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Meio ambiente e o terceiro setor: possibilidades de atuação do serviço social (página 2)


Em razão disto, as atenções do profissional do Serviço Social devem também se voltar à defesa do equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente. Por perceber a potencialidade da metodologia e instrumentos eficazes e efetivos para o contexto social e suas demandas, Para Guerra (1995) "É por meio desta capacidade, adquirida no exercício profissional, que os assistentes sociais modificam, transformam, alteram as condições objetivas e subjetivas e as relações interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: no nível do cotidiano".

Contudo para tal atuação o Terceiro Setor é ator protagonista neste elo, alguns autores apontam as Organizações não Governamentais (ONGs) como uma abertura no desenvolvimento e disseminação da importância da preservação ambiental dentro das comunidades, através de informações que geram a inclusão do pensamento socioambiental. É importante ressaltar que o objetivo central deste trabalho não é somete a contribuição das organizações, mas a compreensão de possíveis possibilidades de atuação para profissional do Serviço Social neste propósito.

A ausência de atuação do Profissional do Serviço Social nas questões ambientais que levou a elaboração deste trabalho, indagando as possibilidades geradas pela demanda da questão social, Apesar das discussões em torno dos problemas e necessidades ambientais estarem cada vez mais evidentes nas organizações, há uma quantidade ainda pequena de estudos que relacionem o Serviço Social ao Meio Ambiente.

No contexto geral deste trabalho temos: No primeiro capítulo um breve relato histórico sobre o Meio Ambiente, abordando as questões ambientais, como as leis e normas que o regulariza. O segundo capítulo sintetizou-se a evolução do Terceiro Setor e sua efetividade ambientalista, por fim o terceiro capítulo traz a articulação do Serviço Social no campo ambiental, as possibilidades de atuação e intervenção profissional.

CAPÍTULO 1 –

O Desenvolvimento Ambiental.

O consumo desenfreado das reservas naturais e seus impactos sobre o planeta vêm, gradativamente, sensibilizando o mundo da necessidade de ações que levem efetivamente a recuperação e preservação do meio ambiente, algo que promova e não destrua a vida. Surge então o conceito de desenvolvimento sustentável, que em sua definição é "aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades".

Na visão de Braba e Gobbetti (1997), ao se observar o conjunto ambiental, é possível identificar poluição de todos os tipos, relacionados principalmente à insensibilidade capitalista e à inoperância do poder público para com o meio ambiente que, associadas ao desprezo com a questão ambiental, fazem com que problemas ambientais como a poluição dos recursos hídricos, os desmatamentos, queimadas, contaminação do solo entre outros, sejam tratados em segundo plano. E, assim, a natureza se torna indefesa, vítima do progresso econômico e industrial da humanidade.

Nas últimas quatro décadas foram discutidos conferências, seminários e convenções temática ambiental e se compreendeu que a mudança de hábitos e a sensibilização populacional é de extrema importância na construção de sociedades sustentáveis. Como objetivo de mudança social é necessária a superação da injustiça social, cautela na apropriação da natureza, a não subordinação da humanidade pelo capital e a manifestação quanto a desigualdade social. A Conferência realizada em Estocolmo em junho de 1972, centralizou, as questões ambientais, econômicas e sociais. Foi a primeira vez que representantes de governos se uniram para discutir a necessidade de tomar medidas efetivas de controle dos fatores que causam degradação ambiental. (BARBOZA,2000).

De acordo com Barboza (2000), a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundland), em seu histórico relatório de 1987, intitulado Nosso Futuro Comum, realçou a importância da proteção do ambiente na realização do desenvolvimento sustentável, ou seja, utilizar os recursos naturais disponíveis hoje de forma racional, sem prejuízo às futuras gerações.

A Agenda 21 traz nos seus capítulos grande amplitude em temas ligados ao desenvolvimento sócio-econômico: pobreza, minorias, ambiente, tecnologia e indústria. Caracteriza-se, também, por poder ser aplicada nas esferas municipal, estadual, regional, nacional e global (SILVA FILHO, 2000). Segundo Branco (apud MACHADO, 2002, p.17), com a adoção da Agenda 21, almeja-se que o planejamento estratégico tome novos rumos, orientado à integração da sociedade e instituições públicas, que juntos aliariam esforços para alcançar um resultado desempenhado em conjunto que implique na melhoria da qualidade de vida do País e na continuidade do desenvolvimento econômico (constituído sobre novas bases), sem a continuidade da degradação ambiental.

