Prevalência de tabagismo na Universidade Federal de São Paulo, 1996 –dados preliminares de um programa institucional

Enviado por R.R. Laranjeira


 

RESUMO

OBJETIVO. O conhecimento da prevalência do tabagismo é necessário para a realização de programas institucionais adequados que visem a diminuição do número de fumantes. O objetivo do trabalho foi verificar a prevalência do tabagismo entre funcionários, docentes, enfermeiros e alunos da Universidade Federal de São Paulo e a aceitabilidade de um programa antifumo.

PACIENTES E MÉTODOS. Foram analisadas as respostas obtidas a partir de um questionário contendo 51 questões, distribuídos para as diferentes categorias.

RESULTADOS. A porcentagem total de questionários respondidos foi de 48,6% (2.613) sendo 37,3% para funcionários, 49,0% para docentes, 52,7% para enfermeiras e 76,5% para alunos. Verificou-se que a porcentagem total de fumantes na UNIFESP foi de 15,5%, sendo 23,7% entre funcionários, 18% entre docentes, 16% entre enfermeiros e 8,6% entre alunos. A faixa etária de maior prevalência de fumantes foi a de 31 a 40 anos (26,6%). Não houve diferença estatística entre a prevalência de fumantes entre homens e mulheres. Em ambos os sexos, para todas as faixas etárias, os indivíduos com maior nível de instrução fumavam menos. Das pessoas que responderam o questionário, 82,5% estavam preocupadas em serem fumantes passivas. Dos fumantes, 55% estão pensando em largar de fumar e 42% julgam precisar de algum tipo de ajuda.

CONCLUSÃO. Programas educacionais e de cessação do tabagismo em nível institucional são necessários e bem aceitos na UNIFESP, devendo ser realizados para que as leis de restrição do fumo dentro da instituição sejam efetivamente cumpridas.

UNITERMOS: Tabagismo. Prevalência. Funcionários da saúde, docentes, alunos e enfermeiros.

 

INTRODUÇÃO

A partir da Primeira Grande Guerra Mundial, iniciou-se um aumento considerável de consumo de tabaco na forma de cigarro, sendo que o consumo por pessoa cresceu rapidamente durante a primeira metade deste século, à taxa de 5 a 15% ao ano. Na década de 1950 foi publicado o primeiro relato científico relacionando tabagismo com câncer de pulmão. Nos Estados Unidos, o consumo de cigarros atingiu o pico em 1963. Em 1964, a publicação do primeiro relato do "Surgeon General" sobre Tabagismo e Saúde, concluiu que o tabagismo está causalmente relacionado ao câncer de pulmão e laringe nos homens, causa a bronquite crônica e está associado ao risco aumentado de várias outras doenças, incluindo a doença das artérias coronarianas1,2. Após esse relato, foi lançada a "Campanha anti-tabagismo", com esforços da saúde pública e das políticas de saúde para educação dos fumantes sobre os riscos pertinentes ao consumo de cigarros, assim como expansão do conhecimento científico acerca das conseqüências do tabagismo para a saúde, inclusive relacionadas aos indivíduos expostos ao fumo passivo.

As campanhas anti-tabágicas nos Estados Unidos têm alterado os contornos da epidemia, verificando-se uma redução da prevalência de fumantes de 41% em 1965 para 24% em 1996, 9% entre médicos e menos de 1% entre médicos-pneumologistas3-6. No Brasil a prevalência de fumantes é de 32,6%, chegando a 40% na Região Sul7, com cerca de 20% de médicos fumantes e 8% de pneumologistas fumantes8.

Este fato levou o cartel do tabaco a expandir suas atividades para o terceiro mundo, onde o consumo cresce. No Brasil, o consumo de cigarros cresceu até 7% ao longo da década de 1970, mas reduziu este ritmo a partir de 1980, fazendo com que o consumo "per capita" venha caindo ao redor de 1% ao ano na população com 15 ou mais anos de idade9.

Embora sejam necessárias políticas mais abrangentes e rigorosas, as campanhas anti-tabagismo, no geral, têm influenciado o comportamento dos fumantes. Por outro lado, o tabagismo continua sendo importante problema de saúde pública, sendo a principal causa de morte prevenível nos Estados Unidos. Na rede SUS do Estado de São Paulo, 31% dos gastos com internações hospitalares se devem à doenças tabaco-associadas; mais de 90% destas representadas pelas cardiovasculares e respiratórias10. Estudos no Rio Grande do Sul, na década de 1980, mostraram prevalência tabágica de 29% para médicos, 40% para outros profissionais liberais, 56% para a população adulta masculina em geral, 67% para mineradores de carvão e 69% para plantadores de cana-de-açúcar. Entre alunos de 1º. grau em Porto Alegre, verificou-se uma percentagem de fumantes quase duas vezes maior em escolas municipais, pobres, do que em escolas particulares, ricas. Em 1991, no Rio Grande do Sul, a prevalência de fumantes em maiores de 18 anos de idade foi de 39,8%11.

No entanto, verificamos no Brasil uma grande carência de estudos que possibilitem conhecer a prevalência real do tabagismo, relacionado aos indicadores sócio-epidemiológicos e comportamentais, sobretudo no ambiente de trabalho e que consigam, inclusive, usar estes dados para multiplicar campanhas institucionais.

Assim sendo, é papel das universidades criar mecanismos educativos e servir de exemplo para as suas comunidades, tomando a frente numa campanha de redução do tabagismo, apoiando a legislação. A Organização Mundial da Saúde, considera que o alvo prioritário da ação antifumo em países subdesenvolvidos deve ser centrado nos profissionais de saúde12.

Na Universidade Federal de São Paulo, em São Paulo, Capital, promoveu-se inicialmente um levantamento entre funcionários e alunos para se conhecer qual a prevalência do tabagismo na área de saúde entre diferentes categorias, verificando qual a predisposição dos fumantes em parar de fumar e como as pessoas se preocupam com o tabagismo passivo.

 


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