Rendimento do feijoeiro de inverno em resposta à época de semeadura e adubação nitrogenada

Enviado por Orivaldo Arf


(em cobertura em diferentes estádios fenológicos)

RESUMO. Com o objetivo de estudar o efeito da aplicação de nitrogênio em cobertura e em diferentes estádios fenológicos do feijoeiro, instalaram-se dois experimentos em épocas distintas no período de outono-inverno de 2001, em Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul.

O delineamento foi em blocos casualizados, com quatro repetições, sendo os tratamentos oriundos da combinação fatorial entre as doses de 40 e 80 kg ha-1 de N aplicadas em cobertura na forma de uréia em 13 e 11 épocas do desenvolvimento vegetativo, para a primeira e segunda semeadura, respectivamente. Os resultados mostraram que a semeadura tardia em junho propiciou decréscimo na produtividade do feijoeiro em relação à semeadura em abril.

Observaram-se respostas significativas apenas na aplicação de 80 kg ha-1 de N na semeadura de abril. Conclui-se que a época de semeadura, em função das condições climáticas, afeta o rendimento de grãos e que a aplicação do nitrogênio em cobertura deve ser efetuada até o 7º trifólio totalmente aberto na haste principal.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., nitrogênio, fenologia.

ABSTRACT. Winter growing common bean yield in response to the sowing period and coverage nitrogen application in different phenological stages. With the purpose of studying the effect of coverage applied nitrogen in different phenological stages of common bean crops, two different experimental periods were implanted in the autumn-winter season, 2001, in Selvíria- state of Mato Grosso do Sul, Brazil. A completely randomized block design with four replications was used. Treatments resulted from factorial combination of the rates 40 and 80 kg ha-1 of N in coverage application in 13 and 11 periods of the vegetative development, to the first and second sowing, respectively. The results showed a decrease of the bean grain yield in the late sowing of June, compared with the sowing of April.

Significant differences were observed with the application of 80 kg ha-1 in conditions of earlier sowing. The period of sowing, due the climatic conditions, affects the grain yield, and the nitrogen application should be executed until the 7th trifoliolate leaf, totally open in the principal stem.

Key words: Phaseolus vulgaris L., nitrogen, phenology.

Introdução

Com a opção de semeadura no período de outonoinverno, também denominado terceira safra, a cultura do feijão ganhou um novo alento, e a sua exploração, principalmente no que concerne à produção de grãos, foi bastante incrementada. No entanto, em várias regiões, é indispensável o uso da irrigação.

Simulações realizadas por Meireles et al. (2003) para diferentes épocas de semeadura do feijoeiro, em Santo Antônio de Goiás, Estado de Goiás, identificaram quebras de rendimento superiores a 80% sempre para as semeaduras de 21/3 até 21/7, coincidindo com a redução das chuvas e, conseqüentemente, da água disponível no solo.

Além de um fornecimento adequado de água, o feijoeiro, por apresentar um ciclo curto de 90 a 100 dias e um sistema radicular pequeno e pouco profundo, requer cuidados com relação ao fornecimento de nutrientes. E se tratando do nitrogênio, que é o nutriente mais exigido e exportado pelos grãos, Sá et al. (1982) destacaram-no como de crucial importância na nutrição da cultura e sua adição deve ser feita na semeadura e em cobertura.

Apesar da absorção de nitrogênio ocorrer praticamente durante todo o ciclo do feijoeiro, Arf et al. (1999) enfatizaram que a época de maior exigência acontece dos 35 aos 50 dias da emergência das plântulas, quando a velocidade de absorção é máxima. Segundo Rosolem (1996), a adubação nitrogenada deve ser realizada de modo a propiciar boa nutrição da planta no período em que ainda é possível aumentar o número de vagens por planta, isto é, até o início do florescimento.

Um outro fator que influencia o desenvolvimento e rendimento de grãos do feijoeiro é a temperatura durante o ciclo da cultura. A determinação da melhor época de semeadura do feijoeiro de inverno tem sido objeto de estudo de vários pesquisadores, entre eles Vieira et al. (1991) e Ramalho et al. (1993), que constataram uma redução na produtividade à medida que as semeaduras eram realizadas mais tardiamente.

No entanto, há variações nas condições climáticas nas diferentes regiões de cultivo, e caso torne-se viável o cultivo do feijoeiro de inverno em uma época mais tardia em alguns locais, cria-se mais uma opção para os produtores de grãos.

