Estimativas do Consumo e da Taxa de Passagem do Capim-Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) sob Pastejo de Vacas em Lactação



RESUMO - Foram estimados o consumo de matéria seca (MS), a taxa de passagem e o tempo médio de retenção no trato gastrintestinal de 18 vacas Holandês-Zebu, em lactação, pastejando capim-elefante. Nas estimativas de consumo e da produção fecal usaram-se os modelos propostos por QUIROZ et al. (1988) e POND et al. (1989). Para as taxas de passagem e tempos de retenção, incluiu-se a equação proposta por GROVUM e WILLIAMS (1973). Nas avaliações de consumo, utilizaram-se piquetes de capim-elefante, com três dias de ocupação e 30 de descanso, adubado com duas doses de nitrogênio (300 e 700 kg/ha/ano), numa taxa de lotação de 6 vacas/ha, em quatro meses do ano. O consumo foi estimado pela relação produção fecal/indigestibilidade da forragem. Nas determinações da digestibilidade e da produção fecal foram usadas amostras de extrusas. Para a excreção fecal foi usada a fibra detergente neutra, tratada com dicromato de sódio. As estimativas do consumo de MS da dieta total e do capim-elefante não apresentaram diferenças (P>0,05) em função dos modelos utilizados. Registraram-se valores médios de consumo de 12,5 e 13,9 kg de MS/vaca/dia para a dieta total e 7,7 e 9,2 kg de MS/vaca/dia do capim-elefante, respectivamente, pelos modelos de POND et al. (1989) e QUIROZ et al. (1988). As taxas de passagem, os tempos médios de retenção no rúmen e no trato gastrintestinal apresentaram diferenças, quando utilizados os três modelos testados. No presente experimento, optou-se pela adoção dos resultados obtidos pelo modelo de QUIROZ et al. (1988), para se estimar consumo, devido à semelhança dos dados com aqueles já descritos na literatura.

Palavras-chave: capim-elefante, consumo, cromo mordentado, modelos, taxa de passagem, vacas em lactação

Estimates of Feed Intake and Rate of Passage of Elephantgrass (Pennisetum purpureum Schum.) under Grazing Conditions using Lactating Cows

ABSTRACT - The voluntary dry matter intake (DMI), rate of passage and mean retention time in the rumen and gastrointestinal tract were estimated using 18 crossbred Holstein-Zebu lactating cows grazing elephantgrass. The voluntary DMI and fecal output estimations the models proposed by QUIROZ et al. (1988) and POND et al. (1989) were used. The data of rate of passage and those of retention time in the rumen the model suggested by GROVUM and WILLIAMS (1973) was chosen. The elephantgrass pasture were fertilized and managed in a rotational system with three days paddock occupation and 30 days resting. The stocking rate was 6 cows/ha. The DMI was estimated using the relation fecal output/forage indigestibility of extrusa samples. For the fecal production calculations, neutral detergent fiber was chromium mordanted. Using the models of POND et al. (1989) and QUIROZ et al. (1988) to compare the total diet DMI (12.5 and 13.9 kg/cow/day) and elephantgrass DMI (7.7 and 9.2 kg/cow/day) they did not differ, respectively. However, the rate of passage and the mean retention time in the gastrointestinal tract did differ among the three used models. The results of this trial showed that the model proposed by QUIROZ et al. (1988) was the one that better describes the DMI data.

Key Words: chromium mordent, elephantgrass, intake, lactating cows, models, passage rate

Introdução

A estimativa indireta da ingestão de alimentos, principalmente de animais em pastejo, parece mais adequada do que as medidas diretas, mas na prática oferece inúmeras dificuldades relacionadas a distúrbios causados aos animais nas administrações das doses de indicadores inertes (OWENS e HANSON, 1992).

O consumo voluntário de animais em pastejo, geralmente, é determinado por meio de estimativas de digestibilidade (DIG) e produção fecal (PF) utilizando-se a relação: Consumo = PF/ (1-DIG), em que a produção fecal pode ser determinada com o auxílio de indicadores externos e internos segundo POND et al. (1994). Os indicadores são, geralmente, fornecidos aos animais a partir de infusões contínuas, administrações diárias ou a partir de uma dosagem única.