Dias (2006) constrói uma síntese clara referente à evolução da preocupação ambiental a partir da segunda metade do século XX:

A conscientização ambiental ao longo da segunda metade do século

XX ocorreu paralelamente ao aumento das denúncias sobre os problemas de contaminação do meio ambiente. O processo desencadeado gerou um grande número de normas e regulamentos internacionais que foram reproduzidos nos Estados nacionais e, ao mesmo tempo, surgiram inúmeros órgãos responsáveis para acompanhar a aplicação desses instrumentos legais. (...) Essa nova realidade implica numa radical mudança de atitude por parte das organizações do setor privado e público da economia, que têm cada vez mais de levar em conta a opinião pública quando se trata de questões ambientais. (DIAS, 2006, p.29)

Neste caminho de pedras soltas, surge um novo questionamento sobre a maneira de vida da sociedade e as recentes transformações no meio ambiente, com o impacto das intervenções do homem e de novas tecnologias, igualmente sem precedentes, fizeram dessa questão uma das maiores preocupações nas sociedades atuais. Embora reconheçamos o caráter multidimensional da questão ambiental entendemos ser necessário enfatizar á articulação entre a dimensão social e a dimensão ambiental.

A Relação Entre Homem e Meio Ambiente no Contexto Capitalista.

Nos primórdios o homem via a natureza como aliada no processo de evolução, envolvido com o misticismo, o homem venerava a natureza, e havia um medo da vingança dos deuses que moderava o comportamento humano, impedindo uma intervenção desastrosa. Com o tempo, a relação homem e meio ambiente foi desenhada por conflitos desiguais, onde por um lado, o homem é considerado como parte da natureza, e de outro, o homem é, protagonista dominador dos recursos naturais.

Essa participação que ocorre sob o domínio e a exploração da natureza, correta ou incorretamente na utilização destas, está diretamente associada ao modo de produção vigente na sociedade que determina as relações sociais, econômicas e políticas entre os homens.

Para Marx:

"A natureza se torna dialética produzindo os homens, tanto como sujeitos transformadores que agem conscientemente em confronto com a própria natureza, quanto como forças da natureza. O homem constitui-se no elo entre o instrumento do trabalho e o objeto do trabalho". (Schmidt apud Smidt, op. cit: 52).

Uma das maiores aspirações da humanidade, ao longo de toda sua história, foi alcançar níveis cada vez melhores de levar uma vida saudável, o meio ambiente este cada dia mais presente nesta tentativa de manter a qualidade de vida. Passeando pela história da humanidade, percebe-se que o meio ambiente faz parte da evolução humana e que desta são retiradas o seu sustento, mas no processo de apropriação e transformação dos recursos pelo homem, através do trabalho, ocorre a ação de assimilação da natureza. O trabalho torna-se então, o intercessor na relação do homem com a natureza. Para Marx (1967), "o trabalho é, num primeiro momento, um processo entre a natureza e o homem, processo em que este realiza, regula e controla por meio da ação, um intercâmbio de materiais com a natureza" (Marx, 1967, pg. 188).

A problemática ambiental precisa ser repensada sobre a forma como está estruturada e como funciona a sociedade contemporânea. O modo como é devorada pelo capitalismo, atingindo diretamente a natureza, os meios de produção e o modo de vida (BIHR, 1999).

Essa consciência da importância de se lutar pela preservação do meio ambiente advém da constatação do desequilíbrio ecológico provocado pelo homem na natureza.

Segundo Horkheimer,1976:

"...o homem tornou-se gradativamente menos dependente de padrões absoluto de conduta. ...As forças econômicas e sociais adquiriram o caráter de poder naturais cego que o homem, a fim de poder se preservar a si mesmo, deve dominar, ajustando-se a eles .... Como resultado final do processo, temos de um lado o eu, o ego abstrato esvaziado de toda substância, exceto da sua tentativa de transformar tudo no céu e na Terra em meios para sua preservação, e do outro lado uma natureza esvaziada e degradada a ser um simples material, simples substância a ser dominada, sem qualquer outro propósito do que esse de sua própria dominação" ( HORKHEIMER, 1976).

