Funções do remenescente esplênico após esplenectomia subtotal para o tratamento de lesões complexas do baço humano

Enviado por Andy Petroianu


RESUMO

OBJETIVO: Verificar a possibilidade de realizar esplenectomia subtotal na presença de lesões graves do baço por trauma ou que acometam o seu pedículo vascular principal, avaliar as repercussões clínicas, hematológicas e imunológicas que essa operação pode trazer nos pós-operatórios, viabilidade e a função de filtração do pólo superior do baço remanescente.

MÉTODOS: Foram estudados 34 pacientes, 25 submetidos à esplenectomia subtotal (Grupo I), nove à esplenectomia total sem preservação de tecido esplênico (Grupo II), 22 pessoas com baços íntegros (Grupo III). No pós-operatório tardio realizaram-se exames hematológicos (hematimetria, hemoglobina, hematócrito, plaquetas, leucócitos globais e segmentados, linfócitos e corpúsculos de Howell Jolly). Dosaram-se as imunoglobulinas (IgA, IgM e IgG) e linfócitos T totais (LTT), linfócitos T ativos (LTA) e linfócitos B. Realizou-se cintilografia esplênica com enxofre coloidal marcado com 99mTc.

RESULTADOS: Em nenhum dos grupos houve leucocitose ou trombocitose. Os corpúsculos de Howell-Jolly foram observados no Grupo II e neste grupo a IgM esteve reduzida. A cintilografia demonstrou tecido esplênico captante no Grupo I.

CONCLUSÃO: A esplenectomia subtotal pode ser uma alternativa cirúrgica para as lesões graves distais do baço ou quando o seu pedículo principal estiver acometido e não leva a repercussões clínicas e laboratoriais nos pacientes submetidos a esse procedimento.

UNITERMOS: Baço/lesões. Esplenenectomia. Baço/fisiologia. Baço/imunologia.

INTRODUÇÃO

O baço, como órgão do sistema mononuclear fagocitário, tem importante papel na defesa orgânica devido a seus mecanismos de filtração e fagocitose, além da produção de fatores do complemento e imunoglobulinas, em especial a IgM1. A sua importância pode ser comprovada pela gravidade da sepse que atinge mais de 2% de indivíduos esplenectomizados, com maior destaque em crianças, que possuem o sistema imunitário ainda imaturo, e em pessoas imunodeprimidas.

Nos serviços de emergência, observa-se que após o fígado, o baço é um dos órgãos intra-abdominais mais freqüentemente lesados, principalmente em crianças vítimas de traumatismos abdominais contusos. Muitas vezes, a gravidade do quadro leva à realização de esplenectomias totais. Entre as muitas complicações decorrentes desse procedimento, os fenômenos sépticos, como a pneumococcemia fulminante, são os mais indesejáveis1,2,3,4. Diante da gravidade da "síndrome pós-esplenectomia", a esplene-ctomia total tem sido cada vez menos adotada para tratar lesões menos graves do baço5,6,7.

A preservação do pólo superior do baço, após a ligadura de seu pedículo vascular, proposta em 1982, tem sido estudada clínica e experimentalmente em diversos trabalhos e vem sendo realizada com sucesso desde 1984. Bons resultados foram obtidos com esse procedimento em hipertensão porta, doença de Gaucher, mielofibrose com metaplasia mielóide, leucemia linfocítica crônica e afecções corpo-caudais do pâncreas e, mais recentemente, foi por nós descrito no trauma um estudo preliminar com a esplenectomia subtotal8-20.

Devido ao fato de o baço ser um dos órgãos intra-abdominais mais lesados nos traumatismos abdominais contusos e diante de sua importância na defesa do organismo, foi proposto realizar o presente estudo cujos objetivos fundamentais foram verificar a possibilidade de realizar esplenectomia subtotal na presença de lesões graves do baço por trauma ou que acometam o seu pedículo vascular principal, avaliar as repercussões clínicas que essa operação pode trazer nos pós-operatórios imediato e tardio, verificar a viabilidade e a função de filtração do pólo superior do baço remanescente e analisar as repercussões hematológicas e imunológicas em pacientes submetidos a esse procedimento.

MÉTODOS

No período de janeiro de 1994 a janeiro de 1998 foram estudados 34 pacientes com lesões esplênicas graves que comprometiam os vasos hilares. Para se ter referência laboratorial dos resultados, foram utilizados outros 22 pacientes sadios e com baços íntegros. Os pacientes foram divididos nos seguintes grupos: Grupo I (n = 25) - esplenectomia subtotal, Grupo II (n = 9) - controle - esplenectomia total, Grupo III (n = 22) - controle-normal.

Os índices de trauma calculados foram o RTS (Revised Trauma Score), ISS (Injury Severity Score) e o TRISS (Trauma Index Severity Scale). Investigou-se o mecanismo do trauma (Tabela 1). A Tabela 2 mostra a distribuição dos pacientes quanto à idade, sexo, médias dos índices de trauma e métodos propedêuticos.

 


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