Fatores de risco para doença aterosclerótica em estudantes de uma universidade privada em São Paulo - Brasil

Enviado por Mauro Fisberg


  1. Metodos
  2. Resultados
  3. Discussao
  4. Referencias

Objetivo - Caracterizar o perfil de risco para doença aterosclerótica (DA) em adolescentes e adultos jovens de uma universidade privada de São Paulo.

Métodos - Foram avaliados clínica, nutricional e laboratorialmente, 209 estudantes, de ambos os sexos, com idades entre 17 a 25 anos. Além da determinação do perfil lipídico, também foi investigada a associação entre seus valores anormais com outros fatores de risco para DA.

Resultados - Níveis de colesterol total (CT), LDL-c e triglicérides (TG) aumentados foram observados em 9,1%, 7,6% e 16,3% dos estudantes, respectivamente, e níveis diminuídos de HDL-c em 8,6% deles. A prevalência dos demais fatores de risco analisados foi elevada: sedentarismo (78,9%); ingestão inadequada de gordura total (77,5%); ingestão inadequada de colesterol (35,9%); tabagismo, hipertensão arterial (15,8%) e obesidade (7,2%). Houve associação entre níveis elevados de LDL-c e TG com o sedentarismo e com o índice de massa corpórea.

Conclusão - A elevada prevalência de fatores de risco para a DA, em indivíduos jovens, chama atenção para a necessidade de adoção de planos preventivos.

Palavras-chave: doença aterosclerótica, fatores de risco, adolescentes, adultos jovens .

A aterosclerose, doença crônica de etiologia multifatorial 1, é uma das principais causas de morbidade e mortalidade na população adulta, inclusive em nosso meio 2,3.

Tradicionalmente, considera-se doença aterosclerótica (DA) como uma doença típica da meia idade. A doença arterial coronariana (DAC), sua forma mais freqüente e letal, atinge um índice significante de incidência a partir dos 45 anos em homens e dos 55 anos em mulheres. Porém, o processo aterosclerótico inicia-se décadas antes do surgimento de suas manifestações clínicas (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, doença vascular periférica)4, como indicam dados obtidos a partir de estudos de autópsia 5-7.

Em geral, há uma longa fase assintomática preceden-do as manifestações clínicas da aterosclerose 8. O ritmo de progressão do processo aterosclerótico é variável, dependendo do grau de exposição a uma série de fatores de risco (FR) identificados 4. A maioria deles tem início ou é adquirida na infância 9, tendendo a persistir ao longo do tempo10.

Devido ao crescente e elevado custo do tratamento dessas doenças, investimentos em medidas preventivas têm se tornado uma prioridade 4. A compreensão da magnitude dos diversos FR para DA e sua identificação nas diferentes faixas etárias são essenciais para a elaboração de planos preventivos eficazes. Além disso, é fundamental que haja adequação do plano à realidade onde será implantado.

Diante do número reduzido de estudos epidemiológicos nacionais sobre o perfil de risco aterosclerótico, nos-so objetivo foi descrever a freqüência de alguns dos FR para DA em adolescentes e adultos jovens de São Paulo, de acordo com o sexo, e identificar os FR que estão associados com níveis de colesterol total (CT), LDL-colesterol e triglicérides (TG) acima dos desejáveis, e níveis de HDLcolesterol abaixo dos desejáveis.

Métodos

Foram avaliados 209 calouros, de ambos os sexos, na faixa etária de 17 a 25 anos de uma universidade privada de São Paulo, durante o 1º semestre de 1997. A avaliação constou de três etapas (clínica, nutricional e laboratorial) e sua participação foi voluntária. Durante a avaliação clínica, os calouros responderam a um questionário padronizado, visando investigar a presença de FR para DA e foram submetidos a um exame físico. Dados antropométricos (peso e altura) e nutricionais (recordatório alimentar de 24h) foram obtidos no decorrer da avaliação nutricional. A escolha pelo recordatório alimentar de 24h, como instrumento para a avaliação da ingestão de gordura total e colesterol, se deveu ao fato da necessidade de uma análise qualitativa e não quantitativa. Através das dosagens bioquímicas foram obtidos os valores do CT e frações, TG e glicemia. A associação entre alterações no perfil lipídico com outros FR, como: história positiva para DA, hipertensão arterial (HA), diabete melito, obesidade, tabagismo, dieta e sedentarismo também foi investigada.

Os valores do perfil lipídico foram analisados de acordo com as normas do II Consenso Brasileiro de Dislipidemia 11. Esse consenso estabelece valores de referência distintos para os grupos etários de 2 a 19 anos e de idade ³20 anos. Por este motivo, os estudantes foram divididos em dois grupos de acordo com a idade: indivíduos com 17 a 19 anos e indivíduos com 20 a 25 anos.

A presença de familiares de 1º grau com DA manifesta (DAC e/ou cerebrovascular e/ou periférica), antes dos 55 anos para indivíduos do sexo masculino, e dos 65 anos para o sexo feminino, foi considerada como história familiar positiva 11.

Em relação à pressão arterial, os valores de referência adotados obedeceram as recomendações do Joint National Committee V 12, que define como HA níveis ³90mmHg de pressão diastólica e ³140mmHg de pressão sistólica.

O diagnóstico de diabete melito (glicemia de jejum com valor ³126mg/dL) respeitou as normas do Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus 13.

De acordo com o índice de massa corpórea (IMC), os indivíduos foram classificados em: desnutridos (IMC <18,5kg/m2); eutróficos (IMC ³18,5 e £24,99kg/m2); excesso de peso grau I (IMC ³25 e £29,99kg/m2); excesso de peso grau II (IMC ³30 e £39,99kg/m2); excesso de peso grau III (IMC ³40kg/m2) 14. Foram considerados obesos aqueles com IMC ³30kg/m2 11.


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