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Alimentação complementar (página 2)

Clécio H. da Silva; Elsa R. J. Giugliani

Quando Iniciar

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os alimentos complementares sejam introduzidos a partir dos 4-6 meses3. A tendência atual é a de recomendar alimentos complementares em torno dos 6 meses. Muitos países já adotam oficialmente essa recomendação, inclusive o Brasil, baseados em evidências de que a introdução dos alimentos complementares antes dos 6 meses (salvo em alguns casos individuais) não só não oferece vantagens como pode ser prejudicial à saúde da criança.

O principal argumento contra a introdução precoce dos alimentos complementares é o aumento da morbi-mortalidade, especialmente em locais com condições precárias de higiene. O consumo precoce dos alimentos complementa-res diminui a ingestão de leite materno4 e, conseqüentemente, a criança recebe menos fatores de proteção. Além disso, os alimentos complementares podem ser uma importante fonte de contaminação das crianças. Em Pelotas, RS, as taxas de hospitalização por pneumonia foram significativa-mente maiores em crianças que recebiam alimentos complementares antes dos 6 meses, tanto para as crianças amamentadas como para as alimentadas artificialmente5. Em outro estudo realizado em Porto Alegre e Pelotas6. O acréscimo de qualquer outro alimento ao leite materno esteve associado com um aumento na mortalidade por diarréia. A prevalência de diarréia7, desinteria e febre8 esteve associada positivamente com a alimentação complementar em crianças entre os 4 e 6 meses de idade em Gana e na Índia.

Não há consenso sobre a relação entre a amamentação exclusiva e o crescimento na faixa dos 4-6 meses. Vários estudos mostraram que o uso de alimentos complementares a partir dos 4 meses, a crianças amamentadas, não melhorou o crescimento das mesmas, mesmo quando o alimento oferecido era de boa qualidade1,9-11. Por outro lado, estudos brasileiros sugerem que crianças suplementadas podem crescer mais rapidamente nessa faixa etária do que as alimentadas exclusivamente12,13.

Com a complementação alimentar antes dos 6 meses, as crianças passam a ingerir menos leite materno, ou seja, o leite é substituído pelos alimentos complementares4,14, mesmo quando a freqüência da amamentação é mantida9. Muitas vezes, os alimentos complementares oferecidos às crianças pequenas, nos primeiros meses de vida, são menos adequados sob o ponto de vista nutricional do que o leite materno. Assim, a introdução precoce da alimentação complementar com freqüência é desvantajosa para a nutrição da criança, além de reduzir a duração do aleitamento materno15-19, interferir na absorção de nutrientes importantes existentes no leite materno, como o ferro e o zinco20-22 e reduzir a eficácia da lactação na prevenção de novas gravidezes23. É interessante observar que o deslocamento de leite materno pelos alimentos complementares é menos importante após os 6 meses1,24.

As recomendações alimentares para crianças pequenas de muitos países incluem o adiamento da introdução de alguns alimentos, por serem altamente alergenos24. Entre eles encontram-se o leite de vaca (responsável por 20% das alergias alimentares), cuja introdução é recomendada aos 9-12 meses. Uma vez introduzido, o leite deve ser integral e não desnatado. Os Estados Unidos recomendam evitar certos tipos de alimentos, tais como ovo, amendoim, nozes e peixe, no primeiro ano de vida, quando houver história familiar de alergia alimentar. A introdução de mel na dieta da criança é recomendada, em geral, após o primeiro ano de vida para reduzir o risco de botulismo24.

Em resumo, embora ainda exista alguma controvérsia sobre a duração ideal do aleitamento exclusivo, as evidências atuais recomendam que este seja mantido até os 6 meses. Recentemente, a Academia Americana de Pediatria endossou esta recomendação25.

