Observação dos fenómenos de difusão e permeabilidade selectiva membranar, utilizando uma tripa de porco seca
e sacarídeos

  1. Introdução Teórica
  2. Procedimento Experimental
  3. Procedimento
  4. Resultados
  5. Discussão de Resultados
  6. Conclusões
  7. Bibliografia
  8. Anexos

Introdução Teórica.

Para observar a permeabilidade (maior, menor ou nula para algumas substâncias – permeabilidade selectiva) membranar e a difusão (transporte de substâncias de um meio mais concentrado para um meio menos concentrado, que ocorre simplesmente por factores físicos) de sacarídeos, glicose e amido, foi realizada uma experiência, utilizando uma tripa de porco seca como membrana.

Para tal, empregou-se o licor de Fehling, nas suas duas soluções, alcalina e cúprica. A primeira é preparada utilizando sal de Seignette (ver anexo III), hidróxido de sódio e água (cor beije clara). A segunda contém sulfato de cobre cristalizado e água (cor azul céu). O teste do licor de Fehling é positivo quando a amostra apresenta uma tonalidade cor de tijolo/acastanhada escura, quando aquecida, significando isto que se denota a existência de glicose e, negativo quando se mantém a cor azul escura.

A glicose é um monossacarídeo formado por uma cadeia ou anel de seis carbonos (representando assim, uma hexose), apresentando-se na sua forma cíclica em meio aquoso (ver anexos I e II). Demonstra função energética em diversos grupos de seres vivos.

Possui dimensões bastante reduzidas (permeando com relativa facilidade membranas – quanto mais pequena for uma partícula, mais facilmente transpassa uma membrana), apresentando assim alguma tendência para se ligar a outros monosacarídeos, especialmente a outra molécula idêntica, sendo por isso, um monoméro de inumeráveis polímeros de glícidos, como por exemplo, o amido.

Esta substância, constituida por glicose, apresenta grandes dimensões, sendo portanto, considerada como um polissacarídeo (macromolécula). Divide-se em duas formas: amilose e amilopectina. A amilose é uma forma linear de amido (ver anexo IV). A amilopectina apresenta-se ramificada em diversas cadeias interligadas entre si (ver anexo V). O Amido possui a função principal de reserva energética vegetal.

É identificada a existência de amido numa amostra através do teste do soluto de lugol ( o soluto de lugol contém iodo e iodeto de potássio). A amilose é detectada porque coreia de roxo escuro/azul escuro em presência de iodo, devido, não a uma reacção química senão, à fixação de iodo na superfície da molécula, o qual só ocorre em frio.

A membrana constituída pela tripa de porco seca é comparável em termos de permeabilidade à membrana plasmática, que constitui um objecto importante de estudo, quando relativa ao funcionamento celular, mantendo a integridade da mesma célula e permitindo a passagem exclusivamente a determinadas substâncias. Por conseguinte os fenómenos que se tentam observar, a difusão e a permeabilidade selectiva membranar, utilizando a tripa de porco, são comparáveis aos que acontecem a nível celular, mais especificamente, a nível do plasmalema.

Considero importante referir que quando as concentrações dos meios se igualam, graças à difusão, o movimento da(s) substância(s) que permeia(m) a membrana não pára, este se torna igual nos dois sentidos.

Procedimento Experimental.

Material Utilizado.

  • 30 cm de tripa de porco seca. -Água Destilada.
  • 8 Tubos de Ensaio. -Soluto de Lugol.
  • Suporte para tubos de Ensaio. - Licor de Fehling (Solução Cúprica).
  • Gobelé de 200 mL -Licor de Fehling (Solução Alcalina).
  • 4 Pipetas. -Solução de Amido a 2%.
  • Propipeta (Pompete). -Solução de Glicose a 20%.
  • 2 Provetas. - Papel de limpeza.
  • Pipeta Pasteur. -Fio norte.
  • Lamparina. -Tesoura.
  • 2 Funis. -Régua.
  • Fósforos. -Caneta de acetato.
  • Pinça de madeira para tubos de ensaio.

Procedimento.

1. Foram marcados os tubos de ensaio como A1, A2, B1, B2, C1, C2, D1 e D2 e, colocados no suporte.

2. Foi atada uma extremidade da tripa de modo a formar uma saco.

3. Dita tripa, foi molhada um pouco com água destilada.

4. Foram colocados 40 mL de solução de glicose a 20% y 40 mL de solução de amido a 2 %, no interior da tripa (medidos com ajuda de provetas).

Imagem 1: Colocação da glicose (40 mL) e do amido (40 mL) na tripa.

