Aplicação de lodo da estação de tratamento de água em solo degradado



RESUMO

A disposição de lodo de estação de tratamento de água (LETA) em áreas degradadas é uma alternativa para a gestão de resíduos e pode promover a recuperação destas áreas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de LETA nos teores de macronutrientes, carbono orgânico total (COT) e condutividade eletrolítica (CE) em amostras de solo degradado pela mineração de cassiterita. O LETA pode ser disposto em áreas degradadas, já que eleva os teores de Ca, Mg, K e o valor de pH do solo.

Termos para indexação: salinização, mineração, condutividade elétrica, resíduo sólido, carbono orgânico total.

ABSTRACT

The application of water treatments sludge (WTS) in degraded soil is an alternative solution for this residual disposal and also for degraded soil recuperation. The objective of this work was to evaluate the effect of application of WTS in content of macronutrients, total organic carbon (TOC) and electric conductivity (EC) in degraded soil by tin mining. The WTS can be used in degraded area, because it increases the contents of Ca, Mg, K and soil pH.

Index terms: salinity, mining, electric conductivity, solid residue, total organic carbon.

O lodo de estação de tratamento de água (LETA) é um resíduo formado nos decantadores da estação, resultado dos processos de floculação e coagulação. É uma mistura de poluentes, areia, silte, argila e substâncias húmicas presentes nas águas dos rios. Segundo a AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION (1999), o LETA pode ser disposto em áreas degradadas, mas é necessário um monitoramento das alterações provocadas pela sua aplicação ao ambiente. Isto porque, de uma forma geral, a aplicação de resíduos em solos pode causar efeitos negativos ao solo e às plantas, como a salinização, o acúmulo de metais e a lixiviação de nitratos (Oliveira et al., 2002).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de LETA nos teores de macronutrientes, C orgânico total e condutividade eletrolítica em amostras de solo degradadas pela mineração de cassiterita.

O trabalho foi realizado em casa de vegetação, com temperatura controlada na faixa 25ºC–28ºC, no Campus da Universidade Estadual Paulista localizado em Jaboticabal, SP. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos: Testemunha, solo degradado (n = 4); Solo degradado + calcário (n = 4); e 100, 150 e 200 mg de N, na forma de LETA, por kg de solo e calagem (n = 20 cada), em que n é o número de repetições. O solo, antes da atividade de mineração, era classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo álico, textura argilosa. A amostra para estudo foi coletada na camada de 0–20 cm e apresentava as seguintes características químicas e granulométricas: pH (CaCl2), 4,9; matéria orgânica (MO), 3 g dm-3; fósforo (P resina), 8 mg dm-3; K, 0,5; Ca, 5; Mg, 2; H+Al, 12; saturação por bases (SB), 8,0; T, 20 (em mmol dm-3); V, 38%; argila, 170; silte, 30; areia muito fina, 90; areia fina, 280; areia média, 260; areia grossa, 150; areia muito grossa, 20; areia total, 800 (em g kg-1).

O LETA foi coletado no DAAE, Departamento Autônomo de Água e Esgoto, de Araraquara, SP, cuja Estação de Tratamento de Água é do tipo convencional e utiliza cloreto férrico como agente coagulante. A análise química e granulométrica do LETA apresentou os seguintes resultados: poder de neutralização (PN), 28 g kg-1; CaO, 9,8%; MgO, 4,23%; pH em água, 7,7; umidade, 94%; carbono orgânico total (COT), 11; N, 2; P, 1; K, 2; Ca, 121; Mg, 4,0; (em g kg-1, base seca); Fe, 167.040; Zn, 66; Cu, 149; Mn, 1.683; Pb, 8; Ni, 27; Cd, 6; Cr, 86 (em mg kg-1, base seca); argila, 260; limo, 315; areia total, 425; areia muito fina, 45; areia fina, 115; areia média, 115; areia grossa, 110 e areia muito grossa, 40 (em g kg-1). A análise microbiológica do LETA não revelou presença de coliformes.

O teor de carbono foi determinado pelo método proposto por Tiurin, oxidação via úmida, descrito em Dabin (1976), o N total pelo método Kjeldahl (Melo, 1974), e os demais elementos por espectrofotometria de absorção atômica em extrato de digestão com HNO3, HCl e H2O2 (UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1995), enquanto a análise granulométrica e o poder de neutralização, segundo Embrapa (1997). O pH foi medido em água na relação resíduo:extrator de 1:2,5.

 


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.