Soroprevalência de Anaplasma marginale em bovinos na mesorregião Norte Fluminense



RESUMO

Avaliou-se a soroprevalência de Anaplasma marginale em bovinos de nove municípios na mesorregião Norte Fluminense do estado do Rio de Janeiro através do ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) indireto. 532 amostras de soro de bovinos foram analisadas; dos quais, 497 eram fêmeas e 35 eram machos; e destes, 444 animais com aptidão zootécnica para corte e 88 com aptidão para leite. A avaliação sorológica revelou que 485 (91,16%) foram positivas, dos quais: 55,45% com título de 1:500, 22,18% com título de 1:1000, 6,77% com título de 1:2000, 3,01% com título de 1:4000, 1,50% com título de 1:8000, 0,94% com título de 1:16000, 0,75% com título de 1:32000, 0,56% com título de 1:64000 e 8,84% foram negativos. A análise da prevalência segundo a faixa etária foi realizada dividindo-se em três grupos etários: 1 a 3 anos (n= 110), 3 a 6 anos (n= 241) e > 6 anos (n= 181), onde 91,82%, 92,95% e 88,95% dos animais foram positivos, respectivamente. Segundo a aptidão zootécnica, 91,22% dos bovinos com aptidão para corte e 90,91% dos bovinos com aptidão para leite foram positivos. Em relação ao sexo, 91,35% das fêmeas e 88,57% dos machos foram positivos. Não houve diferença significativa (P>0,05) entre os grupos etários, entre os sexos e entre as aptidões zootécnicas. A prevalência entre os municípios não diferiu significativamente (P>0,000), demonstrando que a infecção por A. marginale em bovinos é alta e homogênea entre os municípios. A mesorregião estudada foi caracterizada como uma área de estabilidade enzoótica.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: Soroepidemiologia, Anaplasma marginale, anaplasmose bovina, ensaio imunoenzimático, mesorregião Norte Fluminense, Brasil.

ABSTRACT

Souza J.C.P., Soares C.O., Massard C.L., Scofield A. & Fonseca A.H. 2000. [Seroprevalence of Anaplasma marginale in cattle in the "Norte Fluminense" mesoregion.] Soroprevalência de Anaplasma marginale em bovinos na mesorregião Norte Fluminense. Pesquisa Veterinária Brasileira 20(3):97-101. Depto Parasitologia Animal, Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro, Km 47, Seropédica, RJ 23890-000, Brazil.

Serumprevalence of antibodies against Anaplasma marginale was evaluated by the indirect Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA). Sera samples from 532 bovines from nine municipalities in the "Norte Fluminense" mesoregion, Rio de Janeiro state, were analysed. The results showed that 485 (91.16%) were positive, of which 55.45% had a titre of 1:500, 22.18% of 1:1000, 6.77% of 1:2000, 3.01% of 1:4000, 1.50% of 1:8000, 0.94% of 1:16000, 0.75% of 1:32000, 0.56% of 1:64000, and 8.84% were negative. The prevalence analysis was done within three age groups: 1 to 3 years (n= 110), 3 to 6 years (n= 241) and > 6 years (n= 181), of which 91.82%, 92.95% and 88.95% were positive, respectively. According to the breed, 91.22% of beef cattle (n= 444) and 90.91% of dairy cattle (n= 88), were positive. Regarding the sex, 91.35% of the females (n= 497) and 88.57% of the males (n= 35), were positive. There were no significant differences between the age groups, breeding types and the sexes (P > 0.05); and between the prevalence in the municipalities (P > 0.000). The seroprevalence showed that the region has to be considered enzootically stable, and the infection by A. marginale in this area is high and homogeneous.

INDEX TERMS: Seroepidemiology, Anaplasma marginale, bovine anaplasmosis, enzyme immunoassay, "Norte Fluminense" mesoregion, Brazil.

INTRODUÇÃO

A anaplasmose bovina é uma enfermidade infecciosa causada por rickettsia intraeritrocítica do gênero Anaplasma. Duas espécies deste gênero podem acometer os bovinos: Anaplasma centrale Theiler, 1911, agente da anaplasmose benígna, com pouca importância e pouca distribuição e; Anaplasma marginale Theiler, 1910, rickettsia responsável pela doença malígna, com ampla distribuição geográfica (Fonseca & Braga 1924, Kessler et al. 1992).

A. marginale determina uma doença severa, devido à rápida multiplicação deste agente e, por determinar massiva hemocaterese, a bile se torna espessa, grumosa, de cor amarelada e os tecidos ictéricos (Fonseca & Braga 1924, Tokarnia & Döbereiner 1962). Esta enfermidade é também conhecida como "mal da bile". A transmissão deste hematozoário se dá mecanicamente através de dípteros hematófagos (tabanídeos, moscas hematófagas e mosquitos), além da transmissão por fômites. O carrapato Boophilus microplus transmite-o biologicamente de forma transestadial e intra-estadial (Ribeiro 1991).

A anaplasmose ocorre tanto em países de clima tropical e sub-tropical, quanto em países de clima temperado; e tem grande importância nas áreas de instabilidade enzoótica como nas áreas de estabilidade, devido à introdução de animais provenientes de áreas livres de carrapato (Kessler et al. 1987, Dalgliesh et al. 1990).

Na maioria das regiões do Brasil a situação epidemiológica da anaplasmose bovina é de estabilidade enzoótica (Ribeiro & Reis 1981a, Dalagnol et al. 1995, Araújo et al. 1998). Poucas são as áreas caracterizadas como de instabilidade enzoótica; como é a situação do Sertão de Sergipe (Oliveira et al. 1992) e o extremo Sul do Rio Grande do Sul (Artiles et al. 1995). Nestas áreas os fatores ecológicos e climáticos não favorecem ao desenvolvimento de B. microplus e de dípteros hematófagos, transmissores de A. marginale.

Para se conhecer a situação epidemiológica de determinada região, faz-se necessário o auxílio de provas sorológicas. Dentre as diversas provas, o ensaio imunoenzimático de adsorção (ELISA) é o método mais apropriado para se trabalhar com grande amostragem, além de ser um dos mais seguros e eficazes (Madruga et al. 1996, Vidotto et al. 1997, Araújo et al. 1998).

Em virtude do não conhecimento da condição epidemiológica da anaplasmose no estado do Rio de Janeiro; objetivou-se investigar a soroprevalência de A. marginale em bovinos na mesorregião Norte Fluminense.

 


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