5. Foi enchido o gobelé com cerca de 150 mL de água destilada.

6. Foram retirados 3 mL de solução do interior da tripa e, adicionados 1mL ao tubo A1 e 2 mL ao tubo B1.

7. Foram retirados 3 mL da água do gobelé e adicionados 1 mL ao tubo C1 e 2 mL ao tubo D1.

8. Foi colocada a tripa e o seu conteúdo no gobelé, segundo a seguinte figura, e foi deixado repousar durante 40 minutos.

Imagem 2: Ilustração da colocação da tripa e conteúdo dentro do gobelé (procedimento experimental).

9. Foram adicionados 0.5 mL de licor de Fehling (solução cúprica) e 0.5 mL de licor de Fehling (solução alcalina) ao tubo A1.

10. Foi adicionada uma gota de soluto de lugol ao tubo B1.

11. O tubo A1 foi aquecido, com ajuda da lamparina (mantendo-o sempre em movimento sobre a chama, e, com a boca do tubo de ensaio virada para a parede – de forma a evitar acidentes – utilizando a pinça de madeira para tubos de ensaio).

12. Foram repetidos os passos 9, 10 e 11 para os tubos C1 e D1.

13. Ao fim de 40 minutos, foram repetidos os passos 6, 7, 9, 10, 11 e 12 para os tubos 2.

Resultados.

Detecção da presença de glicose (teste do licor de Fehling).

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Imagem 3: Tubo de ensaio A1 (teste positivo). Imagem 4: Tubo de ensaio C1 (teste negativo).

Imagem 5: Tubo de ensaio A2 (teste positivo). Imagem 6: Tubo de ensaio C2 (teste positivo).

 

Determinação da presença de amido (teste do soluto de lugol).

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Imagem 7: Tubo de ensaio B1 (teste positivo). Imagem 8: Tubo de ensaio D1 (teste negativo).

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Imagem 9: Tubo de ensaio B2 (teste positivo). Imagem 10: Tubo de ensaio D2 (teste negativo).

Discussão de Resultados.

Como foi possível verificar nos resultados, o objectivo principal, que radicava na observação da permeabilidade membranar e do fenómeno da difusão (a passagem de substâncias do meio mais concentrado – hipertónico - para o meio menos concentrado – hipotónico -, simplesmente por fenómenos físicos espontâneos) foi atingido.

A única variação em relação à análise inicial (tubos 1) é refente à verificação da existência de glicose no exterior da membrana (gobelé), o que significa que dita substância, pelas dimensões reduzidas das suas moléculas (ver anexo I), atravessou a membrana. O Amido não passou através desta pelo grande tamanho que as suas moléculas apresentam (ver anexos IV e V).

Unicamente, foi verificado que a tonalidade tomada pela amostra do interior da tripa (antes e depois dos 40 minutos), no teste do soluto de lugol, não apareceu tão azul/roxo como deveria estar (no entanto, a amostra corou o suficiente como para saber que o teste foi positivo). Isto pode ser explicado pela existência de uma pequena quantidade de amido no interior da tripa, uma vez que, ao final da experiência, encontraram-se restos da substância na respectiva proveta. Igualmente, é possível que a temperatura ambiental fosse muito elevada e, por conseguinte, o teste não pode ter a sua máxima eficácia, dado que, o soluto de lugol só produz efeito a uma temperatura relativamente baixa.

Conclusões.

Concluída a experiência e investigação consequente, só resta ratificar que os objectivos propostos foram alcançados, observando a forma como se realiza o processo de difusão e as características da permeabilidad selectiva: quanto mais pequena for uma partícula, mais facilmente penetrará e atravassará a membrana (claro, existindo, todavia, outros factores, como a polaridade das mesmas, que não constavam nos dados a observar nesta experiência).

Como existe a "necessidade" natural de igualar as concentrações dos meios, deu-se a difusão da única substância capaz de atravassar a membrana, a glicose (não tendo em consideração a água), pelo seu reduzido tamanho, minúsculo em relação ao amido.

Afinal de contas, os resultados concordam totalmente com o que se pensava suposto acontecer, devido à teoria (tamanho das moléculas e permeabilidade; fenoméno da difusão segundo o gradiente de concentração).

Igualmente, é possível inferir que, como a membrana constituída pela tripa de porco é semelhante à membrana plasmática, o processo de difusão e o fenómeno da selecção de substâncias por intervenção de uma barreira semi-permeável, ocorre, da mesma forma, a nível celular.

Bibliografia.

ANEXOS.

Anexo I.

Anexo I: Glicose em cadeia aberta e em anel de carbono.

Anexo II.

Anexo II: Formação de aneis de carbono em glícidos.

Anexo III.

Anexo III: Sal de Seignette.

Anexo IV.

Anexo IV: Amilose (amido).

Anexo V.

Anexo V: Amilopectina (amido).

 

 

Autor:

Maycoll Ferreira Vieira

imigranteeuropeo[arroba]hotmail.com

Ponta do Sol, 16 de Novembro de 2005.


 
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