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Resposta de genótipos de arroz irrigado à aplicação de zinco (página 2)

Cleomar Cezar Hermes, Sandro Luis Petter Medeiros; Paulo Augusto Manfron, B

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Departamento de Fitotecnia, na Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria - Rio Grande do Sul, no período de 16 de setembro de 1998 a 22 de janeiro de 1999.

Utilizou-se o esquema tri-fatorial 3x2x3 em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. Os tratamentos foram três doses de zinco aplicadas nas sementes (0; 0,66 e 1,33g de Zn kg-1 de semente), duas doses de zinco na solução nutritiva (0 e 0,150mg L-1) e três genótipos de arroz (BR-IRGA 410, EMBRAPA 7-TAIM e IRGA 417).

Utilizou-se como fonte o ZnSO4.7H2O contendo 22,73% de Zn.

Para aplicação nas sementes, o sulfato de zinco foi diluído em água deionizada. As sementes (200 g por tratamento) foram colocadas em sacos de plástico, tratadas com as doses de zinco e secadas a sombra.

A semeadura foi realizada em rolo de papel-toalha, em 7 de outubro de 1998 e, mantidas em germinador até a Publicado em 23-07-2004 germinação. Após, as mudas permaneceram 13 dias fora do germinador em solução nutritiva para aclimatação na casa-de-vegetação. Foram então, transplantadas para vasos de plástico, com 8,0L da solução nutritiva proposta por VAHL et al. (1993), colocando-se quatro mudas por vaso.

Foram avaliados os efeitos dos tratamentos através da altura de planta, número de panículas, massa fresca e seca da parte aérea, massa fresca e seca da raiz, massa fresca e seca total e teor de zinco no tecido, na floração.

Os dados obtidos foram submetidos à Análise da Variância, as médias correspondentes a doses de zinco foram submetidas à análise de regressão e as médias dos genótipos foram comparadas entre si pelo Teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância mostrou significância apenas para cultivares, não havendo significância para zinco na solução nutritiva nem para as interações. A análise de regressão não mostrou significância para doses de zinco.

Na Tabela 1, são apresentados os resultados obtidos para altura de plantas, número de panículas, massa fresca da parte aérea, massa fresca de raiz, massa fresca total, massa seca da parte aérea, massa seca de raiz, massa seca total e teor de zinco, das três cultivares de arroz testadas.

Observa-se que houve diferença significativa entre as cultivares tanto para altura de plantas quanto para número de panículas. As cultivares BR-IRGA 410 e EMBRAPA 7 TAIM apresentaram altura superior em relação a IRGA 417, no entanto, as três cultivares apresentam como característica porte baixo. Quanto ao número de panículas a cultivar BR-IRGA 410 apresentou melhor desempenho que as demais, pois possui alto vigor inicial e bastante afilhamento contribuindo, assim, para a formação das panículas (PEDROSO, 1989).

Analisando os resultados obtidos em relação a massa fresca da parte aérea (MFPA), da raiz (MFR) e total (MFT) verifica-se que a BR-IRGA 410 foi superior às demais cultivares.

A cultivar BR-IRGA 410 apresentou MSPA e MST estatisticamente superior as cultivares IRGA-417 e EMBRAPA 7 TAIM. No entanto, para MSR, as cultivares BR-IRGA 410 e EMBRAPA 7 TAIM não apresentaram diferença significativa entre si e foram superiores à cultivar IRGA 417.

Analisando-se os resultados na Tabela 1, verifica-se que não houve diferença significativa entre as cultivares em relação ao teor de zinco no tecido.

OSHE (1996) obteve resultados semelhantes aos encontrados neste estudo com a cultivar BR-IRGA 410.

Quanto a apliçação de zinco na semente não houve efeito significativo para doses, ou seja, o teor de zinco no tecido foi semelhante para as diferentes doses aplicadas na semente.

Na Tabela 2 são apresentados os resultados relativos a altura de plantas, número de panículas, massa fresca da parte aérea, massa fresca de raiz, massa fresca total, massa seca da parte aérea, massa seca de raiz, massa seca total e teor de zinco por planta de arroz irrigado em função da concentração de zinco na solução nutritiva. Para altura de plantas e número de panículas verifica-se que não houve diferença significativa entre a solução nutritiva com deficiência e suficiência de zinco (0 e 0,150mg L-1). No entanto, LEÃO (1990) constatou maior altura em plantas de arroz de sequeiro com a aplicação de zinco nas sementes em relação à adubação no solo.

Pela análise de regressão não houve diferença significativa para as doses de zinco aplicadas nas sementes, com relação a altura de planta e número de panículas, contrariando os resultados de BARBOSA FILHO et al. (1983) que constataram aumento de 12% na altura do arroz de sequeiro com a aplicação de solução de sulfato de zinco a 1% nas sementes.