Em casos individuais, pode estar indicada a introdução de alimentos complementares antes dos 6 meses, especialmente quando a criança não está crescendo satisfatoriamente com leite materno exclusivo e/ou apresenta sinais evidentes de fome apesar de ser amamentada freqüentemente. Mas deve-se levar em conta que as atuais curvas de crescimento são baseadas predominantemente em crianças alimentadas artificialmente, e está adequadamente demonstrado que o crescimento de crianças amamentadas saudáveis, entre os 3 e 9 meses de idade aproximadamente, é freqüuentemente inferior ao de crianças desmamadas26,27. Portanto, o uso acrítico dos atuais padrões de crescimento pode levar à complementação desnecessária de crianças saudáveis.

O que oferecer como alimentos complementares

Para a criança crescer saudável, ela deve receber alimentos complementares adequados no momento oportuno. Uma alimentação adequada deve ser rica em energia, proteínas e micronutrientes (particularmente o ferro, o zinco, o cálcio, a vitamina A, a vitamina C e os folatos) isenta de contaminação (sem germens patogênicos, toxinas ou produtos químicos prejudiciais), não muito salgada ou apimentada, fácil de ser consumida pela criança (apresentação adequada para a idade), em quantidade apropriada e que seja disponível e acessível. É de fundamental importância que a criança goste da dieta e que ela seja culturalmente aceita28. A seguir, são discutidas algumas características de uma dieta adequada para crianças menores de 2 anos.

Densidade energética

A densidade energética de um alimento traduz a quantidade de calorias por unidade de volume ou peso do alimento.

A partir dos 6 meses, parte das necessidades energéticas das crianças deve ser suprida através dos alimentos complementares. A Figura 1 mostra que a quantidade de energia que deve ser obtida a partir dos alimentos complementares aumenta com o progredir da idade.

A quantidade de energia dos alimentos complementares necessária para suprir as necessidades das crianças varia de acordo com o volume e a densidade energética do leite materno consumido pela criança. Em países em desenvolvimento, o conteúdo energético do leite humano varia de 0,53 a 0,70kcal/g, enquanto que nos países desenvolvidos ele é maior, variando de 0,60 a 0,83kcal/g1. As crianças usualmente compensam essa variação da concentração de energia no leite materno variando seu consumo de leite. De qualquer maneira, as crianças de países pobres em geral requerem mais energia proveniente dos alimentos complementares quando comparadas com os seus pares de países industrializados. A Tabela 1 apresenta estimativas de energia necessária provenientes de alimentos complementares para crianças de diversas faixas etárias (até os 2 anos), levando em consideração o local de residência e o volume de leite materno ingerido1.

A criança possui um mecanismo de auto-regulação de ingestão diária de energia. Como conseqüência, tende a comer quantidades menores de alimentos muito calóricos. Apesar disso, crianças com dietas com alta densidade energética tendem a ter uma ingestão diária de energia maior29. A capacidade gástrica limitada da criança pequena (30-40ml/kg de peso) pode impedi-la de alcançar as suas necessidades energéticas se a dieta for de baixa densidade energética1. Por outro lado, se a criança recebe grande quantidade de energia dos alimentos complementares, ela poderá reduzir a ingestão de leite materno, o que não é aconselhável, principalmente nas crianças menores.

A quantidade de energia proveniente de gorduras na dieta de crianças menores de 2 anos de idade é discutível. A maioria dos autores recomenda que a energia proveniente de gorduras deva suprir de 30% a 45% da ingestão total de energia de crianças menores de 2 anos30. Cabe lembrar que 40% a 55% da energia do leite humano são derivados de gorduras.

Como a concentração de gordura no leite materno varia, a porcentagem de energia proveniente das gorduras nos alimentos complementares deve também variar. Assim, a porcentagem de energia proveniente das gorduras nos alimentos complementares deve ser maior nas dietas de filhos de mulheres com baixa concentração de gordura no leite, como ocorre em muitas populações de países em desenvolvimento. Assumindo como 30% a porcentagem desejada de energia proveniente das gorduras (leite materno mais alimentos complementares), estima-se que os alimentos complementares devam conter de 14 a 21% de energia derivados das gorduras em crianças de 6 a 11 meses e 26% para crianças de 12 a 23 meses quando a concentração de gordura no leite é baixa (2,8g/100g). Para filhos de mulheres com reserva adequada de gordura (concentração média de gordura no leite em torno de 3,8g/100g), a alimentação complementar deve conter de 5 a 9% de energia provenientes de gordura em crianças de 6 a 11 meses e 19% para crianças de 12 a 23 meses1.

