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A Atuação de Oswaldo Aranha no Processo de Engajamento do Brasil na Segunda Guerra Mundial (página 4)

Márcio José Vieira
Partes: 1, 2, 3, 4

Se, na Conferência, o problema a ser contornado era a recusa de Argentina e Chile em romper as relações com o Eixo, internamente o problema eram os chefes militares, Dutra e Góes Monteiro. Eles eram contra o rompimento e chegaram a por seus cargos à disposição do presidente. Para eles, havia dois problemas principais, além da fraqueza militar do País, no relacionamento com os EUA: aquele País, quase sempre, falhava em suas promessas, e os armamentos destinados ao Brasil ainda não haviam chegado, e Washington não entendia que, para o Brasil, o maior problema estratégico era com a Argentina.

Em vista disso e consciente dos esforços de Aranha, e agora de Vargas, na Reunião dos chanceleres, Welles escreveu a Roosevelt, esclarecendo a urgência de iniciar o fluxo de tanques, veículos, aviões e armas ao Brasil. Só com a concordância dos chefes militares brasileiros, pilares do Estado Novo, o rompimento poderia se efetivar (HILTON, 1994).

A Conferência do Rio, apesar dos esforços de Aranha, não conseguiu contornar o problema argentino. O que prevaleceu, mais uma vez, foi a forma da recomendação. A Conferência confirmou a decisão de se romperem as relações diplomáticas com a Alemanha, Itália e Japão, mas com caráter não-obrigatório. Para o jornal estadunidense The New York Times, a fórmula recomendatória foi "maior vitória diplomática da Argentina" (apud ARGUELHES, 1996, p. 38). Dos 22 Estados americanos presentes na Conferência, somente Argentina e Chile não romperam as relações diplomáticas e comerciais com o Eixo.

Para Moura (1991), a Conferência serviu, entre outras coisas, para que os EUA pudessem obter uma visão comum dos problemas internacionais e também para realizar ações comuns, fortalecendo a liderança estadunidense. Com o rompimento brasileiro com o Eixo, acabava, de vez, a política de eqüidistância pragmática empregada pelo Estado Novo. A Conferência também fortaleceu Aranha internamente como principal homem do gabinete do Estado Novo.

O próprio chanceler se encarregou de pronunciar no encerramento da Reunião, para as centenas de pessoas que se aglomeravam em frente ao Palácio Tiradentes, o principal resultado da Reunião. Aranha anunciou que

(...) Essa é a razão pela qual, hoje às 6 horas da tarde, pela ordem do eminente presidente dessa República, os embaixadores do Brasil em Berlim, em Tóquio e o encarregado de negócios do Brasil em Roma, passaram nota aos governos junto aos quais estão acreditados comunicando que, em virtude da recomendação terceira da Reunião de Consulta dos ministros das Relações Exteriores das Repúblicas americanas, o Brasil rompia suas relações diplomáticas com a Alemanha, com a Itália e com o Japão (ARANHA, 2007).

A recomendação terceira à qual o chanceler se refere, estabelece que

The American Republics, in accordance with the procedures established by their own laws and in conformity with the position and circumstances obtaining in each country in the existing continental conflict, recommend the breaking of their diplomatic relations with Japan, Germany and Italy, since the first-mentioned State attacked and the other two declared war on an American country (FINAL…, 2007).

Ao retornar para os EUA, Sumner Welles escreveu carta a Aranha, não poupando elogios pela sua atuação na Conferência do Rio:

Acho difícil demonstrar por palavras e com precisão tudo o que queria dizer-lhe a respeito as nossas últimas três semanas. (...) (Desejo) dizer-lhe que, em minha longa vida pública, nunca vi atuação de estadista mais brilhante do que a sua na direção da Conferência. Mais do que isso, representou ela em si um trabalho tão construtivo que, estou certo, será sempre considerada como uma das maiores obras de estadistas do Continente americano (apud CAMARGO; ARAÚJO; SIMONSEN, 1996, p. 282).

