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A Contribuição das Práticas Pedagógicas Inovadoras na Formação do Autor Cidadão (página 2)

Lisete Maria Massulini Pigatto

Educar-se requer cada vez mais acesso a informações e conhecimentos para desenvolver um cidadão autônomo, participativo, justo, com responsabilidade social. A Portaria nº 35 de 27 de fevereiro de 1998 do Ministério da Fazenda ao oficializar o grupo para atuar com este tema, estabeleceu o objetivo de "promover e coordenar as ações necessárias à elaboração e a implantação de um programa nacional permanente de Educação Fiscal," no intuito de despertar a sociedade para o exercício da Cidadania pró-ativa de forma criativa. Uma modalidade educacional, voltada a uma Educação Social de qualidade que preconiza os quatro pilares básicos da Unesco: aprender a Conhecer, aprender a Fazer aprender a Interagir e aprender a Ser (Delors, 1998) como elementos fundamentais e importantes para que as pessoas enfrentem os problemas que as afligem numa proposta de Inclusão Escolar e Social.

A Conferência de Paz que colocou fim à Primeira Guerra Mundial em 28 de abril de 1919 criou a SDN – Sociedade das Nações ou a Liga das Nações. Uma associação intergovernamental, de caráter permanente baseada nos princípios da segurança coletiva, cooperação econômica social e humanitária, de igualdade entre os estado soberanos. O sentimento pacifista difundido leva as pessoas a buscar cidadania que "se expande e se afirma na sociedade à medida que os indivíduos adquirem direitos e ampliam sua participação na criação do próprio estado. (PEF, p. 21)" A educação como um processo de humanização, adapta-se ao longo do tempo ao novo paradigma que se instala no mundo, o qual instiga a lidar melhor com a globalização e as suas formas de expressão. Assim, aponta a Educação Social como uma proposta viável, capaz de instigar as pessoas à inclusão escolar e social saudável, como uma contraproposta a globalização que procura conquistar apenas comercialmente os países. Na visão de Eguiazú (2002, p. 80) estes querem dominar todos os terrenos "teniendo como uma de sus poderosas herramientas los prestamos y creditos, para "ayudarnos" a desarrolarnos y", quando na verdade estamos cada vez mais empobrecidos.

No intuito de aprender a lidar melhor com a globalização e a diversidade de forma alternativa e interativa com acessibilidade é que se desenvolve este trabalho com os alunos na escola. No intuito de colocar em grau de igualdade e importância os princípios e os valores para a ética, assim como a cultura e a moeda, pois esta deve ser vista como um elemento de troca saudável e não como um instrumento de medo e opressão (Freire, 1987). A moeda é de fundamental importância para impulsionar o desenvolvimento educacional e socioeconômico de um país. Facilita as operações de compra e venda, instiga a arrecadação de impostos para superar as crises materiais e subjetivas, ajudando a organizar e distribuir a renda na sociedade. Segundo Carvalho (2008 p, 38) "o homem é, em Morin, um ser complexo porque é um ser biocultural, onde a dimensão do individuo não deixa nunca de se relacionar com a de espécie e a com a de sociedade, mesmo enquanto ser livre" para ser uma pouco mais feliz.

Sendo assim, as instituições precisam incentivar as práticas pedagógicas inovadoras, os acordos e as parceiras para encantar o aluno. Oportunizar vivências reais, associando a teoria e a pratica para conseguir sucesso nas operações de trocas e nas redes de apoio. Percebe-se assim, que a ausência dos elementos capazes de humanizar e emancipar o aluno impede o seu desenvolvimento integral, inibindo a ação e a transformação individual e coletiva na sociedade Um processo sócio-educativo que precisa ser desenvolvido de forma saudável em todas as etapas na vida de uma pessoa para que obtenha êxito na convivência.

O Projeto justifica-se devido à necessidade em trabalhar o processo de Inclusão Escolar e Social de forma saudável por meio de Práticas Pedagógicas Inovadoras diversificadas. Em função da depredação que vem ocorrendo na escola e dos preconceitos enfrentados por um numero significativo de alunos. Devido à ausência de informações, conhecimentos e empatia por parte de alguns colegas de aula mal preparados e orientados, bem como as condições muitas vezes precárias em que vivem e convivem os nossos alunos.

Estas são as razões que nos instigam a desenvolver projetos desta natureza, para que os alunos consigam aprender a agir e a reagir com mais segurança frente aos desafios apresentados pelo contexto. Devido a esta complexidade, opta-se pela Educação Social, que se caracteriza como uma filosofia, uma ideologia que tem o objetivo de desenvolver o Ser Humano como um Ser Integral, capaz de contribuir com o desenvolvimento e o aprimoramento da sociedade. Nesta perspectiva o Programa de Educação Fiscal e o PIM – Programa para uma Infancia Melhor complementam-se com a proposta desenvolvida na escola. A Educação Social constitui-se no novo paradigma da educação que se desenvolve no mundo e se estende ao serviço social de empregados e empregadores. Segundo Haro, Andrés Escarbajal de; " La Educacíon Social en Marcha", Nau Llisbres Valencia, (1998) orienta-se à polivalência de modo a amenizar os problemas, contribuir com a evolução e a melhoria da sociedade. Para isto intervem nas mais diversas faixas etárias, com crianças, jovens, adultos, idosos, em diferentes contextos sociais, culturais, educativos e econômicos para transformar.

