Consumo e Digestibilidade Aparente dos Nutrientes da Silagem de Milho e dos Fenos de Alfafa e de Capim-Coastcross, em Ovinos

Enviado por Rasmo Garcia


1. Resumo

Avaliaram-se o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes, e o balanço de nitrogênio da silagem de milho e dos fenos de alfafa e de capim- coastcross, em ensaio com ovinos. Foram utilizados 15 animais, sem raça definida, castrados, com peso médio de 47,5 kg, distribuídos em um delineamento em blocos casualizados com cinco repetições. O consumo de matéria seca, em g/Kg0,75, foi influenciado pelos alimentos, registrando-se maior valor (68,06), para os animais que receberam feno de alfafa. Os consumos de fibra em detergente neutro e extrato etéreo foram menores para os animais que receberam silagem de milho. Já os consumos de proteína bruta e nutrientes digestíveis totais, de 201,97 e 643,42 g/dia, respectivamente, foram maiores para os animais alimentados com feno de alfafa. Este resultado deve-se ao fato de o feno de alfafa possuir melhor valor nutritivo e estar associado ao teor mais elevado de matéria seca. As digestibilidades aparentes da matéria seca e proteína bruta, de 56,47 e 73,92%, respectivamente, também foram maiores para os animais que receberam feno de alfafa. O balanço de nitrogênio foi positivo apenas para os animais alimentados com fenos, os quais apresentaram ganhos de peso de 100,79 e 147,62 g/dia para feno de capim-coastcross e feno de alfafa, respectivamente, enquanto que os animais alimentados com silagem de milho apresentaram perda de peso (-34,92 g/dia). Este fato pode ser atribuído a superioridade da composição química dos fenos em relação à da silagem de milho.

Palavras-chave: balanço de nitrogênio, fibra detergente neutro, proteína bruta

Intake and Apparent digestibility of Nutrients of the Corn Silage and Alfalfa and Coastcross Bermudagrass Hays, Fed to Sheep

2. Abstract

To evaluate the intake, nutrients apparent digestibilities and nitrogen balance of corn silage, alfalfa and coastcross bermudagrass hays a digestibility trial with sheep was conducted. Fifteen crossbred castrated sheeps, with average live weigth 47.5 kg, were used in a randomized blocks design with four repplicates. The dry matter intake, in g/kg0.75, was influenced by feed and the higher value (68.06) was observed in animals fed with alfalfa hay. The ether extract and neutral detergent fiber intakes were smaller for animals fed with corn silage. The total digestible nutrients and crude protein intakes was higher for animals fed with alfalfa hay, both values were 210.97 g/day and 643.42 g/day, respectively. This result is related to the high nutritional value and dry matter content of the alfalfa hay. The crude protein and dry matter apparent digestibilities (56.47 and 73.92%, respectively) were higher on animals fed alfalfa hay. The nitrogen balance was positive only for animals fed alfalfa hays. The average live weight gain were 100.79 and 147.62 g/day for coastcross bermudagrass and alfalfa hays, respectively. The animals fed with corn silage lost live weight (-34.92 g/day). This result could be associated with the fact that the chemical composition of the hays is better than the corn silage.

Key Words: crude protein, neutral detergent fiber, nitrogen balance

3. Introdução

As pastagens constituem o alicerce da pecuária no Brasil. Entretanto, verifica-se que as mesmas não suportam altos níveis produtivos durante todo o ano, em virtude das interações que ocorrem entre os fatores de ambiente e de manejo, podendo apresentar grande variação no seu valor nutritivo. Assim, a utilização de forragens conservadas tanto na forma de feno como na forma de silagem, surge como alternativa para superar os problemas decorrentes de escassez de forragens.

As forrageiras do gênero Cynodon apresentam elevado potencial de produção de forragem de boa qualidade, sendo usadas nas formas de pastejo e feno (MARTINEZ et al., 1980; REMY e MARTINEZ, 1983; e VILELA e ALVIM, 1998). Quando bem manejadas, têm-se produzido fenos com média de 13,9% de proteína bruta, 68% de fibra em detergente neutro, podendo em alguns casos alcançar até 17,85% de proteína bruta. Quando colhidos com intervalos de 28 dias apresentam ótima aceitabilidade, podendo ser usado tanto na alimentação de vacas leiteiras, como em qualquer outra categoria animal (RESENDE e ALVIM, 1996).

