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Considerando-se, entre outras, as variações climáticas, entre a região de origem dos híbridos e as reinantes no Estado do Pará, onde a cultura do coqueiro se encontra em franca expansão, há necessidade de se buscar informações experimentais que permitam identificar os genótipos mais promissores para serem recomendados aos produtores, contribuindo, dessa forma, para a melhoria do sistema de produção da cultura.

Este trabalho foi conduzido com a finalidade de avaliar o desempenho de seis híbridos de coqueiro para produção de frutos e de albúmen fresco, com vista à recomendação de novos cultivares para plantio.

4. Material e métodos

O experimento foi instalado na Fazenda Socôco, localizada no Município de Moju, PA, situada a 02° 07'00" de latitude Sul e 48° de longitude Oeste de Greenwich, distando 100 km da cidade de Belém. A altitude é de 30 metros, com pluviosidade média anual de 2.695 mm e temperatura média de 27 °C, umidade relativa do ar de 82% e constante iluminação solar. O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo Distrófico, textura argilo arenosa e relevo suave. Não foi utilizada irrigação artificial. Os resultados da análise do solo, coletado na profundidade de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, são apresentados na Tabela 1.

O plantio dos híbridos ocorreu no ano de 1984 e o início da avaliação ocorreu de 1989 até 1997. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com seis repetições, sendo as parcelas experimentais representadas por 30 plantas, no espaçamento de 8,5 m x 8,5 m, em arranjo triangular equilátero. As adubações foram realizadas anualmente, de acordo com a diagnose foliar. Os tratos culturais como capinas foram realizados bimestralmente e a colheita dos frutos ocorreu de 2 em 2 meses.

Os híbridos avaliados foram: PB 121 (Anão-amarelo da Malásia x Gigante Oeste Africano); PB 111 (Anão-vermelho de Camarões x Gigante Oeste Africano); PB 141 (Anão- verde do Brasil x Gigante Oeste Africano); PB 123 (Anão-amarelo da Malásia x Gigante de Renel); PB 132 (Anão-vermelho da Malásia x Gigante da Polinésia) e PB 113 (Anão-vermelho de Camarões x Gigante de Renel), todos fornecidos pelo Institut de Recherches pour les Huiles et Oléagineux — IRHO, França.

Embora tenham sido tomados dados de vários caracteres agronômicos, somente foram analisados o número de frutos/planta e a produção de albúmen sólido fresco. Os dados de número de frutos/planta foram transformados para . Realizou-se a análise de variância para cada ano, para estimar a relação entre o maior e o menor quadrado médio do resíduo, para cada ano, visando verificar se haveria a necessidade de ajustes de graus de liberdade das fontes de variação, para posterior análise de variância conjunta de ambientes. Consideraram-se os efeitos de tratamentos como fixo e de ano como aleatório As análises de variância foram efetuadas através do programa GENES (Cruz, 2001).

O modelo matemático empregado foi: Yijk = m + Gi + Aj + B/Ajk + Gaij + Eijk, sendo: valor fenotípico do caráter Y medido no material genético i, no ambiente j; m= média geral paramétrica dos dados em estudo; Gi= efeito do i-ésimo genótipo; Aj= efeito do j-ésimo ambiente experimental; B/Ajk= efeito de blocos dentro de ambiente; Gaij= efeito da interação do i-ésimo genótipo com o j-ésimo ambiente; Eijk= erro médio associado à observação Yijk.

5. Resultados e discussão

Na Tabela 2, apresentam-se os resultados da análise de variância dos caracteres número de frutos/planta e produtividade de albúmen sólido fresco. Foram detectadas diferenças significativas para tratamentos, fato que reflete a heterogeneidade do material genético estudado, indicando a possibilidade de identificação de materiais promissores. Foi detectado efeito significativo para as fontes de variação ano e para a interação anos x tratamentos, o que mostra comportamento diferenciado dos híbridos nas diferentes idades e evidencia o efeito de periodicidade nesses caracteres. Tal fato significa também que as plantas a serem submetidas à seleção tenham suas produções avaliadas mediante observações repetidas, para que se obtenha resposta mais próxima do seu valor genotípico. Em coqueiro, segundo Fremond et al. (1975), deve ser observado, com rigor, durante, no mínimo, 3 anos de produção, a fim de que seja selecionado um genótipo superior. Foi obtido nível ótimo de precisão experimental, conforme indicação fornecida pelos baixos valores dos coeficientes de variação experimental.

