Introdução ao Pensamento de Georges Gurvitch

Enviado por Simon Schwartzman


Introdução (Dezembro, 1964)

Georges Gurvitch é, possivelmente, um dos últimos pensadores sociais que tiveram a audácia de propor um sistema próprio de compreensão global do fenômeno humano, buscando uma união entre uma filosofia pluralista, de origem fichteana, uma formação fenomenológica e as aquisições da ciência social de inspiração mais positivista. A abrangência dos temas que aborda, o papel de introdutor do pensamento fenomenológico na França (com Tendances Actuelles de la Philosophie Allemande, publicado por J. Vrin em 1930), sua preocupação com a sociologia em uma época em que a escola de Durkheim havia sido cortada pela guerra, nos anos 40, tudo isso o colocou em uma posição de extremo destaque no sistema acadêmico francês como professor da Sorbonne, diretor do Cahiers Internationaux de Sociologie e da Bibliothèque de Sociologie Contemporaine, a mais importante coleção de obras sociológicas publicadas em França.

Apesar desta posição preeminente, Georges Gurvitch é, e cada vez mais, um autor marginal em relação ao que se denomina, atualmente, "sociologia científica". Esta marginalidade não é somente uma questão de ponto de vista, mas de fato. Podemos constatá-la pela quase total ausência de referências a este autor na literatura sociológica norte-americana, inglesa, nórdica, neerlandesa e mesmo francesa, onde predominam, hoje, as orientações estruturalistas na linha de Claude-Levy Strauss e Roland Barthes, ao lado de um esforço de aproximação à Sociologia anglo-saxônica, conservando as preocupações de uma abordagem dialética do fenômeno social, principalmente com o grupo de sociologia industrial de Alain Touraine. Para não ir mais longe, esta marginalidade pode ser constatada pela ausência de Gurvitch ou sua influência em publicações tão importantes como os Archives Européennes de Sociologie ou a Revue Française de Sociologie.

Esta marginalidade pode ser explicada, em primeira aproximação, pelo fato de que a moderna sociologia científica renunciou à tentativa de elaborar sistemas globais ou globalizantes, em benefício das "teorias de alcance médio", que partem da constatação do fato de que não existe, ainda, a suficiente acumulação de pesquisas que possa dar base a um sistema sociológico suficientemente abrangente. É famosa, nesta linha, a argumentação de Robert K. Merton, segundo a qual não se pode pre tender que a sociologia dê, hoje, mais do que a medicina ou a física poderiam dar duzentos anos atrás.

A esta divergência geral corresponde uma outra mais precisa, que se refere às diferentes orientações epistemológicas de Gurvitch e da sociologia cientifica. Basicamente, Gurvitch considera a ciência social como uma ciência "sui generis", distinta das ciências naturais, ao contrário da sociologia moderna, que atribui àquela o mesmo status epistemológico destas.

Esta divergência tem suas raízes, como se poderá ver no texto do presente trabalho, na formação metodológica de nosso autor, a princípio fenomenológica, depois empiricista, mais tarde dialética, chegando ao "hiper-empirismo dialético". Nesta trajetória, a fase fenomenológica corresponde ao período de Gurvitch-filósofo, preocupado em atingir, por um processo de "redução e inversão", a essência do fenômeno jurídico e moral, através de uma construção que passasse de seus níveis de manifestação aparentes até à apreensão de sua essência. Mas esta tarefa exigiria, em primeiro lugar, uma descrição pormenorizada do fenômeno social, em seus diversos níveis de manifestação: daí a idéia dos "palier en profondeur" e a incorporação da sociologia como tarefa preliminar da "démarche" filosófica, tarefa esta que passa a constituir, a partir de certa época, a preocupação fundamental do autor, que abandona pouco a pouco, pelo menos expressamente, sua preocupação filosófica.

