Níveis de lisina para leitões na fase inicial-1 do crescimento pós-desmame: composição corporal aos 11,9 e 19,0 kg



 

RESUMO

Quarenta e oito leitões híbridos comerciais, machos castrados e fêmeas, com 5,5 ± 0,21 kg foram distribuídos em blocos ao acaso, com quatro tratamentos e seis repetições, para determinar a melhor concentração de lisina até os 11,9 ± 0,35 kg (fase inicial-1) e os efeitos subseqüentes até os 19,0 kg (fase inicial-2). A composição química das frações corporais e a deposição de tecido muscular na carcaça e no corpo vazio foram determinadas. As concentrações de lisina total utilizadas na primeira fase pós-desmame foram 1,16 a 1,46%. Não foi observado efeito na composição química do sangue e das vísceras, caracterizando a independência das concentrações de lisina. As respostas para acúmulo protéico e água da carcaça e do corpo vazio foram ascendentes com o aumento de lisina, caracterizando a maior eficiência na utilização e direcionamento do nutriente para a síntese protéica da musculatura esquelética. Na segunda fase, não foram observados efeitos, mas os animais que, anteriormente, receberam menores níveis de lisina tenderam acumular mais proteína e água na carcaça e no corpo vazio. Possivelmente, encontrando-se em déficit de lisina, fisiologicamente tolerável, a nova dieta supriu parte da demanda anterior, porém pode não ter atendido à demanda para síntese protéica dos animais que se encontravam em maior ascensão de síntese e acúmulo protéico na fase inicial-1. As respostas favoráveis ao aumento da concentração de lisina na dieta de leitões entre 5,5 e 11,9 kg de peso vivo recomendam novos estudos utilizando níveis de lisina superiores aos empregados, combinados com maiores níveis de energia metabolizável, a fim de estabelecer a eficiência máxima de deposição protéica. Estudos nas fases subseqüentes devem complementar informações de melhor aporte nutricional para o suíno.

Palavras-chave: creche, deposição protéica e lipídica, lisina digestível

ABSTRACT

Forty eight commercial hybrids, barrows and females with 5.47 ± 0.21 kg, were allotted to a randomized block design with four treatments and six replications, to determine the best lysine level until 11.9 ± .35 kg and subsequent effects at 19.0 kg. The chemical composition of body fractions and the carcass and empty body accretion rates were determined. The studied digestible lysine levels in the nursery phase were 1.16 at 1.46%. No effects were observed on the chemical composition of the offal and blood, characterizing independence of lysine levels. The response to carcass and empty body accretion rates of protein and water was ascendant, as lysine levels increased, characterizing higher efficiency of utilization and direction of lysine for protein synthesis of the musculature. In the second phase, significant effects were observed, but the animals that were previously fed diet with smaller lysine levels tended to accumulate more protein and water in the carcass and empty body. Possibly, being in nutritional deficit, physiologically tolerate, the new diet provided the previous demand, but can not provide the demand for protein synthesis of the animals that were fed higher accretion rates of protein and synthesis ascent in the initial-1 phase. The positive responses for increasing lysine concentration in the diet of piglets from 5.5 to 11.9 kg suggest a need for new evaluations with lysine and metabolizable energy levels above the ones used, in order to establish the maximum efficiency of protein accretion rates. Studies in subsequent phases may add information of better nutritional levels for pig.

Key words: nursery, protein and lipid deposition, digestible lysine

Introdução

O teor de lisina na dieta é um importante fator na diferenciação da composição corporal durante o crescimento do suíno até a terminação (Gu et al., 1992). Durante o crescimento do suíno, o destino principal da lisina é o acúmulo de massa muscular e a variação das concentrações tem implicações no desenvolvimento de determinadas partes do corpo (Susenbeth, 1995). Quando o consumo de lisina está abaixo das necessidades, a utilização dos outros aminoácidos essenciais é prejudicada, afetando o ganho muscular e a retenção protéica se torna praticamente constante.

Segundo Schinckel & Lange (1996), a concentração da proteína corporal aumenta do nascimento aos 45-65 kg de peso vivo aproximadamente, intervalo no qual a utilização da lisina se torna mais relevante na diferenciação das características corporais do suíno selecionado para acúmulo de carne magra, no entanto, existem divergências nos resultados da literatura. Em condições imunológicas satisfatórias, leitões entre 6 e 27 kg de peso vivo apresentaram maiores concentrações de proteína e de água, além de menor quantidade de lipídeo corporal, quando comparados a outros da mesma categoria, que apresentavam títulos para anticorpos de alguns agentes infecciosos comuns em criações confinadas (Williams et al., 1997).

Alguns resultados da literatura indicaram que a concentração de lisina necessária para maximizar a eficácia de utilização dos nutrientes e o acúmulo muscular na carcaça estava acima das necessidades para ganho de peso. Nesse sentido, animais com alta taxa de deposição protéica necessitam de maior concentração de aminoácidos na dieta, em decorrência da maior síntese diária. Friesen et al. (1996) observaram que o acúmulo protéico dependia do consumo diário de lisina acima de determinado nível e as usuais recomendações poderiam estar subestimadas para a máxima deposição protéica na carcaça. Comparando suínos de média e alta deposição protéica, Knabe (1996) observou que os geneticamente melhorados podem atingir 20% de rendimento superior, enquanto o consumo de ração poderá reduzir em torno de 9%. Os estudos de Tuitoek et al. (1997) confirmaram a lisina como fator determinante na taxa de deposição da proteína corporal em suínos na fase de crescimento, mas a eficiência de utilização do aminoácido pode reduzir com o aumento do peso vivo.

Outros resultados são contraditórios em relação aos efeitos da lisina na deposição lipídica em suínos. Chiba et al. (1991) verificaram redução linear do extrato etéreo corporal com o aumento dos níveis de lisina para suínos em crescimento. Friesen et al. (1995) observaram que o controle homeostático no metabolismo do colesterol não foi afetado pela lisina dietética. Van Lunen & Cole (1996) verificaram redução na cobertura lipídica da carcaça, em várias fases do crescimento à terminação, e incremento nas medidas do lombo, com o aumento dos níveis de lisina na dieta. Resultados semelhantes foram obtidos por Friesen et al. (1996) e Trindade Neto et al. (2000), que observaram, durante o crescimento, ganho lipídico mínimo, quando o suíno maximiza o ganho protéico, e direcionamento de lisina, preferencialmente à síntese da proteína muscular esquelética.

Em revisão sobre exigências de lisina, Susenbeth (1995) concluiu que as recomendações dependem dos conhecimentos sobre a eficiência de utilização deste aminoácido nas taxas de deposição, sugerindo o desenvolvimento de novas pesquisas, em razão do contínuo progresso da seleção genética. Segundo Van Lunen & Cole (1998), periodicamente, devem ser revistos os níveis de exigências, com ênfase na deposição de nitrogênio e de extrato etéreo corporal.

Neste estudo, objetivou-se determinar o melhor nível de lisina total para leitões de origem genética pré-definida, com base na composição química das frações corporais, nas taxas diárias de deposição protéica e lipídica na carcaça e no corpo vazio.

 


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