Resumindo, a quantidade de energia que a criança pequena deve receber através dos alimentos complementa-res depende da idade da mesma, do quanto ela ingere de leite materno e da freqüência com que os alimentos complementares são oferecidos. Para uma criança com ingestão média de leite materno, que consome pelo menos 3 refeições diárias com alimentos complementares, a densidade energética recomendada da dieta varia de 0,6kcal/g aos 68 meses de idade a 1,0kcal/g aos 12-23 meses. Quando a ingestão de leite materno é menor ou a criança apresenta retardo no crescimento, a densidade energética deve ser maior, variando de 0,8 a 1,2kcal/g1. A quantidade necessária de gordura dos alimentos complementares também varia e depende da concentração de gordura do leite materno. No entanto, grupos de expertos em muitos países acreditam que a ingestão de gorduras nos dois primeiros anos de vida não deva ter restrições30.

Estudo multicêntrico sobre consumo alimentar realizado no Brasil31 mostrou que, em geral, a dieta das crianças brasileiras menores de 2 anos é adequada com relação à quantidade de calorias. Entretanto, a densidade energética mostrou-se baixa, o que pode estar relacionado não apenas com o tipo de alimento consumido pelas crianças, mas também com a sua consistência. É comum as crianças pequenas serem alimentadas com alimentos de consistência "mole", diluídos.

Densidade protéica

Em geral, a quantidade de proteínas das dietas é adequada se houver um adequado conteúdo energético, exceto em populações que consomem predominantemente alimentos pobres em proteínas tais como batata doce e mandioca1. A deficiência isolada de proteínas, ao contrário do que se acreditava, não parece ser um determinante importante dos déficits de estatura de crianças de baixo nível socioeconômico de países em desenvolvimento32,33.

A densidade protéica (gramas de proteínas por 100kcal de alimento) recomendada para os alimentos complementares de crianças de 6 a 24 meses é de 0,7g/100kcal34.

A qualidade e a digestibilidade das proteínas devem ser levadas em consideração ao se avaliar a adequação da alimentação complementar. As proteínas de mais alto valor biológico e de melhor digestibilidade são encontradas no leite humano, seguidas pelas proteínas de origem animal (carne, leite, ovos). Combinações apropriadas de vegetais também podem fornecer proteínas de alta qualidade, como por exemplo na mistura de arroz com feijão35.

Segundo o Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar31, a dieta das crianças brasileiras menores de 2 anos em geral contém quantidades de proteínas acima das recomendadas, e aumenta com a idade.

Conteúdo de ferro

Apesar de a quantidade de ferro que a criança recebe através do leite materno ser pequena, ela é suficiente para suprir as necessidades desse micronutriente nos primeiros 6 meses de vida, em crianças nascidas a termo, graças as suas reservas de ferro. A partir dos 6 meses, no entanto, as reservas se esgotam, havendo a necessidade de complementação de ferro através de alimentos complementares ricos nesse micronutriente (Figura 2). As crianças prétermo e com baixo peso de nascimento nascem com menos reservas de ferro, havendo necessidade de suplementação com ferro antes dos 6 meses.

A biodisponibilidade do ferro, ou seja, o quanto de ferro ingerido é absorvido e disponibilizado para o metabolismo, é de fundamental importância. O ferro melhor aproveitado pela espécie humana é o contido no leite materno, com um aproveitamento de até 70% quando a amamentação é exclusiva36. O ferro contido nos alimentos de origem animal é melhor absorvido (até 22%) do que o ferro de origem vegetal (1 a 6%). Esse último é melhor absorvido na presença de carnes, peixes, frutose e ácido ascórbico, enquanto é menos absorvido quando ingerido com gema de ovo, leite, chá, mate ou café37-.

