Quinze novos clones (híbridos intra-específicos) de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), provenientes do Programa de Melhoramento da espécie na Embrapa Gado de Leite, e duas cultivares- testemunhas (Mineiro e Taiwan A-146) (Tabela 1) foram avaliados no delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. O experimento foi instalado no Setor de Forragicultura do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, em Campos dos Goytacazes, RJ, num solo de terraço, classificado como Latossolo Amarelo, distrófico, textura arenosa. O trabalho foi conduzido no período de fevereiro de 1995 a dezembro de 1997, totalizando 12 cortes (09/10/95, 18/12/95, 15/02/96, 23/04/96, 10/07/96, 23/10/96, 18/12/96, 25/02/97, 28/04/97, 23/07/97, 23/10/97 e 22/12/97). Procedeu-se à calagem na dose de 2 t/ha de calcário dolomítico. O plantio foi realizado em 17/02/95, por meio de plantas inteiras, dispostas pé com ponta, em fileiras duplas, em sulcos de 10 cm de profundidade, acompanhado da seguinte adubação: 100 kg/ha de P₂O₅, 30 kg/ha de K₂O e 15 kg/ha de N, incorporada no fundo do sulco. Após 50 dias do plantio, complementou-se a adubação com cobertura de 30 kg/ha de K₂O e 25 kg/ha de N e, em 22/06/95, realizou-se o corte de uniformização. Após cada corte, foram efetuadas adubação em cobertura com 60 kg/ha de K₂O e 50 kg/ha de N e adubação fosfatada no início da época das águas (100 kg/ha de P₂O₅). Avaliaram-se produção de matéria seca (MS), em kg/ha/corte, média de 12 cortes; produção de MS da época da seca, em kg/ha; participação da produção da época da seca em relação ao total anual; proporção de folhas na planta (na base da MS), altura das plantas na época das águas (m), altura das plantas na época da seca (m), diâmetro do colmo na base (mm) e número de perfilhos por metro linear. As análises estatísticas univariadas e multivariadas, incluindo análise de variância, variáveis canônicas, distância generalizada de Mahalanobis (D²) e método de agrupamento de Tocher, foram realizadas por meio do Programa para Análise e Processamento de Dados Baseados em Modelos Genéticos e de Estatística Experimental (GENES), versão 96.1 (CRUZ, 1997).

Os dados de produção (em kg/ha/corte) dos 15 híbridos e das duas cultivares-testemunhas, para um total de 12 cortes, são apresentados na Tabela 2. Houve diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos, apresentando valor médio de 3465 kg/ha/corte. Os clones CNPGL 91 F27-5, CNPGL 91 F11-2, Pioneiro, CNPGL 91 F06-3, CNPGL 91 F25-3, CNPGL 91 F34-1, CNPGL 91 F02-5, CNPGL 91 F02-4, CNPGL 91 F17-5, CNPGL 91 F19-1 e CNPGL 91 F10-5 apresentaram as maiores produções de matéria seca por corte, não diferindo significativamente da cultivar Taiwan A-146, que produziu 3613 kg/ha/corte. Os clones CNPGL 91 F28-1, CNPGL 91 F01-2, CNPGL 91 F13-2 e CNPGL 91 F10-2 apresentaram os menores valores de produção, assemelhando-se (P>0,05) ao desempenho da cultivar testemunha Mineiro (2927 kg/ha/corte). Estes resultados indicam vantagem para alguns novos clones.

As variáveis produção de MS na época da seca, participação da produção da época da seca em relação ao total anual e proporção de folhas na planta não apresentaram diferenças significativas entre os clones avaliados (P>0,05). Comparando-se os resultados obtidos por PEREIRA et al. (1997) na avaliação da cultivar Pioneiro (CNPGL 91 F27-1), para a época da seca (5680 kg/ha), com o valor obtido em Campos dos Goytacazes (4745 kg/ha), deparou-se com um valor inferior, que retrata as condições mais limitantes ao seu bom desempenho no norte fluminense.

Com relação à distribuição da produção de forragem ao longo do ano, pode-se observar que, em média, 27% da produção ocorre na época da seca (2 cortes) e o restante, nas águas (3 cortes). Estes resultados foram inferiores aos obtidos por CARVALHO (1996), em que a contribuição da época da seca variou entre 38,3 e 41,6%, conforme os níveis de adubação utilizados (esterco + K + N). Entretanto, os resultados obtidos em Campos dos Goytacazes coincidiram com os dados da literatura, que apresentam valores de produção na época da seca entre 23 e 44% da produção total anual (HILLESHEIM, 1992). A proporção de folhas com base em MS variou de 66,4% (CNPGL 91 F27-1) a 78,9% (CNPGL 91 F34-1), com valor médio de 73,9%, não apresentando, portanto, diferenças significativas (teste F) entre os clones (P>0,05).

Os valores obtidos para altura das plantas (época das águas e da seca), diâmetro do colmo e número de perfilhos por metro linear são apresentados na Tabela 3. Altura das plantas ao corte na época das águas apresentou o valor médio de 1,86 m (1,62 a 2,09 m) e na época da seca, de 1,31 m (1,15 a 1,47 m), sendo ambas as variáveis significativas (teste F) a 1% de probabilidade.

