Prevalência de sobrepeso e obesidade nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil



1. Resumo

Objetivo: Avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças, adolescentes, adultos e idosos brasileiros das regiões Nordeste e Sudeste;

Métodos: Avaliação antropométrica de 17.184 pessoas, estudadas na Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV) realizada pelo IBGE em 1996/97, através do índice de massa corporal sendo usados como limite para sobrepeso e obesidade os valores propostos por Cole et al. por permitirem uma continuidade de critério de sobrepeso e obesidade na infância, adolescência e idade adulta.

Resultados: Predomínio do sexo feminino, 53,1%, na população estudada. A média de idade foi de 29 anos e 5 meses (desvio padrão de ± 20 anos), a mediana foi de 25 anos e 6 meses. A prevalência de sobrepeso foi de 10,8% entre crianças, 9,9% nos adolescentes e 28,3% entre adultos e a de obesidade foi 7,3%, 1,8% e 9,7%, respectivamente. Observado um aumento gradativo da prevalência de sobrepeso e obesidade desde a infância até a idade adulta, com declínio entre os idosos.

Conclusões: Prevalência conjunta de sobrepeso e obesidade na população brasileira é maior no sexo feminino sendo que mais da metade das mulheres das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, com idade entre 50 e 69 anos, têm sobrepeso e/ou obesidade. A comparação de estudos de prevalência de sobrepeso e obesidade na infância e adolescência é dificultada pela escassez de estudos populacionais nacionais e diversidade de critérios utilizados na avaliação nutricional.

Unitermos: Obesidade. Sobrepeso. Avaliação nutricional.

2. Summary

Objective: to evaluate the prevalence of overweight and obesity in children, adolescents, adults and elderlies from Northeast and Southeast regions of Brazil.

Methods: anthropometric evaluation of 17.184 people, studied in Life Pattern Research conducted by Brazilian Institute of Geographic and Statistics in 1996/97, by body mass index. Overweight and obesity definitions according to body mass index values proposed by Cole et al. which are related to adult definition.

Results: It was studied a little more females in this study (53.1%). Average age was 29 years and five months (± 20 years), median was 25 years and six months. Overweight prevalence was 10.8% in children, 9.9% in adolescents and 28.3% among adults and obesity was 7.3%, 1.8% and 9.7% respectively. It was noticed a gradual increase in overweight or obesity prevalence since infancy through adult age with decrease among the elderly.

Conclusion: Prevalence of overweight and obesity joined is higher among females. More than half of the women among 50 and 69 years old, from Northeast and Southeast regions of Brazil have overweight or obesity. There are few studies of overweight and obesity among children and adolescents and a lot of definition for obesity in children which makes more difficult the comparison of studies of prevalence among children.

Keywords: Obesity. Overweight. Nutritional evaluation.

3. Introdução

A obesidade é considerada um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos e uma epidemia global pela Organização Mundial de Saúde (OMS)1. O aumento de sua prevalência em países em desenvolvimento, especialmente na América Latina, também já foi estudado, e em países como Índia e China o aumento de 1% na prevalência de obesidade gera 20 milhões de novos casos2,3,4.

Está associada com hipertensão arterial, doença cardíaca, oesteoartrite, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer1,5. Pessoas obesas, particularmente crianças e adolescentes, freqüentemente apresentam baixa auto-estima, afetando a performance escolar e relacionamentos levando a conseqüências psicológicas a longo prazo. Em algumas comunidades pessoas obesas podem também sofrer discriminação social6.

A OMS indica a antropometria como método mais útil para identificar pessoas obesas pois é o mais barato, não-invasivo, universalmente aplicável e com boa aceitação pela população. Índices antropométricos são obtidos a partir da combinação de duas ou mais informações antropométricas básicas (peso, sexo, idade, altura)1.

Atualmente, o índice mais utilizado para identificar pessoas obesas é o índice de massa corporal (IMC), calculado pela fórmula peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros), desenvolvido no século passado, por Lambert Adolphe Jacques Quetelet, matemático belga7. Este índice tem seu uso praticamente consensual na avaliação nutricional de adultos cujos limites inferior e superior da normalidade são baseados em critérios estatísticos que correlacionam uma maior morbimortalidade em pessoas com IMC acima ou abaixo deste intervalo1,8-11. Seu uso em adolescentes e crianças começou a ser mais difundido após a publicação de Must et al12,13, que apresentaram valores de percentis por idade e sexo. Recentemente, para definir obesidade na infância e adolescência, diversos autores manifestam uma tendência em utilizar critérios estatísticos de mortalidade e de continuidade dos valores de IMC com os adotados na idade adulta14-20. Cole et al (2000) propuseram valores de ponto de corte concordantes com esta tendência20.

O objetivo do presente estudo é avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças, adolescentes, adultos e idosos brasileiros das regiões Nordeste e Sudeste.

4. Métodos

Para o presente estudo foram utilizados dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV), realizada pelo IBGE em convênio com o Banco Mundial. Esta pesquisa avaliou as condições de moradia, tendências demográficas (migração, fecundidade e história de nascimentos), acesso aos serviços de educação e saúde, nutrição, condições de vida da população brasileira, além de dados de peso e altura21.

A amostra da pesquisa foi constituída por 19.409 pessoas residentes em 5.000 domicílios, distribuídos em 554 setores censitários das regiões Nordeste e Sudeste do País. A amostra foi selecionada de maneira randomizada e sua metodologia está descrita em outra publicação21. Os dados desta pesquisa foram disponibilizados via CD-ROM pelo IBGE.

Os valores referentes ao peso, altura e sexo foram extraídos do banco de dados principal e armazenados em um banco de dados secundário no software EpiInfo, versão 6.0422. O IMC foi calculado pela fórmula: peso/(altura)2. A variável idade, inicialmente calculada em meses, foi obtida pela diferença entre a data do exame e data de nascimento.

Para classificar o estado nutricional foi desenvolvido um programa no software EpiInfo sendo utilizados os valores propostos por Cole et al., que permitem uma continuidade de critério de sobrepeso e obesidade na infância, adolescência e idade adulta20. Estes valores de IMC estão apresentados na Tabela 1.

Considerado eutrófico o IMC abaixo dos valores propostos como limite para sobrepeso, como sobrepeso o IMC igual ou acima dos valores do limite para sobrepeso e abaixo do limite para obesidade e como obeso o IMC igual ou acima dos valores propostos como limite para obesidade.

Não foram analisados dados de 634 crianças com idade inferior a dois anos, pois Cole et al. propuseram valores para crianças com dois anos ou mais. Outras 1.591 pessoas não foram consideradas na análise porque não tinham informações sobre peso e/ou altura. Sendo assim, a amostra final do presente estudo foi de 17.184 pessoas.


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