Entre os produtos de origem animal, as carnes (principalmente as carnes vermelhas) e alguns órgãos (em especial o fígado) contêm uma maior densidade de ferro e uma melhor biodisponibilidade do que o leite e os seus derivados. A gema de ovo é rica em ferro, mas a sua absorção é pobre. Alguns produtos de origem vegetal contêm quantidades razoáveis de ferro, porém com baixa biodisponibilidade. Entre eles encontram-se o feijão, a lentilha, a soja e os vegetais verde-escuros (acelga, couve, brócolis, mostarda, almeirão).

Uma dieta com alta biodisponibilidade de ferro (mais de 19% de absorção) em geral é uma dieta diversificada, com quantidades generosas de carne, peixe e aves (mais de 90g) e alimentos ricos em ácido ascórbico (25-75mg)1.

A densidade de ferro (mg/100kcal) recomendada nos alimentos complementares é de 4mg/100kcal para crianças de 6 a 8 meses, de 2,4mg/100kcal dos 9-11 meses e de 0,8mg/100kcal dos 12 aos 24 meses. O Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar31 mostrou que a média da densidade de ferro da dieta das crianças brasileiras menores de 2 anos está bem abaixo da recomendada: de 0,49 a 0,69 para crianças de 6 a 12 meses e de 0,53 a 0,69 para crianças no segundo ano de vida. Esses achados são coerentes com as altas taxas de anemia em crianças pequenas no Brasil40-42.

Em geral, admite-se que a densidade de ferro nos alimentos complementares em países em desenvolvimento não garante as necessidades de ferro das crianças menores de 2 anos1. A quantidade adequada de ferro na alimentação complementar só pode ser atingida com o consumo de alimentos enriquecidos com ferro ou de produtos animais em grandes quantidades. Crianças pequenas, em geral, têm dificuldade em consumir grande quantidade de alimentos ricos em ferro (fígado, carnes, peixes). Portanto, faz-se necessário estratégias para aumentar a ingestão de ferro em crianças de 6 a 24 meses, como enriquecimento de alimentos infantis e suplementação com ferro medicamentoso. O consumo de alimentos ricos em vitamina C (laranja, goiaba, limão, manga, mamão, melão, banana, maracujá, pêssego, tomate, pimentão, folhas verdes, repolho, brócolis, couveflor) nas refeições aumenta a quantidade de ferro absorvido. Lembrar que o cozimento destrói parte da vitamina C.

Conteúdo de zinco

O papel do zinco na prevenção da morbi-mortalidade por doenças infecciosas foi reconhecido apenas recentemente.

Nos países em desenvolvimento, a média da densidade de zinco (mg/100kcal) nos alimentos consumidos por crianças abaixo de 1 ano é menor do que a recomendada (0,8mg/100kcal para crianças de 6 a 8 meses e 0,5 mg/ 100kcal em crianças de 9 a 11 meses)1. À semelhança do que ocorre com o ferro, as crianças entre 6 e 8 meses teriam dificuldade em suprir as necessidades de zinco através da alimentação complementar1,43. Para as crianças acima de 8 meses as necessidades podem ser preenchidas com a ingestão de quantidades relativamente altas de fígado e peixe seco.

A densidade do zinco e sua biodisponibilidade é maior nos produtos de origem animal, principalmente as carnes e órgãos (em especial o fígado) e gema de ovo. Produtos vegetais costumam ser pobres em zinco, além de ter uma baixa biodisponibilidade, particularmente cereais e legumes com altas concentrações de fitatos. Ao contrário do que ocorre com o ferro, o ácido ascórbico não aumenta a biodisponibilidade do zinco.

