Histoarquitetura, função endócrina e taxa de gravidez após auto-implante ovariano ortotópico íntegro e fatiado em coelha

Enviado por Andy Petroianu


RESUMO

OBJETIVOS: verificar a possibilidade de gestação natural em coelha, após ooforectomia total bilateral e auto-implante ovariano ortotópico (íntegro e fatiado), sem pedículo vascular e avaliar os aspectos morfofuncionais dos ovários reimplantados.

MÉTODOS: foram utilizadas trinta e duas coelhas da raça Nova Zelândia Branca. No grupo controle (GC) (n=8) foi realizada apenas laparotomia e laparorrafia. No grupo RI (n=8), reimplantou-se o ovário na forma íntegra. No grupo RF (n=8), reimplantou-se o ovário na forma fatiada e, no grupo RIF (n=8), reimplantou-se, de um lado, o ovário íntegro e, do outro lado, fatiado. A partir do terceiro mês pós-operatório, cada coelha foi colocada em gaiola junto com um macho fértil, para cópula. Dosou-se o estradiol, a progesterona, o hormônio folículo-estimulante e o hormônio luteinizante de cada animal no nono mês pós-operatório. Foram estudadas as morfologias macro e microscópica dos ovários, tubas e útero, de todos os animais. O número de gestações e de filhotes nascidos em cada grupo foi avaliado por meio do teste c2 e as dosagens hormonais foram comparadas pelo teste t de Student, considerando p<0,05 como significância.

RESULTADOS: todas as coelhas do GC engravidaram, entre o segundo e terceiro meses após início da cópula, com número de filhotes variando entre 6 e 10 animais. Nos demais grupos, as gestações ocorreram entre o quinto e o oitavo mês pós-operatório. A porcentagem de gravidez observada foi de 37,5% no grupo RI e 50% nos grupos RF e RIF. Não houve diferença entre os números de filhotes dos grupos com ovários reimplantados, que foi de 1 a 4 animais. Os níveis hormonais e o estudo morfofuncional dos ovários, tubas e úteros não apresentaram diferenças entre os grupos.

CONCLUSÕES: o auto-implante ovariano ortotópico em coelhas, na forma íntegra ou fatiada, sem pedículo vascular, é viável, além de preservar as funções hormonais e a fertilidade.

Palavras-chave: Auto-implante ovariano. Enxerto ovariano. Infertilidade.

ABSTRACT

PURPOSE: to assess the natural pregnancy rates in rabbits submitted to bilateral oophorectomy and orthotopic autologous (both intact and sliced) ovarian transplantation without vascular pedicle and to verify the morphofunctional aspects of reimplanted ovaries.

METHOD: thirty-two female New Zealand White rabbits were studied. The ovaries were removed and orthotopically replaced without vascular anastomosis. In the control group (GC) (n=8), only laparotomy was carried out. In the RI group (n=8) intact ovaries were reimplanted in both sides. In the RF group (n=8) the ovaries were sliced and orthotopically reimplanted. In the RIF group (n=8), in one side the intact ovary and in the other side the sliced ovary was reimplanted.Three months later, the animals were paired with sexually mature males for copulation. Estradiol, progesterone, follicle stimulating hormone and luteinizing hormone levels were assessed nine months after surgery. Histologic study of the transplanted ovaries, tubes and uteri was carried out, and the number of pregnancies and animals per litter in each group was taken into account as well. The c2 test compared the pregnancy and the litters between the groups. Student's t test compared the hormone determinations. Significance was set at p<0.05.

RESULTS: pregnancies occurred in all rabbits of the GC, between the second and third months after copulation, with 6 to 10 animals per litter for animal. In the other groups, the pregnancies occurred between the fifth and eighth postoperative month. Pregnancies occurred in 37.5% of rabbits in group RI, and in 50% of the RF and RIF groups. There was no difference between the number of animals per litter in the reimplanted groups, with 1 to 4 animals per litter for each animal. Hormone levels and histology confirmed the vitality of all ovaries.

CONCLUSIONS: intact or sliced orthotopic autologous ovarian transplantation without vascular pedicle is viable in rabbits, and preserves the hormonal and fertile functions.

Keywords: Ovary. Ovarian transplantation. Ovarian graft. Inferlility.

Introdução

O conceito de transplante ovariano na medicina reprodutiva não é novo. Os primeiros relatos foram de Robert Morris e Knauer, visando ao rejuvenescimento mediante a manutenção dos níveis dos esteróides gonadais após o climatério1. A partir da década de 1940, com o advento das pílulas de reposição hormonal, houve uma diminuição das investigações sobre o transplante ovariano. Entretanto, foi apenas no final do século XX que aumentou o interesse pelo transplante ovariano, graças aos conceitos emergentes de endocrinologia e imunologia, que possibilitaram investigação mais apurada com base em transplante experimental1.

Atualmente, esse procedimento vem sendo considerado uma alternativa viável para a manutenção hormonal fisiológica em mulheres submetidas à retirada de ovários normais por processos neoplásicos ou infecciosos pélvicos2,3.

A maioria dos trabalhos experimentais sobre implantes ovarianos visa principalmente à manutenção da função endócrina4,5 e à restauração da capacidade reprodutiva6. Parrott7 já havia verificado fertilidade em cobaias após reimplante ovariano. Nos últimos anos, tornou-se possível a manutenção da gravidez em casos de ooforectomia, com métodos distintos, tais como criopreservação de ovário, transplante de folículos ou auto-implante ovariano8,9.

Ainda são poucos os estudos nos quais a recuperação da função ovariana após transplante de folículos possibilitou índices reprodutivos adequados10. Segundo a maioria dos autores, o pedículo vascular em casos de auto-implante ovariano é fundamental para a viabilidade do órgão11, já que os implantes avasculares que preservam a função endócrina acompanham-se de índices gestacionais inexpressivos12-14.

Os objetivos do presente trabalho foram verificar a ocorrência de gestação natural em coelhas e avaliar aspectos morfológicos e endócrinos de implantes ovarianos autógenos, fixados em posição ortotópica (no mesmo local de onde o ovário foi retirado), na forma íntegra e fatiada, sem pedículo vascular.

 


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