Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 


Algumas observações gerais sobre ataques histéricos (1909-1908) (página 2)


A investigação da história infantil de pacientes histéricos mostra que o ataque histérico destina-se a substituir uma satisfação auto-érotica praticada no passado e à qual o indivíduo renunciou. Num grande número de casos essa satisfação (masturbação por contato ou por pressão das coxas, movimentos da língua, etc.) repete-se durante o ataque, enquanto a consciência do indivíduo está defletida. Além disso, o desencadeamento de um ataque que é devido a um aumento da libido e que está a serviço do objeto primário - na qualidade de consolo - repete exatamente as condições em que numa época anterior o paciente procurava intencionalmente essa satisfação auto-erótica. A anamnese do paciente revela os seguintes estádios: (a) satisfação auto-erótica, sem conteúdo ideativo; b) a mesma satisfação, em conexão com uma fantasia que leva ao ato de satisfação (c) renúncia ao ato, com a permanência da fantasia; (d) repressão da fantasia, que então se manifesta através do ataque histérico, ou em uma forma inalterada ou numa forma modificada e adaptada às novas impressões do meio. Além disso, (e) a fantasia pode até restabelecer o ato de satisfação ao qual se abdicara aparentemente. Eis aqui um ciclo típico de atividade sexual infantil: repressão, malogro da repressão e retorno do reprimido.

A incontinência urinária certamente não é incompatível com o diagnóstico de ataque histérico, já que não faz senão repetir uma forma infantil de polução violenta. Em casos inequívocos de histeria também pode acontecer de o indivíduo morder a língua, ato tão compatível com a histeria quanto com os jogos amorosos, e que ocorre com maior freqüência quando o médico alerta o paciente para as dificuldades de estabelecer um diagnóstico diferencial. Em ataques histéricos (mais freqüentes entre homens) pode ocorrer um autoferimento que repete um acidente da vida infantil - como, por exemplo, as conseqüências de um folguedo violento.

A perda de consciência num ataque histérico, a "absence", deriva-se do lapso de consciência que se observa no clímax de toda satisfação sexual intensa, inclusive as auto-eróticas. Esse curso de desenvolvimento pode ser delineado com mais certeza onde as absences histéricas surgem a partir do desencadeamento de poluções em jovens do sexo feminino. Os chamados "estados hipnóides" - absences durante os devaneios -, tão comuns entre indivíduos histéricos, revelam a mesma origem. O mecanismo dessas absences é comparativamente simples. Toda a atenção do indivíduo fica concentrada inicialmente no curso do processo de satisfação; quando esta ocorre, toda essa catexia de atenção é subitamente removida, daí resultando um momentâneo vazio na consciência. Esse vazio, que se poderia qualificar de fisiológico, amplia-se a serviço da repressão para tragar tudo aquilo que a instância repressora rejeita.

É o mecanismo reflexo do coito que mostra o caminho para a descarga motora da libido reprimida em um ataque histérico - mecanismo este pronto a operar em todos, inclusive nas mulheres, e que vemos em operação manifesta quando o indivíduo se entrega sem restrições à atividade sexual. Já na Antiguidade o coito era descrito como uma "pequena epilepsia". Alterando isso um pouco, podemos dizer que um ataque histérico convulsivo é equivalente de um coito. A analogia com um ataque epiléptico é de pouca valia, pois a gênese deste é ainda mais obscura do que a dos ataques histéricos.

Encarando o conjunto, os ataques histéricos, assim como a histeria em geral, revivem uma parcela da atividade sexual das mulheres que existiu durante sua infância e que naquele período revelava um caráter essencialmente masculino. Podemos observar com freqüência que aquelas jovens que mostravam natureza e tendências masculinas nos anos anteriores à puberdade, são justamente as que se tornam histéricas daí em diante. Em grande número de casos a neurose histérica representa apenas uma intensificação excessiva daquele influxo típico de repressão que, apagando a sexualidade masculina, permite o aparecimento da mulher.

Bibliografia

http://www.psbnacional.org.br/bib/b42.pdf

http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/resistencia.html

http://www.libertas.com.br/site/base/oliveira,.maria.helena.2004.pdf

http://www.carlosbyington.com.br/downloads/artigos/pt/o_conceito_de_self_terapeutico_quaternio_transferencial.pdf

http://www.adepac.org/Portugues/PP01-1.htm

 

 

Autor:

Amanda

mandy.psic[arroba]gmail.com



 Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.