Conteúdo de vitamina A

Em muitos países em desenvolvimento, as crianças pequenas ingerem quantidades adequadas de vitamina A1. As crianças que recebem leite materno com adequadas concentrações de vitamina A suprem as suas necessidades diárias dessa vitamina com relativa facilidade através de alimentos complementares adequados. No entanto, em áreas endêmicas de deficiência de vitamina A, o alimento complementar se constitui em importante fonte dessa vitamina, já que a concentração de vitamina A no leite materno nessas regiões pode ser baixa. Além disso, a absorção de vitamina A pode ser prejudicada quando a dieta da criança é pobre em gordura, como ocorre com freqüência em populações carentes. Provavelmente a absorção de caroteno e retinol, da dieta da criança pequena, pode ser melhorada se o alimento complementar for consumido junto com o leite materno (pouco antes ou depois)1. Em áreas endêmicas, onde a concentração de vitamina A no leite materno pode estar diminuída, a criança pequena necessita de um aporte maior dessa vitamina para suprir as suas necessidades. Isso pode ser conseguido através de suplementação da mãe com vitamina A e/ou com ingestão aumentada de alimentos ricos dessa vitamina por parte da criança, tais como fígado, gema de ovo, produtos lácteos, folhas verde-escuras, vegetais e frutas de cor laranja (cenoura, abóbora, pimentão vermelho ou amarelo, manga, maracujá, mamão)1.

Praticamente não existem estudos no Brasil sobre o consumo de vitamina A de crianças abaixo de 2 anos. Sabe-se que em áreas endêmicas (região Nordeste e algumas comunidades fora dessa região) o consumo deva ser baixo já que a prevalência de deficiência de vitamina A em crianças é alta44. O Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar31 mostrou que, em geral, a média de ingestão de vitamina A foi adequada em crianças menores de 2 anos. No entanto, quando as famílias foram categorizadas segundo a renda, observou-se que a dieta de crianças cujas famílias tinham uma renda mensal igual ou menor que 2 salários mínimos era deficiente em vitamina A.

Quantidade e freqüência

No início, deve-se oferecer pequenas quantidades dos alimentos complementares, que devem ser aumentadas gradativamente. A introdução de novos alimentos também deve ser gradual, um de cada vez, com um intervalo de 3 a 7 dias para que possam ser observadas possíveis reações adversas a cada alimento. É importante salientar que a freqüência das mamadas ao seio não deve ser alterada em função da introdução da alimentação complementar.

Aos 9 meses uma criança já deve estar recebendo uma alimentação variada. Devem-se evitar refeições muito freqüentes e volumosas em crianças amamentadas, pois quanto mais alimentos elas consomem, menos leite materno será ingerido. Lembrar que a capacidade do estômago da criança pequena é reduzida, e que ela ajusta a ingestão de alimentos de acordo com a sua densidade energética45,46.

A freqüência com que os alimentos complementares devem ser oferecidos às crianças pequenas varia de acordo com a densidade energética dos alimentos que constituem a dieta, a quantidade de leite materno ingerido e o tamanho da criança. Uma criança de 6 a 8 meses de idade de tamanho médio e com uma ingestão média de leite materno necessita de 2 refeições ao dia se a densidade energética dos alimentos for maior ou igual a 0,9kcal/g, ou 3 refeições se a densidade energética for menor, de 0,6 a 0,9 kcal/g. Entre 9 e 11 meses de idade, são necessárias 3 refeições diárias se a densidade energética for igual ou superior a 0,8kcal/g, ou 4 refeições se a densidade energética for de 0,6 a 0,8kcal/g. No segundo ano de vida, 3 refeições seriam suficientes com uma dieta com alta densidade energética (no mínimo 1,0kcal/g). Com dietas menos calóricas, 4 ou 5 refeições diárias são necessárias1.

Como muitas vezes é difícil avaliar a quantidade de leite materno que a criança ingere, a Organização Mundial da Saúde recomenda que os alimentos complementares com densidade energética adequada sejam inicialmente oferecidos 3 vezes ao dia. A quantidade e a freqüência deve ser aumentada gradativamente, de maneira que uma criança com 12 meses de idade receba alimentos complementares 5 vezes ao dia (3 refeições e 2 lanches). A criança não amamentada ou amamentada infreqüentemente deve ser alimentada com alimentos complementares 5 vezes ao dia desde o início da complementação alimentar28.

Inicialmente os alimentos devem ser macios (amassados), sem no entanto serem diluídos (não se recomenda liquidificar os alimentos). Sopas e comidas ralas/moles não fornecem calorias suficientes para suprir as necessidades energéticas das crianças pequenas. Nesta fase, os alimentos ditos de transição devem ser preparados especialmente para as crianças. A partir dos 8 meses, a criança pode receber os mesmos alimentos consumidos pela família, desde que amassados, desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos.

