Método trigonométrico para o acesso à veia basílica no terço distal do braço



1. Resumo

Objetivo:

Determinar parâmetros anátomo-cirúrgicos para o acesso rápido, seguro e preciso da veia basílica no terço distal do braço e avaliar os aspectos anatômicos relacionados à presença, número e sintopia neural na região.

Método:

Foram utilizados 30 membros superiores de cadáveres adultos, brasileiros, do sexo masculino (27 a 58 anos), fixados em solução de formalina a 10%. Foi criado um método trigonométrico utilizando-se parâmetros anatômicos, determinando-se um triângulo cujo ápice foi o ponto de referência para a localização da veia basílica no terço distal do braço. A região foi dissecada e a veia exposta. O método foi também utilizado na dissecação venosa de 15 pacientes.

Resultados:

A veia basílica foi encontrada na face medial do terço distal do braço de todos os cadáveres, localizando-se no ápice do trígono em 70% dos casos e em situação medial em relação ao mesmo em 30%. Em 83,33% havia ramos dos nervos cutâneos mediais do braço e antebraço junto à adventícia da veia basílica. Foram encontrados dois ramos dos nervos cutâneos mediais do braço e antebraço relacionados a cada veia basílica em 90% dos membros superiores e apenas um ramo no restante. Em 30% dos casos existiam ramos posteriores à veia basílica, o que deve ser considerado ao se realizar a dissecação da mesma.

Conclusões:

O método proposto para a localização da veia basílica mostrou-se eficaz, rápido, seguro e preciso, indicando ser uma boa opção de acesso venoso no paciente em estado crítico que necessite de tal procedimento.

Descritores: Veias/ anatomia & histologia; Antebraço/ anatomia & histologia; Cirurgia.

2. Abstract

Background:

To determine anatomo-surgical parameters to fast, safe and precise approach to the basilic vein in the arm distal third and to assess anatomic features related to the presence, and nerve sintopy in the region.

Material and methods:

The study was made in 15 human corpses, from male adults aged 27 up to 58 years old, summing up 30 upper limbs, fixed in 10% formalin. It was created a trigonometric method using anatomic parameters to determine a triangle which apex was the reference point to locate the basilic vein in the arm distal third. The region was dissected, the vein exposed, its diameter assessed with a caliper. The method was utilized to perform the basilic vein dissection in 15 patients that required the venous approach.

Results and conclusion:

The basilic vein was found in the medial surface of arm distal third in all studied cadavers. The vein was located on the triagle apex in 70% of the cases (87% of the right and 53% of the left upper limbs). In 30% of the specimens the vein was placed medially to the triangle apex, the distance did not exceeded 5mm. In 83,33% of the specimens there were branches of the medial cutaneous nerves of arm and forearm against the vein adventitia. It was found two branches of the medial cutaneous nerves of arm and forearm related to each basilic vein in the majority of the upper limbs (90% - 27 limbs) and only one branch in the remaining (10 % - 3 limbs). In 30% of the cases there were branches located behind the basilic vein, this fact must be considered when the basilic vein dissection is made. The proposed method to the basilic vein location showed to be fast, safe and precise, indicating that the method is a good option to the vascular approach in patients in critical conditions that demand this procedure.

Key words: Veins/ anatomy & histology; Forearm/ anatomy & histology; Surgery.

3. Introdução

As veias já haviam sido conhecidas no primeiro século depois de Cristo por Galeno e, no princípio do século XVI, por Andréas Vesalius, mas nenhum deles prestou atenção ou interessou-se pelas válvulas, que foram descritas com precisão por Girolamo Fabrizio d'Aquapendente. Fabrizio publicou seus achados, em 1603, no livro De Venarum Ostiolis. Estruturou os fundamentos da descoberta da circulação, mostrando que as válvulas das veias se opunham ao movimento centrífugo do sangue1.

William Harvey, em 1628, apresentou descrição detalhada das veias do membro superior incluindo a veia basílica, contribuindo de maneira significativa e histórica para este tema 2.

Muitas análises foram feitas sobre estas veias, sendo que a precisa localização e facilidade no acesso vascular podem ser úteis para procedimentos eletivos e de urgência.

Porém, nenhum dos estudos publicados foi suficientemente detalhado em termos de localização da veia basílica para ajudar àqueles que têm necessidade de dissecá-la com rapidez e segurança.

Em termos de Medicina de Urgência este assunto ganha mais importância, visto que a veia basílica pela sua localização profunda em comparação à veia safena magna, acaba sendo a segunda opção de dissecação em um paciente politraumatizado que precisa de acesso venoso.

Movidos por tal característica anatômica da veia basílica em relação às demais, os autores propõem um método trigonométrico para a sua dissecação de maneira rápida, precisa e segura.

4. Método

Estudo em cadáveres

O estudo em cadáveres foi realizado em quinze corpos de seres humanos adultos, brasileiros, do sexo masculino, com idades de 27 a 58 anos, fixados em solução de formalina a 10%, sendo quatro pardos e 11 brancos, provenientes do Laboratório de Anatomia Descritiva e Topográfica da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Os membros superiores dos cadáveres foram dissecados totalizando 30 casos.

Os cadáveres, em decúbito dorsal, tiveram seus membros superiores abduzidos até 90 graus, mantidos com os antebraços estendidos. Em seguida, foi traçado um trígono, cuja base era uma linha transversal (B-C) que passava ao nível da prega do cotovelo desde a margem medial do tendão do músculo bíceps braquial até à porção mais saliente do epicôndilo medial do úmero (linha base) e o ápice era obtido através de uma linha de mesmo comprimento que a base, traçada do seu ponto médio em direção proximal (*-A), obtendo-se a altura do triângulo (Figura 1).


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