Abandonada a construção do objeto filosófico, Gurvitch não mais admite, praticamente, uma perspectiva construtivista nas ciências sociais, uma vez que o que lhe importa, sempre, é a descrição detalhada e nuançada de todos os níveis e formas da realidade social. Enquanto em uma orientação epistemológica de tipo cientificista a ênfase é posta na construção de um objeto científico, cuja validade dependerá sempre de um critério pragmático de abrangência e explicatividade, para Gurvitch será somente a partir da demolição dos quadros apriorísticos da percepção que se poderia chegar à completa apreensão do fenômeno social. A conseqüência desta divergência é que Gurvitch busca, cada vez mais, aproximar-se do fenômeno tal como é dado "imediatamente" à consciência, enquanto que a orientação científica se afasta, cada vez mais, do que poderia ser uma apreensão intuitiva de seu objeto.

O resultado mais visível desta divergência é que não o cabem, no sistema de Gurvitch, os instrumentos analíticos que são a pedra de toque de toda a sociologia científica, e que podem ser englobados no que se denomina "análise multi-variacional", principalmente a partir de Paul F. Lazarsfeld.

O primeiro aspecto da análise multi-variacional consiste na redução de todo o campo do estudo sociológico a um "espaço de variáveis", toda a elaboração teórica consistindo em estabelecer uma congruência entre suas combinações extensionais (empíricas) e intensionais (teóricas). A redução dos fenômenos sociais a variáveis, e, mais ainda, a um conjunto limitado e operável de variáveis, não pode senão repugnar a uma perspectiva que busca apreender o objeto social no máximo de riqueza de determinações que seja humanamente possível.

O principal mérito da análise multi-variacional consiste na possibilidade do exame sistemático das possibilidades de combinações destas variáveis. Tipicamente, a sociologia científica opera estabelecendo o campo de possibilidades lógicas de combinação das variáveis sob estudo e tentando, logo a seguir, limitar estas possibilidades através de juízos sintéticos (proposições) que decorram da teoria, e são testados empiricamente, dado base a reformulações e ampliações teóricas. Para realizar isto, as variáveis deverão ser operáveis, no duplo sentido de que deverão ser numericamente limitadas e passíveis de tratamento empírico, de verificação.

O exame sistemático dos fenômenos abre a possibilidade do surgimento de regularidades empíricas não-antecipadas, de fenômenos anteriormente insuspeitados que só a análise de tipo estatístico permitiria que se manifestassem. Ao mesmo tempo, a delimitação precisa das variáveis sob análise permite definir perfeitamente o campo sob o qual incide o estudo do investigador, dando base à inter-subjetividade no trabalho cientifico e à acumulação. A conseqüência lógica desta abordagem é a necessidade de mensuração, que poderá ir deste uma mera classificação até a quantificação mais precisa; em função do grau de mensuração atingido, serão utilizadas formas de raciocínio lógico-matemáticas, que permitirão organizar os dados e proposições correspondentes em um sistema hipotético-dedutivo, em teoria propriamente dita.

O objeto científico que resulta deste tipo de construção será, inevitavelmente, muito mais próximo das técnicas de análise e mensuração disponíveis em um momento dado do que da percepção intuitiva que se possa ter do fenômeno social. A sociologia científica se afasta, assim, de uma concepção que pretenda, com ela, ampliar progressivamente "a consciência que o homem tem de si mesmo", que seja ao mesmo tempo conhecimento do humano e conhecimento humanista. O social, enquanto conhecido cientificamente, não teria nada que ver com a experiência "real", quotidiana, e sim com uma experiência controlada e artificial, que é a experiência da elaboração científica.

Um outro ponto digno de nota, e que decorre desta divergência, é o problema da liberdade. Desde um ponto de vista cientifico, os fenômenos são, em princípio, sempre determináveis, e a tarefa da investigação consiste sempre em reduzir a área de indeterminabilidade Para Gurvitch, no entanto, presa de uma filosofia da liberdade, é exatamente o contingente que é o mais explicativo, chegando ao paradoxo de que o máximo de explicação se atinge com a análise histórica que trabalha no nível da "causalidade singular", sem a determinação de invariâncias.

