Avaliação funcional de fototerapias utilizadas no tratamento de recém-nascidos com icterícia: um estudo comparativo em um hospital público e um particular de Maceió (página 2)

Através desse estudo, será possível sugerir melhorias na operação desses equipamentos, de forma que o seu funcionamento, e sua conseqüente função terapêutica, possam alcançar índices mais satisfatórios, podendo ampliar, de maneira significativa, o acesso a um maior número de recém-nascidos acometidos por esta enfermidade.

2.1 Introdução aos Equipamentos Fototerápicos

Após a introdução de Equipamentos Fototerápicos nos berçários, em meados da década de 60, tem-se pesquisado novas tecnologias capazes de torná-lo mais eficazes, no intuito de se minimizar problemas oriundos do uso dessa modalidade terapêutica, como é o caso da desidratação, ocorrida devido à incidência da fonte de luz diretamente sobre o paciente.

Devido a algumas dessas pesquisas, acabou-se por criar alguns novos equipamentos com mais recursos e maior poder de irradiação (termo utilizado quando se pretende falar dos parâmetros trabalhados pelo equipamento), os quais podemos citar: o Bilitron® (utiliza as tecnologias de componentes de última geração (Super Leds) para gerar uma irradiância muito superior aos equipamentos convencionais) e o Biliberço® (que incrementa a irradiância através do projeto estrutural voltado para a redução de perda da irradiância fornecida pelo contato relativamente próximo da pele do paciente com as lâmpadas), ambas marcas registradas por empresa genuinamente brasileira, a Fanem®).

Entretanto, poucas pesquisas têm sido voltadas para a questão da operação e do acondicionamento dos equipamentos de fototerapia, o que implica certo grau de relevância para esta pesquisa, pois entendemos que boa parte da ineficácia dos tratamentos da hiperbilirrubinemia em recém-nascidos tem haver com o mau uso e a forma inadequada de armazenamento dos referidos aparelhos, já que estes aspectos influenciam diretamente em dois pontos-chaves para o surgimento de bons resultados, que são a potência irradiada pelas lâmpadas (relativo às formas mais comuns de fototerapias) e o tempo do tratamento.

Para a realização desta pesquisa, foi feito um trabalho em campo e elaborado um questionário (conferir Anexo), onde continha apenas perguntas relevantes aos processos inerentes a situação funcional da Fototerapia, não sendo necessário trabalhá-lo com os operadores dos equipamentos ou qualquer outro funcionário; neste questionário existiam perguntas relativas aos processos de manutenção (periodicidade e informações inerentes aos processos), armazenamento, conservação (limpeza e desinfecção), de acordo com parâmetros encontrados na literatura atual (manuais técnicos, artigos, monografias, etc.).

A fim de que fosse possível responder a todas as perguntas do questionário, foi necessário o uso de um equipamento denominado Radiômetro®, da marca Fanem®, modelo 2620 (fornecido pela empresa Suportmed – Engenharia Clínica), capaz de medir a irradiância emitida pelos equipamentos fototerápicos, quando estes estão em funcionamento.

Para ter certeza de que as nossas medições condiziam com a realidade do que era emitido pelos aparelhos, certificamo-nos que o Radiômetro havia sido calibrado pela empresa Fanem®, fabricante do equipamento, através de seu número de Rastreio[2]em que constam as informações relativas aos processos de calibração e ensaio do Radiômetro.

Interpretaram-se também, de forma imparcial, todos os dados coletados nos questionários preenchidos nos dois hospitais, a fim de que resultassem deste trabalho informações verdadeiras e idôneas a respeito da situação real e atual das Fototerapias que são utilizadas para garantir uma maior sobrevida de recém-nascidos que porventura necessitem de tal tratamento.

Após a interpretação desses dados, foi elaborada uma tabela comparativa entre os resultados encontrados nos dois hospitais, em que constam pontos relevantes sobre a situação das Fototerapias, sendo que a maioria dos parâmetros comparativos encontrados na tabela foi retirada de artigo científico, e alguns outros foram introduzidos na tabela por serem considerados inerentes a quaisquer equipamentos médico-hospitalares.

