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Transtorno bipolar - fatores genéticos e psicossociais (página 2)


Nos EUA a prevalência para o transtorno bipolar do tipo I gira em torno de 1,6%. Na cidade de São Paulo essa prevalência é de 1%. Estudos recentes levando em consideração os critérios mais abrangentes, conclui que alterações do humor menos intensas, mas não menos graves, apresentam prevalência de 4 a 8% durante a vida para o continuum bipolar. O alto índice de freqüência de transtorno bipolar na população faz com que a compreensão da etiologia e fisiopatologia deste transtorno seja extremamente importante para definir condutas de tratamentos e prevenção. No entanto é preciso utilizar estratégias de investigação no campo genético, epidemiológico e psicossocial que permitam e facilitem esta compreensão.

1.2 - FATORES GENÉTICOS ASSOCIADOS.

A sugestão de herança genética dos transtornos mentais surgiu inicialmente por meio de observações clínicos e achados de estudos epidemiológicos com familiares de pacientes. A concordância entre gêmeos idênticos (monozigóticos) varia de 60% a 80% e o risco de desenvolver o transtorno bipolar em parentes de primeiro grau de um portador situa-se entre 2% e 15% (Cardno et al., 1999). Considerando esses resultados e todos os aspectos genéticos envolvidos neste processo, entende-se que a explicação para discordância entre gêmeos monozigotos que compartilham basicamente a totalidade dos genomas caberia aos fatores ambientais, o que pode comprovar sua relação com o desecandeamento desta patologia. O TB se insere entre as doenças geneticamente complexas, cuja manifestação depende da presença de um conjunto de genes que interagem entre si resultando em uma fisiopatologia também complexa, até o momento pouco definida. Outro aspecto inerente às doenças complexas é a influência do meio sobre a expressão gênica e sobre a modulação da atividade dos produtos expressos (Michelon, L Vallada H 2005).

1.3 - FATORES AMBIENTAIS RELACIONADOS AO TRANSTORNO BIPOLAR.

Estudos recentes mostram que o transtorno bipolar pode estar associado a uma gama de fatores que podem ser de origens demográficas (sexo e etnia), sociais, condição socioeconômica desfavorável, como desemprego ou baixa renda, e estado civil solteiro. Estão também relacionados ao nascimento (complicações na gestação ou no parto, estação do ano no nascimento, local de nascimento – urbano/rural ordem de nascimento), antecedentes pessoais (QI pré-mórbido, lateralidade, ajustamento pré-mórbido), antecedentes familiares (disfunção familiar, perda parental) e história médica pregressa (epilepsia, trauma craniencefálico, esclerose múltipla). Mulheres também apresentam risco aumentado nos três primeiros meses do pós-parto de modo consistente. Existe uma grande preocupação entre os portadores a respeito de sua prole desenvolver a patologia. Os estudos populacionais possibilitaram fazer estimativas de risco da ocorrência de TB em parentes de portadores.

1.4 - TRATAMENTO

 O objetivo do tratamento é evitar e prevenir os episódios agudos e tem como principal medicamento o lítio, um psicofarmaco cuja função é manter equilíbrio químico no cérebro para prevenir às variações do humor. Além do lítio, outros medicamentos demonstram eficácia durante o tratamento e tratam os sintomas da depressão, como o valproato, a carbamazepina e os antipsicóticos atípicos como a olanzapina.

Em relação à utilização dos psicofármaco é preciso estar ciente do que o paciente apresenta, incluindo eventuais comorbidades, levando em consideração, além do diagnóstico, as características dos sintomas, a resposta de medicamentos já utilizados anteriormente, a idade, a presença de problemas físicos, outras drogas em uso com as quais a nova droga possa interagir. Mas independente dos itens apresentados o ideal será a combinação desses medicamentos com as psicoterapias (Cordioli 2003 p. 2).

