Efeito da ressecção do íleo terminal na fibrose hepática secundária à ligadura do ducto hepático comum em ratas

Enviado por Andy Petroianu


 

RESUMO

OBJETIVO: A evolução para fibrose hepática e, posteriormente, para cirrose são fatos bem estabelecidos na colestase extra-hepática prolongada. A despeito dos avanços nos métodos diagnósticos e terapêuticos, essas complicações continuam de difícil solução, principalmente, quando não é possível reverter a causa da colestase. Neste trabalho, procurou-se verificar, em modelo experimental de colestase pela ligadura do ducto hepático comum, se a exclusão do íleo terminal reduziria o desenvolvimento de fibrose hepática. Não houve abordagem direta da causa da colestase, mas atuou-se nos mecanismos de secreção e regulação do fluxo biliar êntero-hepático.

MÉTODO: Foram utilizadas trinta e cinco ratas Wistar, distribuídas em três grupos: Grupo 1, apenas laparotomia e laparorrafia; Grupo 2, ligadura do ducto hepático comum; Grupo 3, ligadura do ducto hepático comum associada a ressecção do íleo terminal, com reconstrução do trânsito intestinal, por meio de anastomose íleo-cólon ascendente. Após trinta dias, os animais foram mortos e o fígado de cada rata foi retirado, para a análise histológica.

RESULTADOS: Os resultados foram submetidos a análise estatística pelo teste de Kuskal-Wallis, com nível de significância de 95 % (p < 0,05). Verificou-se que houve fibrose hepática nos grupos 2 e 3, porém sem cirrose. O Grupo 3 apresentou fibrose menos acentuada que o Grupo 2.

CONCLUSÕES: Conclui-se que a ressecção do íleo terminal associa-se a menor alteração histológica, no fígado de ratas, decorrente de colestase obstrutiva.

Descritores: Fígado; Colestase extra-hepática; Cirrose hepática; Ducto biliar comum; Íleo.

ABSTRACT

BACKGROUND: Progression to hepatic fibrosis, and later to cirrhosis, is a well-established fact. Despite the advances in the diagnostic and therapeutic methods, this syndrome continues to be of difficult solution, especially when it is not possible to reverse the cause of cholestasis. The development of new therapeutic proposals is necessary in order to prevent the occurrence of hepatic fibrosis or cirrhosis.The present study, conducted on an experimental model of cholestasis induced by ligation of the common bile duct, was carried out in order to determine whether exclusion of the terminal ileum would reduced the development of hepatic fibrosis. There was no direct approach to the cause of cholestasis, but there was an intervention in the mechanisms of secretion and regulation of enterohepatic bile flow.

METHODS: Thirty-five female Wistar rats were divided into three groups: Group 1 was submitted only to laparotomy and laparorrhaphy, Group 2 to ligation of the common bile duct, and Group 3 to ligation of the common bile duct in combination with resection of the terminal ileum, with reconstruction of intestinal transit by means of an ileum-ascending colon anastomosis. After 30 days the animals were killed and the liver of each rat was removed for histological analysis.

RESULTS: The results were analyzed the Kruskal-Wallis test, with the level of significance set at 95 % (p < 0.05). Hepatic fibrosis, but not cirrhosis, was detected in Groups 2 and 3. Group 3 presented less marked fibrosis than Group 2.

CONCLUSION: We conclude that resection of the terminal ileum is associated with less marked histological alterations due to obstructive cholestasis in the liver of female rats.

Key words: Liver; Cholestasis extrahepatic; Liver cirrhosis; Common bile duct; Ileum.

INTRODUÇÃO

A bile é um dos principais veículos de excreção de metabólitos e de drogas do organismo. Entre as substâncias acumuladas no fígado durante a colestase, os ácidos biliares são os mais nocivos, por sua atividade detergente sobre a membrana do hepatócito e de organelas citoplasmáticas. A mais temível complicação da colestase é a fibrose hepática, que pode evoluir para cirrose e para insuficiência hepática1.

Whitington et al.2 propuseram a derivação biliar parcial externa, como forma de tratamento da colestase e, principalmente, do prurido, secundário à colestase intra-hepática familiar progressiva. A colestase que surge nessa doença caracteriza- se por icterícia colestática crônica, progressiva e hereditária, que evolui para cirrose hepática. O sintoma mais incapacitante é o prurido intenso, decorrente do acúmulo de ácidos biliares. Muitos dos pacientes evoluem para cirrose hepática. Estes autores perceberam a diminuição dos sintomas, notadamente do prurido, e da progressão para a cirrose hepática, após a drenagem biliar externa parcial, por meio de colecistojejunostomia, exteriorizada na pele.

Por sua vez, Hollands et al.3 propuseram, como forma de tratamento dessa mesma afecção, a exclusão dos últimos centímetros do íleo terminal, por meio de uma derivação íleo-cólon ascendente, com diminuição da absorção dos ácidos biliares no ciclo êntero-hepático. Esse procedimento evitava os inconvenientes de uma estomia. Apesar do número pequeno de pacientes e do curto período de acompanhamento, esse tratamento aliviou o prurido e melhorou a função hepática, em quatro dos cinco pacientes estudados.

Os trabalhos acima, verificaram a melhora dos sintomas e da função hepática e creditavam estas melhoras à diminuição da absorção de ácidos biliares no intestino, principalmente no íleo terminal. O nosso trabalho, procurou verificar,em caráter experimental, se a ressecção do íleo terminal, em ratas submetidas a ligadura do ducto hepático comum, alteraria o grau de fibrose hepática, mesmo na ausência de bile e ácidos biliares no intestino.

 


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