Fatores Relacionados com a Mortalidade Infantil em Juiz de Fora - MG de 1997 a 1999



1. Resumo

Com base no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), estudou-se o coeficiente de mortalidade infantil (CMI) entre 1º de janeiro de 1997 e 31 de dezembro de 1999. Todas as crianças eram filhas de mães residentes no município de Juiz de Fora. A maioria nasceu em hospitais (99,4%) e houve um predomínio de cesarianas (57,1%). Durante o período nasceram 23.853 crianças, tendo ocorrido 657 óbitos no primeiro ano de vida. O CMI calculado foi de 31,39 em 1997, 28,34 em 1998 e 22,67 em 1999. O CMI observado em 1998 foi menor do que o de Belo Horizonte (30,37), do que o de Minas Gerais (28,8) e do que o do Brasil (36,1), apesar de maior do que as estimativas oficiais do Datasus para o município. A mortalidade infantil foi maior entre as crianças com peso ao nascer menor que 2.500 gramas.

Palavras-chave: Mortalidade Infantil, Coeficiente de Mortalidade

O coeficiente de mortalidade infantil é um indicador das condições de saúde e socioeconômicas de uma população. Procura-se determiná-lo não só para conhecer seu valor em um dado momento, mas também para estudar variações decorrentes do possível impacto de determinadas ações de saúde.1,2

O coeficiente de mortalidade infantil é calculado dividindo-se o número de óbitos de crianças menores de um ano pelo número de nascidos vivos naquele mesmo período, em uma determinada área, e multiplicando-se por 1.000 o valor encontrado. É expresso em mortes por 1.000 nascidos vivos.1 Sintetiza as condições de bem-estar social, político e ético de uma dada conformação social.3

No século XII, 1/3 das crianças morria antes de completar cinco anos e, no século seguinte, metade das mortes da raça humana ocorria entre crianças4. Essas cifras vêm diminuindo progressivamente através dos séculos e a maior queda ocorreu na segunda metade do último século.

Nos Estados Unidos da América a mortalidade infantil, atualmente, é de pouco menos de 10/1.000 e é o 23º colocado entre os países industrializados.3 Navarra, na Espanha, no período de 1993-96, apresentou um coeficiente de mortalidade infantil de 5,84/1.000.5 Leite chama atenção para a diminuição da mortalidade infantil no Brasil de 1980 a 1996, cujo coeficiente de mortalidade continua muito maior do que o dos países desenvolvidos, mantendo uma desigualdade interna entre as diferentes regiões.6

O presente artigo tem o objetivo de descrever e analisar a mortalidade infantil em Juiz de Fora nos anos 1997, 98 e 99 e investigar os possíveis fatores a ela relacionados.

2. Material e métodos

Baseado nos dados do SINASC - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, Versão 6.3c, e SIM -Sistema de Informações sobre Mortalidade, Versão 6.3c, CENEPI - Centro Nacional de Epidemiologia e DATASUS - Departamento de Informática do SUS, Ministério da Saúde e Fundação Nacional de Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde - SUS - Juiz de Fora, estudou-se a mortalidade infantil em Juiz de Fora - Minas Gerais, no período de 1º de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 1999.

A população total envolvida no estudo foi de 23.853 nascidos vivos e 657 óbitos ocorridos no primeiro ano de vida.

Todas as informações armazenadas foram analisadas através do "Analysis" do programa "EpiInfo 6.04", do CDC de Atlanta.7

3. Resultados

Durante o período do estudo nasceram 23.853 crianças, filhos de mães residentes no município, das quais 11.941 do sexo masculino e 11.712 do sexo feminino. Dos nascidos vivos, 23.718 (99,4%) partos ocorreram em hospitais da cidade, 11 em outros estabelecimentos de saúde, 112 (0,5%) em domicílio e 12 em outro local ou local ignorado. Os pesos médios, índices de Apgar de 1º e 5º minutos, seguidos de respectivos desvios-padrão, das crianças nascidas vivas do sexo masculino, foram: 3.113,33 ± 542,58 g; Apgar de 1’ 8,52 ± 1,209 e de 5’ 9,604 ± 0,945; para o sexo feminino 3.010,08 ± 507,15 g; Apgar de 1’ 8,57 ±1,137 e de 5’ 9,643 ± 0,864.