Uma polivalência interventiva que favorece a Inclusão Escolar e Social. Portanto este tipo de educação exige a construção da escola como um sistema aberto, "pois há um movimento constante de seus membros." (Oliveira 2004, p.15) Uma modalidade de ensino aprendizagem que estimula, motiva e oportuniza o acesso à educação para todos, de modo que possam alcançar qualidade de vida. A Educação Social na escola, associada ao curriculo estende-se de forma direta e indireta as famílias e a comunidade, pois os alunos são os divulgadores das informações e dos conhecimentos trabalhados de forma crítica e reflexiva na sala de aula e nas oficinas de sensibilização com temas de relevancia social.

Nesta dinâmica a escola oferece acesso às informações e aos conhecimentos as pessoas, de acordo com as suas necessidades e potencialidades para que todos consigam aprender a aprender, aprender a fazer, a Ser com autonomia para viver juntos. (Delors, 1998) Numa proposta de aquisição de saberes que levam a desenvolver habilidade e competências para que se obtenha qualidade, pois segundo o PEF (2003, p. 11) uma "escola de qualidade é aquela que ensina a aprender", que oportuniza vivenciar a realidade com criatividade.

O Projeto ajusta-se anualmente, fundamenta-se no Relatório Faure (1974) quando se refere à educação permanente e as Cidades Educativas. No Relatório Delor (1998) ao apontar o homem biológico e filosófico como um Ser inacabado, que necessita aprender para viver e evoluir. Na Pedagogia da Consciência Crítica de Freire (1921 a 1997) ao salientar a importância das relações dialógicas problematizadoras e o respeito à subjetividade humana como condição para a ação e a transformação social. Nos Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro e na Teoria da Complexidade de Morin (2001), quando apontam os saberes como elementos fundamentais para que os alunos aprendam a lidar com os problemas e participar do processo de humanização e emancipação com justiça e responsabilidade social.

A proposta desenvolve-se numa sucessão de Temas, Ações e Atividades Educativas vinculadas ao contexto e ao currículo de forma significativa, concomitantemente ao trabalho desenvolvido pelo Professor em Sala de Aula. A Metodologia Recreação e Cidadania[1]utilizada consistem numa diversidade de Práticas Pedagógicas Inovadoras, desenvolvidas de forma alternativa e interativa com os alunos e Professores. A dinâmica alegre e divertida leva-os a atingir os objetivos propostos manifestando vontade em aprender, a fazer, a viver e a conviver com o outro. Nas Oficinas de Recreação e Cidadania, de Sensibilização e outras, trabalha-se a Formação do Autor Cidadão por meio da Arte com dinâmicas lúdicas, recreativas e sistematizadas. Para isto conta com o saber formal da escola, o informal coletivo, as informações e os conhecimentos da Educação Fiscal, para instigar nos alunos e na comunidade a necessidade de conhecer o sistema e a ordem, desenvolvendo as habilidades e as competências imprescindíveis para o exercício da cidadania pró-ativa.

Os Temas trabalhados por meio do Teatro Musicado destacam em 2005 os cuidados com a Ecologia no Planeta e a necessidade em resgatar a nossa historia por meio da Imigração. No ano de 2006, salienta a Importância da Rádio e da Comunicação para desenvolver a Cidadania Pró-Ativa. Em 2007, na peça "No Mundo das Letrinhas" destacam os símbolos como elementos de comunicação e aprendizagem importantes ao ser humano. No ano de 2008 à dinâmica desenvolvida com o Circo vem trazer alegria para a Cidade até então adormecida. Em 2009 destaca o trabalho realizado com "A Evolução Humana", o qual leva o aluno a conhecer as fases naturais do desenvolvimento: a infância, a adolescência e a idade adulta, instigando-os a superar as suas crises sejam materiais ou subjetivas.

