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Parâmetros genéticos para caracteres germinativos em vinte progênies de açaizeiro promissoras para p (página 2)

João Tomé de Farias Neto, Marcos Deon Vilela de Resende

 

Os caracteres mensurados foram: dias para início da germinação (IG), dias necessários para o final da germinação (FG), tempo médio de germinação (TM), e percentagem de germinação (PG), sendo consideradas como germinadas as plântulas que apresentavam caulículo visível, com aproximadamente 2 cm de altura. A expressão para o cálculo do tempo médio não foi obtida de Carvalho et al., (1998). As análises genéticos-estatísticas foram feitas com base no modelo matemático de blocos ao acaso, considerando-se todos os efeitos como aleatórios.

As progênies de açaizeiro apresentaram diferenças altamente significativas para todos os caracteres germinativos avaliados (Tabela 1), ou seja, as diferenças quanto à germinação foi expressa por observações de diferenças de vigor entre as progênies no canteiro de germinação. Em média, as progênies iniciaram a germinação aos 23,8 dias após a semeadura, havendo variações de 18 dias a 31 dias para a emergência das plântulas. No caso do término da germinação, as progênies apresentaram média de 49,3 dias, com amplitude de variação de 20 dias entre o maior e o menor valor registrado. O tempo médio para germinação foi de 33,8 dias, oscilando de 26 dias a 39,9 dias com a percentagem de germinação sendo considerada alta (87,1%) para sementes recém-colhidas, com algumas progênies alcançando 100% de germinação. O coeficiente de variação foi baixo para todos os caracteres, evidenciando boa precisão experimental. Em trabalhos semelhantes realizados com palmiteiro (E. edulis Mart.), também foram constatadas variações significativas entre progênies para percentagem e índice de germinação (Andrade et al., 1996; Mariot et al., 1997; Martins-Corder, 2001; Reis et al., 1992; Zambiazi & Martins-Corder, 2001).

Em relação às médias, as progênies 004/99 e 003/99 se destacaram, iniciando a germinação em menores períodos com 18,3 e 18,7 dias, respectivamente (Tabela 2). Tais progênies concluíram a germinação por volta de 46 dias, não diferindo significativamente das progênies 013/99, 016/99, 018/99 e 019/99, essa última apresentando a menor média, iniciando a germinação aos 42 dias.

A progênie 004/99, juntamente com a 017/99 e 018/99, exibiram as menores médias para tempo médio de germinação e diferiram significativamente das demais. Onze progênies com alto percentual de germinação (Tabela 2) não diferiram entre si pelo teste Scott-Knott. Bovi et al., (1988), utilizando sementes frescas de diferentes procedências de açaizeiro constataram também germinação rápida, com início aos 22 dias e término aos 40 dias após a semeadura. Entretanto, Martins-Corder (2001) e Zambiazi & Martins-Corder (2001) encontram percentuais bem inferiores (43,9% e 57,4%) aos 120 dias após a semeadura, quando usaram sementes de palmiteiro armazenadas por um e quatro meses. Esses autores destacaram quatro e cinco progênies, respectivamente, como as mais vigorosas e mais produtivas para palmito. Com base nos resultados obtidos, pode-se considerar as progênies 003/99 e 004/99 que alcançaram, no geral, as melhores médias como possuindo as sementes mais vigorosas.

As variâncias genéticas entre progênies e as herdabilidades no sentido amplo foram elevadas para três caracteres, início (IG), final (FG) e tempo médio (TM) de germinação, enquanto os maiores coeficientes de variação genética foram registrados para dois caracteres germinativos, IG e TM com 15,67% e 10,14%, respectivamente (Tabela 3). Os coeficientes b apresentam as mesmas tendências observadas para os coeficientes de variação genética, e suas magnitudes expressam também a variabilidade genética exibida pelos dois caracteres. Os valores de b superiores à unidade para IG e TM revelam uma alta proporção da variação genética, ou seja, uma ótima condição para se selecionar progênies para esses caracteres.

Tais resultados estão condizentes com os encontrados em progênies de açaizeiro desejáveis para frutos (Oliveira, informação pessoal). Reis et al.

(1992) também encontraram variação genética para período germinativo quando estudaram progênies de palmiteiro e consideraram como uma estratégia adaptativa importante para essa palmeira. Zambiazi & Martins-Corder (2001) constataram ampla variação genética entre progênies de palmiteiro para percentagem de germinação, caráter com menor variância genética e menor herdabilidade que as obtidas neste estudo.

As progênies apresentam diferenças genéticas para caracteres germinativos, com os caracteres início da germinação (IG) e o tempo médio (TM) tendo maiores coeficientes de herdabilidade no sentido amplo e relação do índice b.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Maria do Socorro Padilha de Oliveira1; João Tomé de Farias Neto2; Walnice Maria Oliveira do Nascimento3
1. Doutoranda do Curso de Genética e Melhoramento de Plantas da UFLA/MG. Bolsista da CAPES.
spadilha[arroba]ufla.br .
2. Engenheiro-Agrônomo, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.
tome[arroba]cpatu.embrapa.br .
3. Doutoranda do Curso de Sementes da ESALQ/USP.
walnice[arroba]cpatu.embrapa.br



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