Se a orientação científica (ou cientificisante, como querem seus críticos) seduz aos que buscam um conhecimento preciso e aplicável, mesmo que limitado, a perspectiva de Gurvitch é extremamente sedutora para os quê, sofrendo o impacto da crise social contemporânea, não renunciam facilmente à busca de uma perspectiva global de compreensão de si mesmo e de sua época, com rigor científico ou não.

Esta seria, na realidade, a base para uma sociologia da sociologia de Gurvitch, ou de intentos semelhantes. Trata-se, em última análise, de uma filosofia social própria de um sistema universitário cujos critérios de valoração não incluem a verificação experimental nem uma perspectiva de aplicabilidade. Mas como filosofia social acadêmica, intelectual, não tem as exigências de se constituir em uma ideologia realmente utilizável por um grupo ou camada social mais extenso. A sociologia gurvitchiana pode se dar ao luxo, assim, de pretender ser ao mesmo tempo suficientemente científica para despir-se dos dogmatismos e simplificações inerentes a toda ideologia que tenha vigência social, e suficientemente geral e globalizante para satisfazer às necessidades de sistema de seus adeptos. A conseqüência, entretanto, é que ela se torna demasiado científica para os que necessitam de uma ideologia, e demasiado ideológica para quem busca ciência.

Uma outra maneira de colocar as divergências entre uma orientação como a de Gurvitch e as de tipo científico, ou empiricista, é que a primeira seria mais histórica, mais adequada à apreensão das estruturas concretas, enquanto que a segunda trabalharia somente com aspectos isolados, parciais, abstratos, dos fenômenos humanos, e, assim, jamais conseguiria "morder" suficientemente o real. Ainda mais que a sociologia científica trabalharia na busca de fenômenos estáticos, invariantes, enquanto que Gurvitch introduziria, muito mais ricamente, a dimensão de tempo e movimento, dada a sua preocupação dialética.

Estas colocações implicam, ao mesmo tempo, um equívoco evidente e uma problemática interessante. O equívoco consiste em ignorar, em relação ao fenômeno humano, o que é sobejamente sabido em relação aos fenômenos naturais: cada fenômeno concreto, histórico, dado no tempo, só pode ser conhecido quando a ele se aplicam uma série de conhecimentos parciais, de tipo científico, que, estes sim, têm como característica básica a abstração e a intemporalidade. É claro que o problema racial nos Estados Unidos, por exemplo, é único e irrepetível historicamente, mas só poderá ser bem compreendido pela aplicação de todos os conhecimentos cientificamente acumulados sobre relações inter-étnicas e seus aspectos psicológicos e mesmo econômicos, que, cada um de per si (teorias relativas à aquisição e adscrição de status, relações in-group vs. out-group, mecanismos de frustração-agressão, problemas de mercado de trabalho e alocação de mão de obra, etc. etc.) pretende à validade geral e intemporal.

O problema interessante consiste em que a sociologia científica, na sua busca de determinações gerais e intemporais, tem, por assim dizer, negligenciado o aspecto clínico, de diagnóstico de fenômenos históricos e concretos, enquanto que os pensadores sociais mais preocupados com este aspecto são levados, muitas vezes, a negar validade à abordagem científica, pelo equívoco a que nos referimos acima. É evidente, no entanto, que a aplicação de um conjunto amplo de conhecimentos abstratos a fenômenos singulares, principalmente os de grande envergadura, exigiria uma metodologia própria, que, quando se desenvolve, o faz exatamente pela negligência ou negação da validade das elaborações científicas parciais. Este problema transcende muito a Gurvitch, e se manifesta por exemplo nas obras de sociólogos brasileiros (Fernando Henrique Cardoso, Empresário Industrial e Desenvolvimento Econômico e Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional; Octávio Ianni, O Estado e o Desenvolvimento Econômico no Brasil e Metamorfoses do Escravo; etc.) que se empenham na busca desta metodologia dos fenômenos históricos globais em uma linha de tipo dialético, e sem incorporar, ou quase, as contribuições da sociologia científica moderna.

