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Variabilidade da produção de frutos de pimentão em estufa plástica (página 2)

Alexandra Augusti Boligon; Solon Jonas Longhi; Augusto Bolson Murari; Crist

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (29º43’23"S e 53º43’15"W a 95m de altitude), cujo clima é classificado como Cfa subtropical úmido sem estação seca e com verões quentes conforme a classificação de KÖPPEN (MORENO, 1961). Instalaram-se dois experimentos na estação sazonal de cultivo verão/outono (V/O) de 2001 e 2002, e dois na estação sazonal inverno/primavera (I/P) de 2001 e 2003.

As sementes de pimentão, híbrido Vidi, foram semeadas em bandejas de 128 alvéolos preenchidos com substrato comercial de turfa fértil. O transplante das mudas ocorreu em 13/02/2001 e 14/02/2002, na estação sazonal de verão/outono e em 28/09/01 e 02/10/03 na estação sazonal de inverno/primavera, quando as mudas apresentavam de 6 a 8 folhas definitivas ou aproximadamente 15cm de estatura. A adubação, tratos fitossanitários e manejo seguiram as recomendações da cultura propostas por FILGUEIRA (2000).

As linhas de cultivo foram compostas por 70 plantas, com espaçamento de 1,00 x 0,30m, onde as linhas foram cobertas por plástico opaco preto, sob o qual se realizou a irrigação por gotejamento. Os experimentos foram compostos por 10 linhas de cultivo cada um, no entanto, em 2002 desprezaram-se as linhas das bordas laterais, pois foram plantados com variedade diferente da Vidi. As estufas plásticas utilizadas apresentavam dimensões de 24,0m x 10m, com alinhamento N-S, pé direito de 2,0m e altura central de 3,5m, com estrutura de madeira na forma de arco pampeano, coberta com filme de PeBD 100micras, mesmo material utilizado nas portas e cortinas laterais.

Em cada planta, foram colhidos e pesados os seus frutos, além de anotar-se o número da colheita, da linha de cultivo e a posição da planta dentro da linha. A partir da produção de cada planta em cada colheita, simularam-se parcelas de tamanho 1, 2, 5, 7, 10, 14 e 35 plantas por parcela, dentro da linha de cultivo, por serem divisores exatos do total de plantas na linha.

Para os sete tamanhos de parcelas, calculou-se a variância e os respectivos graus de liberdade, nos quais se aplicou o teste de homogeneidade das variâncias de Bartlett (STEEL et al., 1997) em cada uma das colheitas, perfazendo oito variâncias por colheita e para produção total das parcelas no experimento de V/O 2002 e dez variâncias nos demais. Ainda, calculou-se a média de produção de cada colheita e do total das colheitas para todos os tamanhos de parcelas. Para construção das figuras de distribuição da produção de frutos, atribuiu-se o código "A" para parcelas com produção igual ou superior à média da colheita e "B" para parcelas com produção inferior à média. A fim de verificar a diferença entre a produção das linhas de cultivo, aplicou-se o teste de Scott & Knott (RAMALHO et al., 2000) entre as médias de produção das linhas de cultivo, utilizando a variância média ponderada por seus respectivos graus de liberdade.

Para análise dos experimentos, adotaram-se 5% de probabilidade de erro, utilizando os pacotes estatísticos NTIA da EMBRAPA, SAEG e programações a partir do aplicativo EXCEL.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a estação sazonal de verão/outono, quando as colheitas concentraram-se nos meses de abril e maio para os experimentos dos anos de 2001 e 2002, foram realizadas cinco e oito colheitas, respectivamente, enquanto na estação de inverno/primavera, ocorreram quatro colheitas, concentradas em dezembro e janeiro. Verifica-se que existe irregularidade na distribuição da produção entre as linhas de cultivo e na produção total das linhas, principalmente para as parcelas de tamanho inferior a dez plantas (Tabela 1). Observou-se também que o aumento do número de plantas por parcelas tende a uniformizar a produção entre as linhas, em cada colheita e no total. As parcelas de 14 e 35 plantas amenizaram as diferenças das produções entre as parcelas, possibilitando uma maior homogeneidade.

As variações de produção entre as linhas são causadas por diferenças climáticas no período da formação dos frutos, segundo afirmações de SOUZA et al. (2002) e LÚCIO et al. (2003). Também MELLO (2003) salientou que o tamanho desuniforme do fruto de pimentão no momento da colheita é uma das principais fontes de variações em experimentos com esta cultura. Os resultado obtidos, neste trabalho, controlando-se ao máximo possível as interferências dos fatores acima descritos, mostram que, exceto para a primeira colheita do experimento de I/P de 2003, as demais variâncias das colheitas em parcelas formadas por 35 plantas foram homogêneas (Tabela 1), indicando que existe semelhança entre as metades Norte e Sul da estufa plástica. No entanto, a utilização de parcelas deste tamanho reduz a flexibilidade do experimento, limitando em dois o número de tratamentos por linha de cultivo.

Em função dos resultados (Tabela 1), optou-se em estudar a variabilidade da produção para parcelas de 14 plantas, em função da homogeneidade apresentada entre as linhas de cultivo. Nessa condição, o pesquisador poderá planejar um experimento com maior flexibilidade, pois assim, utilizará até cinco parcelas por linha de cultivo, com 70 plantas. Relacionado ao delineamento e ao número de tratamentos, poderá dar preferência ao uso de blocos casualizados, sendo cada linha de cultivo um bloco com cinco tratamentos, totalizando 50 unidades experimentais disponíveis para o planejamento de um experimento nesta condição de área restrita.