As psicoterapias tem um importante papel na melhora do curso evolutivo da depressão, sobretudo para os pacientes que constantemente apresentam problemas nos relacionamentos (amorosos familiares e profissionais). Neste sentido os psicólogos tem o papel de auxiliar pacientes e familiares no reconhecimento de sinais e sintomas da doença, ajudando ao individuo a manejar melhor com os estresses que acabam por precipitar os quadros depressivos, esclarecendo a importância de manter um padrão regular de sono, trabalho, lazer e a manutenção da medicação. Dentre as psicoterapias mais utilizadas encontra-se a Terapia Cognitiva; Terapia Interpessoal; Terapia Comportamental; Terapia de Orientação Psicanalítica. È importante salientar que embora se tenha fundamental importância o uso dos psicofarmacos, para que o tratamento seja eficaz é preciso estabelecer uma aliança entre médico, terapeuta e a família do portador evitando a interrupção dos medicamentos para que o paciente na tenha novas recaídas. Pois o fundamental é que os pacientes recebam o tratamento durante um período apropriado e para isso a família precisa está atenta aos cuidados necessários para melhora do paciente que sofre com este transtorno, assim será possível estabelecer uma participação ativa e adesão do paciente a seu tratamento, estabilizar suas crises o mais rapidamente possível e assegurar sua segurança e ressocialização.

1.5 - INCLUSAO DO PORTADOR DE TRANSTORNO BIPOLAR AO MEIO SOCIAL.

Ao inicio do século XX em oposição ao antigo modelo assistencial, nasce à reforma psiquiátrica, cujo objetivo é repensar o modelo assistencial, buscando a resocialização por meio da inclusão social e maior qualidade no tratamento de pessoas com transtornos mentais, onde a família teria um papel primordial no processo de tratamento.

Atualmente Transtorno bipolar revela um importante problema de saúde pública que compromete o desempenho social e ocupacional dos pacientes. A Inclusão social neste sentido deverá se reconhecida como um componente vital de recuperação para pessoas acometidas por este transtorno, cabendo aos dispositivos de atenção psicossocial com o apoio de profissionais comunidades e familiares dos portadores de transtornos mentais a função de promoverem atividades que proponham uma melhor bem estar do individuo, oferecer a este individuo um trabalho voltado ao resgate de sua autonomia, que vise à estimulação de sua integração social e familiar. Cabe também a este grupo o planejamento de e o um processo de educação que tire este sujeito do status de exclusão incluam no mercado de trabalho, onde através das oficinas ele possa gerir seu próprio negócio e garantir a reconstrução de sua identidade enquanto sujeito pertencente a uma sociedade.

CONCLUSÃO

A condição da doença mental interfere tanto no sujeito portador, na família, quanto no profissional que o atende e que o atendimento prestado pelos psicólogos às pessoas com transtorno mental aplica-se a todas as vertentes a que este profissional se dedica. Para isso, o profissional necessita de conhecimentos técnicos sobre a doença que vai atender e compreender o significado desta tanto para ele quanto para o sujeito que se encontra na condição de doente. Corroborando com esta afirmação AMARILIAN (1997 apud Amaral 1997, p.33), diz que em qualquer processo interacional, devemos ter consciência de que a condição de doença mental interfere na relação paciente terapeuta. Entretanto profissionais que atendem pessoas nesta condição são comprometidos em vários níveis: na percepção, na emoção e no nível das fantasias inconscientes. Diante dessas afirmações cabe a nós profissionais da saúde repensar a forma de tratamento que damos aos nossos pacientes e nos conscientizar sobre nossas responsabilidades com o ser humano e não permitir que se instale novamente o antigo modelo de tratamento.

REFERÊNCIAS:

AMARAL, L.A. (1997) Intervenção "extra-muros": resgatar e prevenir. Em: Becker, E. (Ed.) Deficiência: alternativas de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo. pp.129-159.

CORDIOLI. Aristides Volpato - Psicofármacos nos transtornos mentais. Disponivel em < http://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0275.pdf> acesso em 30/09/2012.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2ª edição, Porto Alegre, Artmed 2008.

KAPLAN, H.; SADOCK, B.; GREBB, J. Compêndio de Psiquiatria: ciência, comportamento e psiquiatria clínica. 9 a Edição, Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

LIMA, I. et al. (2004). Genética dos transtornos afetivos. Revista de Psiquiatria Clínica ISSN 0101-6083, versão impressa, São Paulo, 2004.

Michellon, L & Vallada, H (2005) - Revista de psiquiatria clinica. vol.32  suppl. 1 São Paulo  2005

CHANG, K.; STEINER, H.; KETTER, T. - Studies of Offspring of Parents with Bipolar Disorder. Am J Med Genet 15; 123C(1): 26-35, 2003   

 

Autor:

Cristiane Amado

cristianeamadosilva[arroba]gmail.com

FACULDADE CASTRO ALVES - FCA

Trabalho realizado por acadêmicos do 6.º semestre da Faculdade Castro Alves, apresentado a professora Gaelle como avaliação da disciplina psicopatologia do turno noturno do curso de Psicologia.

SALVADOR

2012



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