Uso de probiótico e antibiótico sobre o desempenho, o rendimento e a qualidade de carcaça de frangos de corte1



1. Resumo

Dois mil e quatrocentos pintos de corte foram distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso, com esquema fatorial 2 x 2 x 2 (sexo, com e sem probiótico, com e sem antibiótico), totalizando oito tratamentos e seis repetições com 50 aves cada uma. Independente da suplementação recebida, os machos sempre foram mais pesados que as fêmeas. Entretanto, a análise de desempenho apresentou maiores peso corporal e ganho de peso para os machos que receberam suplementação de antibiótico, quando comparados aos não-suplementados. Até 42 dias de idade, o uso do antibiótico determinou aumento do consumo de ração, mas não influiu nas demais características de desempenho. No período de 1 a 21 dias e 1 a 42 dias de idade, a suplementação com probiótico influenciou negativamente o peso corporal, ganho de peso e consumo de ração das aves. Houve interação probiótico x antibiótico para rendimento de carcaça das aves, obtendo-se maior rendimento de carcaça com o uso da associação dos produtos na ração. Nenhum dos produtos afetou o rendimento de partes (cabeça, pés, asas, perna, peito e dorso), o rendimento de vísceras (coração, fígado e vísceras não-comestíveis), gordura abdominal e características sensoriais (intensidade de aroma, aroma estranho, sabor, sabor estranho, maciez, suculência, preferência, cor característica e aparência geral) da carne de peito e pernas. No presente estudo, não foram encontrados efeitos benéficos da suplementação de probiótico para frangos de corte.

Palavras-chave: análise sensorial, avoparcina, carcaça, Enterococcus faecium, frango de corte, rendimento

Effect of the use of probiotic and antibiotic on the performance, yield and carcass quality of broilers

2. Abstract

Two thousand and four hundred broiler chicks were assigned to a completely randomized design in a 2 x 2 x 2 (sex, with and without probiotic, with and without antibiotic) factorial arrangement, totalizing eight treatments and six replicates with 50 birds in each one. Independently of supplementation fed, the males were always heavier than the females. However, the analyses performance showed higher body weight and weight gain for males fed antibiotic when compared to the non supplemented. The use of antibiotic increased feed intake up to 42 days of age, but it did not affect the other characteristics. Probiotic supplementation negatively influenced the body weight, weight gain and feed intake of the broilers from either 1 to 21 or 1 to 42 days of age. There was a probiotic x antibiotic interaction for carcass yield of the broilers, and the highest carcass yield were obtained when the products were associated in the diet. Neither probiotic nor antibiotic affected cut-part yield (head, feet, wings, leg, breast and back), viscera yield (heart, liver and non edible viscera), abdominal fat and sensorial characteristics (intensity of aroma, stranger aroma, flavor, stranger flavor, tenderness, juiciness, acceptability, characteristic color and overall aspect) of breast and leg meats. No beneficial effects of the probiotic supplementation in broiler diets were observed in the present study.

Key Words: avoparcin, broiler, carcass, Enterococcus faecium, sensorial analysis, yield

3. Introdução

Na produção avícola, o principal objetivo é a obtenção de alta produtividade, aliada à qualidade dos produtos finais. Para isso, utilizam-se aditivos alimentares, como os antibióticos, com a função de promover o crescimento.

O uso indiscriminado dos antibióticos na alimentação animal desde o princípio da década de 50 pode ter resultado no desenvolvimento de populações bacterianas resistentes (FULLER, 1989), determinando desequilíbrio na simbiose entre o microbiota desejável e o animal (MULDER, 1991). Além disso, alguns grupos de consumidores apresentam restrição ao consumo de carnes de aves criadas com rações contendo antibióticos, em particular no mercado externo para o qual se destinam 12 a 14% da produção brasileira de carne de frangos de corte (TABELAS da Avicultura, 1995).

Torna-se evidente, portanto, a necessidade de estudos de produtos alternativos que possam substituir os antibióticos na alimentação animal, sem causar perdas de produtividade e qualidade dos produtos finais. Os prováveis substitutos promotores de crescimento devem manter as ações benéficas dos antibióticos e eliminar as indesejáveis, como a resistência bacteriana.

Uma alternativa seria o uso dos probióticos, os quais são produtos constituídos por microrganismos vivos ou suas L-forms (sem a parede celular). Uma vez introduzidos no organismo animal, podem colonizar o novo ambiente, promover melhor o equilíbrio da flora intestinal e a produção de enzimas digestivas e vitaminas do complexo B e estimular a imunidade da mucosa intestinal, protegendo-a contra toxinas pré-formadas por outros organismos (FULLER, 1989). O primeiro uso de probiótico foi como competidor de bactérias patogênicas e coccídias (exclusão competitiva) e, recentemente, tem sido utilizado como promotor de crescimento (TOURNUT, 1998).

O uso de probiótico como promotor de crescimento pode resultar em maior ganho de peso, melhor índice de conversão alimentar, maior rendimento de carcaça e melhor palatabilidade da carne de frangos de corte e perus, como relatam DILWORTH e DAY (1978), OWINGS et al. (1990), JENSEN e JENSEN (1992), BERTECHINI e HOSSAIN (1993), ENGLAND et al. (1996) e JIN et al. (1998). Entretanto, nem sempre são observados benefícios do seu uso (FULLER, 1989; BARROW, 1992; CAVAZZONI et al., 1993; e HENRIQUE et al., 1997), a não ser quando associados a antibióticos (JENSEN e JENSEN, 1992; BERTECHINI e HOSSAIN, 1993).

A eficácia do probiótico é estritamente dependente da quantidade e das caraterísticas das cepas do microrganismo utilizado na elaboração do aditivo alimentar. Muitas vezes os probióticos não produzem bons resultados, pois não utilizam microrganismos que atendam os requisitos para atuar como probiótico, como exemplo, sobreviver às condições adversas do trato gastrintestinal (ação da bile e dos sucos gástricos, pancreático e entéricos); não ser tóxico e/ou patogênico; ter capacidade antagonistas às bactérias intestinais indesejáveis; ser altamente viável e estável durante a estocagem, além de, comprovadamente, benéfico ao hospedeiro (JIN et al., 1997; TOURNUT, 1998). Deve-se também observar que alguns microrganismos que poderiam atuar como probióticos não resistem à ação de alguns antibióticos ou anticoccidianos utilizados nas rações das aves (JIN et al., 1997, 1998; TOURNUT, 1998). Portanto, é importante que se analisem os probióticos como produtos separados, da mesma maneira como é feita com os antibióticos (TOURNUT, 1998).

O objetivo principal deste experimento foi avaliar os efeitos do uso de probiótico, constituído do ingrediente ativo Enterococcus faecium (1x1010 CFU/g de produto), e a associação deste com o antibiótico avoparcina, na alimentação de frangos de corte, avaliando-se o desempenho (peso, ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar) e a mortalidade, o rendimento de carcaça, carne de peito e de pernas e a análise sensorial da carne do peito e da perna.


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