É claro que esta problemática não pode receber aqui nada além de uma menção. O mérito que podemos atribuir à obra de Georges Gurvitch é de ter levado quase às ultimas conseqüências os supostos de que parte, e representar, assim, um limite do que seria realizável nesta posição de compromisso ao mesmo tempo social e epistemológico que representa, neste esforço de elaborar um sistema ao mesmo tempo geral e particular, concreto e abstrato. O trabalho que apresentamos a seguir é uma tentativa de mostrar o caminho percorrido pelo autor e as dificuldades imanentes ao seu sistema, e cremos que, se conseguimos mostrar os impasses a que chega, nosso trabalho terá um valor heurístico em relação a todas as "démarches" deste tipo. Não contrapomos a concepção sociológica de Gurvitch a outras (por isso o fizemos nesta introdução), o que nos interessa é delimitá-la bem, e ver as necessidades que implica. Nossa análise se coloca, desde o início, dentro da perspectiva do autor, que procuramos desenvolver em sua lógica interna.

A primeira parte consta de um panorama geral do sistema filosófico de Gurvitch(2) a partir de sua concepção de homem e de sociedade, e a segunda uma análise dos aspectos metodológicos (ou melhor dito, epistemológicos) de sua sociologia. Deixamos de seguir a ordem cronológica ou sistemática, e preferimos a lógica interna do pensamento do autor. Raramente nos referimos às origens das diversas concepções filosóficas, ainda que, notadamente em Moral Théorique et Science des Moeurs e L 'Expérience Juridique estas origens estejam expressamente citadas pelo autor. As diferenças de perspectiva entre esta introdução e o texto que se segue, notadamente no capítulo referente à "explicação", se devem a que este trabalho data de 1960, e, hoje, colocaríamos de maneira distinta muitos pontos. Entretanto, a refazer toda à discussão, preferimos conservar a forma original que, sem perder sua validade, corresponde a uma fase já superada de nosso pensamento, em uma série de questões. A presente introdução pretende, também, suprir um pouco este problema. Belo Horizonte, Dezembro de 1964.

Primeira Parte - o sistema

I - as ciências do homem

A ciência do homem - ou as ciências sociais em seu conjunto - "é a ciência da liberdade humana e dos obstáculos que ela encontra diante de si". A sociologia, uma das ciências do homem, é uma das ciências da liberdade humana, diferindo das demais quanto ao método e tipo peculiar de enfoque, mas coincidindo no fundamental: o estudo da condição humana.(3).

Ao definir desta forma as ciências do homem, indica Georges Gurvitch que sua preocupação básica, não apenas como ser humano, que vive segundo um quadro valorativo, mas inclusive enquanto sociólogo, é o Humano. O que orienta seu estudo para os tipos, estruturas e totalidades sociais é o aspecto humano destes objetos de conhecimento, que nem por se apresentarem muitas vezes cristalizados, destituídos de vida e distintos dos sujeitos sociais que os criam, os conformam e agem segundo eles, chegam a possuir a conotação durkheimiana de "coisas". E este interesse pelo humano não é um interesse neutro, ou indiferente, mas preocupado com sua nota fundamental, que o caracteriza e o define enquanto tal, isto é, a condição humana.

Despidos de qualquer construtivismo, qualquer apriorismo dogmático, a primeira evidência que possuímos é a de nossa existência em sociedade, e a existência de uma realidade social essencialmente humana. O que dá o caráter social a determinado fenômeno é o fato de ele ser criado, destruído, modificado, conhecido, sentido ou intuído pela ação do homem. O homem, por sua vez, não é um ser de existência à parte da realidade social, que em determinado momento se relaciona a ela, cria, ou é por ela criado. O sujeito da ação social não é determinada estrutura ou determinado ser, mas se experimenta no ato social. No momento em que age, em que toma contato com o que lhe é heterogêneo, este sujeito toma consciência de si enquanto "eu", ou enquanto "nós", ao tempo que o heterogêneo surge como realidade para ele; so aí o sujeito existe enquanto humano, e a realidade enquanto realidade social.(4)

Desta forma o sujeito social não é, mas se experimenta no ato. A noção de ato(5) é ampla, e indica toda e qualquer referenciação do sujeito ao que não e ele, quer na forma mais passiva, de simples contemplação a algo que se lhe antepõe, até as formas mais ativas, nas manifestações da vontade criadora. Tais atos admitem gradações infinitas de condicionantes, de influências e determinismos. O ato humano nunca será um ato inteiramente livre, mas "situado em um mundo real, libertado 'sob condição', que não pode criar senão se apoiando sobre uma serie de pontos de referencia, representados pelos determinismos".(6) E também não é este um ato inteiramente determinado, pois, se assim fosse, o homem não passaria jamais de um objeto respondendo mecanicamente a estímulos externos, sem a característica humana que reside exatamente na liberdade.