Cinco (0,02%) crianças nascidas vivas tiveram período de gestação igual ou inferior a 21 semanas (peso médio igual a 835,00 g ± 489,52); 101 crianças (0,4%), período de gestação entre 22 e 27 semanas (peso médio igual a 890,64 g ± 370,49); 1.603 (6,7%), entre 28 e 36 semanas (peso médio igual a 2.233,68 g ± 583,86); 21.478 (90,1%), entre 37 e 41 semanas (peso médio igual a 3.142,29 g ± 431,86); 55 (0,2%) com 42 semanas ou mais (peso médio igual a 3.326,03 g ± 438,16) e 604 (2,5%) com duração da gestação ignorada/não anotada na Declaração de Nascido Vivo (peso médio igual a 2.671 g ± 722,44).

Com relação à gestação, eram de gravidez única 23.378 (98,0%) crianças, 430 (1,8%) de gemelar dupla, sete com mais de dois gêmeos e 38 (0,2%) ignoradas/não anotadas na Declaração de Nascido Vivo (DN). O percentual de nascidos vivos de gestações múltiplas encontra-se dentro do descrito na literatura, variando de 4 a 50/1.000 nativivos.8

O tipo de parto foi espontâneo em 9.456 (39,6%), 13.620 (57,1%) operatório, 646 (2,7%) com uso de fórceps, 33 (0,1%) de outros e 98 (0,4%) ignorados/não anotados na DN. Houve uma diminuição da prevalência de partos cirúrgicos através dos anos estudados, de 5.184 (63,0%) em 1997 para 4.339 (55,1%) em 1998 e para 4.097 (52,8%) em 1999.

Durante o período do estudo, 286 (1,2%) crianças eram filhas de mães sem nenhuma instrução, 9.863 (41,3%) provinham de mães com 1º grau incompleto, 2.663 (11,2%) de mães com 1º grau completo, 3.325 (13,9%) de mães com 2º grau, 1.364 (5,7%) de mães com curso superior e 6.352 (26,6%) com grau de instrução ignorado/não anotado na DN.

Em apenas 14.330 casos (60,07%) havia anotado nas DN o número de filhos vivos tidos pelas mães, sem incluir a gestação atual. Eram primíparas 1.327 mães (9,26%), das quais 424 (31,95%) eram adolescentes (menos de 20 anos), 394 (29,69%) entre 20-24 anos, 261 (19,69%) entre 25-29 anos, 172 (12,96%) entre 30-34 anos e 76 (5,72%) com 35 ou mais anos. A idade média das primíparas foi de 23,61 ± 6,09 anos. Do total de mães, 13.003 (90,74%) eram multíparas, sendo 1.225 (9,42%) adolescentes, 2.955 (22,7%) com idade entre 20-24 anos, 3.599 (27,67%) entre 25-29 anos, 3.174 (24,41%) entre 30-34 anos e 2.050 (15,76%) com 35 ou mais anos. A idade média das multíparas foi de 28,19 ± 6,04 anos.

As crianças nascidas vivas e as mortas antes de completarem um ano de vida estão distribuídas, por ano, a seguir (Tabela 1)

O coeficiente de mortalidade infantil (Figura 1) decresceu continuamente nos anos do estudo, e o componente mais importante deste decréscimo foi o coeficiente de mortalidade neonatal tardio, queda de 71,2%. Os coeficientes de mortalidade foram calculados a partir dos totais anuais presentes na tabela 1 e são ligeiramente diferentes das médias dos coeficientes mensais (Tabela 2).


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