O primeiro passo é ter coerência entre o pensar, falar, o sentir e fazer. Promover processos voltados para valores humanistas, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências que contribuam para a participação cidadã na construção de sociedades sustentáveis.

O Meio Ambiente é um sistema natural que passa por complexa transformação promovida pela humanidade e outras espécies que habitam a Terra. Está dentro do conjunto do conceito de meio ambiente animais, vegetação, solo, fenômenos da natureza entre outros. O meio ambiente é tudo o que compõe o nosso planeta e afeta a nossa vida, o ar que respiramos, a água que bebemos, as plantas e animais.

Muitas pessoas consideram como meio ambiente apenas as coisas naturais, aquelas áreas intocadas pelo ser humano, mas isso não é verdade. Qualquer espaço é considerado meio ambiente, mesmo aqueles em que há modificações causadas pelo homem. Nos últimos anos, cientistas vêm analisando cuidadosamente as maneiras com as quais as pessoas afetam o meio ambiente. Na decorrência do consumo exagerado e a violação causada pelo capitalismo, os cientistas nos promovem causadores da poluição do ar, do desmatamento, da chuva ácida, e de outros problemas que são perigosas tanto para a terra e para nós mesmos.

Atualmente, existem várias maneiras de se conscientizar a humanidade sobre a preservação ambiental, e isso deve-se aprender desde cedo, que é importante preservar, pois precisamos de recursos naturais para nossa própria sobrevivência. Mesmo com tanta informação ainda encontramos pessoas que não fazem o básico necessário para a preservação, como não jogar lixo na rua, não poluir rios, desperdiçar água, entre outros, é importante começarmos com as pequenas ações, pois de nada adianta se preocupar com o efeito estufa se você joga um papel de bala no chão. Meio ambiente não são apenas as florestas, meio ambiente é qualquer lugar.

Para termos uma efetiva preservação do meio ambiente, é necessária mudança de hábitos e não deixar que a sua preocupação fique apenas na teoria. Pesquise por soluções e aplique-as no dia a dia da sua casa. Alguns bons exemplos são: Economizar papel, separar o seu lixo para reciclagem. Para economizar água existem várias soluções, e o reaproveitamento é uma das mais fáceis de serem feitas, deixar baldes para recolher água da chuva e depois usá-la para regar as plantas e assim por diante.

A degradação ambiental vem avançando sobre todos os ecossistemas e as suas causas e consequências são as mais variadas. Degradar é o mesmo que degenerar, desgastar, estragar, devastar, destruir, assim a degradação ambiental ou do meio ambiente é o processo de destruição das condições ambientais ou do habitat de uma coletividade. Nos processos de degradação ambiental ocorrem alterações biofísicas do meio que provocam alterações na flora e na fauna natural, podendo acontecer inclusive eventual prejuízo na biodiversidade, com diferentes graus de intensidade.

Quando se desencadeia um processo de degradação ambiental é provocada uma perda de qualidade de vida em virtude significantemente grande. A degradação do meio ambiente causada pela ação natural forma um equilíbrio próprio da natureza, já a provocada pela ação humana não está conectada pela intensão degenerativa do recurso e suas consequências são severas.

CAPÍTULO 2 –

As Multifaces do Terceiro Setor

O termo ONG vem do inglês (Non Governmental) Não Governamental e foi legitimado pelas Nações Unidas no ano 1950, no Conselho Econômico e Social (ECOSOC). Quando foi decidida a ONG como " uma organização internacional a qual não foi estabelecida por acordos governamentais." Muitas se sobressaem por tirocínios de trabalhos comunitários e solidários. Na década de 80, ocorreram maior reconhecimento destas entidades, possibilitando a participação cidadã. Hoje, é possível fazer parcerias com Governos, e Empresas. O terceiro setor tal qual identificamos atualmente é resultado de um procedimento histórico de mudanças que acompanhou evoluções políticas, humanas e sociais.