O melhor momento para oferecer os alimentos complementares - se antes, durante ou depois das mamadas ao seio-não está bem estabelecido. Há pelo menos um estudo mostrando que o tempo total de sucção no peito e a ingestão diária de energia não varia com a ordem de oferecimento do alimento complementar47. Na tentativa de prevenir uma redução substancial de volume de leite materno ingerido, muitos recomendam oferecer os alimentos complementares após as mamadas. Outros advogam que os alimentos complementares sejam consumidos antes das mamadas para facilitar o aprendizado de novos sabores e texturas1.

Há poucas informações sobre o número de refeições diárias consumidas por crianças menores de 2 anos no Brasil. O Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar31 revelou que mais de 90% das crianças nessa faixa etária são alimentadas pelo menos 4 vezes ao dia. A maioria faz 5 a 6 refeições por dia a partir dos 6 meses.

Práticas de higiene dos alimentos complementares

As práticas de higiene dos alimentos complementares, que incluem a sua preparação, posterior estocagem e administração, são importantes na promoção da nutrição das crianças pequenas48. Acredita-se que mais da metade dos episódios de diarréia em crianças menores de 5 anos esteja associada à alimentação da criança49, com os alimentos complementares exercendo um importante papel na transmissão das doenças diarréicas50.

A contaminação dos alimentos complementares é comum nos países em desenvolvimento devido à contaminação da água, má higiene pessoal (com conseqüente contaminação das mãos de quem prepara o alimento) e dos utensílios (em especial as mamadeiras e respectivos bicos), e estocagem inadequada dos alimentos após a preparação. A contaminação do alimento é comum quando ele é estocado à temperatura ambiente, o que favorece a proliferação de bactérias patogênicas50. Com freqüência, em populações pobres, os alimentos estocados em condições desfavoráveis são oferecidos às crianças sem serem reaquecidos ou com reaquecimento inadequado, resultando em ingestão de grande quantidade de germens patogênicos49.

As seguintes práticas de higiene dos alimentos complementares devem ser promovidas: lavagem das mãos com sabão antes do preparo do alimento; consumo de alimentos frescos; lavagem adequada dos alimentos crus; uso de utensílios limpos; não utilização de mamadeiras e seus respectivos bicos; armazenamento dos alimentos perecí-veis ou preparados em geladeira, sempre que possível; cozimento adequado dos alimentos; consumo do alimento dentro de 2 horas após o seu preparo na ausência de geladeira; reaquecimento adequado dos alimentos preparados e estocados à temperatura ambiente por mais de 2 horas; e proteção dos alimentos e dos utensílios contra animais (ratos, baratas moscas) e poeira28. É interessante mencionar que, em Uganda, o uso de copo foi mais eficaz na redução da contagem bacteriana do que a limpeza dos utensílios, pois as mamadeiras e bicos lavados ou fervidos eram mais contaminados que os copos sem esses cuidados51.

Fatores que facilitam/dificultam uma alimentação complementar adequada

Para que as crianças pequenas se alimentem adequadamente, alguns fatores devem ser considerados, tais como apetite/anorexia, variedade/monotonia e sabor/aroma.

A falta de apetite pode levar a uma importante redução da ingestão de energia e, conseqüentemente, a déficits de crescimento. O relato de anorexia no primeiro ano de vida aumenta com a idade - de 2,2% no primeiro mês para 31,7% no 12o mês1. Além das doenças infecciosas, contribuem para a anorexia ou menos ingestão de alimentos complementares dietas monótonas1, deficiências de micronutrientes, sobretudo de ferro e zinco, e problemas emocionais28.

É interessante ressaltar que quando a criança que é amamentada está anoréxica, ela reduz mais a ingestão de energia de alimentos diferente do leite materno do que a energia proveniente do mesmo1.