As dinâmicas desenvolvidas com a metodologia apresentam bons resultados. Favorecem o desenvolvimento da aprendizagem e da Cidadania pró-ativa nos alunos de forma ética, estética e inclusiva. No teatro musicado e nas Oficinas de dança realizadas percebe-se o desbloqueio emocional do aluno e a sua superação por meio das vivencias, que ampliam as memórias e o estado de consciência. A dança tem ajudado os alunos a superar o medo de aprender a aprender, a fazer e a conviver. Atua como um elemento capaz de melhorar a motricidade fina e ampla, as noções de tempo e espaço, os hábitos e as atitudes fundamentais para o desenvolvimento do comportamento humano de forma saudável. Ao interagir com o outro se identifica como um autor cidadão, capaz de pensar, manifestar o seu pensamento e resolver os problemas com criatividade por meio do dialogo. Percebe-se que o Projeto Alegria ajuda a prevenir a violência, minimiza a insegurança, oportunizando acordos e parcerias. Gradativamente resgata-se a auto-estima e a afetividade dos alunos, melhorando concomitantemente o comportamento, a cognição, o processo de inclusão escolar e social.

Ao trabalhar a formação do autor salientam-se três etapas: início, o meio e o fim do texto que ajuda a organizar o pensamento do aluno, pois se inicia o brincando de teatro. A dinâmica estimula, motiva e oportuniza ao aluno a fazer amizades e a interagir com o outro. Desperta interesse pelo saber e pela pesquisa de forma alternativa e interativa. Constata-se que muitas dificuldades já foram superadas, alunos com problemas de locomoção, fazem um esforço para dançar e subir no palco. Quem não se manifestava, já articula palavras, demonstra vontade de aprender a ler, a escrever para descobrir conceitos e os conteúdos de forma divertida e sistematizada. A proposta inter, trans-disciplinar e multidimensional associa-se ao trabalho de outros Professores numa Gestão de equipe com muita qualidade.

Assim, comprova mais uma vez a relevância da Metodologia Recreação e Cidadania, pois os alunos aprendem a aprender, a respeitar-se, a conhecer o seu tempo e o seu espaço social de aprendizagem por meio das práticas pedagógicas inovadoras. Os laços sócio-afetivos desenvolvidos nas atividades tornam-se cada vez mais fortes, motivando-os a humanização e a emancipação. A dinâmica instiga a uma Cultura de Paz, trabalha com um planejamento muito bem organizado e diversificado, com perseverança e fé em Deus para o sucesso. Conclui-se, que o trabalho sócio-educacional desenvolvido no Projeto Alegria é de relevância social e merece destaque pela inclusão escolar e social que ajuda a promover na sociedade.

Referencia Bibliográfica

CARVALHO, Adalberto. Edgar Morin e a renovação do humanismo. Disponível em: . Acesso em: 20.08.2007. CORREIA, W. F. Subjetividade, o que é isto?

DELORS Jacques, Educação um tesouro a descobrir. SP: Cortez. Brasilia: Unesco, MEC 1998.

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EGUIAZÚ, Pedro. Globalizacion y autoestima. Editorial paraguay cultural: PY. 2002.

FAURE, Edgar. Aprender a Ser. Lisboa. Bertrand. Difusão européia do Livro, 1974.

FREIRE Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998, 1999.

___________ Pedagogia do Oprimido. 17 ed. RJ: Paz e Terra, 1987.

GREWE, Silvia. Coord. Programa de Educação Fiscal: aprendendo a ser cidadão. 2ª Ed. Secretaria da Fazenda do RS, 2005.

HARO, A. La Educacíon Social en Marcha. Nau Llisbres: Valencia. 1998.

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PIGATTO, Lisete. 2008. A Prática Pedagógica desenvolvida com o Projeto Recreação e Cidadania na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maya Bertoia na Cidade de Santa Maria, no intuito de delinear o Perfil do Professor para atuar com a Inclusão Social. Tese Doutorado. Disponível em: https://www.monografias.com/pt/trabalhos3/pratica-pedagogica-dos/pratica-pedagogica-dos.shtml. acesso 03.05.09.

PIGATTO Lisete. 2007 Projeto Recreação e Cidadania 2007. Disponível em: http://www.cibersociedad.net/recursos/art_div.php?id=239 acesso em 05 de setembro de 2008.

Relatório Faure 1972 in Wiethein J & Cunha C. Fundamentos para uma nova educação. Brasilia: Unesco. 2000.

SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 5ª Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Ed. 2008.

TAVARES, G; GERBASE F; OLIVEIRA R; GOMES, S. Programa de Educação Fiscal: Manual do Professor. Alagoas, 2001.

WIETHEIN J & CUNHA C. Fundamentos para uma nova educação. Brasilia: Unesco. 2000.

 

Autora:

Lisete Maria Massulini Pigatto

lisetepigattoaid[arroba]yahoo.com.br

Lisete Maria Massulini Pigatto é Drª em Ciências da Educação pelo Acordo do Mercosul, UTIC, PY. Atua como Educadora Especial no Sistema Estadual e Municipal de Ensino na Cidade de Santa Maria, RS, Brasil.


[1] Metodologia Recreação e Cidadania in: Pigatto Lisete. 2007 Projeto Recreação e Cidadania 2007. Disponível em: http://www.cibersociedad.net/recursos/art_div.php?id=239 acesso em 05 de setembro de 2008.



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