Modelos linear e não linear em análises genéticas para sobrevivência de crias de ovinos da raça Santa Inês

Enviado por W. H. Sousa


  1. Introducao
  2. Material e metodos
  3. Resultados e discussao
  4. Conclusoes
  5. Referencias bibliograficas

RESUMO: Registros de sobrevivência do nascimento ao desmame de 3846 crias de ovinos da raça Santa Inês foram analisados por modelos de reprodutor linear e não linear (modelo de limiar), para estimar componentes de variância e herdabilidade. Os modelos usados para sobrevivência, analisada como característica da cria, incluíram os efeitos fixos de sexo, da combinação tipo de nascimento-criação da cria e da idade da ovelha ao parto, efeito da covariável peso da cria ao nascer e efeitos aleatórios de reprodutor, da classe rebanho-ano-estação e do resíduo. Componentes de variância para o modelo linear foram estimados pelo método da máxima verossimilhança restrita (REML) e para o modelo não linear por uma aproximação da máxima verossimilhança marginal (MML), pelo programa CMMAT2. O coeficiente de herdabilidade (h2) estimado pelo modelo de limiar foi de 0,29, e pelo modelo linear, 0,14. A correlação de ordem de Spearman entre as capacidades de transmissão dos reprodutores, com base nos dois modelos foi de 0,96. As estimativas de h2 obtidas indicam a possibilidade de se obter, por seleção, ganho genético para sobrevivência.

Palavras-Chave: Caprino, sobrevivência, herdabilidade, modelo reprodutor, modelo de limiar

ABSTRACT: Records of 3,846 lambs survival from birth to weaning of Santa Inês hair sheep breed, were analyzed by linear and non linear sire models (threshold model) to estimate variance components and heritability (h2). The models that were used to analyze survival, considered in this study as a lamb trait, included the fixed effects of sex of the lamb, combination of type of birth-rearing of lamb, and age of ewe, birth weight of lamb as covariate, and random effects of sire, herd-year-season and residual. Variance components were obtained using restricted maximum likelihood (REML), in linear model and marginal maximum likelihood in threshold model through CMMAT2 program. Estimate of heritability (h2) obtained by threshold model was 0.29 and by linear model was 0.14. Rank correlation of Spearman, between sire solutions based on the two models was 0.96. The obtained estimates in this study indicate that it is possible to acquire genetic gain to survival by selection.

Keywords: Sheep, survival, heritability, sire model, threshold model

Introdução

A sobrevivência de crias do nascimento ao desmame é um fator muito importante na avaliação econômica dos sistemas de produção de ovinos. Em países da Europa, a média de sobrevivência de crias varia de 80 a 90% (KangasniemI, citado por Peterson & Danell, 1985). No Brasil, em raças deslanadas, a taxa de sobrevivência tem variado de 75 a 85% (Figueiredo, 1986; Sousa, 1987). Essa característica é biologicamente complexa, apresentando expressão fenotípica discreta com baixa herdabilidade. Portanto, como resultado, espera-se que a taxa de ganho genético para sobrevivência de crias por seleção seja muito baixa (Smith, 1977).

Fogarty et al. (1985) consideraram sobrevivência de crias como uma característica da mãe. No entanto, Cundiff et al. (1982) argüíram que, talvez, o genótipo da cria contribui mais para sua sobrevivência até o desmame do que o de sua mãe. Assim, sobrevivência seria analisada de forma mais apropriada como uma característica da cria, como nos estudos realizados por Smith (1977) e Dalton et al. (1980). Alguns autores têm chamado a atenção da importância do efeito materno na sobrevivência da cria (Bradford, 1972; Peterson & Danell, 1985), mas são poucos os estudos que têm considerado este efeito (Gama et al., 1991; Matos et al., 1997).

Estimativas de componentes de variância e herdabilidade para sobrevivência têm sido pouco estudadas, principalmente nas raças de ovinos deslanados. Estimativas de herdabilidade para essa característica, em diferentes raças e modelos aplicados, têm variado de 0,03 a 0,55. Petterson & Dannel (1985) obtiveram estimativas de herdabilidade para sobrevivência até a desmama variando de 0,04 a 0,19, na escala visível, e de 0,11 a 0,54, na escala normal subjacente. Matos et al. (1997), aplicando procedimentos linear e não linear, com o modelo reprodutor-avô-materno, obtiveram estimativas de herdabilidade que variaram de 0,03 a 0,06 para raça Ramboullet e de 0,09 a 0,17 para a raça Finnsheep, nas escalas visível e normal subjacente, respectivamente.

Geralmente, modelos lineares desenvolvidos para características contínuas têm sido empregados em análise de sobrevivência de crias, ignorando-se a natureza discreta que ela apresenta. Uma aproximação alternativa, considerada em alguns estudos, tem sido a de se estimarem parâmetros genéticos dessa característica na escala observável e, depois, usar a transformação proposta por Dempster & Lerner (1950) para convertê-la para escala subjacente, que é contínua. Gianola & Foulley (1983) propuseram método não linear para análises de variáveis categóricas com base no modelo limiar (Wright, 1934; Dempster & Lerner, 1950). Esse método tem sido considerado, pelo menos teoricamente, mais adequado para análises de dados categóricos do que os métodos lineares (Thompson, 1979).

O objetivo do presente estudo foi estimar componentes de variância e herdabilidade para sobrevivência da cria até o desmame, de ovinos da raça Santa Inês, considerando a sobrevivência como característica da cria, usando-se modelos linear e não linear (modelo de limiar).


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