A administração de dose única de um indicador permite estimar a produção fecal, o consumo de matéria seca, a taxa de passagem da digesta, o tempo médio de retenção e o enchimento do trato gastrintestinal (POND et al., 1989; QUIROZ et al., 1988).

Sabe-se que a taxa de passagem do alimento no rúmen é uma variável importante na regulação do consumo. O maior ou menor tempo de retenção no retículo-rúmen influencia nos processos de digestão e de assimilação dos nutrientes. Segundo SEONE (1995), as forragens que ocuparam menor volume e que retiveram menos água foram consumidas em maior quantidade, devido, possivelmente, ao aumento da taxa de passagem. Além disso, o tamanho e a forma da partícula ingerida afetaram o consumo, a taxa de degradação e o tempo de retenção da digesta no rúmen (LUGINBUHL et al., 1991).

Alguns autores propuseram modelos para se estimar a taxa de passagem dos alimentos pelos diferentes segmentos do trato gastrintestinal (GROVUM e WILLIAMS, 1973; ELLIS et al., 1979; DHANOA et al., 1985; QUIROZ et al., 1988; POND et al., 1989).

Foram estudados diferentes modelos não-lineares para descrever a passagem de partículas de tamanhos diferentes e de líquidos pelo trato gastrintestinal de ruminantes. GROVUM e WILLIAMS (1973) utilizaram dois termos exponenciais como compartimentos de mistura e um terceiro compartimento, tubular, como tempo de trânsito e propuseram um método gráfico para calcular os parâmetros. Este modelo, embora seja o mais utilizado para as estimativas de taxa de passagem, é usado quando se considera o processo de passagem nos diferentes segmentos do trato digestivo como sendo independente do tempo de permanência nos diferentes compartimentos. Isto mostra que há igual probabilidade de escape para todas as partículas alimentares sem considerar o tamanho ou a idade.

Entretanto, ELLIS et al. (1979) propuseram modelos que consideram a probabilidade da passagem de partículas ser aumentada pelo tempo, ou seja, as taxas de passagem não permanecem constantes. Já DHANOA et al. (1985) consideraram a cinética da digesta como um processo exponencial multicompartimental, em que modelos foram utilizados para estimar a taxa de passagem por adequação da curva de excreção fecal, o número de compartimentos de passagem da digesta e a acurácia da predição.

QUIROZ et al. (1988) compararam alguns tipos de modelos como: 1o) modelo biexponencial de idade independente (GROVUM e WILLIAMS, 1973); 2o) modelo gama de idade-dependente (ELLIS et al., 1979) e 3o) variação dos modelos anteriores para se estimar as taxas de passagens no rúmen e pós-rúmen. Os modelos biexponenciais determinam que há uma igual probabilidade de escape de partículas, independentemente do tamanho ou idade. No entanto, nos modelos de idade dependente, a probabilidade de passagem das partículas aumenta com o tempo de permanência no trato gastrintestinal. Os autores sugeriram que, para forragens de fibras longas, o segundo modelo seria mais apropriado. Para dietas com diferentes tamanhos de partículas, a variação do segundo modelo, considerando idade dependente para o primeiro compartimento e independente para o segundo compartimento, seria o mais adequado.

O modelo de POND et al. (1989) é descrito como de um compartimento apenas, mas considera que não há uma igual probabilidade de escape para as partículas alimentares, sendo a passagem dependente do tamanho e da idade.

QUIROZ et al. (1988) observaram que o modelo que melhor descreve a cinética do trato gastrintestinal, sem levar em conta o tamanho de partícula, seria o mais apropriado devido a sua versatilidade, sendo este um modelo de dois compartimentos, que, contudo, considera para o primeiro compartimento (rúmen-retículo) idade dependente e para o segundo (omaso-abomaso), idade independente de passagem de partículas, sendo o utilizado no presente trabalho.

O objetivo deste estudo foi, além de avaliar o consumo de capim-elefante para vacas mestiças em lactação, comparar os valores estimados a partir dos modelos propostos por GROVUM e WILLIAMS (1973), QUIROZ et al. (1988) e POND et al. (1989).

 


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