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Globalização e género. Que futuro se espera nos paises em vias de desenvolvimento(página 2)


Cabe aqui uma breve consideração. A globalização não é necessariamente um caminhar em comum para o desenvolvimento social do mundo. É ante de tudo, uma filosofia com metodos e tecnicas para a subordinação de uns pelos outros sem criar conflitos, quer dizer, as sociedades menos desenvolvidas se darão conta por si do quanto tem para dar no dito processo global e o quanto valor que eles tem como produto proprio, para logo reconhecerem a menoria e a invalidade do que é seu em vantagem do do outro. Este facto vai produzir ou melhor retomar a velha dogma de que existem culturas mais desenvolvidas e menos desenvolvidas. Coisa que foi refutada pelas filosofias ou correntes panafrinanista, negritude, nacionalismo, independentistas, etc.

A cristianização das sociedades foi um dos grandes movimentos na direcção da globalização, expandindo a cultura ocidental servindo-se como capa a Fe cristã . Este movimento, visava a legitimação na conquista de territórios e riquezas, para alimentar as suas industrias, e por outro lado, garantir o mercado para as suas manufaturas. Este tipo de ansiedade nunca desapareceu, sempre guiou o raciocinio e desejo dos paises chamados desenvolvidos.

O sonho por um mundo sem fronteiras, unificado na comunidade de classe dos trabalhadores, também encontrou eco no pensamento socialista. Rosa Luxemburgo, Trotsky e o próprio Marx, sonhavam com um só mundo socialista.

A atual proposta de globalização transmuta a utopia da cristianização, do pensamento socialista ou a de "trabalhadores do mundo todo uni-vos" para a realidade de um mundo dominado pelas ideias neoliberais de um só capital. Mas de quem é esse capital? Uma só vós mas de quém é essa vós?

O fato é que, do ponto de vista da globalização a partir da optica economica para os paises do terceiro mundo, se precisa pensar urgentemente em alternativas que assegurem empregos e direitos a uma parcela cada vez maior da população excluída pela propria filosofia globalizante.

As mulheres sao um trunfo importante na integração nacional dos estado, convista a elevar o nivel de participação e consequentemente da produção. O processo de integração deve partir de dentro de cada comunidade, provincia, país e logo regional, continental e anivel mundial, nao podemos-nos globalizar enquanto a nivel interno mantemos uma estrutura fraccionada e fortemente esquartejada com base as exclusões. A globalização das mulheres passa por uma lavagem cultural de homens e mulheres para a comprensão dos papeis que sao biologicos e os sociais. A cultura nacional autotóna não é responsavel pela discriminação da mulher, pelo contrario, as culturas africanas tem na mulher a representante de DEUS PROPRIO. A mulher nas sociedades africanas, representa a vida de uma comunidade, é a que dá continuidade da propria existencia tanto biologica assim como cultural. O seu trabalho constitue a base de subsistencia alimentaria das familias. É a mulher que se ocupa da agricultura, sector primario para os paises em vias de desenvolvimento ou seja os paises que nao tem a industria desenvolvida. A agricultura é considerada o impulso do desenvolvimento e da industrialização.

Dentro deste panorama, cabe as sociedades retomar o papel de regulador e coordenador do desenvovimeto econômico e social. O emprego nas mulheres deve aparecer como prioridade para todo o sujeito humano (homem e mulher), as estratégias de desenvolvimanto devem ter como horizonte a geração de novos postos de trabalho que asseguram a integração total e não parcial dos sujeitos. Precisamos construír uma alternativa ao individualismo e a concorrência do neoliberalismo. Precisamos articular uma sociedade solidária capaz de, também, construír formas de economia solidária, e passivel de globalizar

A crise de desemprego que se acentua nas mulheres tem trazido situações pessoais e familiares dramáticas. É uma situação de discriminação incompreensível vivida pelas trabalhadoras que querem trabalhar, podem trabalhar, precisam de trabalhar, sabem trabalhar e não tem oferta de trabalho para lhe absorver simplesmente porque são mulheres, claro utilizando um sem fim de justificações.