As reações da Alemanha e da Itália foram diferentes perante a decisão americana de pôr fim à neutralidade. Os alemães receberam a notícia com frieza. No dia seguinte à Reunião, Prüffer e seus colaboradores partiram para a Argentina, onde ficariam cumprindo suas atividades diplomáticas. Não houve nenhuma manifestação. Já os italianos se mostraram irritados. Mussolini chegou a pedir para que dissessem para o encarregado de negócios brasileiros em Roma que o Duce tinha memória de elefante e que chegaria o dia em que ele faria o Brasil pagar caro por essa decisão (SEITENFUS, 2003).

Com o fim da neutralidade, começou um período de rica cooperação entre o Brasil e os EUA. Entre os acordos firmados, sem dúvida o mais importante foi de 3 de março de 1942, em que, retomando as disposições de acordo de 1º de outubro do ano anterior, os EUA se comprometiam a fornecer, sob a forma de um lend-lease, armas e munição de guerra num total de 200 milhões de dólares, até janeiro de 1948.

O papel de Aranha desde sua posse como ministro das Relações Exteriores até a Conferência do Rio de Janeiro foi de estrita proximidade com a política de Washington. Para alcançar seus objetivos, além da capacidade diplomática, o chanceler não hesitou em apelar para o relacionamento especial que mantinha com o presidente Vargas, ameaçando demitir-se por mais de uma vez. Também não hesitou em alarmar Washington com supostas investidas nazistas no Brasil. O chanceler também conseguiu se manter firme perante as investidas da ala pró-Eixo do governo e, ainda, à política externa paralela do presidente Vargas. O resultado da Conferência do Rio foi, além de imprescindível para a construção da usina siderúrgica no Brasil e do reaparelhamento das forças armadas, uma vitória dos princípios que Oswaldo Aranha defendia desde o começo e que a evolução da situação internacional viria a confirmar.

Durante o ano de 1942, Alemanha e Itália cumpriram a ameaça que fizeram se o Brasil rompesse as relações com o Eixo. Alegando que o Brasil já era um País inimigo, começaram os ataques à desprotegida marinha mercante brasileira.

As agressões do Eixo continuaram e, em agosto, começaram os ataques a navios na costa brasileira. A situação causou enorme estupor na população e, na capital, uma imensa multidão se aglomerou na Avenida Rio Branco em direção ao Palácio do Itamaraty. Da sacada, Aranha discursou enfaticamente

A situação criada pela Alemanha e pelos seus aliados, praticando atos de beligerância, bárbaros e desumanos contra a nossa navegação pacífica e costeira, impõe uma reação à altura dos processos e dos métodos por eles empregados contra oficiais, soldados, mulheres, crianças e navios do Brasil. Posso assegurar aos brasileiros que me ouvem, como a todos os brasileiros, que, compelidos pela brutalidade da agressão, oporemos uma reação que há de servir de exemplo para os povos agressores e bárbaros, que violentam a civilização e a vida dos povos pacíficos (apud HILTON, 1994, p. 398).

No dia 31 de agosto, o Brasil oficializou o estado de guerra contra alemães e italianos[32]O Brasil entrou na guerra a contragosto. Não foi uma decisão guiada pelo pan-americanismo, mas por uma situação por demais injustificável, como o assassinato de brasileiros totalmente alheios ao conflito. O Brasil viria a participar ativamente no conflito com o envio da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Força Expedicionária Brasileira (FEB), contribuindo com a libertação da Itália[33]

É inegável a importância de Oswaldo Aranha para a aproximação brasileira aos EUA em todos os momentos do Estado Novo: desde os efeitos positivos de sua nomeação para a chancelaria até os discursos de solidariedade continental em favor da declaração de guerra ao Eixo (anexo E, p. 80). Vargas, sempre ambíguo, ao nomear Aranha para a chancelaria parecia saber que o caminho do Brasil estava muito próximo dos caminhos dos EUA. Apesar de sempre esperar os acontecimentos internacionais para tomar sua decisão, Vargas não tinha dúvidas da importância de Aranha no relacionamento com os EUA, segundo o chanceler, o parceiro natural.

O alinhamento brasileiro aos Aliados, e a conseqüente vitória na guerra contra o Eixo, colocou o Estado Novo em posição desconfortável em meio às democracias vencedoras e causou seu fim. Nas eleições de 1945, Aranha era, para alguns observadores, o melhor candidato para governar um País democrático. Ironicamente, o candidato de Vargas e vencedor das eleições foi o germanófilo ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra.