Entre as plantas utilizadas para o processo de ensilagem, o milho (Zea mays, L.) destaca-se como a planta mais indicada para esta prática, em decorrência de sua fácil conservação dentro do silo e de seu alto valor nutritivo. A silagem de milho apresenta valores de fibra em detergente neutro entre 45 e 65%, os quais são desejáveis na nutrição de vacas leiteiras (MORA et al., 1996).

Para a alimentação de ruminantes, a alfafa pode ser considerada como a forrageira que reúne um grande número de características desejáveis. Em relação às gramíneas evidenciam-se o seu conteúdo de carboidratos solúveis e de parede celular e alto conteúdo de proteína verdadeira (WALDO e JORGENSEN, 1981).

Entre os principais parâmetros relacionados com a qualidade das forrageiras, destacam-se o consumo alimentar e a digestibilidade (RAYMOND, 1969). A forragem consumida determina a quantidade de nutrientes ingeridos e, consequentemente, a produção animal. Em decorrência desse fato, um dos elementos preponderantes do consumo de um alimento volumoso pelos ruminantes é a matéria seca indigestível.

O consumo de silagem é, em geral, mais baixo que aqueles observados para outros volumosos, como fenos e pastos. O menor consumo de silagem tem sido atribuído aos produtos da fermentação, como ácido acético, ácido láctico, e fatores como a mudança na estrutura física do material ensilado, quebra de proteína na forma de amônia e redução do pH (MINSON, 1990).

Quando duas forrageiras (leguminosa e gramínea) possuem a mesma digestibilidade, maior consumo corresponde à leguminosa, devido ao menor volume (em unidade de MS ingerida) ocupado pela mesma no trato gastro intestinal (WALDO, 1986). Adicionalmente, leguminosas apresentam menor resistência à quebra de partículas durante a alimentação e ruminação, devido à menor quantidade de constituintes de parede celular e à maior proporção de conteúdo celular, quando comparado as gramíneas (MINSON, 1990).

Em concentrações maiores que 55-60% na dieta a fibra em detergente neutro é a variável mais consistentemente correlacionada com o consumo de matéria seca de uma espécie forrageira (VAN SOEST, 1994). Em gramíneas tropicais estes valores são freqüentemente ultrapassados, alcançando em estádios de maturação avançada, valores de até 75-80% (MOORE e MOTT, 1973).

De acordo com MERTENS e ELY (1979), as principais diferenças entre a alfafa e o capim-coastcross estão relacionadas ao teor de FDN, ao conteúdo de lignina, à proporção de FDN:lignina e à velocidade com que a mesma é digerida.

Nos trópicos, as forragens, independentemente da forma como são ministradas, apresentam concentrações relativamente altas de parede celular, as quais limitam o consumo pela distensão do trato gastrintestinal, antes que as demandas de energia sejam atendidas (OWENS e GOETSCH, 1986). Nesse tipo de controle, a taxa com que a digesta deixa o rúmen representa fator importante na regulação da ingestão diária. A extensão e a taxa de degradação do tecido vegetal, a partir da mastigação inicial, da ruminação subseqüente e da digestão pelas bactérias no rúmen, influenciam a taxa de passagem pelo trato digestivo (OWENS e GOETSCH, 1986).

Segundo VAN SOEST (1994) a digestibilidade da MS entre gramíneas e leguminosas tropicais pode apresentar diferenças de até 15 unidades percentuais podendo este fato ser atribuído a maior proporção de parede celular e lignificação observada nas forrageiras tropicais.

Considerando os altos custos da proteína da dieta, a economia da produção animal é altamente dependente da eficiência de sua utilização. Por esse motivo, nos últimos anos, tem havido considerável interesse na redução das perdas de compostos nitrogenados (N) pelos ruminantes (RUSSEL, 1992). A proteína bruta tem sido relacionada com o consumo de matéria seca. Todavia, para forragens com teor de proteína bruta abaixo de 4 a 6%, na base da matéria seca, o consumo de matéria seca seria limitado pela baixa disponibilidade de compostos nitrogenados para os microrganismos do rúmen (RAYMOND, 1969). No entanto, uma vez corrigida essa deficiência, o consumo seria limitado pela taxa de remoção de resíduos indigestíveis do rúmen.

O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de determinar, em ovinos, o consumo, a digestibilidade aparente e o balanço de nitrogênio dos nutrientes presentes na silagem de milho e nos fenos de alfafa e de capim-coastcross.


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