Inicialmente o Terceiro setor era associado a iniciativas religiosas e tinham caráter puramente assistencialista. Sem nenhuma contrapartida do beneficiário e, principalmente, sem objetivos específicos ou planejamento focado em resultados esperados. Claro que com a globalização o Terceiro Setor perdeu este título e apresentou uma nova perspectiva humanista, com as mudanças posicionadas pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro (ECO 92), o terceiro setor ganhou visibilidade e começou a se repensar. A partir daí, suas características passam por: especialização em áreas temáticas, parcerias com empresas privadas, participação e articulações em decisões e políticas, entre outras. Configurando-se como novo ator social, o Terceiro Setor, apropria-se da mobilização social em co-responsabilidade com o Estado, na proteção do meio ambiente. Não afirmando que a solução está inteiramente nas mãos do Terceiro Setor, mas é inegável sua importância e influência na concepção da opinião popular, e sensibilização ecológica, ostentando papéis sólidos e até dirigentes de abrangência social.

Surgem então, questionamentos de como este Terceiro Setor ambientalista poderia modificar o atual cenário do meio ambiente e qual o movimento a ser feito?

Ao falar do terceiro setor, entende-se que, suas diversidades, desafios e maneira de gestão se compõe em uma suscitação efetiva para todos aqueles que desejam atuar nessa área. As transformações políticas, sociais e econômicas, apresentaram necessariamente um desdobramento da estrutura organizacional dessas instituições. Estabelecendo a utilização de ferramentas e instrumentos de gestão institucional específicas ao terceiro setor. Embasamentos teóricos e metodológicos que podem cooperar para a construção da gestão do terceiro setor. Portanto, a gestão institucional no terceiro setor ainda é um processo em desenvolvimento.

2.1. Desígnios e Probabilidades das Ongs na Defesa do Meio Ambiente.

Há tempos as organizações civis que têm como finalidade precípua a defesa do meio ambiente, o que pode ser determinante para a transformação desta situação é o entendimento, por parte da sociedade, onde, objetivamente não pode ser realizada visando a busca de direitos individuais, pois sua preservação ou degradação atinge a toda uma coletividade.

Para tanto as sociedades civis, muitas vezes utilizam de instrumentos legais, na defesa do meio ambiente. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225 e seguintes, definiu que todos têm direito a um "meio ambiente ecologicamente equilibrado", desta forma responsabilizando por sua preservação o Poder Público e à coletividade, visando a melhora das condições ecológicas para as futuras gerações. Porém podendo terceirizar esta tutela, quando a norma constitucional determina ser a defesa do meio ambiente dever da coletividade, atesta a legitimidade da participação das mais diversas associações e, hodiernamente, do Terceiro Setor, para a tutela judicial de seus interesses.

Pode-se abranger a proeminência da participação das entidades de defesa do meio ambiente em diferentes formas: preventivamente, com a proposição de políticas públicas voltadas a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, com a intervenção nos âmbitos administrativo, com diretamente a participação de distintos conselhos e órgãos, como o CONAMA. No entanto ainda se encontra obstáculos judiciais no entendimento dos juízes e promotores de reconhecer que um dano causado ao meio ambiente na atualidade pode ter sérias consequências para gerações futuras. Acostumados a lidar com direitos individuais, possuem dificuldades em reconhecer e garantir determinados direitos coletivos. Neste contexto, a tarefa de esclarecimento e sensibilização pode ser assumida pelas entidades de defesa do meio ambiente. A massificação da educação ambiental, a ação pode se materializar pelos instrumentos dos quais estas entidades podem usufruir, para a participação da coletividade na ação de massificada.

CAPÍTULO 3 –

Um passeio pela história do Serviço Social no Brasil.

Neste contexto, Silva (2007, p.185) ressalta que "o profissional do Serviço Social atua como coadjuvante da prática dos setores populares, no sentido de sugerir alternativas concretas de enfrentamento dos conflitos, decorrentes das dinâmicas da correlação de forças". O profissional do Serviço Social tem instrumentalidade para sensibilizar a população sobre importância da preservação do meio ambiente, esse é um dos principais objetivos do Serviço Social na área do meio ambiente. Apesar de ser um campo que se encontra em amadurecimento, Para Ricardo Antunes (2002) as sequelas da crescente competitividade e da concorrência capitalista, são trágicas. É a exploração e a precarização da força humana e a destruição crescente, do meio ambiente, na relação entre homem e natureza, que direciona o processo de valorização do capitalismo na negligencia social.