Esta é a insólita equação que a globalização nos coloca principalmente para a população feminina. Ao mesmo tempo em que ela mundializa questões, mostra igualdades e diferenças, ela faz emergir a questão local.

Todavia, a globalização não deve significar a perda de um projeto para o país, já que questões estruturais não são alcançáveis pela ação externa. As reformas nacionais representam, assim, não a substituição de um projeto, mas a criação de novos espaços de politização e construção democrática, incentivando a construção da dimensão pública na sociedade civil. E que parte da integração de mulheres com o proposito de minimizar as exclusões sociais que o proprio procecesso/filosofica condiciona.

O estado nao é o unico que exibe a exclusividade pela responsabilidade social de garantir uma integração nao excluente das mulheres, ela se distribue por cada um de nós no exercicio e no assumir quotidiano dos nossos papeis, em cada setor de actividade social.

Múltiplas experiências, entre as quais a mais abrangente é a do exercicio eleitoral que as mulheres são integradas de forma igual com os homens. Aqui se reconhece a importancia da participação de todos como um espelho de um exercicio democratico e globalizado concreto e verdadeiro.pois devemos adoptá-lo para a sua implementação nos vários sectores e actividades, porque de facto entre o homem e a mulher se constroe a sociedade.

Na segunda metade dos 70 e nos anos 80 os movimentos sociais e as mulheres, representando o novo, exigiram a inclusão da atenção às suas necessidades nas pautas governamentais.

A tendência das respostas, todavia, foi pontual e não universal, ou ainda, traduzida em intervenções parciais. Por exemplo, a construção de um posto de saúde para melhorar a atenção as mulheres gravidas, de um hospital ou de uma escola, não significaram necessariamente o atendimento instalado, ou mesmo um padrão de qualidade desejado nesse atendimento. Significou sim, um caminho para a minimização das diferenças e do sofrimento que as mulheres enfrentavam em prol do desenvolvimento da propria sociedade.

Esta passagem da resposta parcial, em quantidade e qualidade, das demandas dos movimentos para sua universalidade transita pela incorporação desses direitos não só pelos estados nacionais, mas sobretudo pela sociedade, dentro do processo de globalização. Trata-se, no caso, não só de alterar o sistema excludente como mostraram os movimentos sociais, mas a sociedade excludennte.

No caso é uma mudança cultural que se coloca no processo de civilização da sociedade naquilo que se poderia denominar de padrões humanos de vida e de viver.

O processo de globalização na sociedade capitalista, ao contrário do que possa parecer, não é um processo novo. Ele já acontece há muito tempo e teve muita importância no final do século IX, com outro nome: imperialismo. A tentativa de um processo que viesse a unificar o mundo encontra, muito antes, antecedentes na história da humanidade. As cruzadas, na Idade Média, deram início ao desejo de um só mundo. O capital e a cultura estão percorrendo hoje o caminho que a fé realizou há 500 anos, e invisibilizando sempre a mulher.

GLOBALIZAÇAO E GENERO

Contexto actual da participação da mulher

Um dos principios basicos das nações unidas é o reconhecimento da igualdade de direitos entre homens e mulheres expresso na carta fundamental (1945) e na declaracao universal dos direitos humanos (1948). Porém a preocupacão pelos temas que afectam os interesses das mulheres não tem se manisfestado sempre de igual maneira nas ultimas decadas.

Ate os anos 60, esses temas estavam contidas dentro dos direitos humanos, mas antes era uma actividade marginal dentro das nacoes unidas. A partir dos anos 70 muda a perspectiva e se começa a reconhecer o papel das mulheres no desenvolvimento social das sociedades. Utilizando a formula "integrar as mulheres no desenvolvimento". Apesar de que nunca deviam ter deixado de participar no desenvolvimento dos seus povos.