A relação entre o maior e o menor quadrado médio dos resíduos das análises de variância por ano foi de 5,56 e 5,75, para número de frutos/planta e produtividade de albúmen sólido fresco, respectivamente, indicativo que a precisão experimental entre os experimentos não foram discrepantes, por serem menores que sete, o que, segundo Gomes (1991), permite a realização da análise conjunta sem ajuste dos graus de liberdade.

Na Tabela 3, encontram-se os valores médios obtidos pelos híbridos para os caracteres. Verifica-se que o híbrido PB 111 apresentou a maior produção de frutos/planta, não diferindo estatisticamente dos híbridos PB 141, PB 113, PB 121 e PB 123. Quanto à produtividade de albúmen sólido fresco, o melhor desempenho foi observado pelo híbrido PB 113, seguido do PB 111 e PB 141, não havendo diferença significativa entre eles. O resultado dos mesmos híbridos, por apresentarem as maiores produções de albúmen, estar entre aqueles com maior número de frutos/planta já era esperado, haja vista que o valor da correlação fenotípica entre os caracteres foi alto (0,94). Vale ressaltar que o fato dos três híbridos não apresentarem diferenças significativas entre si sugere a possibilidade do plantio dos três de maneira simultânea, fato que promoverá maior diversidade de genótipos na área de cultivo, evitando, desse modo, maior vulnerabilidade genética às doenças, às pragas e às condições edafo-climáticas adversas. O menor valor de número de frutos/planta foi observado no PB 132. Os menores valores de produtividade de albúmen sólido fresco foram apresentados pelos híbridos PB 123 (4.822,4 kg/ha), PB 132 (4.952,7 kg/ha) e PB 121 (5.018,1 kg/ha), com valores inferiores à média geral dos anos, que foi de 5.243,6 kg/ha.

Observa-se que o efeito da periodicidade foi pronunciado, tendo o número de frutos/planta variado de 74, em 1996, a 119, em 1997 (Figura 1), enquanto a produtividade média de albúmen fresco variou de 4.263 kg/ha a 7.226 kg/ha no mesmo período (Figura 2).

6. Conclusões

1) Considerando o desempenho dos híbridos no período de 9 anos de avaliação para os caracteres número de frutos/planta e produtividade de albúmen sólido fresco, recomenda-se os híbridos PB 111, PB 113 e PB 141 para plantio no Estado do Pará.

2) Recomenda-se o plantio dos híbridos superiores de maneira conjunta numa mesma área de modo a promover maior diversidade de genótipos na área de cultivo, evitando, maior vulnerabilidade genética às doenças, às pragas e às condições edafo-climáticas adversas

7. Referências bibliográficas

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FERRAZ, L.G.B.; PEDROSA, A.C.; MELO, G.S. Avaliação do comportamento de coqueiro híbrido e cultivares nacionais. Recife/PE:IPA, 1987. 7p. (IPA. Pesquisa em Andamento, 5).

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1 (Trabalho 059/2003). Realizado através da parceria da Embrapa Amazônia Oriental e a empresa Socôco S.A. Agroindústria da Amazônia.

Paulo Manoel Pontes LinsI; João Tomé de Farias NetoII; Antônio Agostinho MüllerII - tome[arroba]cpatu.embrapa.br

IEng. Agr. Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa Socôco S.A Agroindústrias da Amazônia. Rod. PA 252, km 38, CEP 68450-000. C. P. 15, Moju,PA. pmplins[arroba]uol.com.br IIPesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental. Trav. Dr. Enéas Pinheiro s/n. CEP 66095-100, C. P. 48, e-mail: tome[arroba]cpatu.embrapa.br; amuller[arroba]cpatu.embrapa.br



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