Recreação e turismo para todos

Enviado por Rafael Sanjuanbenito Aguirre - turismoturismo2003[arroba]yahoo.com.ar


Partes: 1, 2, 3, 4, 5
  1. O tempo livre nas sociedades do século XX
  2. Características gerais da demanda turística: conhecimento qualitativo e quantitativo dos grupos humanos
  3. Perfil da demanda portadora de necessidades especiais: As barreiras culturais à integração
  4. O conceito de recreação na atividade turística
  5. O conceito de qualidade na atividade turística
  6. Padrões de qualidade para atenção a pessoas portadoras de necessidades especiais, na atividade turística
  7. Referências bibliográficas
  8. Anexos

Padrões de qualidade para atenção a pessoas portadoras de necessidades especiais

Capítulo I -

O tempo livre nas sociedades do século XX

O ato de fazer turismo apóia-se na porção excedente de tempo subtraído ao trabalho e num certo nível de satisfação prévia das necessidades básicas. Esse tempo e esse nível de necessidades são fatores contingentes na medida em que dependem da avaliação pessoal que deles faz cada indivíduo, mas resultam necessários na hora de programar uma viagem.

O fator tempo resulta nas sociedades atuais, um bem escasso, que o indivíduo deve cuidar, para que a sua distribuição seja o mais equilibrada possível nas distintas áreas do seu uso. É um bem, mas não acumulável como o capital, razão pela qual sua medida e uso colocam o sujeito no imediatismo. Possui um valor no mercado, na medida em que é escasso, portanto a organização do seu uso resulta numa tarefa complexa para o homem de hoje.

Os autores marxistas falam de uma alienação do tempo livre nas sociedades capitalistas, enquanto que os representantes da corrente burguesa sustentam que o indivíduo possui plena e absoluta liberdade nas decisões e no emprego que faz do tempo livre. O que está aqui sendo questionado é o conceito de liberdade, ocupando o eixo central de um debate que intenta debelar se temos uma liberdade real em nosso tempo livre ou se esta nos tem sido alienada.

O certo é que o ideal de opulência construído na época da industrialização das sociedades tem resultado ser só parcial, pelo qual se impõe um sacrifício a certas áreas da nossa existência, entre elas, o tempo.

Fica demonstrado que um crescimento no nível do desenvolvimento econômico não traz como conseqüência natural uma maior disponibilidade de tempo livre, como se empenham em afirmar alguns analistas do fenômeno (que não enxergam o fato de que são as sociedades com mais alto nível de desenvolvimento as que impõem a seus membros maiores sacrifícios em seu tempo livre.)

Assim, o tempo livre sobra onde maior é a pobreza e fica escasso onde o nível de desenvolvimento alcançado é mais elevado. Se o ato de fazer turismo descansa, pois, sobre um bem escasso, lógico é que para poder sobreviver, exija porções cada vez menores de tempo, dando lugar a propostas que oferecem ao turista numerosos destinos em lapsos reduzidos de tempo, alterando, deste modo, o que se considera a finalidade do turismo: o conhecimento genuíno do lugar e a sua gente.

Desse modo, o fator temporal resulta, freqüentemente, inibidor na medida em que o viajante deve adaptar a sua curiosidade e seu olhar à tirania do calendário, conformando-se em presenciar só aquilo que se lhe oferece já revelado, sem lugar para a surpresa.

Nesse sentido pode-se dizer que realiza um ato que é repetição de esquemas preconcebidos e no qual sua função é a de assistir na qualidade de espectador e não na de protagonista.

A espetacularidade das imagens que percebe não dependem unicamente da sua forma de olha-las, mas de um cenário hipersaturado de estímulos que tem sido montado para que ele o desfrute passivamente. Isso não significa, de modo algum, que o indivíduo não encontre satisfação nele, mas que se tem acomodado às modalidades de usufruir instauradas pela cultura de massa.

As Motivações Do Ato Turístico

O estudo da motivação intenta dar conta daquelas motivações e valores que orientam a conduta do consumidor.

Uma motivação será positiva se move o sujeito ao consumo do bem ou serviço de que se trata, e será negativa se o inibe ou desanima na sua intenção.

Chamamos de valor o caráter precioso de uma coisa, atribuição que é pessoal na medida em que é o sujeito quem lhe atribui a capacidade de satisfazer uma necessidade ou deixa-o mais perto da sua meta. Nesse sentido há uma gama de valores intermináveis, já que os mesmos variam de um indivíduo a outro, e em distintos momentos da vida de um mesmo sujeito. Por exemplo, no momento em que um indivíduo só pode satisfazer a sua necessidade de alimento comendo pão, o pão terá para ele um alto valor, mas logo que tenha elevado seu nível econômico, e possa alimentar-se com pratos saborosos, provavelmente, o valor do pão, para ele, diminuirá. Aos 15 anos a beleza do objeto do amor pode ser um valor essencial, mas aos 80 anos será provavelmente o companheirismo.

Assim, os valores e motivações são elementos contingentes por sua variabilidade, o que não significa que qualquer objeto possa dar satisfação às necessidades de um indivíduo, mas que o mesmo varia de um para outro em função de características pessoais, tais como: idade, sexo, nível socioeconômico, estrutura da família, etc.

As Motivações Turísticas Em Função Do Desenvolvimento Pessoal

Segundo GARDE (1985, p37-43), pode-se dividir as motivações turísticas de um indivíduo em dois grandes grupos: aquelas que se encontram em função do desenvolvimento pessoal e as que estão em função de impulsos sociais. Entre as primeiras encontram-se:

  • as necessidades fisiológicas ou vitais;
  • as necessidades de segurança – risco;
  • as necessidades de estima e notoriedade;
  • os desejos de "auto-realização transitiva".

As necessidades fisiológicas ou vitais são tidas em conta na hora de planejar a viagem, na medida em que ter asseguradas as necessidades mais básicas opera como móbil positivo. Resulta natural que o ser humano busque ter garantidas as suas necessidades mais elementares para a sua sobrevivência, mas o modo como cada um julga o básico é o elemento contingente, variável de um sujeito para outro. Isso influirá na organização da viagem, nas eleições que se façam, na temporalidade, no destino e na estada. Por exemplo, certos destinos podem resultar mais onerosos que outros e certos indivíduos preferirão reduzir a sua estada neles, mas não sacrificar a categoria do alojamento, ou o conforto do meio de transporte, etc. por considerar que só desse modo conseguirão assegurar o nível do que consideram elementar para si próprios. No em tanto, outros julgarão o básico menos pretensiosamente, conseguindo permanecer no destino mais tempo ou viajar na temporada alta sem gastos maiores.

Pode-se assinalar que à medida que a idade do indivíduo aumenta, em linhas gerais, a tendência se orienta em direção a uma exigência mais estrita no cumprimento dessas necessidades elementares, que está associada a uma maior busca de certezas nos aspectos gerais da viagem.

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