O chanceler continuaria no cargo até agosto de 1944, quando o governo, arbitrariamente, fechou a Sociedade dos Amigos da América[34]da qual Aranha era vice-presidente. Sua demissão causou grande comoção em todo o mundo ocidental e várias personalidades expressaram seu pesar pela demissão de Aranha. Fora do Itamaraty, voltou a dedicar-se a advocacia.

No governo de Dutra, Aranha representou o Brasil na recém criada ONU e teve participação destacada, presidindo a Assembléia Geral que decidiu pela partilha da Palestina e pela criação do Estado de Israel. No segundo governo de Vargas, voltou ao ministério da Fazenda e saiu após a morte do amigo presidente. Voltaria à ONU em 1960 para encerrar sua carreira política.

Conclusões

O presente estudo se propôs analisar a atuação de Oswaldo Aranha no comando do Ministério das Relações Exteriores desde sua posse, em março de 1938, até a declaração de guerra aos países do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1942, destacando o seu papel na definição do alinhamento brasileiro no conflito internacional, ao lado dos Estados Unidos.

Em um primeiro momento foi analisada a situação política brasileira e todas as suas peculiaridades em 1930. A data é simbólica pelo sucesso dos revoltosos que destituíram o presidente Washington Luis, colocando em seu lugar o gaúcho Getúlio Vargas, e iniciaram uma nova fase na política nacional. O antigo regime era dominado pelas oligarquias que faziam do País o palco para suas negociações. Com Washington Luis, caiu também a República Velha e todas as suas fraudes.

A Revolução de 1930, apesar de pôr fim à antiga ordem, não representou, exatamente, uma grande ruptura, especialmente em política exterior. Contudo, uma nova e mais influente classe média começou a surgir e, com ela, o principal objetivo do novo governo: a industrialização do País com a construção de uma usina siderúrgica de grande porte. Outro poder crescente no período foram as forças armadas, fazendo também aumentar o desejo de País de modernizar os equipamentos militares do País. Os caminhos para alcançar essas necessidades do novo regime guiaram a política externa brasileira. Os militares representavam a ala pró-Eixo no governo Vargas, enquanto Aranha liderava a ala pan-americana do Estado Novo.

Na mesma época, o mundo passava por um período de transição e as relações internacionais estavam particularmente agitadas. Na Europa, crescia o terror dos regimes totalitários, como o fascismo e o nazismo. Nos EUA, sob o governo de Roosevelt, começava uma reorientação da política externa estadunidense com o continente, batizada de política da boa vizinhança. E no Brasil, em novembro de 1937, para a inquietação do governo Roosevelt, Vargas proclamou o Estado Novo, a primeira experiência totalitária do Brasil, que durou até 1945. O Brasil estava perigosamente perto dos regimes fortes europeus e, nesse momento, começava uma intensa relação pendular entre Brasil, Alemanha e EUA. Do resultado dessas negociações, para o Estado Novo, dependia o futuro do País.

Nesse mesmo período, nascia para a vida política um jovem advogado com grandes ambições políticas. Oswaldo Aranha foi um dos principais artífices da Revolução de 1930 e amigo pessoal de Getúlio Vargas. Vitoriosa a Revolução, Aranha tentou assentar as diferentes facções que chagaram ao poder com o novo governo, assumindo o ministério a Justiça e de Negócios Interiores e, mais tarde, o ministério da Fazenda.

De outubro de 1930 até inícios de 1934, Aranha, como ministro, enfrentou toda sorte de problemas com o próprio governo, com a imprensa e com levantes contra o governo. Ao pedir demissão, foi-lhe oferecido o cargo de embaixador brasileiro em Washington e o advogado, revolucionário e ministro se tornou então um diplomata.

Em Washington, Aranha ganhou bastante prestígio. Trabalhou diretamente com o governo Roosevelt, promovendo o Brasil e suas potencialidades. Também se impressionou bastante positivamente com a pujança da democracia estadunidense, o que reforçou ainda mais suas convicções democráticas. No entanto, o golpe do Estado Novo em 1937, com o qual não concordou, tornou muito difícil representar o Brasil. Assim, o embaixador terminava seu período nos EUA.