Na practica o aporte das mulheres no desenvolvimento tem sido geralmente ignorda por investigadores, estatisticos e planificadores. Frequentemente se lhes apresenta como economicamente inativas, mesmo quando o seu trabalho resulta indispensavel para a sobrevivencia familiar e, na maioria dos programas e projectos para o desenvolvimento, se lhes reconhece apenas o seu papel de reprodutoras como a unica contribuicao que brindam na sociedade, enquanto que as suas actividades produtivas permanecem camufladas entre os seus labores domesticos e familiares.

Duas decadas depois que as n.u. oficializou a atencao para as mulheres no mundo, o desbalance imparcial revela o contraste entre a progressiva expançao do interesse pelo tema e, por outro lado o crescente deterioro das condicoes de vida da populacao feminina. Os esforços de muitas mulheres e homens ativistas e academicos para promover politicas que beneficiam as mulheres, a producao do diagnostico, material e metodologias educativas, e ate a maior visibilidade das mulheres como actores sociais, descurrem por vias paralelas ao desplomar do estado do bem estar, a concentração de riquezas e a intronização do novo liberalismo (Barrig, 1994)

As conferencias internacionais celebradas nos anos 90 tem ido forjando um novo paradigma destinado a orientar as politicas de desenvolvimento e a cooperação internacional a favor de um desenvolvimento humano sustentavel em todo o mundo.

Esta concepção integral do desenvolvimento consta de duas dimensões inseparaveis.

  • Uma é a formação das capacidades humanas, que redunda na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

  • A outra é a participacão na sociedade de forma condigna, a oportunidade individual de ter opções e tomar decisões na vida da comunidade. E que deve ser sustentavel ou viavel a largo prazo tanto em termos de aquisição de prestigios assim como no ambito social.

O desenvolvimento não poderá ser global enquanto a população permaneça excluida das actividades economicas e da participação politica por falta de capacitação e oportunidades para a sua integraçao na vida social.

Se partimos da concepção de um desenvolvimento humano concentrado nas pessoas cujo o objectivo é ampliar as oportunidades e aumentar a participaçao de todos, se segimos excluindo as mulheres das muitas oportunidades de vida, distorsionaria totalmente o processo para o desenvolvimento autonomo e global mesmo em termos locais ou nacionais.

O outro é o fenomeno ligado a exclusão do genero no processo da globalização. Aapesar de nao ser um fenomeno novo se sinalam varios periodos de globalização historica; mas hoje em dia essa globalização se caracteriza pela hegemonia das politicas do libre mercado que configuram os sistemas politicos, economicos e sociais a nivel mundial, e que propugnam o crescimento economico como a panacea para a solução de todos os problemas. Na practica esta politica da globalização, nao faz mais nada que ampliar as diferenças entre os pobres e ricos, entre os paises e outros sectores, especialmente entre mulheres e homens, ignorando por completo o conceito de genero.

Neste quadro as condições de vida nos paises em vias de desenvolvimento nao se esperimenta nenhuma mudança positiva em termos de desenvolvimento senao um aceveramento da dependencia e o crescimento quase insensante das metamorfoses de dependencia. A desintegraçao social continua a produzir mudanças nas estruturas familiares, o que pode provocar um maior debilitamento economico-social e prejudicar os esforços para o desenvolvimento ja iniciado. O reconhecimento e preservação dos bens autotonos estão a sofrer uma decadencia a favor das economias e culturas externas.

Para que se dao as mudanças de atitudes, a participação das mulheres a todos os niveis, é um facto necessáriotanto e fundamental desde uma perspectiva etica dos direitos humanos como desde uma perspectiva de eficiencia, que costuma ser o argumento utilizado pelo Banco Mundial e outros organismos internacionais, que se plasmam no eslogam " invertir nas mulheres e rentavel".

