Angola.

INTRODUÇÃO

Falar da adolescência resulta uma questão apaixonante quanto complicada e delicada. Como momento de transição importante entre a infância e a juventude conserva aspectos pertencente a um e a outro estágio no desenvolvimento humano; ainda não têm uso de razão, mas também não se carece dela, sói se dizer, e nisso radica uma das maiores dificuldades para a uma educação e orientação correctas. Requer-se assim, tacto pedagógico bem como conhecimentos profundos sobre as qualidades e problemas normais pelos que atraviesa, que implica saber sobre as particularidades fisiológicas, psicológicas proprias da etapa.

Por vezes observa-se que uma criança com determinados valores e características da sua personalidade muda grandemente na etapa adoslescente e que mais tarde volta a mudar numa espécie de recuperaçaõ de certo jeito que parecía já perdido. Tem a ver com adolescencia e são questões necessárias de ser sabidas por pais e professores. Nesse sentido é tão decisiva a adolescência que de ser manejada sem os cuidados correspondentes poderia resultar fatalmente influente para a formação futura e para os relacionamentos da pessoa com familiares e com colegas e outros componentes do meio social.

O presente estudo, representa um esforço mais da síntese e reflexão em torno de diversos problemas no seio dos adolescentes, com gravidez indesejada que dão origem assim a desistência por parte de muitos alunos no decorrer do ano lectivo, bem como a morte pela prática do aborto, assim como mortes pós e pré – parto.

Alguns estudos mostram que em Angola as relações sexuais iniciam entre 11 e 12 anos de idade, fazendo com que muitos adolescentes engravidem antes de atingir a idade adulta. Uma sexualidade muito alta com 75% de adolescentes sexualmente activos, alta frequência de gravidez na adolescência dos 14 – 17 anos de idade, 37% das raparigas já tinham engravidado e 17% dos rapazes tinham consciência de ter engravidado uma rapariga. Alta incidência de abortos de risco, 50% das adolescentes grávidas abortou e 79% desses abortos foram provocados ou induzidos (FNUAP, 2002).

Uma das razões do casamento precoce entre adolescentes tem sido a gravidez indesejada. O casamento precoce aliado à gravidez traz como consequência a interrupção dos estudos na adolescente. Traz também um afastamento do mundo dos jovens, já que as responsabilidades duma casa, duma criança, aliadas às dificuldades financeiras acabam por dificultar o envolvimento com os antigos grupos de jovens e transformam os adolescentes, inevitável e bruscamente num semi-adulto.

As jovens que assumem a gravidez sozinhas enfrentam ainda mais dificuldades de carácter financeiro e psicológico, para além das responsabilidades duma nova vida intra-uterina numa etapa em que o seu próprio organismo não está totalmente desenvolvido. Como resultante desta situação, surge, muitas vezes o abandono do filho, a entrega para adopção ou a alguém da família.

As estruturas familiares mesmo que existam, não garantem o apoio adequado, e as outras estruturas sociais, não dão a importância devida a estes problemas. Normalmente os pais consideram que as adolescentes são muito ingénuas e que a gravidez não as atinge.

Sendo a gravidez precoce um mal que enferma a sociedade actual no contexto geral, torna-se urgente nas escolas de todos os níveis o desenvolvimento de um trabalho de sensibilização permanente dos adolescentes por formas a manterem-se informados para os diversos riscos da saúde e consequências negativas que advêm duma gravidez precoce pelo que, todo este processo deve iniciar na infância em diálogo junto dos educadores directos.

Neste caso preocupar-nos-emos em analisar, interpretar e descrever as informações mais relevantes como influência na, gravidez precoce no desenvolvimento dos adolescentes.

Assim pretenderemos ao pesquisar sobre o tema, visualizar mecanismos que contribuam para a diminuição dos altos índices de gravidez precoce na adolescência e encontrar procedimentos para que esta não influencia e negativamente na faixa adolescente.

Qual é a representação (concepção) dos adolescentes de Benguela em relação ä gravidez precoce?

Caracterizar os factores e implicações associadas ao fenómeno da gravidez precoce num grupo de adolescentes de Benguela, para fazer propostas que contribuam a enfrentar educativa e socialmente esse fenómeno, sería o objectivo Geral de este estudo.

Com a aplicação dum tipo qualitativo-descritivo de investigação, se faz um estudo de 18 casos de adolescentes e um estudo das concepções de um grupo de estudantes adolescentes. A amostragem compreendeu: adolescentes sem relações sexuais; com relações sexuais (não grávidas); adolescentes grávidas; adolescentes que perderam o bebé, e adolescentes com filhos. O facto de ser difícil a tomada de uma amostra para o estudo que realizamos, tendo em conta que nem todas as adolescentes aceitam conceder uma entrevista, optou-se por um procedimento amostral como acima fica descrito. Tal dificuldade explica também a impossibilidade de determinar uma população alvo precisa do objecto de estudo.