Com a aplicação do Questionário de Coleta de Dados, tornou-se evidente a real situação em que os equipamentos fototerápicos encontram-se nas instituições de saúde pública e Particular pesquisadas durante a realização desta pesquisa, gerando assim, uma Tabela (ver página) com os resultados já interpretados e transformados em números, para que sua compreensão seja mais prática e rápida.

Após a elaboração da Tabela citada acima, pode-se averiguar que o nível de organização do Hospital Público é inferior ao do Hospital Particular, haja vista que em praticamente todos os pontos levantados e mostrados na Tabela (ver página), não existe registro dos serviços executados nestes equipamentos. Entretanto, sabe-se que estes serviços citados na referida Tabela são executados, pois uma grande parte dos equipamentos Fototerápicos encontra-se em adequado estado de funcionamento.

Ainda no Hospital Público, verificou-se um fato interessante: um dos equipamentos de Fototerapia encontrava-se parado, pois, segundo o pessoal que opera o aparelho, não estava funcionando. Entretanto, este equipamento encontrava-se em meio a outros equipamentos, que não Fototerapias, que estavam em adequado estado de funcionamento, segundo foi constatado por um dos operadores a pedido nosso[3]só que sem nenhuma identificação que caracterizasse o seu atual estado de funcionamento.

Já no Hospital Particular ficou evidente que há uma preocupação com a organização, pois todos os equipamentos possuem registros de serviços que por ventura tenham sido efetuados nos mesmos, sendo este um item de extrema importância quando se pretende implantar um Sistema de Qualidade, o qual, de acordo com seus próprios procedimentos, geraria melhorias em todos os processos tratados.

Contudo, o fato principal constatado quando da realização de todo este trabalho literário foi que, mesmo com toda a falta de organização encontrada no Hospital Público, sendo este aspecto totalmente contrário à realidade encontrada no Hospital Particular, comprovou-se que o nível de eficácia do tratamento da Icterícia é o mesmo em ambas as Instituições Hospitalares.

Uma vez que o principal parâmetro deste trabalho, a Irradiância fornecida pelos Aparelhos, tenha se mostrado além dos parâmetros mínimos observados na Literatura, o qual, segundo Modi e Keay (1983), não deve ser inferior a 4,2 mW/cm²/nm, enfatiza-se que a qualidade no tratamento está garantida.

Dessa forma, tornou-se evidente que os tratamentos fornecidos nesses hospitais possuem condições efetivas de gerar melhorias nos quadros clínicos dos recém-nascidos que são tratados pelos aparelhos Fototerápicos relatados nesta pesquisa, devendo permanecer assim, mesmo que haja modificações nos processos burocráticos, no caso do Hospital Público, os quais interferem na parte organizacional do setor de UTI Neonatal e Pediátrica, onde foi realizado o estudo, e onde se constatou algumas irregularidades, anteriormente mencionadas.

Durante toda a elaboração desta pesquisa, desde o seu início, quando se pensou como seria realizado o trabalho de coleta de dados[4]até a sua finalização, quando ficou evidente que os objetivos traçados por nós foram atingidos, principalmente através da Metodologia aplicada in loco com o uso de um Questionário elaborado por nós[5](conferir Anexo), foi possível verificar e constatar que o nível de eficácia no tratamento da Hiperbilirrubinemia Neonatal (Ictérica) ofertado nos dois Hospitais citados anteriormente, através da terapêutica Fototerápica aplicada nos pacientes acometidos por tal enfermidade, é o mesmo, diferindo apenas no que diz respeito à organização, que no Hospital Público deixou a desejar.