Vargas, o homem forte do Estado Novo, sabia do prestígio de que Aranha gozava em Washington e da forte base política que acumulou no Brasil. Assim, sua presença no governo era indispensável. Aranha aceitou o cargo de ministro das Relações Exteriores e, a partir de março de 1938 até meados de 1944, seria o responsável pela política exterior do País em um mundo à beira de uma nova guerra. Com a indicação de Aranha para a chancelaria, Vargas impôs um contrapeso a influência germânica do Estado Novo.

Nesse período, Aranha tentou, com todos os seus recursos, inclusive ameaças de demissão, aproximar o Brasil dos EUA e afastá-lo da Alemanha nazista. A sua missão oficial aos EUA, convidado pelo próprio presidente estadunidense, e a atuação das delegações brasileiras em todas as Conferências americanas, sempre em concordância com os EUA, ajudaram a deixar claro o caminho que o Brasil deveria seguir. Para o chanceler, o alinhamento continental era opção natural do Brasil. Porém, enfrentava elementos dentro do governo declaradamente pró-Alemanha. No entanto, apesar de todos os esforços de Aranha, o crescente comércio Brasil-Alemanha tornava a situação mais difícil. Situação que o início dos enfrentamentos na Europa e o bloqueio naval da marinha britânica trataram de facilitar.

Dessa maneira, provou-se a hipótese do estudo, no sentido que, sem a atuação de Aranha, dificilmente a cooperação entre Brasil e EUA se daria nos termos em que se sucedeu.

A siderurgia, instalada em Volta Redonda, e os créditos de Eximbank para compra de armamentos para as forças armadas brasileiras, os sonhos de Vargas, e a declaração de guerra à Alemanha e à Itália terminaram um período de negociações bem sucedidas, nas quais Aranha foi a voz principal em defesa dos ideais democráticos e pró-EUA.

A atuação de Aranha durante todos os momentos que antecederam à declaração de guerra à Alemanha e à Itália foi sempre fiel às suas posições. Desde a primeira etapa do governo de Vargas, Aranha defendeu sua preferência pela democracia. Porém, sua amizade com Vargas, quase sempre, falava mais alto. Quando da revolta constitucionalista de 1932, em São Paulo, o então ministro, em seu âmago, concordava com as reivindicações dos revoltosos, da mesma forma que apoiava secretamente as exigências da FUG. No entanto, parecia que Aranha sabia a hora de agir.

O estudo cobre apenas um período da atuação de Aranha durante a história. Outros momentos de sua vida política, principalmente as duas passagens pela ONU, merecem, da mesma forma, maior atenção dos estudantes de Relações Internacionais.

O parcial anonimato de um personagem tão importante para o Brasil explica-se pela convivência com uma estrela maior, Getúlio Vargas, que, inclusive, batizou o período com o seu nome. Não obstante, Aranha foi o principal personagem da política externa do Estado Novo. Somente a sua presença a frente da política externa brasileira foi suficiente para acalmar os temores dos EUA quanto ao Estado Novo. Internamente, praticamente isolado, resistiu às pressões dos elementos simpatizantes do Eixo e levou o País a uma parceira que rendeu bons frutos, pelo menos até o fim da guerra.

Bibliografia

7.1 Obras Impressas

7.1.1 Livros

ALLISON, Graham T. Modelos Conceptuais e a crise dos mísseis de Cuba. In: BRAILLARD, Philippe. Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1990. pp.216-246.

BANDEIRA, Moniz. Relações Brasil-EUA no Contexto da Globalização. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 1998. pp. 187-253.

BERVIAN, Pedro Alcino; CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

CAMARGO, Aspásia; ARAÚJO, João Hermes Pereira de; SIMONSEN, Mário Henrique. Oswaldo Aranha: a estrela da revolução. São Paulo: Mandarim, 1996.

CERVO, Amado Luiz; BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002.

CORSI, Francisco Luiz. Estado Novo: política externa e projeto nacional. São Paulo: Editora UNESP: FAPESP, 2000.