Como estudo de caso, procedimento típico das investigações sociológicas, admitem-se como representativo do território de Benguela as adolescentes das cidades de Lobito e de Benguela, como alguma representação da Comuna da Catumbela; os resultados deste estudo constituiriam só um referente para estudos posteriores em outras partes da província, bem como para uma verificação comparativa com a população diferente desta agora estudada.

CAPÍTULO I GRAVIDEZ PRECOCE. CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA DO PROBLEMA

1. Sexualidade e adolescência

A adolescência é um período no que se experimentam importantes mudanças a nível biológico, psicológico e social. Durante esta etapa é comum o aumento do interesse pelo sexo e o início das primeiras relações sexuais. Para que esta primeira relação possa se considerar saudável, deve cumprir alguns requisitos: a) prevista com antecipação; b) desejada por ambos membros do casal; c) com protecção ante riscos de embaraços não desejados e de doenças de transmissão sexual (DTS), e d) desfrutada, resultando gratificante para os dois (Mitchel y Wellings, 1998). Estes autores pediram a um grupo de jovens de 16 a 29 anos que lhes relataram sua primeira experiência sexual. Grande parte deles reconheceu que sua primeira relação foi totalmente inesperada. Em esta línha, (Loewensteim e Frustenberg 1991) estimaram que em uma amostra de mil pessoas, 65% não tinha previsto sua primeira relação sexual. Esta circunstância, que se dá também entre os adolescentes espanhóis (López, 1995), faz muito improvável a adopção de medidas protectoras.

Segundo o último informe sobre a epidemia do SIDA (ONUSIDA, 2002), quase a metade das novas infecções se dão em jovens entre os 15 e os 24 anos. Para poder realizar intervenções preventivas eficazes, é preciso conhecer as variáveis que originam e mantêm as condutas de risco dos adolescentes.

Em continuação se descrevem os principais aspectos que caracterizam as relações sexuais na adolescência, como a idade de inicio, o tipo de relações, o número de companheiros sexuais, ou os conhecimentos sobre os riscos associados.

Como média, o primeiro contacto sexual dá-se em torno dos 16 anos (Bimbela e Cruz, 1997; Cerwonka, Isabell e Hansem, 2000; INJUVE, 2000). Embora que as meninas alcançam antes a maturidade sexual, geralmente são os rapazes quem se iniciam primeiro. (Weinberg, Lottes e Aveline 1998) encontram médias muito similares em raparigas e rapazes europeus, sendo as primeiras a idade média 17,3 anos e 17,7 nos homens.

A literatura científica observa como principais condutas sexuais na adolescência:

a) Masturbação: tanto a auto estimulação, como a masturbação do casal são práticas muito estendidas entre os adolescentes. Entre jovens estudantes se têm observado taxas que chegam a 95 %, e cerca da metade se masturbam com uma frequência de uma ou mais vezes por semana. Dois terços dos rapazes a praticam frequentemente, frente a tão-somente um terço das mulheres (Mc Cabe e Cummins, 1998; Weinberg, Lottes e Aveline, 1998).

b) Sexo oral: os estudos com adolescentes indicam que mais da metade dos sujeitos têm tido alguma prática de sexo oral, chegando a 76 % nos homens e 66 % nas mulheres (Murphy et all., 1998). Outras investigações, não obstante, mostram que as raparigas praticam o sexo oral com mais frequência que os rapazes (Mc Cabe e Cummins, 1998).

c) Coito vaginal: entre 68 e 83 % dos jovens manifestam ter mantido relações sexuais com penetração vaginal (Mc Cabe e Cummins, 1998). Outros estudos indicam que entre raparigas e rapazes sexualmente activos, 100 % há tido alguma relação com penetração vaginal (Murphy et al. 1998).

d) Coito anal: esta prática, uma das que carrega maior risco de transmissão do vírus de imunodeficiência humana (VIH), tem uma frequência muito variável em função dos estudos. (Murphy et al. 1998) encontraram que 11 % dos adolescentes iniciados sexualmente havia realizado este tipo de relação. Distinguindo entre sexos, (Weinberg, Lottes e Aveline 1998) assinalam que entre 8 e 12 % dos rapazes haviam mantido relações com penetração anal, sendo algo mais frequente tal prática nas mulheres, entre 11 e 15 %. Outros estudos referem percentagens superiores, até 25 % em mulheres adolescentes (Mc Farland, 1999).

 


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