Na Tabela 2 são apresentados os resultados de massa fresca da parte aérea, massa fresca da raiz e massa fresca total de plantas de arroz irrigado em função da concentração de zinco na solução nutritiva.

Verifica-se que não houve diferença significativa em relação aos tratamentos com deficiência e suficiência em zinco na solução nutritiva. No entanto, LOPES et al. (1984), em quatro experimentos realizados a campo, com arroz irrigado, encontraram acréscimo na produção de grãos com a aplicação de zinco.

BARBOSA FILHO et al. (1982) também constataram aumento no rendimento de grãos de arroz de sequeiro com aplicação de zinco nas sementes.

Não houve diferença entre as doses de zinco aplicadas nas sementes, contrariando os resultados de LOPES et al.

(1984) que estimaram a dose ótima de zinco para tratamento de sementes em 48g/ha para solos do tipo hidromórficos.

Analisando os resultados de massa seca da parte aérea, massa seca da raiz e massa seca total de plantas de arroz irrigado obtidos em função da concentração de zinco na solução nutritiva, Observa-se que não houve diferença significativa em relação aos tratamentos de deficiência e suficiência de zinco na solução nutritiva. Contudo, LEÃO (1990) observou que a produção de massa seca de raiz, em arroz de sequeiro, em geral, aumentou com a aplicação de doses de fósforo e zinco no solo.

As doses de zinco aplicadas nas sementes não diferiram entre si para MSPA, MSR e MST. No entanto, LEÃO (1990), em experimento com arroz de sequeiro, verificou que a aplicação de zinco na semente proporcionou maior produção de massa seca em comparação com a aplicação de zinco no solo.

Pelos dados apresentados na Tabela 2, observa-se que houve diferença significativa entre os tratamentos em relação ao teor de zinco no tecido. Apesar da ausência de zinco no tecido não ter apresentado deficiência visual nas plantas, o aumento do teor de zinco no tecido foi significativo. Mesmo na ausência de zinco na solução nutritiva, o teor de zinco no tecido variou de 28 a 50mg kg-1. Estes teores encontram-se dentro da faixa de suficiência de 20 a 50mg kg-1, para as plantas superiores, conforme BATAGLIA (1991). LOPES et al. (1984) encontraram teores semelhantes, em dois locais do Rio Grande do Sul, variando de 29,5 a 47,5mg kg-1 na safra 82/83 e de 22,0mg kg-1 na safra 83/84 para a cultivar BR-IRGA 409, através do tratamento de sementes com zinco.

CONCLUSÕES

A cultivar BR-IRGA 410 obteve resultados superiores para a maioria dos parâmetros analisados; a presença ou ausência de zinco na solução nutritiva não influenciou significativamente os parâmetros avaliados; não houve diferença significativa entre as doses de zinco aplicadas nas sementes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LEÃO, R. M. A. Efeitos do fósforo e do zinco no comportamento do arroz de sequeiro em Latossolo Vermelho Escuro sob vegetação de cerrado. Santa Maria: UFSM, 1990. 124p. (Dissertação de Mestrado).

LOPES, M. S., SANTOS, O. S., CABRAL, J. T., IOCHPE, B. Efeito de micronutrientes sobre o rendimento de grãos de arroz irrigado. In: REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 13, Camboriú, SC, 1984. Anais... Florianópolis, EMPASC, 1984, p.180-189.

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Rev. Fac. Zoo. Vet. Agro. Uruguaiana, Vol. 10, pág. 214 – 222, 2003. Publicado em 23-07-2004.

Reinaldo A. G. Bonnecarrère1, Fernanda A. A. Londero2, Osmar Santos3,
Denise Schmidt4, Felipe Gustavo Pilau5, Paulo Augusto Manfron6, Durval Dourado Neto7.

manfronp[arroba]smail.ufsm.br

1. Eng. Agrônomo, MSc, Doutorando em Fitotecnia, ESALQ-USP, Piracicaba-SP. rabonnec[arroba]esalq.usp.br .
2. Eng. Agrônomo, MSc, Doutoranda em Agronomia, UFV, Viçosa- MG.
3. Eng. Agrônomo, Dr., Professor Aposentado, Departamento de Fitotecnia, UFSM, Santa Maria-RS.
4. Eng. Agrônomo, Dr., Professora ULBRA, Jí-Praná-RO.
5. Eng. Agrônomo, MSc, Doutorando em Física do Ambiente Agrícola, ESALQ-USP, Piracicaba-SP.
6. Eng. Agrônomo, Dr., Professor Titular, Deparatamento de Fitotecnia, UFSM, Santa Maria-RS.
7. Eng. Agrônomo, Dr., Professor Associado, Departamento de Produção Vegetal, ESALQ/USP, Piracicaba-SP.

 

 



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