4.1.5. Diversidade florística.

A diversidade de espécies (H’) em cada ambiente foi avaliada pelo índice de Shannon–Wiener, obedecendo à metodologia utilizada por LEITE (1999): para o ambiente A foi igual a 2,4070 e para o ambiente B 2,4567; a proximidade destes valores indica que os dois ambientes não diferem muito entre si e que o ambiente semipreservado (A) tem fisionomia aberta, o que permitiu o estabelecimento de 27 espécies de porte herbáceo.

O modo como é calculado este índice de diversidade pode induzir à obtenção de resultado tendencioso, entretanto, na prática, este desvio raramente é significativo. Como uma fonte substancial de erro pode-se citar a falha de incluir todas as espécies da comunidade na amostra. Este erro cresce na proporção que diminui o número de espécies representadas na amostra, o que deve ser levado em conta quando se deseja fazer comparação entre amostras. O índice atribui maior valor ás espécies raras, portanto é um bom índice para comparações cujo interesse é a abundancia de raridades (FELFILI & VENTUROLI, 2000).

4.2. Parâmetros Fitossociológicos

4.2.1. Densidades relativa e absoluta das espécies nos ambientes estudados

De acordo com a tabela 6, verifica-se que, quanto à densidade relativa, no ambiente B, há o predomínio da espécie Aristida setifolia (Gramineae) seguida de Stylosanthes angustifólia (Leg. Faboideae), ambas forrageiras, com a densidade relativa destas espécies somando 64,92%. No ambiente A, as espécies têm densidades menos discrepantes e as densidades relativas das espécies Diodia sp., Aristida setifolia, Borreria sp., Euphorbia hyssopifolia, Alternanthera sp., Stylosanthes angustifolia e Hyptis suaveolens se situa entre 5 e 10%, estas espécies representando 25,93% das espécies ocorrentes no ambiente.

TABELA 6 – Densidades absoluta e relativa das espécies ocorrentes nos dois ambientes estudados.

 

Ambiente A

Ambiente B

Espécies

DR

DA

DR

DA

Alternanthera sp.

7,32

4.537,50

3,22

2.962,50

Aristida setifolia H. B. K.

8,14

5.045,83

50,75

46.654,17

Bidens sp.

1,76

1.091,67

0,22

204,17

Borreria sp.

7,73

4.791,67

1,86

1.708,33

Bromelia laciniosa Mart.

0,11

66,67

-

-

Cyperus sp.

4,27

2.650,00

0,63

583,33

Cnidoscolus urens Arthur

-

-

0,05

41,67

Cuphea sp.

2,55

1.579,17

-

-

Dactyloctenium aegyptium (L.) Beauv.

-

-

2,28

2.095,83

Digitaria sanguinalis (L.) Scop.

-

-

0,47

433,33

Diodia sp.

9,87

6.120,83

3,72

3.420,83

Elvira biflora (L.) DC.

1,14

708,33

0,05

50,00

Euphorbia hyssopifolia L.

7,43

4.608,33

3,20

2.937,50

Evolvulus ovatus Fern.

-

-

1,52

1.400,00

Froelichia lanata Moq.

-

-

4,12

3.783,33

Gomphrena demissa Mart.

0,85

529,17

-

-

Gomphrena sp.

-

-

0,13

116,67

Herissantia sp.

1,50

929,17

0,55

504,17

Hyptis suaveolens L.

5,26

3.262,50

0,59

545,83

Ipomoea bahiensis Willd.

-

-

0,03

29,17

Jacquemontia evolvuloides Meissn.

2,24

1.387,50

0,05

45,83

Marsypianthes chamaedrys Kuntze

3,94

2.441,67

2,23

2.050,00

Mimosa sp.

2,96

1.837,50

0,13

116,67

Opuntia inamoena K. Schum.

-

-

0,08

75,00

Oxalis sp.

