Um programa institucionalista para o desenvolvimiento de países latinos



  1. Resumo
  2. IntroduçãŁo
  3. Da opçãŁo teórica pelas "instituiçãµes"
  4. O "sistema social de inovaçãŁo e produçãŁo"
  5. O desafio do desenvolvimento e uma classificaçãŁo do capitalismo – o caso latino
  6. ConclusãŁo
  7. ReferãŞncias bibliográficas

Resumo

Perante o problema do desenvolvimento económico, após rejeitar instrumentos teóricos orientados para o curto prazo, ou que suponham o modelo racional de tomada de decisãŁo, adopto a teoria institucionalista que distingue tipos de capitalismo consoante o sistema social de inovaçãŁo e produçãŁo implementado. Uma vez que o SSIP mediterrã˘nico é o que pior estará a corresponder às exigãŞncias da actual economia do conhecimento, aponto cinco passos de um programa político para melhorar essa correspondãŞncia.

Palavras-chave:

capitalismo; instituiçãŁo; sistema social de inovaçãŁo e produçãŁo.

IntroduçãŁo

"Comparados com os brasileiros, cujos recursos naturais sãŁo abundantes e o espaço habitável é vasto, 140 milhãµes de japoneses vivem apinhados nas planícies costeiras de minúsculas ilhas nas quais os recursos naturais sãŁo poucos e as fontes de energia virtualmente nenhumas. Todavia o JapãŁo é rico, o Brasil é pobre." Penso que ao perguntarmos pelo que devemos fazer, hoje e aqui, para melhor nos desenvolvermos economicamente, será útil termos sempre presentes factos como este com que Michael Novak (1993: 1) abre a sua obra sobre as condiçãµes do desenvolvimento económico.

Todavia, a filosofia moderna e contemporã˘nea (pelo menos desde Kant) tem realçado como qualquer "facto" é já construído cognitivamente. NãŁo é portanto apenas para os interpretar uma vez que estejam dados, antes disso, é mesmo para os recolher que a teoria tem que ser escolhida. Nestas linhas pretendo apontar um dispositivo teórico para a recolha e interpretaçãŁo de factos económicos em ordem ao desenvolvimento, concluindo com o programa político que em conformidade se abrirá aos países latinos.

Da opçãŁo teórica pelas "instituiçãµes"

Qualquer teoria será válida na medida em que for internamente coerente, e que respeitar o que reconhece como facto. Em conformidade, qualquer teoria do desenvolvimento será válida (também) na medida em que nãŁo for negada pelo reconhecimento, por exemplo, da equivalãŞncia entre os desenvolvimentos económicos dos Estados Unidos da América e da Suíça desde 1870 a 1990, a despeito das respectivas diferenças naturais e institucionais. E comparem-se, desde o séc. XIX para diante, as economias que fizeram a II e a III RevoluçãŁo Industrial, como o JapãŁo, com outras que se mantiveram na periferia, como o Brasil. Isto é, aplicando os instrumentos teóricos hoje disponíveis, é certo que a curto prazo (poucas décadas) se registam diferenças nos desenvolvimentos de diversos países, de modo que se pode colocar a hipótese dessas diferenças se deverem às condiçãµes naturais e/ou conjunturais que uns satisfazem mas outros nãŁo. Foi o caso do maior crescimento do rendimento per capita no JapãŁo e Europa que nos EUA desde a II Guerra Mundial até aos anos "80, ou da inversãŁo dessa relaçãŁo nos anos seguintes. De modo que se pã´de defender a existãŞncia de um modelo económico óptimo em cada um desses períodos – respectivamente, o da economia coordenada de mercado (ECM) e o da economia liberal de mercado (ELM) (Amable, 2005: 7-10; 106, ss.). Englobando porém essas flutuaçãµes, quais acidentes de percurso, os estudos de longo prazo revelam um paralelismo precisamente entre alguns percursos, e portanto alguns modelos económicos, diferentes.

Na linha desses estudos de longo prazo, nomeadamente os do economista austríaco Joseph Schumpeter, J.L.C. Neves (1996: 369) define o desenvolvimento económico como "uma mudança espontã˘nea e descontínua nos canais do fluxo, perturbaçãŁo do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente". De onde de imediato conclui que "trata-se de algo novo, de uma inovaçãŁo." E explica para o caso específico da produçãŁo: "O que sãŁo inovaçãµes? A inovaçãŁo é uma nova combinaçãŁo. Engloba cinco casos: introduçãŁo de um novo bem; introduçãŁo de um novo método de produçãŁo; abertura de um novo mercado; conquista de uma nova fonte de matérias-primas; e estabelecimento de uma nova organizaçãŁo de qualquer indústria". Recordando os exemplos atrás apontados, diremos entãŁo que i) há algumas condiçãµes decisivas para essa mudança, mas ii) elas nãŁo sãŁo singulares, isto é, esta última pode ocorrer mediante condiçãµes diferentes.


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