O trabalho teve como objetivo estudar o efeito da aplicação de doses de nitrogênio em cobertura em diferentes estádios fenológicos do feijoeiro, em duas épocas de semeadura no período de outono-inverno.

Material e métodos

Os experimentos foram conduzidos em uma área pertencente à Faculdade de Engenharia-Unesp, Campus de Ilha Solteira, localizada no município de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul, cujo solo foi classificado como Latossolo Vermelho distrófico típico argiloso (Embrapa, 1999).

A análise química do solo na área onde os experimentos foram instalados revelou os seguintes resultados: 5,4 pH em CaCl2; 16 mg dm-3 de fósforo; 1,4, 34, 14, 28,0, 49,4 e 77,4 mmolc dm-3 de K, Ca, Mg, H+Al, SB e CTC, respectivamente; 29 g dm-3de M.O. e V% = 64.

Foi utilizado o delineamento de blocos casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos pela combinação fatorial entre duas doses de nitrogênio (40 e 80 kg ha-1) aplicadas em cobertura na forma de uréia, em dose única, em 13 e 11 épocas de aplicação do nutriente para a primeira e segunda semeaduras, respectivamente, definidas em função do estádio de desenvolvimento das plantas descrito por Fernandez et al. (1992). A aplicação de nitrogênio teve início quando as plantas encontravam-se com três folhas trifolioladas totalmente abertas na haste principal (início do estádio fenológicoV4), constituindo-se a primeira época de aplicação. As demais épocas foram definidas em função da emissão de um novo trifólio na haste principal e este se mostrando totalmente expandido. Assim, a segunda época foi definida pela presença de quatro folhas trifolioladas totalmente abertas na haste principal, a terceira presença de cinco folhas, e assim sucessivamente, até que as plantas atingissem 15 e 11 folhas para o primeiro e segundo experimentos, respectivamente, momento que se caracterizava como pleno florescimento no segundo e no aparecimento das primeiras vagens em 50% das plantas (estádio R7), no primeiro experimento. Após cada aplicação de nitrogênio em cobertura foi realizada a irrigação aplicando-se uma lâmina de água de 10 mm para minimizar as perdas de nitrogênio por volatilização.

A adubação básica de semeadura foi realizada levando-se em consideração as características químicas do solo aplicando-se 250 kg ha-1 da fórmula 04-30-10 no momento da semeadura, realizada mecanicamente nos dias 26 de abril e 6 de junho de 2001, utilizando o cultivar IAC Carioca, com espaçamento de 0,50 m entrelinhas e 15 grãos por metro. A emergência ocorreu seis dias após a semeadura em ambos os experimentos. A cultura foi mantida sob regime de irrigação por aspersão convencional, sendo os demais tratos culturais e fitossanitários realizados conforme as recomendações para o feijoeiro "de inverno" na região.

Cada parcela foi constituída por seis linhas de 5 m, sendo que para a realização das avaliações utilizaram-se as quatro linhas centrais, desprezandose 0,5 m de cada uma das extremidades.

Foi avaliada a altura de inserção da primeira vagem tomando-se 10 plantas em local prédeterminado na área útil de cada parcela, e medindose do ponto de inserção da primeira vagem até o solo.

O número de vagens por planta foi avaliado tomandose dez plantas consecutivas na área útil das parcelas, sendo obtido pela contagem do número total de vagens e dividindo por 10. O número de grãos por vagem foi obtido através da contagem do número total de grãos oriundos das dez plantas e dividindo o resultado pelo número total de vagens. A massa de 100 grãos foi avaliada tomando-se oito sub-amostras de 100 grãos, também obtidas das dez plantas, que após determinada a massa de cada sub-amostra em balança de precisão de 0,1 g, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), calculou-se uma média entre os valores para a expressão dos resultados. O rendimento de grãos foi avaliado coletando-se as plantas em 8 metros da área útil de cada parcela, deixando-as secar a pleno sol. Em seguida, realizou-se a trilhagem mecânica e determinou-se a massa dos grãos obtidos. O valor observado foi corrigido para a umidade de 13% na base úmida, e o resultado final foi transformando para kg ha-1 de grãos.

Para análise dos componentes de variância empregou-se o teste F e para a comparação das médias utilizou-se o teste de Tukey.


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