Resposta do feijoeiro à aplicaç ão de nitrogênio em cobertura e molibdênio via foliar

Enviado por Orivaldo Arf


RESUMO. O nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade pelo feijoeiro, e o molibdênio (Mo), além da importância no processo de fixação de nitrogênio atmosférico, está associado ao metabolismo nitrogenado. Assim, a carência deste micronutriente produz sintomas semelhantes aos causados pela deficiência de nitrogênio. O trabalho teve como objetivo avaliar, na cultura do feijão, o efeito da aplicação de doses de nitrogênio em cobertura (0, 30, 60 e 90kg ha-1),além de avaliar sua interação com a aplicação foliar de molibdênio (0 e 80g ha-1) nas fases de desenvolvimento V3 e V4, em sistema de plantio direto. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 16 tratamentos e 4 repetições. O estudo foi realizado no município de Selvíria-MS, em solo cultivado anteriormente com milho. A aplicação de Mo via foliar nas duas épocas estudadas não interfere na produtividade, e a aplicação de doses crescentes de nitrogênio em cobertura proporcionou um crescente aumento no teor de nitrogênio nas folhas, porém não interferiu na produtividade de grãos.

Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., doses de nitrogênio, doses de molibdênio, plantio direto, cultivo de inverno.

ABSTRACT. Common bean plant response to the side dressing nitrogen and leaf molybdenum application. Nitrogen is the nutrient most absorbed by common bean plant, and molybdenum besides its importance to N fixation process, is associated to N metabolism. Thus, this micronutrient lack produces symptoms like those caused by N deficiency. This research had the objective of evaluating, on common bean crop, the effect of N doses application in side dressing (0, 30, 60 and 90kg ha-1) as well as its interaction with leaf application of Mo (0 and 80g ha-1) in development phases V3 and V4 under no tillage system. The experimental design was the one of randomized blocks with 16 treatments and 4 repetitions. The research was carried out in Selvíria-MS on soil previously cropped with corn. The application of leaf trough Mo, in both analyzed phases, doesn’t interfere on the productivity. The application of increasing doses of nitrogen in side dressing has caused a crescent increase in nitrogen level on leaves, but it didn’t interfere on grains productivity.

Key words: Phaseolus vulgaris L, N doses, Mo doses, no tillage system, winter tillage.

Introdução

O feijoeiro é comumente cultivado na época "das águas" com semeadura nos meses de setembro e outubro, ou na época "da seca" com semeadura nos meses de fevereiro e março. O uso da irrigação permitiu o surgimento de uma nova época de cultivo denominada "cultivo de inverno", com semeadura realizada nos meses de maio a julho. Essa nova época chamou a atenção de médios e grandes produtores que, auxiliados pelo melhor uso de tecnologia, conseguem produzir e colocar o feijão no mercado no período de entressafra.

Uma prática que tem sido utilizada no cultivo do feijoeiro é o plantio direto, e as primeiras pesquisas foram realizadas pelo Instituto Agronômico do Paraná-Iapar, onde os resultados obtidos mostram a viabilidade da inclusão desta prática no sistema de rotação com outras culturas. Trata-se de uma prática eficiente para o controle de erosão que propicia maior disponibilidade de água e nutrientes para as plantas, além de melhorar as condições físicas e químicas do solo com o aumento do teor de matéria orgânica (Balbino et al., 1996). Além disso, Peloso et al. (1996) consideram que um dos aspectos mais importantes em relação ao feijoeiro em sistema de plantio direto é a possibilidade de conservação do solo e da água, pois a manutenção de uma palhada na superfície do terreno, oriunda de cultivos anteriores, reduz a evaporação de água e a perda de solo. De acordo com Guimarães (1996), o feijoeiro é muito sensível ao déficit hídrico, isso devido à sua baixa capacidade de recuperação às estiagens e ao seu sistema radicular pouco profundo. A fase de maior sensibilidade da planta ao déficit hídrico é a floração, podendo ocasionar aborto e queda prematura das flores.