Porém temos que ter em conta que , apesar de algumas mulheres, a nivel individual e em circunstancias muito concretas, poderem ser visiveis a sua intervenção, no geral as mulheres nao tem sido socialmente reconhecidas como um grupo generico com suas caracteristicas especificas de classe, raça, cultura, religião dentro do processo social, com capacidades para produzir mudanças principalmente na área economica.

Neste sentido, é necessario insistir em que o termo "mulher ou genero feminino" nao comporta uma categoria universal aplicavel a todas as componentes do colectivo feminino. As diferenças do poder, as distintas possibilidades de desenvolvimento pessoal e de acesso a riqueza, a desigual participação no processo social, o pertecer a uma ou outra raça ou cultura, as diferentes normas religiosas, se manifestam de forma diversa segundo a sociedade que vivem as mulheres. Pois assim mesmo, dependem do nivel de desenvolvimento, do modo de produção e do sistema socio-politico e cultural dessa sociedade.

Uma forma de ver, quando começa a preocupação pelas mulheres no desenvolvimento, é observar, isto é estar-se atento a evolução experimentada pelas mulheres nos diversos organismos tanto internacionais como nacionais, nos diversos paise do mundo e em especial para os paises em vias de desenvolvimento.

O processo de colonização exercida pelas potencias europeas foi o primeiro periodo de globalização e o inicio da hegemonia ocidental no mundo. As politicas do desenvolvimento com respeito as mulheres tem muita relacao com os esforços dos colonizadores ocidentais em reforçar a dominaçao masculina.

Durante a colonizaçao, os métodos empregues retiraram as mulheres das sua funçoes na economia, na politica, e praticas religiosas que supunham um alto grau de participação e nao um protagonismo forte.

Em este sentido, a divisao entre os espaços femininos e masculinos, que havia sido implantada na europa foi-se introduzindo nas regiões de Africa, Asia, America Latina, como um reforçamento das relações desiguais que as culturas nacionais exibiam como o trofeu do poder tribal ou tradicional.

Como herança destas interação, se assiste actualmente uma dicotomia entre os postos ocupados pelos homens e as mulheres: uma divisao entre o sector publico de produção moderna e politico dominado pelos homens, ligado ao comercio internacional e assuntos externos, com o progresso, mobilidade, crescimento economico e educação formal, um sector privado, solitario, reprodutivo-estatico reservado ás mulheres que se caracteriza como tradicional e conservador, sem nenhum valor, nem prestigio, e limitado a uma educação informal que reforça a sua subordinação. A interveçao deste grupo social na esfera da produção está desenhada de forma desigual, o acesso das mulheres no mundo do comercio a elevada integração nos sectores marginais no acesso ao dinheiro, são mostras das desigualdades sectoriais e de genero.

O segundo periodo da globalizaçao se inicia depois da segunda guerra mundial e se caracterizou por um processo de integraçao e penetraçao da economia e politica dos paises do chamado terceiro mundo num intento de generalizar a nivel mundial o sistema de produção e consumo dos paises industrializados e tambem como alternativa ao consumismo para os paises recem independentes. Este processo veio como a validar as filosofias antes concebidas, no sentido de criar um mundo para se escoar a produção da industria europeia e validar a existencia de uma reserva em termos de produtos manufaturados e mao-de-obra. Se prestarmos a maior atenção as formas de agir, nos daremos conta de que os paises chamados do terceiro mundo, apenas sao quintais dos mais desenvolvidos e a relação é herarquica.

Ha uma convicção de que si se aplicar bem as politicas de desenvolvimento se conseguiria passar da pobreza a um bem estar, do subdesenvolvimento ao desenvolvimento, de uma situação primitiva e tradicional a uma moderna industrializada. Também dentro desta logica, os assuntos das mulheres e de outros grupos das minorias seriam considerados como um problema de integração no processo de desenvolvimento que a sua ausencia encontraria as suas perspectivas e os seus preconizados objectivos.