Mesmo a criança sadia, com bom apetite, deve ser assistida e incentivada a comer na hora das refeições. Essa tarefa requer paciência, pois a criança pequena demora para comer, faz sujeira e se distrai facilmente. Os adultos devem encorajar as crianças a comerem sozinhas, sempre supervisionando para se certificarem de que a criança está ingerindo o suficiente. Criança sonolenta ou que tenha ficado irritada por ter esperado muito pelo alimento pode perder o apetite e não se alimentar adequadamente. Jamais deve se forçar a alimentação da criança, nem usar técnicas de coação ou chantagem.

Se a criança está anoréxica por encontrar-se doente, uma atitude mais flexível com relação a horários e regras habituais pode ajudá-la a se alimentar melhor. Nesses períodos, ela deve ser alimentada com mais freqüência (especialmente mamadas ao seio), com os alimentos prediletos, com alta densidade energética e numa consistência que facilite a sua deglutição e que não irrite as mucosas (alimentos muito ácidos) se a criança apresentar dor à deglutição e/ou mastigação. Alimentos ricos em vitamina A devem ser oferecidos na vigência de doenças que expoliam essa vitamina como sarampo, diarréia e infecções respiratórias agudas52.

Após um processo infeccioso, no período de convalescença, o apetite da criança encontra-se acima do habitual, numa tentativa de compensar a perda de peso. Nesse período, deve-se oferecer alimentos com mais freqüência, ricos em energia e com uma relação proteína energia acima do habitual. A proteína adicional devem ser, preferencialmente, de alto valor biológico (carne, produtos lácteos e ovos), favorecendo, também, uma maior oferta de ferro, zinco e vitamina A52.

Somente uma dieta variada garante à criança uma nutrição adequada. A dieta da criança pequena brasileira em geral é monótona. O Estudo Multicêntrico de Consumo Alimentar31 mostrou que 70% das calorias ingeridas por crianças de 6 a 12 meses são supridas por 5 a 8 produtos. No segundo ano de vida, a dieta é um pouco mais diversificada, com 8 a 11 produtos fornecendo 70% da energia consumida. Segundo esse mesmo estudo, é baixo o consumo de frutas, verduras e legumes entre as crianças menores de 2 anos.

Para facilitar a aceitação de alimentos variados, as crianças devem ser expostas aos diferentes alimentos precocemente e com freqüência, pois elas tendem a rejeitar novos alimentos53. No entanto, com exposições freqüentes, elas passam a aceitá-los, podendo ser incorporados à dieta habitual da criança46,54. A rejeição inicial ao alimento muitas vezes é erroneamente interpretada como uma aversão permanente ao mesmo, e este acaba sendo excluído da dieta da criança. Há relato de que as crianças amamentadas tenham mais facilidade para aceitar novos alimentos que as não amamentadas, o que pode estar relacionado com a exposição a diversos sabores que a criança amamentada experimenta através do leite materno55.

A maneira como os alimentos são apresentados inicialmente também é de fundamental importância para o futuro hábito alimentar das crianças, pois elas passam a gostar do alimento dessa maneira56. Assim, é recomendável que se ofereça inicialmente à criança alimentos com baixos teores de açúcar e de sal.

As crianças tendem a preferir alimentos com alta densidade energética57. No entanto, o consumo exagerado de alimentos muito calóricos pode limitar a ingestão de uma dieta variada, pois rapidamente sacia a criança, impedindo-a de ingerir outros alimentos.

É possível que experiências intra-uterinas contribuam para as preferências de sabores mais tarde. A prole de ratas submetidas a dietas com diferentes concentrações de sódio mostrou maior ou menor preferência por esse mineral, de acordo com a ingestão de sódio durante a gestação58-60. Além disso, o líquido amniótico é aromático e o seu odor é influenciado pela dieta da mãe61. A semelhança de aromas entre o líquido amniótico e o leite materno pode estar envolvida na preferência do recém-nascido pelo cheiro do leite materno62.

Experiências com mamíferos sugerem que a preferência pelos sabores possa ser influenciada pela dieta da mãe63. Os compostos químicos que dão sabor e aroma aos alimentos são ingeridos pela criança através do leite materno, e dessa maneira ela vai sendo introduzida aos hábitos alimentares da família36. Assim, a amamentação, além de todas as suas vantagens, constitui-se em "uma importante fonte de informação e educação sobre o mundo dos sabores de suas mães, famílias e culturas"64.