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DUROSELLE, Jean Baptiste. Todo Império Perecerá. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000. pp.165-230.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

HILTON, Stanley. O Brasil e as Grandes Potências, 1930-1939: os aspectos políticos da rivalidade comercial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.

______. Oswaldo Aranha: uma biografia. Rio do Janeiro: Objetiva, 1994.

MOURA, Gerson. Autonomia na Dependência: a política externa brasileira de 1935 a 1942. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

REGIME totalitário. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 7. ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1998.

REGIME corporativista. In: BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. 7. ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1998.

RENOUVIN, Pierre; DUROSELLE, Jean Baptiste. Introdução a História das Relações Internacionais. São Paulo: Difel-Difusão Européia do Livro, 1967. pp. 301-470.

SEITENFUS, Ricardo. O Brasil Vai À Guerra: O processo do envolvimento brasileiro na Segunda Guerra Mundial. Barueri, São Paulo: Manole, 2003.

______. Uma Diplomacia Dividida: o Brasil e a escalada para a Segunda Guerra Mundial. In: RODRIGUES, Lêda Boechat (Org.). Uma História Diplomática do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. pp. 347-460.

SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-1964). Rio de Janeiro: Saga, 1969. pp. 21-71.

STEINERT, Marlis G. A decisão em matéria de política externa: Ensaio sobre a utilização das teorias. In: DUROSELLE, Jean Baptiste. Todo Império Perecerá. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000. pp. 443-459.

TRINDADE, Hélgio Henrique. Integralismo: O fascismo brasileiro na década de 30. São Paulo: Difel-Difusão Européia do Livro, 1974.

VIGEVANI, Tullo. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Moderna, 1991.

7.1.2 Teses e Dissertações

ARGUELHES, Delmo de Oliveira. Conferência do Rio de Janeiro de 1942: O ponto decisivo da política externa getulista. Brasília, 1996. 72 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília, 1996.

7.1.3 Jornais

BIRMAN, Daniela. Segredos de uma guerra: diplomata revela suas observações da Argentina então aliada ao nazismo. O Globo, Rio de Janeiro, 27 nov. 2004.

7.2 Outras

7.2.1 Documentais

FINAL Act of the Third Meeting of the Ministers of Foreign Affairs of the American republics. Disponível em: <http://www.oas.org/consejo/MEETINGS%20OF%20CONSULTATION/minutes.asp>. Acesso em: 15 mar. 2007.

7.1.2 Outras

ARANHA, Oswaldo. Discurso em ocasião do rompimento das relações brasileiras com os países do Eixo. Disponível em: <http://www.franklinmartins.com.br/som_na_caixa_gravacao.php?titulo=osvaldo-aranha-brasil-rompe-relacoes-com-o-eixo#>. Acesso em: 14 mar. 2007.

MANIFESTO de 7 de outubro de 1932. Disponível em: <http://www.integralismo.org.br/novo/?cont=75>. Acesso em:12 mar. 2007.

Anexos

Anexo A – Capa da revista Time de 19 de janeiro de 1942.

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Fonte: Revista Times. Disponível em: <http://www.time.com/time/covers/0,16641,19420119,00.html>.Acesso em: 09 fev. 2007.

Anexo B – Getúlio Vargas discursando na abertura da III Reunião dos Chanceleres do Rio de Janeiro, em janeiro de 1942.

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Fonte: Disponível em:

<http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/fotos/Diretrizes_do_Estado_Novo/A_guerra_no_Brasil/Reuniao_de_chanceleres/gvfoto131_3_thumb.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2007.

Anexo C – Oswaldo Aranha na III Reunião dos Chanceleres no Rio.

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Fonte: Disponível em:

<http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/fotos/Diretrizes_do_Estado_Novo/A_guerra_no_Brasil/Reuniao_de_chanceleres/oafoto256_16_thumb.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2007.

Anexo D – Oswaldo Aranha discursando durante a III Reunião dos Chanceleres do Rio de Janeiro.

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Fonte: Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/fotos/Diretrizes_do_Estado_Novo/A_guerra_no_Brasil/Reuniao_de_chanceleres/oafoto256_5_thumb.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2007.

Anexo E – Oswaldo Aranha, em discurso em que defende a declaração de guerra contra os países do Eixo.

