A complexidade das relações entre drogas, álcool e violência



1. Abstract

This article discuss the complex relations between drugs and violence. Drawing on empirical studies and current forms of discourse, it analyzes conceptual and methodological problems related to the establishment of causal nexuses, risks, and associations. By demonstrating the theoretical and practical difficulties in such associations, it also points to the need for a debate in the field of public health and social policies. The article expresses concern that programs and prevention not be contaminated by fallacies, contributing nothing to an understanding of (or action related to) the social issue of drugs.

Key words Street Drugs; Alcohol Drinking; Violence; Public Health; Sociology  

2. Resumo

Este artigo discute as complexas relações existentes entre drogas e violência. Valendo-se de alguns estudos com base empírica e dos discursos correntes, analisa os problemas conceituais e metodológicos relacionados ao estabelecimento de nexos causais, riscos e associações. Ao demonstrar as dificuldades teóricas e práticas destas delimitações, aponta também para um debate necessário no campo da saúde pública e das políticas sociais. Preocupa-se com que as intervenções e a prevenção não se contaminem por falácias, que em nada ajudam a compreensão e a ação relativas à problemática social das drogas.

Palavras-chave Drogas Ilícitas; Consumo de Bebidas Alcoólicas; Violência; Saúde Pública; Sociologia

3. Introdução

Neste artigo, buscaremos levantar questões metodológicas para a investigação, a prevenção e a intervenção da saúde pública na articulação entre drogas e violência. Trata-se de uma articulação complexa, pouco analisada, cujos únicos parâmetros para afirmações, na atualidade, são apenas os de associação empírica. E é com base em alguns dados empíricos que levantaremos os problemas interpretativos diante desse tema desafiador para cientistas sociais, politicólogos, criminólogos e cidadãos militantes.

Como a maioria dos estudiosos, consideramos que há muita mistificação em torno da questão das drogas, exercendo ao mesmo tempo fascínio e provocando medo. Isso fica evidente em vários trabalhos, como os de Bastos (1995); Garcia (1996); Musa (1996) e outros que mostram os efeitos paradoxais das drogas, capazes de proporcionar desde êxtases prazerosos a estados de depressão, de viabilizar a inserção em grupos sociais e de conduzir a situações de exclusão social.

Neste trabalho, partimos de alguns pressupostos que consideramos importantes para discutirmos a questão. Assim, iniciamos nossa reflexão alertando para a necessidade de se considerar: a) a diferença entre dependência e uso recreacional e ocasional; (b) o erro de apontar o usuário como um dependente potencial; (c) as diferenças entre os vários tipos de drogas e os danos que provocam, como é o caso da maconha, cocaína, cocaína injetável, heroína, crack e outras; (d) o entendimento do uso de drogas como um fenômeno histórico-cultural com implicações médicas, políticas, religiosas e econômicas; (e) a distinção entre drogas legais e ilegais e o aparecimento de substâncias sintéticas.

Da mesma forma, no contexto da saúde, sabe-se que a violência social, em virtude de suas conseqüências, enquadra-se na categoria Causas Externas (códigos: E-800 a E-999 na 9a Revisão e V01 a Y98 na 10a Revisão), no sistema de Classificação Internacional das Doenças (CID); tal categoria abrange uma longa lista de eventos que podem ser resumidos como homicídios, suicídios e acidentes em geral. Compreende-se que essa classificação nem de longe consegue dar conta da dimensão e complexidade da violência, um fenômeno polissêmico, de explicação contraditória, mas permite trabalhar com indicadores capazes de informar e subsidiar ações políticas e sociais.

Em relação ao tema das interações entre violência e drogas, neste trabalho apresentamos: (a) alguns dados empíricos; (b) discussão atual sobre mudanças resultantes do uso dessas substâncias nas funções cognitivas, nos estados emocionais, nas alterações hormonais e fisiológicas que podem motivar a violência; (c) discussão do mercado de drogas ilegais e o aumento da violência; (d) problemas interpretativos e de método de investigação.


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