A estrategia de desenvolvimento com base a filosofia de globalização está dominada pelo optimismo e confiança na modernização-bem estar atraves da industrialização e da transferencia tecnologica, para os paises de menos tecnologia com base a uma relação nao especificada. Mas tudo isto nao passa de uma escrita que a sua concretização implica um conjunto de acordos que nada tem haver com o espirito da filosofia de globalização (um mundo); porque logo a partida ha uma interação de elementos desiguais de forma desigual. A integração dos menos desenvolvidos será como uma coersão, pois o farão porque o mundo diz, quem e o mundo? – os paises desenvolvidos-o patriarca aquel que manda, aquel que dita o que se deve fazer-. Este fenomeno remete aos exemplos e vivencias que as mulheres sofreram e sofrem com a cultura machista, que apesar de exercerem papeis importantes na sociedade, nao são reconhecidas como tal.

As mulheres são protagonistas fundamentais nos planos e programas de control de natalidade como forma de viabilizar os programas de desenvolvimento pois se nota que o desenvolvimento economico nao avança de igual forma com o desenvolvimento da população, razao que na ciencia demografica se demandava a intervenção das mulheres como actores principais nesta filosofia. Apesar desta intervenção peculiar continuaram a ser consideradas a população mais vulneravel e menos beneficiaria dos direitos sociais. Como esposas dependentes e mães, não tem participação activa si não a de ser receptoras de alimentos e serviços na esfera da reprodução social. Inscluso nos programas de educação não se consideram prioritarias, pois so podem aceder àquelas actividades que lhes ajuda a reforçar o modelo de donas de casa similar a de mulheres de classe media que imperava no ocidente.

Levantar estas questões se tenta dar resposta as necessidades practicas do género mediante as analises das correntes e filosofias que ajudam comprender os verdadeiros entraves que o processo de interação perpectua atraves do exercicio das normas e valores que subtilmente guiam o raciocinio e as formas de agir de cada sujeito dentro do principio de globalização.

PASSOS PARA A VISIBILIZAÇAO DAS MULHERES NO DESENVOLVIMENTO

Irene Tinker, uma das mais moderadas investigadoras sobre o papel social das mulheres do terceiro mundo considera que os desastres, efeitos do desenvolvimento resultam dos erros que podem estar na origem da planificação, a saber:

  • 1. A omissão ou o fracasso para reconhecer e utilizar os papeis produtivos das mulheres;

  • 2. o reforço dos valores conservadores que limitam o papel das mulheres donas de casa - reproducao e cuidado;

  • 3.  e o erro de impor os valores ocidentais.

A filosofia de integrar a mulher no desenvolvimento cuja a estrategia é na integração das mulheres no processo de desenvolvimento foi adoptado por muitas agencias internacionais principalmente a USAID.

Dentro do saber cientifico a questão mereceu uma atenção especial. Tal e que o primeiro passo que deve ser perseguido é a visibilização das mulheres como categoria nas investigações e nas politicas de desenvolvimento; com a certeza de que ao fazer-lhes visivel a sua contribuição à economia será crescente e se eliminarà a marginalização no processo de desenvolvimento. Este passo só por si não é suficiente para eliminar os esteriótipos e prejuizos culturais, tanto dos proprios planificadores assim como das proprias mulheres, mas sim, uma tentativa de dar lugar a uma planificação mais equitativa.

Perante um crescimento da pobreza e a sua identificação com conceito de mulher se deve reconhecer o papel destas como chefes de familias e responsaveis de cobrir as necessidades básicas de familias de baixo rendimento. O enfoque antipobreza parte de que a desigualdade entre homens e mulheres não está ligada apenas a subordinação mas também às condições de pobreza em que a mulher se encontra. Enfatizando, porem, que as mulheres são as mais pobres dos pobres, são as menos ricas dos ricos, sao as menos poderosas dos homens do poder, são as menos directivas dos directivos, etc, etc. Esta situação, necessita de uma mudança do enfoque na formulação dos modelos alternativos de economia e de desenvolvimento social rumo a globalização. As filosofias actuais necessitam de se orientarem a erradicar a pobreza destacando o papel das mulheres na satisfação das necessidades basicas.