Para Iamamoto (1998) o surgimento do Serviço Social no Brasil, estabelece em um período conturbado da sua história, numa sociedade urbano-industrial dos anos de 1930, numa conjuntura característica do desenvolvimento capitalista marcada por conflitos de classe, pelo crescimento da classe operária urbana e pelas suas lutas sociais contra a exploração do trabalho e pela defesa dos direitos de cidadania. O Serviço Social surgiu com o desdobramento da Ação Social e da Ação Católica da Igreja, no interesse burguês na formação de agentes sociais especializados. Compreender todo esse processo de lutas e mudanças requer "compreender o capitalismo em sua condição de categoria histórica, social e econômica, como modo de produção associado a um sistema de ideias e a uma fase histórica, tendo como elemento central o caráter comercial do capitalismo" (IAMAMOTO, 1998).

O Serviço Social surge num momento em que o modo de produção capitalista define a sociedade em que a Igreja se insere. É também um momento em que a ideologia das classes dominantes não é mais a da Igreja. Não é mais ela quem cria e difunde ideologia dominante. Esta passa a ser produzida e difundida por outras instâncias da Sociedade Civil e Política, que são monopolizadas e controladas pelos grupos e classes que mantêm o monopólio dos meios de produção. (IAMAMOTO, 2000, p. 230).

Nesse amplo processo da expansão do capitalismo, o Serviço Social desenvolveu o seu trabalho tendo como base técnica-metodológica o desenvolvimento de comunidade incentivado pelo setor público como uma estratégia das políticas anticíclicas para a modernização desenvolvimentista. Assim, "o eixo teórico-prático da intervenção em organização de comunidade consistia em melhorar o meio, as condições imediatas, enquanto, nos anos 30, consistia em mudar o comportamento do indivíduo e da família." (FALEIROS, 2001, p. 15).

Nesta divisão de águas, a intervenção profissional, prioriza família e indivíduo para a solução dos problemas e atendimento de suas necessidades materiais, morais e sociais.

Na era Vargas, é reconhecido a existência da questão social, que passou a ser uma questão política, para ser "resolvida", tratada e enfrentada pelo Estado. Paulatinamente, surge a reconceituação onde são revistos os conceitos, ético-político; teórico-metodológico e técnico-operativo. Mesmo tímida se alastra na ruptura com o conservadorismo, originando espaço para a regulamentação legal do exercício profissional.

A autora ainda ressalta que "Foi esse solo histórico que tornou possível e impôs como necessidade um amplo movimento de renovação crítica do Serviço Social", (IAMAMOTO 2011, p. 223). Historicamente o país propiciou um cenário para que o Serviço Social realizasse o movimento profissional na elaboração do novo projeto ético político com um olhar mais crítico para sua atuação. Tendo por alicerce principal a história da profissão e suas conquistas teórico-metodológicas e com diretrizes fundamentadas no pensamento marxista, este novo projeto traz para o Serviço Social valores e princípios éticos-morais, inteiramente voltados para as peculiaridades da história do país.

Atualmente é a Lei 8.662 /93, juntamente com o Código de Ética do Assistente Social, que manifesta a legitimação e prestígio do Serviço Social e que define as competências e atribuições privativas deste profissional. O Código de Ética da profissão foi aprovado em 13 de março de 1993 e dispõe sobre os princípios ético-políticos, envolvidos com a autonomia, emancipação, e completa expansão dos indivíduos sociais, tendo como valores centrais a liberdade, a equidade, a justiça social, e a defesa dos direitos humanos. De acordo com Martinelli:

Como se vê, é um código vigoroso, que fundamenta o projeto ético político profissional e o articula a um projeto social mais amplo. É um código que pressupõe um profissional competente, critico qualificado teoricamente e, sobre tudo com muita coragem para lutar contra os obstáculos que se interpõem em sua trajetória. (MARTINELLI, 2009 p.157-158)

