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Armazenamento de crisântemos Dedranthema grandiflora cv. Red Refocus (página 2)

Angelo Pedro Jacomino; Ricardo Alfredo Kluge; Auri Brackmann; Paulo Roberto

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação da abertura de botões a temperatura de 2,5ºC apresenta a maior porcentagem (Figura 1) durante o armazenamento. Isto se deve, provavelmente, à temperatura mais elevada, que não reduziu demasiadamente a atividade metabólica da haste. Já entre os tratamentos, a solução de sacarose foi a que facilitou a abertura dos botões (Figura 2), por ser uma fonte de energia para a respiração e outros processos metabólicos. As demais soluções não apresentando esta fonte de energia, não conseguiram manter estes processos fisiológicos vitais por um longo período.

Observando-se as épocas das avaliações (Figura 3), verificase que as flores já iniciaram o armazenamento com aproximadamente 36% dos botões abertos, havendo a partir daí constante evolução. O acréscimo de flores abertas do início ao final do armazenamento em frio foi de aproximadamente 10%, após a saída do armazenamento continuou evoluindo para chegar a 26,8% no término das avaliações.

Figura 1 -Efeito de temperaturas de armazenamento sobre a percentagem de flores abertas em crisântemos Dedranthema grandiflora cv. Red Refocus. Santa Maria, RS. 1998.

Figura 2 -Efeito dos tratamentos químicos sobre o percentual de flores abertas de crisântemos Dedranthema grandiflora cv. Red Refocus. Santa Maria, RS. 1998.

Figura 3 -Percentual de flores abertas em diferentes época de avaliação de crisântemos Dedranthema grandiflora cv. red refocus submetidos a duas temperaturas e cinco tratamentos. Santa Maria, RS. 1998.

Na avaliação dos dados de senescência das flores observa-se que durante o armazenamento não houve diferença entre as temperaturas. No entanto, para as avaliações aos três e sete dias, as flores que permaneceram na temperatura de 0,5ºC desenvolveram este processo mais lentamente, quando comparadas com as conservadas a 2,5ºC. Estes resultados são explicados pelo retardamento dos processos fisiológicos a baixa temperatura. As hastes ao saírem do armazenamento a frio, apresentavam um percentual de 17 a 20% de flores senecentes, mas aos sete dias em temperatura ambiente este índice manteve-se menor que 40%, na temperatura de 0,5ºC, enquanto que a 2,5ºC este subiu para 64% (Tabela 1). Ao avaliar-se o efeito das soluções conservantes sobre o processo de senescência (Figura 4), observou-se que a solução de sacarose foi a que mais acelerou o processo, possivelmente porque a sacarose serviu de alimento para microorganismos, que se desenvolveram na água, já que nela não havia nenhum produto bactericida ou fungicida. Este resultado contraria CASTRO (1987), que constatou que as concentrações de sacarose de 8 a 16% promoveram um aumento na durabilidade comercial em aproximadamente três vezes em relação ao controle (água destilada). A solução que mais retardou o processo de senescência foi a 8-HQ, provavelmente devido ao aumento na taxa de absorção de água (ARRIAGA, 1995) e o surgimento de baixo número de colônias de bactérias (CASTRO, 1987; HUSSEM, 1993).

Figura 4 -Efeito dos tratamentos sobre o percentual de flores senescêntes de Crisântemos Dedranthema grandiflora cv. red refocus. Santa Maria, RS. 1998.

Quando se avaliou o escurecimento da lígula (tabela 2), observou-se que este foi maior na temperatura de 0,5ºC, provavelmente por terem ocorrido danos, como destruição da parede celular do tecido das lígulas. A solução que propiciou menor incidência de lígulas escurecidas na temperatura de 0,5ºC foi 8-HQ e água destilada, que não diferiram da AgNO3 e sacarose. Já na temperatura de 2,5ºC, as soluções tiveram um comportamento diferente sendo que AgNO3, 8-HQ e Tiabendazole apresentaram menores percentagens do dano.

As flores ao serem retiradas do armazenamento em frio apresentavam em média 21% de lígulas com manchas escurecidas, valor este que evoluiu 10% nos primeiros três dias em temperatura ambiente e após manteve-se praticamente constante(figura 5).

Foram também observadas folhas necrosadas em ambas as temperaturas, dano este que não foi quantificado neste experimento.

Figura 5 -Percentual de lígulas escurecidas em diferentes época de avaliação de crisântemos Dedranthema grandiflora cv. red refocus submetidos a duas temperaturas e cinco tratamentos. Santa Maria, RS. 1998.

CONCLUSÕES

A temperatura de -0,5oC retarda a senescência mas diminui a abertura das flores.

Na temperatura de 2,5oC diminui a percentagem de lígulas escurecidas.

Dentre as soluções testadas, a 8-HQ conserva melhor as flores, enquanto que a solução sacarose acelera o processo de senescência das flores, embora diminua o percentual de abertura de flores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRACKMANN, Auri1*; BELLÉ, Rogério A1; VIZZOTTO, Marcia2.; LUNARDI, Rosangela.3
brackmann[arroba]ccr.ufsm.br

1*. Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 97105-900, Santa Maria, RS. Autor para correspondência.
2. Universidade Federal de Pelotas - FAEM, Pelotas, RS.
3. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
(Recebido para publicação em 17/11/99).



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