Atividade de proteases e disponibilidade de nitrogênio para laranjeira cultivada em Latossolo Vermelho distrófico

Enviado por W. J. Melo


RESUMO

O conhecimento do potencial da mineralização dos compostos orgânicos nitrogenados do solo é fundamental para o uso eficiente do N em sistemas de produção agrícola. Com o objetivo de avaliar a atividade de proteases e suas relações com os teores de diferentes formas de N em Latossolo Vermelho distrófico cultivado com laranjeira, foram coletadas amostras de solo em duas profundidades (0—10 e 10—20 cm), na linha de projeção da copa e nas entrelinhas, nos meses de novembro e dezembro/98, fevereiro e março/99. Em março/99, época recomendada para a diagnose foliar, também foram coletadas amostras de folhas. As amostras de solo foram avaliadas com relação à atividade de proteases e aos teores de N-amoniacal, N-nitrato, N-total, N-amoniacal obtido após incubação anaeróbia (N-pot) e N-amoniacal extraído por solução de CaCl2 sob autoclavagem (N-autoclave). Nas amostras de folha, determinou-se o teor de N-total. A atividade de proteases foi influenciada pelo local e pela profundidade de amostragem, tendo sido mais elevada na linha de projeção da copa e profundidade de 0—10 cm. A aplicação de fertilizante orgânico causou aumento na atividade de proteases, principalmente na camada de 0—10 cm. O coeficiente de correlação entre atividade de proteases e outros métodos para avaliação da disponibilidade de N dependeu da época, do local e da profundidade de amostragem. A correlação entre o N-foliar, obtido na época indicada para diagnose foliar, a atividade de proteases e as demais formas para avaliar disponibilidade de N (N-amoniacal, N-nitrato, N-autoclave e N-pot) variou com a época de amostragem. A atividade de proteases foi positiva e altamente correlacionada com o N-foliar, obtido na época indicada para fins de diagnose foliar, para amostras de terra retiradas nas entrelinhas (0—10 cm), no mês de dezembro/1998.

Termos de indexação: enzima, citros, diagnose foliar, nutrição de plantas.

SUMMARY

The knowledge of the dynamics of the organic N compound mineralization in the soil is important for the efficient use of N in agricultural production systems. With the objective of evaluating the protease activity and its relations to the contents of different N forms in a Dark Red Latosol cultivated with orange trees, soil samples were collected from two depths (0—10 and 10—20 cm) under top projection and between rows in the months of November and December 1998 and February and March 1999. Leaves were also sampled in March 1999, the recommended time for leaf diagnosis. Soil samples were evaluated for protease activity, ammonium-N, nitrate-N, total-N, ammonium-N obtained after anaerobic incubation, and ammonium-N extracted by CaCl2 under autoclaving. Organic fertilization increased protease activity mainly in the layer 0—10 cm. The correlation coefficient between the protease activity and the other methods for estimating N availability depended on the sampling time, place and depth. The correlation between leaf-N determined at the time indicated for leaf diagnosis and the other methods for estimating N availability altered according to the sampling time. Protease activity was positive and closely related to leaf-N, determined at the time indicated for leaf diagnosis, when soil samples were collected between rows (0—10 cm) in December 1998.

Indexation terms: soil enzyme, citrus, leaf diagnosis, availability, plant nutrition.

INTRODUÇÃO

A fertilização nitrogenada é uma prática que ainda precisa ser aperfeiçoada, tendo em vista a complexidade e a velocidade das transformações do elemento no solo. O ideal seria aplicar uma dose de N o mais próximo possível da demanda da planta e que a disponibilidade do nutriente estivesse sincronizada à demanda das plantas, de modo a evitar a poluição das águas superficiais e subterrâneas (NO3-) ou da atmosfera (N2O), um dos principais agentes do efeito estufa. Para isso, é necessário o conhecimento da dinâmica do N no solo e de métodos analíticos que determinem, de modo prático e econômico, com a devida antecedência, quanto de N seria necessário aplicar ao solo e em que momento isto deveria ser praticado.

Atualmente, no estado de São Paulo, usa-se o teor de N-foliar para recomendação da fertilização nitrogenada (Quaggio et al., 1996).

Os métodos químicos para avaliação da disponibilidade de N no solo são úteis, simples e rápidos. Complementarmente, segundo Keeney & Bremner (1966), os métodos biológicos podem ser usados para avaliar a consistência dos métodos químicos.

Sabe-se que a maior parte do N no solo encontra-se em formas orgânicas, pouco disponíveis para as plantas, e que o primeiro passo na mineralização do N-protéico no solo envolve sua hidrólise, catalisada por enzimas denominadas proteases. A ação dessas enzimas dá origem a uma mistura de aminoácidos (Burns, 1982). Os aminoácidos oriundos da hidrólise das proteínas são, em seguida, desaminados, com a produção de NH4+, que é passível de absorção ou nitrificação.

Diversos autores têm encontrado correlações entre a atividade de proteases no solo e os teores de N-mineral (Suttner & Alef, 1988; Tate et al., 1991; Badalucco et al., 1997). Essas correlações devem ser interpretadas com cautela, pois podem variar com as condições de clima, solo e cultura (Ross & McNeilly, 1975; Haynes & Swift, 1988).

Assim, considerando as relações já conhecidas entre a atividade de proteases no solo e a mineralização do N-orgânico, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a atividade de proteases em um Latossolo Vermelho distrófico, cultivado com laranjeira, correlacionando-a com os diferentes métodos atualmente conhecidos para avaliar a disponibilidade de N e planejar a fertilização nitrogenada.

 


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