E para isso, passa por se incorporar a filosofia de "mulher no desenvolvimento" em relação aos papeis produtivos das mulheres reconhecendo que essas responsabilidades tem um componente economico e requerem medidadas de um olhar nos ingressos tanto da familia como comunitarios. As mulheres, constituem um bloque economico que nao se deve ignorar no processo de globalizaçãoa que as sociedades se lançam; porque o seu produto apresenta-se de forma multifacetico, ora como, o alimento para a familia, ora como o que mantem viva a vida em colectivo, garantindo a produção da cemente. Por outro lado, o aspecto cultural, se faz presente, embora afecte ambas partes, mas o seu tratamento merece uma atenção especial por parte da sociedade e das politicas de desenvolvimento em particular – globalização.

Se tornaria abstrato si se globalizasse sujeitos desconhecidos, sem contudo invalidar os aspectos positivos que esta filosofia aporta para os paises em vias de desenvolvimento e para os grupos das menorias- nos refirimos as mulheres- mas serão mais eficazes se considerar a integração\intervenção equitativa dos sujeitos, tomando em conta as especificidades grupais. É importante indagar, o que se vai globalizar antes dos países aderirem a dita filosofia, globalizar a miséria ou a riqueza que se tem? E que riqueza tem os tercermundistas? A cultura, a identidade, a conciencia, a unidade, o valor, etc. Etc.

O mal deste enfoque se calhar seria de promover actividades tradicionalmente femininas, como costura, artesenato, cozinha, educação, saude, sem introduzir a mulher nas novas areas de trabalho. Primeiro porque as nossas sociedades não estão preparadas para isso; segundo porque tecnicamente não se está capacitado para usar a maquinaria e\ou intervir nas areas publicas. Então, o que se vai assistir será o grande fluxo do escoamento da mão de obra dos países desenvolvidos que em jeito, ora de treino ora de verdadeira ajuda se substituirá os lugares que estatisticamente deveriam ser ocupados pelas mulheres nacionais dessa sociedade. Desta forma os projectos na optica da globalização não podem impulsar mudanças na divisao sexual do trabalho que impera desde faz muito tempo, devem, é sim promover a capacidade da mulher de intervir nas tarefas macros do desenvolvimento social.

As actividades consideradas produtivas, das mesmas, sao para as poucas que tem capacidade ou formação e que por sua vez constituem uma sobrecarga na sua jornada diaria e o seu trabalho continua a considerar-se secundario em relação ao do homem.

Em outras palavras, as agencias de desenvolvimento apenas começaram a proporcionar melhores condições de trabalho as mulherespara que se encarreguem do bem estar familiar ou comunal minimizando qualquer potencial para a mudança. Os projectos de produzir ingressos em volta das actividades marginais são financeiramente inviaveis, e sao escolhidos por serem compativeis com os papeis reprodutivos e domesticos das mulheres em vez de analizar a sua rentabilidade.

Este quadro cientificamente continua apresentando um futuro sombrio para a vida e desenvolvimento da mulher e da sociedade em geral. Os processos de globalização continuam exercendo uma força desiquilibrada, pois a integração dos sujeitos desiguais conduz a uma recepção desigual dos beneficios dessa globalização. Uns se tornarao cada vez mais ricos e outros cada vez mais pobres. E essas são as mulheres

Um novo enfoque: o empobrecimento

A filosofia feminista analisa com base aos estudos empiricos realizados, essencialmente desde a academia e se tem apercebido de que as estrategias de desenvolvimento conduziam a um fracasso. Aqui nasce a idea de que:

A compreensão do feminismo ajuda estrutur as visões da sociedade e das proprias mulheres. Contudo, se reconhece tambem de que pode haver diferentes ideas do feminismo, onde cada uma é responsavel das necessidades e dos temas que se pode abordar em diferentes regiões, sociedades e epocas. Isto se deve a nossa compreensão de que o feminismo é um movimento que se preocupa pela situação das mulheres de diferentes regiões e com diferentes antecedentes. Como todas as teorias podem ser diversos nos seus metodos e metas imediatas, o feminismo apresenta um conjunto de metodos e enfoques que se deve ter em conta para a sua interpretação. Ele tem como miolo o compromisso de quebrar a estrutura da subordinação do genero e dar uma visao da mulher como participante plena e igual ao homem em todos os niveis da vida em sociedade (Sen1985).