O diâmetro médio do colmo para os 17 tratamentos foi de 11,5 mm, sendo os menores valores apresentados pelo clone CNPGL 91 F27-5 e pela cultivar Pioneiro (10,2 e 10,3 mm, respectivamente), em que a diferença entre os clones foi significativa a 1% de probabilidade. Entretanto, como um fator compensatório, estes mesmos clones apresentaram, para a variável número de perfilhos por metro linear (em que também foi significativa a 1% de probabilidade a diferença entre os clones), o maior valor encontrado (27), sendo bastante superior ao valor médio obtido, de 21,6 perfilhos.

Considerando-se o número de clones e variáveis avaliado e a baixa discriminação entre clones formada pelo teste Tukey, realizou-se a análise de variância multidimensional (análise multivariada) para uma avaliação conjunta dos clones sob análise simultânea das variáveis, pelo uso de supervariáveis (variáveis canônicas) ou de dissimilaridade (distância generalizada de Mahalanobis) (CRUZ e REGAZZI, 1997).

Os autovalores e respectivos autovetores obtidos pela análise de variáveis canônicas estão descritos na Tabela 4. Observou-se o acúmulo de 80,7% da variância total explicada nas duas primeiras variáveis canônicas (vc₁ = 56,5% e vc₂ = 24,2%). Nesse caso, a distorção das coordenadas de cada tratamento no plano bidimensional (gráfico de dispersão), cujos eixos são as variáveis canônicas, é considerada aceitável e as inferências, satisfatórias no estudo da divergência dos 15 clones e duas cultivares de capim-elefante (Figura 1).

A análise de agrupamento realizada pelo método de otimização de Tocher com base na distância generalizada de Mahalanobis permitiu a formação de sete grupos heteróticos, discriminados na Tabela 5.

A cultivar Pioneiro e o clone CNPGL 91 F27-5 posicionaram-se afastados dos demais, constituindo o grupo 2, de plantas de alta produtividade média por corte, alturas relativamente elevadas ao corte nas épocas das águas e da seca, reduzido diâmetro de colmo e elevado número de perfilhos por metro linear. O grupo 1, o mais numeroso, constituiu-se dos clones CNPGL 91: F02-5, F02-4, F11-2, F13-2, F34-1 e da cultivar Taiwan A-146, incluindo, dessa forma, clones de alta e baixa produção de matéria seca por corte. A cultivar Mineiro e o clone CNPGL 91 F28-1 constituíram o grupo 4, de baixa produção de matéria seca por corte, localizado entre os grupos 1 e 2. Os clones CNPGL 91: F19-1 e F01-2 posicionaram-se distantes em relação aos demais, constituindo, individualmente, os grupos 6 e 7, respectivamente. Os grupos 3 (CNPGL 91: F10-5, F10-2 e F17-5) e 5 (CNPGL 91: F25-3 e F06-3) ficaram próximos ao grupo 1, sendo que o grupo 5, assim como o grupo 2, foi constituído apenas de clones de alta produtividade por corte e plantas altas, diferenciando-se do grupo 2, pelo maior diâmetro do colmo e menor perfilhamento.

Esta distribuição ilustra o contraste de dois grupos distintos de alta produtividade: o grupo 2 (Pioneiro e CNPGL 91 F27-5) e o grupo 5 (CNPGL 91: F25-3 e F06-3), ambos constituídos de clones de alto potencial de produção de forragem, adaptados às condições edafoclimáticas de Campos dos Goytacazes.

Considerando que as variáveis com maior coeficiente de ponderação (elemento do autovetor) nas variáveis canônicas de autovalor inferior a 0,70 serão as de menor importância para explicar a dispersão dos clones, verificou-se que as variáveis de menor interesse foram: participação da produção da época da seca, produção de matéria seca, média de 12 cortes, produção de matéria seca da época da seca e número de perfilhos por metro linear. Em razão da própria invariância dos dados apresentados na análise univariada (Tabela 2) e dos baixos coeficientes de ponderação nas variáveis canônicas de maior variância, a variável proporção de folhas na planta também não pode ser considerada discriminante, apresentando pequena importância na avaliação conjunta dos clones. Por outro lado, foram consideradas discriminantes as variáveis compreendidas por diâmetro do colmo, altura das plantas no corte na época das águas e altura das plantas no corte na época da seca.

A variável diâmetro do colmo apresentou o maior coeficiente de ponderação (0,8781) na variável canônica de maior autovalor (7,4311 ou 56,5182% da variância total), sendo o principal fator de discriminação entre os clones no plano bidimensional, o que explica o fato de os grupos 2 e 5 terem se localizado afastados, apesar de conterem em comum as características alta produtividade por corte e plantas altas no corte (águas e seca).

A análise multivariada demonstrou a superioridade de dois grupos heteróticos distintos: o grupo 2 (Pioneiro e CNPGL 91 F27-5) e o grupo 5 (CNPGL 91 F25-3 e CNPGL 91 F06-3), ambos constituídos de clones de alta produtividade média por corte, que se diferenciaram pelo maior diâmetro do colmo e menor perfilhamento dos clones do grupo 2.

As variáveis compreendidas por diâmetro do colmo, altura das plantas no corte na época das águas e altura das plantas no corte na época da seca foram consideradas as mais importantes para explicar a dispersão dos clones no plano bidimensional.

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