Ainda nesta pesquisa, pode-se elaborar uma Tabela Comparativa (ver página) contendo a interpretação imparcial de todos os dados coletados durante o seu desenvolvimento da mesma; e, através de uma linguagem simples, apresentamos os resultados dos dados coletados nos setores onde estão alocados os equipamentos, uma vez que nos empenhamos para adquirir, e conseqüentemente reproduzir, o máximo possível de informações íntegras e objetivas sobre a real situação funcional dos equipamentos de Fototerapia em um hospital Público e Particular da cidade de Maceió, no estado de Alagoas.

CARVALHO, M. de, LOPES, J. M., NETTO, D. Barreto. Fototerapia integral de alta intensidade para o tratamento da icterícia do recém-nascido. O uso da fototerapia em recém-nascidos. Revista Brasileira de Engenharia Clínica, v. 15, n.3, p. 109-113, set/dez, 1999. SBEB – Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica.

COLVERO, Aline Pieruccini, COLVERO, Mauricio Obal, FIORI, Renato Machado. Módulo de Ensino: Fototerapia. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 15, n. 2, abr/jun, 2005.

DUARTE, Ida, BUENSE, Roberta, KOBATA, Clarice. Phototherapy – Fototerapia. Anais Brasileiros de Dermatologia, p. 74-82, 2006.

ALMEIDA, Maria Fernanda B. de. Quando devemos iniciar a fototerapia em recém-nascidos pré-termo? Jornal de Pediatria, vol. 80, nº 04, 2004.

CARVALHO, Manoel de. Recentes avanços em fototerapia. I Simpósio Internacional de Neonatologia, RJ, 26 a 28 de agosto de 2008. Reproduzido pelo Dr. Paulo Margotto, Chefe da Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF.

KLIEMANN, Rubens, NOHAMA, Percy. Avaliação dos equipamentos de fototerapia no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal em maternidades de Curitiba (Brasil). Memórias II Congreso Latinoamericano de Ingenieria Biomédica, Habana 2001, mayo 23 al 25, 2001. La Habana, Cuba. Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

VIEIRA, Alan Araújo, LIMA, Carmem Lúcia Mendonça Accetta, CARVALHO, Manoel de, MOREIRA, Maria Elisabeth Lopes. O uso da fototerapia em recém-nascidos: avaliação da prática clínica. Revista Brasileira de Saúde em Maternidades Infantis, Recife, p. 359-366, out/dez, 2004.

QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS SOBRE SITUAÇAO FUNCIONAL DE FOTOTERAPIAS

• 1. Data da Coleta de Dados: ________________________________________________

• 2. Hospital: _____________________________________________________________

• 3. Identificação do Equipamento:

• a. Aparelho: _______________________________________________________

• b. Marca: _________________________________________________________

• c. Modelo: ________________________________________________________

• d. Número de Série: _________________________________________________

• e. Patrimônio: _____________________________________________________

• 4. Setor em que se encontra o Aparelho: ______________________________________

• 5. Situação Estrutural Superficial: ___________________________________________

____________________________________________

• 6. Registro de Limpeza e Desinfecção: ________________________________________

• 7. Registro de Reposição de Lâmpadas (quando houver): _________________________

____________________________________________

• 8. Registro de Aferição da Irradiância:

• a. Registrada (Última): ______________________________________________

• b. Coletada (Atual): _________________________________________________

• 9. Registro da última Manutenção Preventiva (Descrição dos Serviços Efetuados):

____________________________________________

• 10. Registro da última Manutenção Corretiva (Descrição dos Serviços Efetuados):

____________________________________________

• 11. Armazenamento: _______________________________________________________

_______________________________________________

• 12. Observações Pertinentes:

Dedicamos este trabalho a todas as crianças de nosso país.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos familiares, por nos apoiarem em nossos empreendimentos.

Autores:

Clédston Marinho Palmeira Barros

cledstonbarros[arroba]gmail.com

Sérgio Leite Tenório

TRABALHO DE CONCLUSAO DO CURSO SUPERIOR TECNOLÓGICO DE SISTEMAS BIOMÉDICOS

Orientador: Professor Dr. Marcio Andrade

Maceió, junho de 2009.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALAGOAS – UNCISAL