4,17

2.583,33

-

-

Paspalum scutatum Nees ex Trin.

4,81

2.979,17

3,29

3.020,83

Piriqueta sp.

0,42

258,33

-

-

Senna obtusifolia (L.) Irwin et Barneby

1,35

837,50

0,92

841,67

Senna uniflora (Mill) Irwin et Barneby

3,73

2.312,50

0,20

183,33

Sida angustissima St. Hil.

-

-

0,77

708,33

Stachytarpheta sp.

2,53

1.570,83

0,15

137,50

Stylosanthes angustifolia Vog.

5,57

3.454,17

14,17

13.029,17

Tephrosia cinerea (L.) Pers.

-

-

0,27

250,00

Tetraulacium veronicaeforme Turcz.

2,10

1.304,17

0,82

750,00

Triumfetta sp.

0,70

433,33

-

-

Waltheria bracteosa St. Hil. et Naud.

4,16

2.579,17

3,26

2.995,83

Waltheria indica L.

3,38

2.095,83

0,27

250,00

Total

100,00

61.995,84

100,00

91.924,99

4.2.2. Freqüências relativa e absoluta das espécies nos ambientes estudados.

Na tabela 7, observa-se que, no ambiente A, 15 das espécies têm freqüências relativas entre 4,4 e 5,4%, as quais, em conjunto, representam 72,11% da freqüência relativa total consideradas todas as espécies ocorrentes no ambiente. No ambiente B, 10 espécies têm freqüências relativas entre 4,5 e 5,6%, as quais somam 51,84% da freqüência relativa total, consideradas todas as espécies ocorrentes no ambiente. Dez espécies ocorrentes no ambiente A não ocorrem no ambiente B. Cinco das espécies ocorrentes no ambiente B não ocorrem no ambiente A. Estas diferenças podem ser devidas às peculiaridades biológicas dessas espécies.

TABELA 7 – Freqüências absoluta e relativa das espécies ocorrentes nos dois ambientes estudados.

 

Ambiente A

Ambiente B

Espécies

FR

FA

FR

FA

Alternanthera sp.

4,42

83,33

4,13

75,00

Aristida setifolia H. B. K.

5,31

100,00

5,51

100,00

Bidens sp.

2,65

50,00

0,92

16,67

Borreria sp.

5,31

100,00

5,51

100,00

Bromelia laciniosa Mart.

1,77

33,33

-

-

Cnidoscolus urens Arthur

-

-

1,38

25,00

Cuphea sp.

4,87

91,67

-

-

Cyperus sp.

4,87

91,67

3,67

66,67

Dactyloctenium aegyptium (L.) Beauv.

-

-

4,13

75,00

Digitaria sanguinalis (L.) Scop.

-

-

2,29

41,67

Diodia sp.

4,87

91,67

5,51

100,00

Elvira biflora (L.) DC.

2,22

41,67

0,92

16,67

Euphorbia hyssopifolia L.

4,87

91,67

4,59

83,33

Evolvulus ovatus Fern.

-

-

2,75

50,00

Froelichia lanata Moq.

-

-

4,59

83,33

Gomphrena demissa Mart.

0,89

16,67

-

-

Gomphrena sp.

-

-

0,46

8,33

Herissantia sp.

1,33

25,00

3,67

66,67

Hyptis suaveolens L.

3,98

75,00

2,75

50,00

Ipomoea bahiensis Willd.

-

-

1,38

25,00

Jacquemontia evolvuloides Meissn.

3,10

58,33

0,46

8,33

Marsypianthes chamaedrys Kuntze

4,42

83,33

5,51

100,00

Mimosa sp.

4,42

83,33

2,29

41,67

Opuntia inamoena K. Schum.

-

-

2,75

50,00

Oxalis sp.

3,54

66,67

0,46

8,33

Paspalum scutatum Nees ex Trin.

5,31

100,00

5,05

91,67

Piriqueta sp.

