Atividade ocupacional e catarata senil. Opinião de pacientes de Hospital Universitário

Enviado por Edméa R. Temporini


  1. Introducao
  2. Metodos
  3. Resultados
  4. Discussao
  5. Conclusoes
  6. Anexo
  7. Referencias bibliograficas

1. Introdução

A vinculação do desempenho de atividades profissionais às afecções oculares constitui campo de estudo a merecer aprofundamento, tanto na análise de fatores sociocomportamentais e clínicos como sob o enfoque de aspectos ocupacionais específicos influentes na saúde do indivíduo. A ciência oftalmológica é processo cumulativo e progride à medida que apresenta novos conhecimentos que, por sua vez, dão origem a outras investigações e descobertas, uma vez que o conceito de "certeza" em ciência é sempre relativo.

Embora raros, alguns estudos voltados para repercussões da atividade laboral sobre a saúde apontaram aspectos positivos – satisfação pessoal, aumento da auto-estima decorrente da produtividade – entre outros. Referiram, contudo, distúrbios da saúde ocular, decorrentes de atividades profissionais, que incluíam secura, queimação e lacrimejamento dos olhos, identificados entre trabalhadores de uma empresa federal de processamento de dados dos Estados Unidos, pelo "National Institute of Occupational Safety and Health" 1, 2.

Além da pesquisa de fatores ocupacionais decorrentes da natureza de atividades desempenhadas, não se pode desconsiderar a necessidade de investigar aspectos do conhecimento, hábitos e crenças aprendidos culturalmente, a influírem nos cuidados que os indivíduos adotam para proteção e preservação do sistema visual 3.

A catarata senil situa-se entre as principais causas de cegueira no mundo, responsável por 50,0% dos casos de perda visual, no grupo populacional de 60 anos ou mais e, em praticamente 100,0% dos indivíduos acima dos 80 anos4, 5.

Têm sido apontadas dificuldades enfrentadas por portadores de catarata para submeterem-se à intervenção cirúrgica, devido à falta de acesso ao sistema de saúde, limitações socioeconômicas, além de medo, falta de confiança e insegurança quanto aos resultados da cirurgia6,7.

A catarata constitui, portanto, problema de saúde pública, tornando necessários programas de prevenção, assistência e educação em saúde para o controle da doença4, 8.

Reconhece-se que dificuldades visuais do indivíduo tendem a interferir nas relações com o mundo externo, dando origem a problemas psíquicos, sociais, econômicos, implicando na perda da auto-estima, de status, em restrições ocupacionais e em conseqüente diminuição de renda o que, para a sociedade, é perda de força de trabalho3, 9. A maneira pela qual a pessoa reage a processos de enfermidade, no entanto, depende de sua personalidade, crenças, valores, ideologias, história de vida, apoio recebido e do tempo de doença6, 10.

O conhecimento equivocado de portadores de catarata, referente ao prejuízo causado por uso dos olhos em atividades profissionais, foi evidenciado por estudos realizados no decorrer de projetos comunitários conduzidos no Brasil. Essa crença resultava, por exemplo, na adoção da conduta de evitar esforços visuais no intuito de proteger os olhos7, 11, 12.

Dentre as múltiplas facetas da obtenção de conhecimentos científicos sobre a catarata, destacouse, no presente estudo, o objetivo de identificar a situação ocupacional e percepções de portadores de catarata sobre a relação entre a atividade ocupacional exercida e o surgimento da doença, como parte de pesquisa mais ampla dessa problemática.

2. Métodos

Foi realizado estudo observacional transversal descritivo, por meio de questionário fechado, elaborado a partir de estudo exploratório, incluindo questões abertas, formuladas, sob forma de entrevista. Tendo sido colhidas as informações por meio desse recurso metodológico, foi construído questionário estruturado (anexo), a partir da análise do estudo exploratório, considerando os termos empregados e experiências relatadas pelos informantes. O questionário foi sub-metido a teste prévio para verificar clareza, precisão e validade.

A amostra foi composta por pacientes atendidos no 1º semestre de 2005 pelo setor de catarata da clínica oftalmológica de um hospital universitário. Para a obtenção da amostra, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: indivíduos de ambos os sexos, de idade igual ou maior do que 40 anos, com diagnóstico e indicação cirúrgica de catarata, que se dispusessem à entrevista. Compôs-se, portanto, uma amostra prontamente acessível.

As variáveis incluíram fatores sócio-demográficos – gênero, idade e escolaridade. À situação ocupacional foi aplicada a classificação proposta por Gouveia e Havighurst13. A medida da percepção dos sujeitos em relação à catarata baseou-se nos significados por eles atribuídos a essa afecção ocular, em decorrência de experiências conhecidas e/ou vividas nos grupos sociais de que participam. Foi externada por meio de "opinião", ou seja, a manifestação verbal, mensurável na pesquisa, que refletiu percepções a respeito de situações específicas propostas por questões do instrumento de medida 14. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual, não tendo sido observada recusa.

Os dados foram digitados utilizando-se o "software" EXCEL, após codificação e verificação da coleta de informações. O estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética da instituição.


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