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Fonte: Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/fotos/Diretrizes_do_Estado_Novo/A_guerra_no_Brasil/Reuniao_de_chanceleres/oafoto257_2_thumb.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2007.

Anexo F – Reunião ministerial após a declaração de guerra ao Eixo, em 1942.

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Fonte: Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/fotos/Diretrizes_do_Estado_Novo/O_Brasil_na_guerra/scfoto026_thumb.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2007.

Anexo G – Assinatura de Oswaldo Aranha na Ata final da III Reunião dos chanceleres americanos, em janeiro de 1942.

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Fonte: Disponível em: <http://www.oas.org/consejo/MEETINGS%20OF%20CONSULTATION/minutes.asp>. Acesso em: 08 mar. 2007.

Anexo H – Ata final da terceira reunião de consulta dos chanceleres americanos, quanto ao rompimento das relações diplomáticas com o Eixo[35]

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Anexo I – Manchete do jornal O Globo sobre um dos navios brasileiros atacados pelo Eixo.

Fonte: Disponível em: <http://www.brasil2gm.hpg.ig.com.br/htm/feb.htm>. Acesso em: 23 mar. 2007.

 

 

 

 

Autor:

Márcio José Vieira

marcio_rrii[arroba]yahoo.com.br

BRASÍLIA 2007


[1] Regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem, de forma mais ou menos radical, o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou um só órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas. (BOBBIO, MATTEUCCI & PASQUINO, 1998)

[2] Regime que propugna pela organização da coletividade baseada na associação representativa dos interesses e das atividades profissionais. (BOBBIO, MATTEUCCI & PASQUINO, 1998).

[3] Representantes do governo declaradamente favoráveis a uma maior aproximação com a Alemanha, em detrimento aos EUA.

[4] Não que os analistas de política externa tenham desenvolvido uma teoria satisfatória, testada empiricamente. O autor usa o termo modelo sem qualificação, devendo ser compreendido como esquema conceitual (ALLISON, 1990).

[5] Entre eles Oswaldo Aranha, Flores da Cunha, Lindolfo Collor, João Neves, Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos.

[6] A atuação de Oswaldo Aranha e sua importância no relacionamento entre o Brasil e os EUA serão melhor explicitadas na próxima seção.

[7] O café, como principal produto da pauta exportadora brasileira, teve tratamento especial desde o início do governo Vargas. Em fevereiro de 1931, um decreto estabeleceu que o governo compraria todos os estoques existentes no País em 30 de junho do mesmo ano. No entanto a medida foi paliativa e nem de longe resolveu o problema. Em julho, um novo decreto comprometeu o governo a comprar os excedentes do produto com a receita derivada do imposto de exportação e do confisco cambial, e destruiria uma parcela do produto. A destruição de café só terminou em julho de 1944. Nesse período, foram eliminados mais de 78 milhões de sacas, o equivalente ao consumo mundial de três anos (FAUSTO, 2003).

[8] Também conhecido como Plano Schacht, nome do presidente da Reichsbank de 1933 até 1939 e ministro da Economia de 1934 a 1937, criador do plano.

[9] A preocupação com uma possível ofensiva vinda da Argentina fez que um diplomata brasileiro fosse enviado como espião para Argentina. Sérgio Corrêa da Costa foi para a Argentina como Juan Guttiérrez para observar e transmitir informações sobre a Argentina durante a guerra (BIRMAN, 2004).

[10] O pai de Oswaldo, Euclides, nasceu em São Paulo e, estabelecido no Rio Grande do Sul, tornou-se dono de uma Estância, transformada em fazenda modelo. Nela, cultivava eucaliptos, gado e cavalo de raça, árvores frutíferas e realizava experiências novas, empregando colonos. Além de presidente local do Partido Republicano Rio-Grandense, foi intendente e vice-presidente do estado. Era fiel escudeiro de Borges de Medeiros, presidente (como eram chamados os governadores na época) do estado e teve grande influência na formação política de Oswaldo (CAMARGO; ARAÃsJO; SIMONSEN, 1996).