3.1. Disseminações do Profissional do Serviço Social no Meio Ambiente.

As questões ambientais constituem uma grande oportunidade analítica dos processos sociais. Trata-se de uma problemática ainda pouco abordada na atuação do profissional do Serviço Social. O entanto as possibilidades são imensas, O Serviço Social pode estimular a dos grupos sociais para intervirem de modo qualificado nos processos decisórios sobre o acesso aos recursos ambientais e seu uso já que a desigualdade e a injustiça social ainda são características da sociedade, garantindo a representatividade popular nos processos de sensibilização, configurando-se como parte legítima para reivindicar seus direitos.

O profissional do Serviço Social que se correlaciona e integra de forma organizada os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade, além de questões sociais e políticas, o seu trabalho de sensibilização pontua a população e os governantes da importância do trabalho de preservação, ademais viabiliza uma melhor perspectiva do convívio humano dentro de um ambiente preservado e socialmente correto. Só podemos amenizar os problemas da insuficiência de recursos no mundo se tivermos uma nova era de crescimento de maneira sustentável. Esta perspectiva deve contribuir para a socialização de conhecimentos inclusive por intermédio do uso de tecnologias voltadas, por exemplo, para reciclagem , a coleta seletiva, o aproveitamento de partes normalmente descartadas dos alimentos como; estimular o plantio de árvores, assim como o desenvolvimento de cursos, palestras e estudos que informem e orientem todos os cidadãos para a importância da participação e do engajamento nesses projetos e nessas soluções simples para fomentar a sustentabilidade e a conservação do meio ambiente.

Para o fortalecimento desses hábitos, é fundamental iniciativa a implantação e implementação de políticas descentralizadas, bem como a criação de mecanismos de financiamento que envolvam o poder público, o terceiro setor e a sociedade civil.

O mais importante de tudo é sensibilizar e fazer com que o cidadão comum entenda que tudo o que ele faz ou fará; gerará um impacto no meio ambiente. E que só com práticas e ações que visem a sustentabilidade, estará garantindo uma vida melhor e mais satisfatória, para ela mesma, e para as gerações futuras.

3.2 A importância do profissional do Serviço social no Terceiro Setor Ambientalista.

Diante da precisa movimentação nas ações positivas que favoreça a preservação dos recursos naturais e em resultado da qualidade do meio ambiente e a qualidade de vida, atualmente o mundo tem se preocupado em intensificar as atividades que excitem o desenvolvimento de uma sensibilização ambiental, não só ecológica do ponto de vista da natureza, mas também visando ás questões sociais, culturais e econômicas relacionadas à existência do homem e as interações com o meio natural ou modificado.

Compreender o desenvolvimento sustentável se distende em entender as interferências sociais que motivam o próprio significado de desenvolvimento e na reflexão sobre a crise ambiental, algo que aborda uma atual articulação de ideias que envolve uma tensão teórica conceitual do capitalismo. Existe uma profunda atenção em volta sobre a desordem que representa o conceito de desenvolvimento. Perante as considerações, características, desafios, diversidade e do processo de formação do terceiro setor, no campo social, é inegável a multiprofissionalidade, tendo em vista o caráter profissional do Serviço Social. Que colabora consideravelmente na atuação do Serviço Social.

No caminhar do terceiro setor a atuação do profissional do Serviço Social, impera como diretriz o atendimento de qualidade social, trabalhando na garantia do direito de inclusão. E deve de atentar em elaborar propostas, campanhas e programas não governamentais em âmbito nacional, estadual e municipal, agregando a estas reflexões e práticas marcadamente ambientalistas. Em conjunto com esses programas, as propostas ações fundadas e voltadas ao ideário ambientalista, permitindo a formação de agentes, comunicadores e educadores ambientais, apoiando e fortalecendo grupos, comitês, em ações locais voltadas a construção de sociedades sustentáveis.

O profissional do Serviço Social, tem instrumentalidade geradora de sensibilização a postos de mudanças na sociedade.