Com efeito, é a liberdade humana que introduz, entre o estímulo externo e a reação do indivíduo, o coeficiente contingencial que lhe permite a experiência de subjetividade, e lhe dá uma existência de pessoa. Fosse o homem simples inteligência contemplativa, refletindo passivamente o mundo, jamais assumiria a condição de sujeito diferenciado, não passando de mero "objeto do objeto", tanto quanto fosse determinação total. Desta forma, a presença do ato, da volição, da liberdade, é condição ineludível para a existência humana.

Partindo da constatação da condição humana como uma contínua e móvel referenciação do sujeito social ao que lhe é heterogêneo, e esta referenciação de maneira não definida, mas com elementos de espontaneidade, obtém-se o marco geral do pensamento gurvitchiano.

A referenciação ao heterogêneo e a tensão para a espontaneidade vão caracterizar o psíquico humano, definido como "o drama de tensão crescente ou decrescente para o que se afirma cada vez mais como o "nosso", o "meu" ou o "seu" no fluxo do vivido dirigido para o espontâneo."(7) A realidade primeira é um vivido dotado de intencionalidade, de referenciação ao que não é ele, referenciação viva, dinâmica, mutável, atual. Indaga-se quem se afirma como sujeito no ato intencional, e temos o eu, o nós e o ele como acentuações do fluxo do vivido. Indaga-se como se dá este ato, se por criação e superação de obstáculos, por relativa acomodação ou contemplação mais ou menos passiva, e teremos o quadro das grandes funções mentais, funções volitivas, emotivas e intelectuais. Eis os grandes traços da psicologia gurvitchiana, que pretende a superação da vinculação arbitrária do psicológico ao individual, e do social ao coletivo.

O enfoque, não mais sobre o que se afirma como sujeito, mas sobre o que se afirma como experiência deste sujeito trará a sociologia, a historia e as ciências sociais particulares. O primeiro aspecto com que o heterogêneo, operado pela espontaneidade subjetiva, surge para o sujeito, é o de utilidade possuída, coisa dotada de um sentido para este sujeito, que em primeiro lugar é minha, nossa, sua ou dele, é so depois é. O heterogêneo é conhecido, modificado, simbolizado, as formas de ação dos sujeitos sociais são mais ou menos estereotipadas por modelos mais ou menos rígidos, e o conjunto de atos e obras assume uma configuração de totalidade móvel, de "fenômeno social total". A sociologia será o estudo tipológico destes fenômenos, as sociologias especiais trabalharão momentos específicos do fenômeno social total, ressaltando as relações dos setores com a totalidade. A história, estudando também os fenômenos sociais totais, prende-se menos à busca do típico que a do irrepetível. É a busca da marcha da liberdade humana, dos fenômenos sociais totais prometenianos, em que os nós, os grupos, as classes e as sociedades globais tomam consciência de si mesmo e da capacidade que têm de modificar os fenômenos sociais totais, suas estruturas e organizações(8). As ciências sociais particulares enfim, eminentemente práticas, como o direito, a economia, a demografia, etc., teriam como objetivo tornar coerente determinado setor da realidade em um quadro social específico, que lhe serve de base e permanece geralmente inexplícito(9). A experiência do sujeito social não é apenas de si mesmo e do mundo sensível, mas inclusive do mundo ideal, experiência dos valores estéticos e morais, experiência da justiça, do místico, das idéias lógicas, etc. É tarefa da filosofia fazer ressaltar a especificidade desta experiência, e refletir sobre sua veracidade ou realidade.

 


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