[11] O jovem Oswaldo participou de vários comícios em praças públicas, junto com vários outros estudantes, sendo muitas vezes um dos oradores e, frequentemente, correndo perigo por causa da repressão policial. Em 1915, o estudante Lustosa Aragão foi ferido pelas forças policiais durante uma manifestação contra o governo federal e Oswaldo redigiu um abaixo-assinado ao senador Pinheiro Machado, referindo-se a ele nos seguintes termos: "A tirania vossa alimenta-se de vidas, vivendo de mortes. Foi ferido hoje um heróico moço, mas a mocidade não recuará" (apud CAMARGO; ARAÃsJO; SIMONSEN, 1996, p. 41).

[12] Nos dois anos seguintes à revolta de 1923, o Rio Grande do Sul enfrentaria mais tentativas de golpe pela força. Em 1924, os reflexos do tenentismo em São Paulo se fizeram sentir no Sul. Várias guarnições foram levantadas no estado gaúcho por líderes tenentistas, entre quais os estavam Luís Carlos Prestes e Juarez Távora. As tropas governistas, mais uma vez, conseguiram deter o avanço dos tenentistas, com a decisiva ajuda de Aranha na defesa de Itaqui. Foi essa derrota que fez Luís Carlos Prestes organizar a Coluna que deixou o Rio Grande do Sul para peregrinar pelo País. No ano seguinte, Honório Lemes, remanescente dos dois levantes anteriores, e alguns elementos da Coluna Prestes mais uma vez se levantaram em armas e, mais uma vez, Oswaldo Aranha, agora intendente, empunhou armas em defesa da região (HILTON, 1994).

[13] Aranha comunicou a Vargas sua decisão, em fins de novembro de 1931, nos seguintes termos: "Há muito sirvo a contragosto no Teu governo. Só tu, com a tua autoridade pessoal, poderias reter-me, como tens retido, em uma posição contrária a minha consciência e às minhas idéias (...) Não posso mais continuar nesta falsa situação (...) Não quero, nem posso mais servir ao Governo, nem voltarei ao Ministério, senão para empossar o meu substituto" (apud HILTON, 1994, p. 114).

[14] Segundo Hilton (1994), Flores da Cunha via em todas as manobras de Aranha a intenção do ministro de lançar-se nas próximas eleições presidenciais como candidato do governo.

[15] O estudo se concentra no período de Aranha como chanceler. Sua atuação como representante brasileiro na ONU, apesar de ser extrema relevância, não é coberto pelo estudo.

[16] A guerra do Chaco foi um conflito armado entre a Bolívia e o Paraguai, que se estendeu de 1932 a 1935. A causa do conflito foi a posse do Chaco Boreal após a descoberta de petróleo na região. O conflito deixou 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios mortos, tendo resultado na derrota dos bolivianos com a perda e anexação de parte de seu território pelos paraguaios (CERVO; BUENO, 2002)

[17] A presença de Aranha na conferência também atendia às suas aspirações de sucessão. Com a proximidade das eleições, o nome de Aranha se fortalecia na política nacional, graças ao seu sucesso como embaixador. Mas Aranha sempre se posicionou com desconfiança em relação a sua candidatura. Era claro que Aranha só concorreria com a chancela de Vargas e nunca contra ele. E, como os fatos iriam mostrar, Vargas não estava disposto a largar o poder (HILTON, 1994).

[18] As conversações de Aranha com Lamas foram tensas e, muitas vezes, fora do afável clima diplomático. Aranha chegou a classificar o chanceler argentino como "louco, mentiroso e cínico" (apud HILTON, 1994, p. 241).

[19] A criação de uma minoria germânica organizada poderia causar problemas quanto uma possível vontade de anexação, tal qual aconteceu na questão dos Sudetos (SEITENFUS, 2003).

[20] Partido Nacional-Socialista Alemão do Trabalho, que era a base de sustentação do nazismo de Hitler.

[21] Entre os jornais publicados em língua alemã, destacavam-se o Deutsche Zeitung e o Deutsche Morgen, em São Paulo, e o Neue Deutsche Zeitung, em Porto Alegre (SEITENFUS, 2003).