Guerra (1995) afirma que:

"Foi dito que a instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a profissão vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio desta capacidade, adquirida no exercício profissional, que os assistentes sociais modificam, transformam, alteram as condições objetivas e subjetivas e as relações interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: no nível do cotidiano." (GUERRA, 1995, pg.3)

A competência e o comprometimento na atuação de profissionais do Serviço Social, faz de fundamental importância. Existe a necessidade da inclusão profissional nesse contexto, desde que ocorra de forma equilibrada e cautelosa, crítica e construtiva, avistando claramente subsídios que este profissional pode trazer para um trabalho de qualidade social no âmbito do terceiro setor ambientalista.

CONCLUSÕES FINAIS

Imaginar uma nova padronização de crescimento e desenvolvimento sustentável significa caminhar paralelamente, o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, manter os recursos naturais e alimentar o capitalismo. O desenvolvimento sustentável, ultrapassa as esferas, como a econômica, social e ambiental, envolve também a Cultura, a Política, ou seja, um desenvolvimento socialmente includente, economicamente sustentado e ambientalmente sustentável. O empoeiramento da consciência ambiental serve para mostrar que o desenvolvimento econômico não deve ser tratado sem analisar os impactos ambientais. Para executar ações e alcançar o equilíbrio ambiental, o importante é reconhecer que o Estado tem sim sua parcela de responsabilidade e que a sociedade civil em conjunto com a atuação do profissional do serviço social que possui papel fundamental no processo de sustentável, pode promover ações concretizadoras de sensibilização da importância da preservação ambiental.

REFERENCIAS:

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BARBOSA, G.G.O terceiro setor e a defesa do meio ambiente: possibilidades de atuação jurisdicional. Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1552# CONSUTADO EM 27 DE MAIO DE 2015.

BARBOZA, Alex. Estratégia de Gestão Ambiental – Dissertação de Mestrado - Pós-Graduação em Gerência Empresarial, Universidade de Taubaté/SP, 2000.

BERTOLDI, Marcia Rodrigues. O direito humano a um meio ambiente equilibrado. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 45, setembro de 2000. Disponível em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1685. Consultado em 30 de maio de 2015.

BIHR, A. Da Grande Noite à Alternativa:O Movimento Operário Europeu em Crise. São Paulo: Boitempo, 1999.

DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. São Paulo: Ed. Atlas, 2006.

FALQUETO. J.M.Z. A Gestão Ambiental Na Administração Pública: O Caso Da Câmara Dos Deputados; Brasília-DF; Dez., 2007

FERNANDES, RUBEM César. O que é o Terceiro Setor? In: IOSCHPE, Evelyn Berg (org). Terceiro Setor: desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1997.

GOBBETI, L. e BRABA, B. Análise Multiobjetivo. In: Técnicas quantitativas para o gerenciamento de recursos hídricos. (Rubens La Laina Porto, org.), ABRH, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997, p.(361-418).

GUERRA, Yolanda. A Instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1995.

HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão: tradução de Sebastião Uchoa Leite. Rio de Janeiro, Editora Labor do Brasil, 1976.

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GLOSSÁRIO

Instrumentalidade: O sufixo "idade" tem a ver com a capacidade, qualidade ou propriedade de algo. Com isso podemos afirmar que a instrumentalidade no exercício profissional refere-se, não ao conjunto de instrumentos e técnicas (neste caso, a instrumentação técnica), mas a uma determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída e reconstruída no processo sócio histórico.

Multiprofissionalidade: Retrata uma justa posição de diversas disciplinas e cada profissional atuará de acordo com o seu saber especializado;

Paulatinamente: De maneira paulatina; de modo lento; em que há lentidão: começou a caminhar, paulatinamente, pela casa 

Questão Social: É o conjunto das expressões que definem as desigualdades da sociedade.

Reconceitualização: Tem relação com conceitualização, que é Desenvolver e expressar uma opinião ou ponto de vista acerca de; avaliar: Reconceitualização = reavaliar

 

Autor:

Antonia Cristina Vieira Silva Bezerra

lu.name.lc[arroba]hotmail.com

Curso de Pós-graduação em Docência no Ensino Superior

Serviço Social e Gestão de Projetos Sociais

Orientador: Profa. Mestre Tania Theodoro Soncini Rodrigues



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