O feijoeiro é planta considerada exigente em nutrientes devido ao seu ciclo curto e sistema radicular pouco profundo. O nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade pelo feijoeiro, e o molibdênio é um micronutriente importante no metabolismo do nitrogênio, bem como na fixação simbiótica desse nutriente. Arf (1994) cita que a adubação nitrogenada na cultura do feijão pode ser utilizada com o objetivo de aumentar a produtividade e, ainda, como alternativa para elevar o teor protéico dos grãos colhidos, melhorando assim o seu valor nutritivo.

Oliveira et al. (1996) afirmam que 10 ou 14 dias após a emergência do feijoeiro pode ser necessário realizar aplicação de nitrogênio em cobertura. Já Rosolem (1987) cita que adubações de cobertura são melhor aproveitadas pelas plantas quando realizadas até 36 dias após a emergência, e a máxima velocidade de absorção de nitrogênio pelo feijoeiro ocorre durante o estádio de florescimento da cultura (Boaretto e Rosolem, 1989).

Segundo Camargo e Silva (1975), o molibdênio é um dos mais importantes micronutrientes para as plantas, pois está presente em várias reações essenciais do metabolismo vegetal, além de ser componente de enzimas mitocondriais das bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico. Esse micronutriente desempenha um importante papel no sistema enzimático de fixação do nitrogênio.

Plantas que dependem da simbiose para obter nitrogênio, quando sujeitas às deficiências de molibdênio, apresentam também carência de nitrogênio (Oliveira e Thung, 1988).

O molibdênio atua como co-fator nas enzimas nitrogenase, redutase do nitrato e oxidase e, ainda, está diretamente relacionado ao transporte de elétrons nas reações bioquímicas (Borkert, 1988). O micronutriente é constituinte da nitrogenase, enzima envolvida na fixação do nitrogênio atmosférico pelo rizóbio, e é também constituinte da redutase do nitrato, essencial na redução do nitrato a nitrito que, posteriormente, se transforma no radical amino compondo substâncias aminadas na planta, como os aminoácidos e proteínas. Em virtude da associação do molibdênio ao metabolismo nitrogenado, a carência desse micronutriente produz sintomas semelhantes aos causados pela deficiência de nitrogênio, ou seja, menor crescimento da planta e amarelecimento das folhas (Araújo et al., 1999).

Solos ácidos apresentarem-se carentes em molibdênio devido ao processo de fixação desse micronutriente no solo. A calagem é uma alternativa para disponibilizá-lo às plantas, porém, com a evolução das espécies, as partes das plantas foram especializando-se em diferentes funções: as folhas, além da capacidade de realizar fotossíntese, também são capazes de absorver água e sais minerais, e é nessa característica que se baseia o fornecimento de nutrientes via foliar às plantas (Boaretto e Rosolem, 1987).

A adubação foliar com molibdato de amônio ou sódio pode ser uma alternativa mais fácil e barata, pois em experimento de campo, Vieira et al. (1992) verificaram que a aplicação de 20g ha-1 de molibdênio via foliar pode substituir ou completar a adubação nitrogenada.

Amane et al. (1996), procurando contribuir para a elucidação de qual é a combinação mais adequada de doses de Mo e N para o feijoeiro, concluíram que a aplicação de 20kg ha-1 de N no sulco de semeadura aumentou o rendimento em 97%, enquanto a aplicação de apenas Mo aumentou o rendimento em 107%. O maior rendimento (2199kg ha-1) foi obtido com o uso de 90kg ha-1 de N e 70g ha-1 de Mo. A aplicação de doses elevadas de N na ausência de Mo não se traduziu em elevados teores de N total na planta devido, provavelmente, ao acúmulo de nitrato ocorrido em razão da falta de síntese da redutase do nitrato na ausência de Mo.

É com base na importância do nitrogênio e do molibdênio para o feijoeiro que este trabalho foi desenvolvido.Teve como objetivo avaliar o efeito da aplicação de diferentes doses de nitrogênio em cobertura e molibdênio via foliar em duas fases do desenvolvimento das plantas em sistema plantio direto.


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