[22] A situação se tornou insuportável quando o embaixador alemão, recusando um convite do governo brasileiro para um baile em homenagem ao chanceler chileno, em visita oficial, procurou Aranha para informá-lo que não poderia aceitar convites enquanto alemães estavam sendo presos no Brasil (por causa do suposto envolvimento de alemães na tentativa de golpe integralista). No calor da discussão, Aranha afirmou que recomendaria ao embaixador brasileiro em Berlim, Moniz de Aragão, que também não aceitasse nenhum convite. Ritter retrucou, dizendo que não seria necessário, pois o embaixador brasileiro não receberia nenhum convite. Por fim, Aranha, profundamente irritado, disse que "nesse caso queira aceitar o último convite que lhe dirijo, que é o de se retirar imediatamente do meu gabinete" (apud HILTON, 1994, p. 276).

[23] A situação colocou o Brasil em situação complicada, visto que a interpretação brasileira da neutralidade combinava com a visão alemã, e não com a visão inglesa e estadunidense. Diante do impasse, o Itamaraty tentou minimizar a questão e afirmou que aguardava os resultados da Conferência do Panamá (SEITENFUS, 2003).

[24] Um dos eventos mais marcantes aconteceu com o encouraçado-de-bolso alemão, Graf Spee. Em dezembro de 1939, o navio de guerra alemão se preparava para atacar o cargueiro francês Formose, nas proximidades de Montevidéu, já na zona de segurança, quando foi alcançado pela marinha britânica. No combate com três navios de guerra britânicos, o Graf Spee saiu fortemente avariado e se refugiou no porto de Montevidéu. Seguindo as leis internacionais, as autoridades uruguaias permitiram que o Graf Spee permanecesse no porto por 72 horas. No entanto, o período não foi suficiente para que o navio fosse reparado, ficando à mercê dos navios britânicos. Por fim, autorizado pelo próprio Hitler, o Graf Spee foi afundado por seu comandante (SEITENFUS, 2003).

[25] A "guerra falsa" compreende o período entre a invasão da Polônia, em setembro de 1939, até abril de 1940, quando não houve enfrentamentos militares diretos em terra, tendo os conflitos se concentrado no mar.

[26] O sucesso da "guerra relâmpago", empregada pelo exército nazista na Polônia, empolgou os chefes militares brasileiros, que acreditavam que o equipamento alemão fosse realmente a melhor opção para o reequipamento das forças armadas nacionais.

[27] Tática do exército nazista que consistia em massivos ataques aéreos, para depois haver a invasão por terra.

[28] Com o avanço das operações militares alemãs, a rota Natal-Dacar, caminha mais próximo das Américas para o outro lado do Atlântico, ganhou extrema importância, devido à proximidade do Nordeste brasileiro com o norte da África, em sua maioria, colônia européia, constituindo, assim, o caminho mais direto entre a América e o teatro de guerra europeu. No entanto, os chefes militares consideravam mais importante para a defesa nacional o posicionamento de bases na parte sul, na fronteira com a Argentina. Para os chefes militares, se houvesse perigo à segurança nacional, viria da Argentina.

[29] A reação alemã perante as decisões tomadas na Reunião de Havana foi de indiferença, pois o País nazista já havia exposto que não pretendia ocupar as colônias européias na América (SEITENFUS, 2003).

[30] No mesmo momento do acordo sobre o projeto siderúrgico, também foram acertados o pagamento, pelo Brasil, de 900 mil dólares relacionados às dívidas com credores estadunidenses e o acordo sobre a comercialização do café. A negociação sobre o café ocorreu multilateralmente, pois outros países do continente interessavam-se pelo mercado consumidor estadunidense (SEITENFUS, 2003).

[31] Com esse acordo, completa-se a cooperação das três armas, pois, desde a década de 1920, as Marinhas de ambos os países já cooperavam.

[32] Nenhuma iniciativa foi tomada contra o Japão, pois os ataques viriam somente de submarinos alemães e italianos.

[33] Detalhes da participação da FAB no conflito, encontram-se no documentário "Senta a Pua".

[34] A Sociedade dos Amigos da América era uma entidade cívica, criada em janeiro de 1943 para defender e divulgar os princípios democráticos no continente americano (HILTON, 1994).

[35] Disponível em: . Acesso em: 08 mar. 2007.

Partes: 1, 2, 3, 4


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