A composição do leite materno se modifica à medida que a lactação progride. Os níveis de lactose diminuem e aumentam os de cloreto, tornando o leite materno levemente salgado36. Essa mudança pode facilitar a aceitação dos alimentos complementares no tempo oportuno.

Como ofertar os alimentos complementares

Os alimentos complementares devem ser oferecidos à criança utilizando colher e copo. Atualmente, tem se desaconselhado o uso de mamadeiras para a oferta de qualquer alimento, por ser uma fonte de infecção, por reduzir o tempo de sucção das mamas, interferindo com a amamentação sob livre demanda, e pela possibilidade de alterar a dinâmica oral65. A mamadeira, quando introduzida antes que a lactação esteja estabelecida, pode confundir o bebê, uma vez que a técnica de sucção da mama e da mamadeira são distintas66. A retirada de leite do peito exige movimentos musculares para abaixar, protuir, elevar e retrair a mandíbula, além de movimentos da língua que ordenham o leite. Na mamadeira, para o leite ser retirado, não há necessidade dos movimentos de protusão e extrusão da mandíbula, nem dos movimentos da língua67. Há evidências de que alguns recém-nascidos, após serem expostos à mamadeira, apresentam dificuldade para sugar o peito68,69. Vários estudos relatam a associação entre o uso de mamadeira e o desmame precoce65.

Ao contrário do que se poderia esperar, crianças pequenas aceitam bem a alimentação por colher e copo.

Considerações finais

Muito tem se aprendido, nos últimos anos, sobre a alimentação adequada da criança pequena. Como conseqüência, muitos conceitos e práticas preconizados por muito tempo ficaram obsoletos como, por exemplo, horários rígidos para as mamadas ao seio, o uso de água ou chás nos primeiros meses de vida, a introdução precoce (antes dos 6 meses) de sucos e outros alimentos, e a não valorização da amamentação no segundo ano de vida. O presente artigo, embasado em evidências científicas, faz uma revisão atualizada sobre a alimentação complementar da criança menor de dois anos. Aos profissionais de saúde cabe incorporar e divulgar esses novos conhecimentos, tendo como objetivo máximo a nutrição adequada das crianças. O Ministério da Saúde do Brasil, em conjunto com a Organização Pan-Americana da Saúde, contratou um grupo de expertos para elaborar o "Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos". Esse documento, que se encontra em fase de impressão, contém as bases técnico-científicas, o diagnóstico alimentar e nutricional da criança brasileira menor de 2 anos, e recomendações através dos "Dez passos da alimentação saudável para crianças menores de dois anos". Esse documento, bem como a presente revisão, contém informações importantes que podem servir de embasamento para o conteúdo das mensagens a serem repassadas para a população-alvo.

É de Gabriela Mistral o seguinte texto, que nos faz refletir sobre a urgência de atuar em prol de uma melhor nutrição e saúde da criança.

"Nós somos culpados de muitos erros e muitas
faltas, mas o nosso pior crime é o de abandonar as
crianças, negligenciando a fonte de vida.
Muitas coisas que necessitamos podem esperar.
A criança não pode.
É justamente agora que seus ossos estão
se formando, seu sangue está sendo feito e seus
sentidos estão se desenvolvendo.
Para elas não podemos responder "Amanhã"
Seu nome é "Hoje".

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Elsa R.J. Giugliani1, Cesar Gomes Victora2 - elsag[arroba]terra.com.br

Professora do Depto. de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Doutora em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Professor do Depto. de Medicina Social da Universidade Federal de Pelotas, Doutor em Epidemiologia pela Universidade de Londres.

Endereço para correspondência: Dra. Elsa R.J. Giugliani Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Serviço de Pediatria Rua Ramiro Barcelos, 2350 – 10o andar 90035-003 – Porto Alegre - RS Fone: (51) 336.0282 – Fax: (51) 316.5119



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