0,89

16,67

-

-

Senna obtusifolia (L.) Irwin et Barneby

2,65

50,00

4,59

83,33

Senna uniflora (Mill) Irwin et Barneby

4,42

83,33

1,84

33,33

Sida angustissima St. Hil.

-

-

3,19

58,00

Stachytarpheta sp.

4,87

91,67

1,84

33,33

Stylosanthes angustifolia Vog.

3,54

66,67

5,51

100,00

Tephrosia cinerea (L.) Pers.

-

-

0,92

16,67

Tetraulacium veronicaeforme Turcz.

4,42

83,33

2,29

41,67

Triumfetta sp.

1,33

25,00

-

-

Waltheria bracteosa St. Hil. et Naud.

5,31

100,00

5,51

100,00

Waltheria indica L.

4,42

83,33

3,67

66,67

Total

100,00

1.883,34

100,00

1.816,34

5. CONCLUSÕES

  • Os ambientes estudados não se apresentaram muito diferentes quanto à diversidade florística: no ambiente semipreservado, cujo índice de diversidade de Shannon-Wiener foi de 2,4070, foram encontradas 27 espécies de herbáceas distribuídas em 20 famílias; no ambiente não preservado, cujo índice de diversidade foi 2,4567, foram encontradas 32 espécies pertencentes a 16 famílias.
  • Foram encontradas 15 famílias e 21 espécies comuns aos dois ambientes, o que certa-mente se deve ao fato de ambos os ambientes terem sido utilizados como áreas de pastagens.
  • A família Gramineae foi a segunda mais bem representada no ambiente semipreservado e a primeira no ambiente não preservado, tendo a espécie Aristida setifolia H. B. K. ocorrido em ambos os ambientes com freqüências relativas praticamente iguais, porém com densidade relativa no ambiente não preservado cerca de seis vezes maior que a apresentada no ambiente semipreservado.
  • A espécie Stylosanthes angustifolia Vog., também forrageira, foi encontrada nos dois ambientes; sua densidade relativa no ambiente semipreservado foi cerca de três vezes menor, e juntamente com A. setifolia representaram aproximadamente 65% da densidade total consideradas todas as espécies ocorrentes no ambiente não preservado.
  • A vegetação do ambiente semipreservado é de fisionomia aberta e, por ter sido utilizado como área de pastagem, foi povoado por espécies que naturalmente não se instalariam.
  • Os descritores florísitico-fitossociológicas avaliados refletem as altas pressões de uso e degradação a que foram submetidos os dois ambientes, apesar da semipreservação de um deles.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DEMILSON DE SENA BENEVIDES

Orientador:

D. Sc.PATRÍCIO BORGES MARACAJÁ

patricio[arroba]ufersa.edu.br

Monografia apresentada à Escola

Superior de Agricultura de Mossoró ESAM para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Mossoró Rio Grande do Norte – Brasil Julho de 2003

Banca de avaliação Professores: D. Sc. Patrício Borges Maracajá, M. Sc. Odaci Fernandes de Oliveira e Geografo Francisco Linduarte Lopes (IBAMA)

DADOS BIOGRÁFICOS DO AUTOR

DEMILSON DE SENA BENEVIDES, filho de Paulo Benevides Carneiro e Zuleide de Sena Carneiro, nasceu em Caraúbas–RN em 21 de janeiro de 1979. Iniciou os estudos básicos na Escola Isolada Sitio São Vicente, município de Caraúbas–RN, concluindo-os na Escola Municipal Prof. José do Patrocínio Barra, na cidade de Felipe Guerra–RN. Iniciou os estudos de nível médio na Escola Estadual Antônio Francisco, em Felipe Guerra, e concluiu-os na Escola Estadual Prof. Abel Freire Coelho, em Mossoró–RN. Ingressou no curso de Agronomia da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) no primeiro semestre do ano de 1998.


 
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