Igualmente a questao da autonomia das mulheres e importante no enfoque empoderamento.autonomia como poder para controlar nossas vidas, forças e confiança para enfrentar a vida, direito a escolher na vida e participar no desenvolvimento da sociedade.

Desde o ponto de vista das mulheres, o conceito implica control e eleição sobre a sua propria vida e o proprio corpo em quatro areas cruciais:

  • fisica-control sobre a propria sexualidade e fertilidade.

  • Economia-acesso e control dos meios de produção.

  • Politica-autodeterminação e participação no poder.

  • Sociocultural-o direito a propria identidade, sentido de si mesma e sentido de auto-respeito.

Os objectivos deste enfoque alternativo se concentram no desafio da ideologia patriarcal (dominação dos homens e subordinação das mulheres); transformar as instituições e estruturas que reforçam e perpectuam a discriminação do genero e a desigualdade social (familia, casta, classe, religiao, processo de educação,meios de comunicação, practicas e sistemas de saude, leis e codigos civis, processos politicos, modelos de desenvolvimento e instituições governamentais) para permitir que as mulheres tenham o acesso e control de recursos materiais e a informação.

É mais ou menos generalizada, hoje, a ideia de que a globalização e a exclusão social são dois fenômenos que, em suas características recentes, constituem potenciais questionamentos as novas filosofias da integração e do desenvolvimento(nascimento, 1994)e, particularmente, a modernidade ocidental ou européia. É menos consensual, contudo, que eles costituam sinais de sua extinção ou esgotamento. A questão "e a diferença aparente que parece simples, mas depende de um conjunto complexo de múltiplas variáveis e atores. Depende, em grande parte, do que entendemos por globalização e exclusão social, mas sobretudo das tendências que imaginamos marcar as suas respectivas evoluções. Caminhamos para uma sociedade global ou para respectivas evoluções. Caminhamos para uma sociedade global ou para um mundo compartimentado em grandes blocos regionais, com novas e mais eficientes, embora flexíveis, fronteiras? Caminhamos para uma exclusão social radical ou este é um fenômeno passageiro e localizado, rapidamente superado por um novo momento do ciclo de inovação tecnológica à moda de Kondratrief? A sociedade global é uma tendência real ou uma pura quimera, uma simples fase superior do processo de internacionalização da economia e da cultura? A exclusão social tende a se instalar e expandir-se ou a ser controlada por novos mecanismos sociais e politicas? Todas são questões cujas respostas teóricas, por enquanto, são frágeis. Não apenas por se tratarem de tendências, mas sobretudo por conterem sinais ou potencialidades novas para cujas novidades, essas teorias não estão aparentemente, preparadas para decifrar. O declínio da sociologia nos anos 70/80 não é fortuito. A ideia de sociedade está ameaçada pelos processos de globalização e exclusão, assim como o espaço privilegiado de nossas reflexões: a globalização e género.

De qualquer forma, a concepção e a forma como imaginamos a evolução dos fenômenos da globalização e da exclusão é, sobretudo, os seus significados como sinais ou não do fim de uma era, a da modernidade, dependem também de como entendemos esta última.

Pois, afinal, não existe consenso sobre o significado de nenhum dos três termos em questão: modernidade, globalização e exclusão.