Observou-se que as parcelas de 14 plantas apresentaram elevada variabilidade na distribuição da produção em torno da média, dentro da estufa plástica, sendo que os locais de maior concentração da produção se alteraram constantemente, conforme se realizavam as colheitas (Figuras 1 e 2). Essa mesma constatação também pode ser confirmada nos experimentos realizados na estação sazonal inverno/primavera de 2001 e 2003 (Figuras 3 e 4). LOPES et al. (1998) também observaram mudança de concentração de produção de frutos de tomate entre colheitas, porém, sem observar um gradiente definido.

Pode-se verificar, pelas figuras 1, 2, 3 e 4, que a dispersão da produção das parcelas de 14 plantas variou em maior magnitude entre as linhas de cultivo do que dentro da linha. Com o uso deste tamanho de parcela e o delineamento blocos casualizados (DBC), há maior eficiência no controle das variações existentes entre as linhas, quando comparando com o delineamento inteiramente casualizado, pois estas tendem a incidir com maior intensidade entre as linhas de cultivo, nos quais os tratos culturais são normalmente realizados na linha de cultivo e o efeito de borda, que age de forma diferenciada nas plantas das laterais, quando comparadas às plantas do interior da estufa plástica. Outras variações que podem ocorrer, como pequenas diferenças no volume de água fornecido às plantas pelo sistema de irrigação ou o efeito causado por práticas culturais realizadas em dias diferentes. Tais diferenças são retiradas da variância residual (QMerro) pelo efeito isolado do quadrado médio de blocos, na análise de variância.

A vantagem do DBC também fica evidenciada pela verificação de diferenças significativas entre as produções totais das linhas (Tabela 2), pois as repetições casualizadas na mesma linha de cultivo podem estar sendo prejudicadas ou de energia solar para as plantas.

CONCLUSÕES

Independente da estação sazonal de cultivo, verificou-se a variabilidade da produção de frutos entre as linhas de cultivo de pimentão em estufa plástica, sendo que parcelas de 14 plantas na linha de cultivo amenizam a heterogeneidade entre as linhas, aumentando a precisão das inferências, independente da estação sazonal de plantio.

O delineamento blocos ao acaso no sentido da linha, pode ser usado para amenizar as diferenças significativas de produção entre as linhas, para experimentos conduzidos na estação sazonal de inverno/primavera, enquanto o delineamento inteiramente casualizado pode ser utilizado para a estação sazonal de verão/outono.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRIOLO, J.L. Olericultura geral: princípios e técnicas. Santa Maria : UFSM, 2002. 158p.

CASALI, V.W.D.; STRINGHETA, P.C. Melhoramento do pimentão e pimenta para fins industriais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.10, n.113, p.23-25, 1984.

FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de olericultura: tecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa : UFV, 2000. 402p.

LOPES, S.J. et al. Técnicas experimentais para tomateiro tipo salada sob estufas plásticas. Ciência Rural, Santa Maria, v.28, n.2, p.193-197, 1998.

LÚCIO, A.D. et al. Tamanho da amostra e método de amostragem para avaliação de características do pimentão em estufa plástica. Horticultura Brasileira, Brasília, v.21, n.2, p.180-184, 2003.

MELLO, R.M. Tamanho e forma ótimo de parcela para as culturas da abóbora italiana e do pimentão, conduzida em estufas plástica. 2003. 75f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Santa Maria.

MORENO, J.A. Clima no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura, 1961. 41p.

RAMALHO, M.A.P. et al. Experimentação em genética e melhoramento de plantas. Lavras: UFLA. 2000. 326p.

REIFSCHNEIDER, F.J.B (Organizador). Capsicum: pimentas e pimentões no Brasil. Brasília: EMBRAPA, 2000. 113p.

SOUZA, M.F. et al. Tamanho da amostra para peso de massa de frutos, na cultura da abóbora italiana em estufa plástica. Revista Brasileira de Agrociência, v.8, n.2, p.123-128, 2002.

STEEL, R.G.D. et al. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach. New York: McGraw-Hill, 1997. 666p.

TAKAZAKI, P.E. Produção de sementes adaptadas ao ambiente protegido. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE PLASTICULTURA, 1., 1989, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: FUNEP, 1991. p. 63-70.

Leandro Homrich LorentzI; Alessandro Dal’Col LúcioII, 1; Alexandra Augusti BoligonIII; Sidinei José LopesII; Lindolfo StorckIV
aboligon[arroba]yahoo.com.br

IEngenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: llorentz[arroba]bol.com.br
IIEngenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Adjunto, Departamento de Fitotecnia, CCR, UFSM, 97105-900.
adlucio[arroba]smail.ufsm.br . E-mail: sjlopes[arroba]ccr.ufsm.br
IIIEngenheiro Florestal, Acadêmico do curso de Agronomia, CCR, UFSM. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
IVEngenheiro Agrônomo, Doutor, Professor Titular, Departamento de Fitotecnia, CCR,UFSM, 97105-900. E-mail:
storck[arroba]ccr.ufsm.br



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