Não se tentará aqui, com o desenrolar deste texto pode erroneamente sugerir, dirimir as dúvidas conceituais entre esses três termos. O objetivo é bem mais modesto, ou seja, refletir sobre uma questão que me parece pertinente a vários títulos: em que medida os processos de globalização e exclusão constituem ameaças e como elas estão direcionadas à distruição da voz feminina?

Por isso mesmo, o que caracteriza os anos 80/90,intitulados de pós-modernidade, é, sobretudo, a dissolução ou questionamento da racionalidade instrumental e o fechamento das comunidades sobre as suas próprias diferenças. A pós- modernidade dissocia o que estava antes associado: progresso e cultura. Afinal, a afirmação da pós – modernidade em sua expressão mais forte, como dito anteriormente, é o non-sense, a perda de sentido, a partir de agora o mundo não caminha para um determinado ponto, nem o progresso é sinônimo de bem estar ou de felicidade. O que permite Fukuyama (1992) afirmar que a história terminou.

A mundialização, com sua ideologia neoliberal, tem apenas acentuado as escalas da desigualdade, pois esta não pode ser retida pelo mercado, muito pelo contrário. O mercado ou os mercados são criadores naturais da desigualdade. E a tensão, como demonstramos em outro texto (Nascimento,1994), entre os espaços da desigualdade e da igualdade era resolvida pelo Estado, como espaço da gestão dos interesses comuns ou da introdução da racionalidade no espaço irracional da economia capitalista. Com a diminuição do papel do Estado, como observado anteriormente, a lógica do mercado não apenas torna-se hegemônica como também invade espaços sociais que antes não lhe eram afetos. O contrato social, que cria a modernidade, tende a se desfazer, pois, como bem assinalou Rousseau(1979) no seu segundo discurso, ele se estabelece para realizar o enfrentamento do problema da desigualdade. Não é a força, a lei do mais forte, que imperaria no estado natural que dá substrato ao contrato social, mas a necessidade de superar ou simplesmente controlar a desigualdade social.

Enquanto a modernidade ganha novas qualificações e novas dimensões, com a crescente mundialização da economia,agudizando tendências que se encontravam em seu interior, desde os seus primórdios, a exclusão constitui uma ameaça real e direta à modernidade, destruindo um de seus espaços essenciais, o da igualdade.

Na superação das tendências de exclusão reside, portanto, a possibilidade da redifinição da modernidade, o que demanda, paradoxalmente, uma maior efetivação do Estado-nação. Sem ética nacional e sem Estado de direito, intervindo nos processos económicos,a modernidade, tende a desaparecer. E aí é que se revela a influência indireta do processo de mundialização sobre o esgotamento da modernidade, pois ele retira poderes do Estado, expulsar simultaneamente para fora (internacionalização da produção ) e para baixo (controle do crescimento da desigualdade.

BIBLIOGRAFIA

  • COLEECTIVO DE AUTORES. INTRODUCCIÓN A LA SOCIOLOGIA 2 E 3. ED. "JOSÉ MACEO" NOVIEMBRE DE 2001 LA HABANA.

  • DICIONARIO DE SOCIOLOGIA. ED. PORTO EDITORA. PORTUGAL 2002.

  • GUIDDENS, ANTONY. SOCIOLOGIA. ED. CIENCIAS SOCIAIS ALIANZA. MADRIR. 1998.

  • COLEECTIVO DE AUTORES. DESAFIOS DA GLOBALIZAÇAO. ED. VOZES. BRASIL.1997



Autor:

Profª Drª Vitoria Afonso Langa de Jesus

Vitoria.jesus[arroba]yahoo.es

Mamdal0691[arroba]yahoo.es

Doutorada em Ciencias Sociológicas

Professora Universitária.

Membro do Conselho Nacional do Ensino Superior de Moçambique (CNES).

Membro da comissão Cientifica da Revista Universitária da UEM.

Membro do Conselho Nacional para o avanço da Mulher em Moçambique (CNAM).

Assessora do Ministro da Ciência e tecnologia



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